segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

SOBRE ABREU JÚNIOR

Título do blog.

 


 Imagem de ABMI

Caro amigo Fernando Caldas.
Pedi, novamente, um espaço do seu blog. Para voltar a falar do Assú nas pessoas e famílias que desenharam um tempo que já é antigo.
Hoje falo de um conterrâneo que gostava do velho Mercado na praça da Matriz, onde
muitos anos atrás em um dos prédios existentes, seu pai mantivera negócios. Esse conterrâneo, nos fulgores da vida, continuava a prezar a cachaça e a buchada do mercado.
Era uma pessoa de fala mansa e sorriso contido. E tinha um anjo da guarda que jamais esmoreceu nos dias cinzentos da doença que o afastava lentamente do mundo.
Hoje falo de um conterrâneo nascido em família numerosa, meninas e meninos, moças e rapazes, que partiram do Assú para os caminhos da vida. No seu percurso Abreu Júnior cultivou a família formada com Crinaura, os três filhos e uma filha, que lhe trouxeram noras e genros e netas e netos, dando convivência de afetos reunidos todas as sextas-feiras na larga mesa de almoço com a fartura das comidas mais variadas.
O conterrâneo guardou as imagens de sua juventude e, de vez em quando, as buscava lá na festa de São João, as lembranças de sua mãe na casa ali perto do colégio, de sua doce irmã que trabalhava em escritório na Rua São Paulo próxima da mesma casa.
Tudo tinha o sinete da proximidade. Lugares e pessoas em uma cidade sertaneja e
simples.
Talvez essa simplicidade da cidade perdida tenha ficado dentro do seu coração, nos meandros dos negócios em que foi tão ativo e bem sucedido. Talvez por isso sempre tivesse um tempo especial para acolher no belo espaço de sua granja e ouvir Núbia Lafayette cantando sambas-canção. Talvez por isso sempre tivesse um tempo especial para ouvir comentários e provocações políticas de João Batista Machado e de Arnóbio Abreu. Talvez a saudade do rio Assu o levasse a olhar o mar em Muriú, Certamente era tudo isso que levava Abreu Júnior a estar presente nos momentos da Colônia Assuense.
O conterrâneo partiu para o tempo eterno. Já na entrada encontrando São Pedro, disse-lhe que tinha uma fazenda em terras protegidas pelo guardião do céu, lá em São Pedro do Potengi. Agora, vai reencontrar aquelas figuras que se juntarão a seus maiores para o acolher e o conduzirão até a presença infinita da bondade. Com acento ponderado, Machadinho talvez dirá a Deus, “Mestre, chegou mais um assuense”. E o Majó começará uma glosa com o tema - “Um conterrâneo no reino de Cristo”.
E, ouvindo a voz de dona Auta e de Auta/Andréa, Deus dirá apenas e simplesmente :
Abreu, junte-se aos seus conterrâneos pois esse espaço é também seu.

Maria do Perpétuo Socorro Wanderley de Castro 

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