sábado, 29 de maio de 2021

MACHADO, O REPÓRTER POLÍTICO




Anteontem, 26/5, perdi na morte um velho amigo e conterrâneo chamado João Batista Machado - Machadinho como era chamado carinhosamente ou “João de Edinor” (seu apelido dos tempos de menino no Assu). Na sua terra natal, Machado morava quase vizinho a meu avô materno Fernando Tavares – Vemvém, na então Rua das Flores, atual Monoel Montenegro, amigo de todos da minha família.
No começo da sua juventude, início da década de sessenta, Machadinho regressa à Natal para estudar e ganhar a vida, concluiu o ginásio (se não me falha a memória, o primeiro ano do curso ginasial, ele teria estudado no Colégio Diocesano, em Mossoró, e o clássico no Atheneu Norte-Riograndense, alojado na Casa do Estudante, de onde saíram grandes nomes das letras e da política potiguar.
Machado era Bacharel em Comunicação Social pela Faculdade Eloy de Souza, e jornalista de profissão. Contava com orgulho o que seria a sua mais importante das entrevistas que fizera com figuras da política brasileira, ter entrevista em João Pessoa/PB, o romancista (autor do célebre romance ‘A Bagaceira’) e político José Américo de Almeida que fora Ministro da Viação no governo Vargas, como jornalista do jornal Tribuna do Norte, de Natal, onde iniciou sua vida profissional. Tempos depois foi para o Diário de Natal/O Poti e ocupou cargos públicos de confiança e importância como Assessor de Imprensa (com status de secretário) dos governadores Tarcísio Maia, Lavoisier Maia, José Agripino Maia (quando prefeito e governador), Radir Pereira e Vivaldo Costa, bem como exerceu a função de Assessor de Imprensa no Tribunal de Contas do Estado, trabalhou como redator publicitário na agência Dumbo Publicidade, além de Assessor de Imprensa da Federação do Comércio do Rio Grande do Norte e do sistema SESC/SENAC. Foi correspondente do jornal ‘O Globo’, do Rio de Janeiro e colaborou em ‘O Jornal de Hoje’, de Natal. Machado ainda colaborou em outros veículos de comunicação como Cadernos do Rio Grande do Norte.
Seus livros são de cunho histórico político. Estreou nas letras potiguares com o livro intitulado “De 35 ao A-I5”, seguidos dos volumes sob os títulos “Política No Atacado e A Varejo”, “Anotações de Um Repórter Político”, “Como Se Fazia Governador Durante o Regime Militar”, “1960: Explosão de Paixão e Ódio”, “Perfil da República No Rio Grande do Norte”, “Testemunha de Ausentes” (neste livro, Machado cita a relação de amizade íntima que meu avô Fernando Tavares – Vemvém tinha com o então governador Dix-Sept Rosado. É que ele gostava de referenciar a memória dos seus conterrâneos).
Alguns amigos do Assu, a propósito do seu ingresso na Academia Norte-Riograndense de Letras (antes, sócio efetivo no Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, uma instituição cultural mais antiga do nosso estado, desde 1902, guardiã da nossa história) começaram a lhe chamar “Imortal”, ao que respondia com aquela simplicidade que lhe era peculiar: “Mas não sou ‘imorrível’.
E se foi Machadinho, encantou-se, deixando familiares e amigos saudosos, além de uma obra literária histórica/política vasta. Ele honra engrandece e dignifica o Assu e o Rio Grande do Norte.
Sobre a sua obra e o escritor, depõe Valério de Andrade: “Um dos méritos dos livros de João Batista Machado é a desambição intelectual. Ou seja: ele não pretende ser mais do que um jornalista.”
Descanse em paz, velho amigo Machadinho na certeza de que, no dizer do melancólico poeta João Lins Caldas, de quem você era entusiasta, “Morrer é a vida de que se nasce”.
Afinal, Perdeu o Assu, mais uma figura das mais destacadas. Espero que o poder público do Assu, as suas instituições culturais preste uma homenagem a sua memória, homenagem que ele nunca pediu, mas que tanto merece.
Fernando Caldas
Natal, 28/5/02/2021
(Na fotografia: Da direita para a esquerda. Eu, Fernando Caldas e Machado, num dia de lançamento de um dos seus livros, na Academia Norte-Riograndense de Letras).

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