sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

PADRE JOÃO MARIA: O SANTO POTIGUAR (I)

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João Maria Cavalcanti de Brito nasceu a 23 de junho de 1848, no sítio Logradouro, no antigo território caicoense, hoje, parte integrante do município de Jardim de Piranhas, no Seridó norte-riograndense. Foram seus pais Amaro Cavalcanti Soares de Brito e Ana de Barros Cavalcanti. Com seu pai, que era professor primário, aprendeu as primeiras letras.

Em 1861, matriculou-se no tradicional Seminário de Olinda, no qual estudou os preparatórios e fez parte do curso de Teologia, recebendo as ordens menores. Transferindo-se para o Seminário de Fortaleza, ali concluiu seus estudos eclesiásticos. Sua Ordenação sacerdotal, ocorreu em 1871, após receber a ordem sagrada do presbiterato das mãos de Dom Luís Antônio dos Santos, Bispo Diocesano de Fortaleza.
Volvendo ao Rio Grande do Norte, o jovem sacerdote seridoense celebrou sua primeira missa a 10 de dezembro daquele mesmo ano, na Igreja Matriz de Nossa Senhora Santana, na cidade do Caicó e iniciou no sacerdócio como Capelão da povoação de Jardim de Piranhas, sua terra natal, onde fundou uma escola primária que funcionava em sua casa materna (1872-1877).
Seguidamente, foi capelão da povoação de Flores, atual cidade de Florânia, na região do Seridó potiguar. Designado vigário da Freguesia de Santa Luzia do Sabugi, na Paraíba, retornou ao Rio Grande do Norte para reger a Matriz de Nossa Senhora do Ó, de Papari - atual cidade de Nísia Floresta.
Anos mais tarde, permutando sua freguesia com o Padre José Herminio da Silveira Borges, tornou-se vigário da Matriz de Senhora da Apresentação, da cidade do Natal, em cujas funções empossou-se a 7 de agosto de 1881.
Sacerdote virtuoso, o Padre João Maria – como ficou conhecido - por “seu apostolado incessante e caridade inextinguível foi a mais impressionante e sedutora figura de sacerdote que tenha paroquiado os natalenses. Em vida, cercava-o uma auréola de santidade”.
Em Natal, o Padre João Maria fez sua residência no consistório da Matriz de Nossa Senhora da Apresentação e num gesto digno de registro, “diariamente, a pé ou montado num jumento, saía de casa em casa, distribuindo conselhos, otimismo, animando e incentivando as almas piedosas. Dava todo dinheiro que por acaso recebia de suas atividades na Igreja. Muitas vezes, dava a própria rede, passando a dormir numa cadeira velha”.
Em 1905, quando da epidemia de varíola na cidade do Natal, “desdobrou-se no atendimento a quantos necessitavam de auxílio, remédios, comido, roupas, carregando água ou lenha para os que nem isso possuíam, trabalhando noite e dia nessa vigília de solidariedade humana”.
Figura da maior culminância na história do clero potiguar, o Padre João Maria foi ‘um verdadeiro discípulo de Cristo’, pois “a sua fé foi íntegra e infrangível como a dos mártires, a sua caridade incansável e ilimitada como a de Vicente de Paulo”.
Abolicionista nato, participou ativamente da vida social e católica natalense. E, num gesto pioneiro, fundou o ‘Oito de Setembro’, que foi o primeiro jornal católico editado no Rio Grande do Norte. Em Natal, o Padre João Maria criou a Escola São Vicente de Paula, na Matriz e deu início as obras de construção da futura Catedral, na Praça Pio X.
Cognado de ‘pai dos pobres’, esse título por si só, traduz a incomparável bondade que possuía. Adorado pelo povo natalense, faleceu a 16 de outubro de 1905, na capital potiguar, deixando “imperecível recordação de suas peregrinas virtudes”. No dia de seu sepultamento, a cidade toda esteve presente ao cortejo, que converteu-se numa apoteose.
Para homenagear seu eterno pastor, os natalenses colocaram um busto em bronze (modelado pelo escultor Hostílio Dantas), na praça que possui seu nome e que foi inaugurado no dia 7 de agosto de 1921. O lugar, logo tornou-se ponto de devoção popular e ainda hoje é visitado diariamente por milhares de devotos do ‘santo’ da cidade do Natal.
Entre seus irmãos, alcançou projeção e destaque o Dr. Amaro Cavalcanti, jurista de renome internacional, que representou o Rio Grande do Norte no Senado e na Câmara dos Deputados, e, foi Ministro de Estado e do Supremo Tribunal Federal, durante a Primeira República.
Patrono da cadeira nº 11 da Academia Norte-Riograndense de Letras, em vida, o Padre João Maria foi “absolutamente bom e absolutamente humilde” e tive “a raríssima felicidade de conservar imaculados esses atributos de tua perfeição, sendo, como igualmente foste, absolutamente pobre”. Seu sacerdócio, era um apostolado e como cristão, soube amar o próximo mais que do que a si mesmo.
Fonte: Blog Construindo a História via José Ozildo dos Santos

                                               



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