terça-feira, 5 de julho de 2022

UM POEMA PREMONITÓRIO
 
DESPEDIDA DO PÁSSARO MORTO
 
Por José Gonçalves de Medeiros
 
O voo também é sensualidade
Estremeço e vibração de pássaro
Que possui e penetra o
espaço.
E era como se possuísse
e penetrasse a alma
do tempo.
Se eu morrer como
um pássaro
Deixo aos que me amaram,
aos que
me quiseram e me
gostaram, como eu
era, o meu sempre
displicente adeus.
Estou compreendendo
que se morrer num voo
antes de tocar a terra
do mundo, serei como
a pena do pássaro
ferido de morte.
Serei um pássaro de
fogo que vem do
céu para repousar
no seu ninho de areia.
Chorem, bebam, dancem,
riam, passeiem, pela
alma do amigo que
não foi pássaro mas
morreu como eles.
 
Nota: José Gonçalves de Medeiros era poeta potiguar de Acarí. Prevendo o seu futuro que viria a ser trágico, escreveu o poema datado de 27/6/1945. Gonçalves morreu voando numa aeronave, no final de uma manhã de 12 de julho de 1951, num trágico desastre aviatório do rio do Sal, Aracaju-SE, que vitimou também o governador da terra potiguar Dix-Sept Rosado, além de meus avós maternos Fernando Tavares e Maria Celeste Tavares, dentre outros da terra sergipana e pernambucana. Fica o registro.
 
Fernando Caldas

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