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O mestre negro da ironia fina foi embranquecido, até pouco tempo, em todos os seus retratos, como se sua cor maculasse a sua inteligência. Feliz, mas tardiamente, o erro foi reparado. Negro, pobre, epilético, gago, com tiques nervosos e, ainda, órfão de mãe, Machado mal frequentou a escola e nunca foi à faculdade. Com esse histórico, nosso representante literário tinha tudo para dar errado e para fracassar.
Entretanto, não foi isso que aconteceu. Machado venceu todos os obstáculos, tornou-se um dos maiores contistas brasileiros e dono de uma polêmica maior do que "o ser ou não ser" shakesperiano: Capitu traiu ou não traiu?
Apesar de não ter tido filhos, Machado deixou um legado imensurável para toda a humanidade. O primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras e dono de um único amor na vida, Carolina, Machado deixou-se levar pelo câncer em 1908.
Hoje, Machado faria 182 anos e, perfeccionista como era, provavelmente mudaria vários detalhes em sua obra. Em coro, brasileiros diriam para que não fizesse isso, mas que lhes desse a resposta ao enigma de Capitu. Provavelmente, Machado sorriria e diria: "Há coisas que melhor se dizem calando."
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