quarta-feira, 20 de novembro de 2019

POESIA MATUTA



Por Renato Caldas

Namorei uma cabôca
Qui é naturá do sertão
Tinha uma fulô na boca
E nos oios dois ladrão
Aqueles oios bonito
Duas pedras de curisco
Não são oios de muié
aquela boca incarnada
Bonita cumo arvorada
Fere mais que cascavé

Seus oios são dois ladrão
Dois gatuno arrifinado
Qui basta oiá pro coitado
Pra ele ficá gamado
Ficar sem vida sem aima
Sem esperança, sem caima
Sem tudo qui Deus lhe deus
Mas mermo assim ele quer
Qui os oios dessa nuié
Robe tudo qui for seu.

Aquela boca incarnada
Quando começa a falar
Parece petras orvaiada
Da fulô do camará
Ah! Se um dia a minha boca
Na tua boca incostasse
E adespois de nós defunto
Talvez num desapregasse.

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