DIA DE ANGUSTIA
Por João Lins Caldas
No dia em que nasci como um vulcão se abria
A garganta do mal, em lágrimas coberta...
A estrada da ventura era sem flor, deserta,
O corpo do pesar por tudo se estendia.
O sol não quis brilhar... e a lua, que tremia,
Errando pelo céu, amargamente incerta,
Procurava subir, subir em linha certa,
Para mais se afastar do mundo, que gemia.
Houve negro rumor pelos ramos floridos...
A dor tinha de riso o quanto tem de males
A sombra da saudade em sombras multicores...
Foi preciso florir a terra dos gemidos...
Floriu o desprazer brilhando em todos vales
E a terra cresceu mais para conter mais dores...
(Natal, 13 de junho de 1909)
Nenhum comentário:
Postar um comentário