segunda-feira, 12 de outubro de 2020

 A poesia moderna no Rio Grande do Norte

Eu era ainda muito criança quando testemunhei um evento na Av. Rio Branco, próximo ao “Grande Ponto” de Natal. Era uma amostra quase anárquica de um grupo de jovens poetas que resolviam exibir sua produção literária.
Nascido na “Terra dos Poetas”, desde a mais tenra infância eu convivia com poetas e poemas na cidade natal (Açu) e aquela espécie de arte não constituía surpresa ou novidade. Pelo contrário, era muito natural e corriqueira. Lá, eu encontrava diariamente Renato e João Lins Caldas (não tinham qualquer parentesco entre si), dois estilos completamente diferentes, porém nem por isso menos geniais. E muitos outros poetas, notadamente glosadores e sonetistas, grande parte de gerações passadas e já falecidos.
Talvez tivesse havido alguma preparação ou divulgação, mas para mim foi uma descoberta ao acaso me deparar com um salão cheio de poetas e deles eu conhecia bem poucos. Passei a admirá-los e acompanhá-los, embora eu não tivesse mais que uns sete anos de idade. Um deles era meu tio Celso da Silveira, que se lançava com seu primeiro livro, “26 poemas de um menino grande”. Outros já haviam estado em encontros “socioetílicos” lá em casa, a maioria deles mais para beber e comer. Creio que poucos eram os que já haviam publicado seus versos em livro.
Augusto Severo Neto, Berilo Wanderley, Celso da Silveira, Dorian Gray Caldas, Luís Carlos Guimarães, Myriam Coeli de Araújo, Ney Leandro de Castro, Newton Navarro e Zila Mamede são aqueles de quem mais me lembro. Myriam se tornou minha tia pelo casamento com Celso.

(Escreveu João Celso Neto, poeta do Assu)

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