domingo, 4 de abril de 2021

O DISTANCIADO


Por João Lins Caldas


Nessa via de abrolhos sobre a terra

Quando um dia eu cansar, ferido e morto.

Ninguém venha a chorar. - cheguei ao porto

Do descanso afinal, da paz sem guerra.


Tudo o que a vida no seu todo encerra

De agonia, de fel, de desencanto,

Tudo - o que for mais feiamente torto -

Em mim, seu bojo, negramente afora.


Houve algum que me viu, alma ferida,

Esse alguém que passou. E a si, com a vida,

 Deu-se à morte. E a morte que eu queria.


A morte proclamada que é meu norte,

A morte não me deu. Negou-me a morte!

- Esse alguém que passou levou meu dia. 


(Inédito)


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