Ah imensidão de pinheiros, som de ondas quebrando,jogo lento de luzes, sino solitário,crepúsculo caindo em seus olhos, boneca,concha terrestre, em você a terra canta!
Em ti os rios cantam e a minha alma neles fogecomo queres e para onde queres.Marque meu caminho em seu arco de esperançae eu liberarei meu rebanho de flechas em delírio.
Ao meu redor vejo tua cintura de névoae teu silêncio assombra minhas horas perseguidas,e és tu com teus braços de pedra transparenteonde ancoram meus beijos e meus úmidos ninhos de saudade.
Ah, sua voz misteriosa que o amor tinge e se curvano crepúsculo e moribundo!Assim, nas horas mais profundas, sobre os campos, tenho vistoespigas de milho dobrar-se na boca do vento.
Pablo Neruda
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