domingo, 15 de janeiro de 2023

SOBRE WALFLAN DE QUEIROZ

Corria o ano de 1974, chegava eu em Natal procedente de Assu, para estudar no Atheneu o curso científico. Acompanhando meu pai pelas ruas da cidade natalense, conheci Francisco Walflan Furtado de Queiroz, ou simplesmente Walflan de Queiroz, no Café São Luiz, no tempo que aquele recinto comercial tradicional em Natal, era o ponto de encontro de intelectuais, jornalistas, figuras folclóricas, espirituosas, boêmios, além de políticos e politiqueiros, todos de todas as categorias. Funcionava na Rua Princesa Isabel, bairro de Cidade Alta. Depois, frequentando aquele café, ouvi muitas vezes Walflan declamando exaltado, poemas e mais poemas de Rimbaud, de quem era entusiasta.
Natural de São Miguel, cidade serrana do alto oeste potiguar, Walflan estudou direito pela antiga Faculdade de Direito do Recife, porém nunca exerceu a advocacia, pois se tivesse exercido, teria desempenhado com brilhantismo. Nasceu no ano de 1935 e encantou-se no ano de 1995, num sanatório.
Walflan é sobrinho de minha avó paterna, portanto meu primo em segundo grau, por parte da família Fontes e Fernandes de Queiroz, de Luiz Gomes, também cidade serrana daquela região do oeste do Rio Grande do Norte.
Tipo baixo, cabelos pretos e lisos. Walflan tinha uma semelhança física com meu pai e comigo mesmo. Olhar distante, “mãos pequenas que só as estendi para o adeus”, diz Walflan, num verso triste.
Por fim, Walflan de Queiroz encantou-se em 1995, num sanatório de sua família, viveu toda a sua vida apaixonado por Tânia, uma mulher de importante e tradicional família Norte-rio-grandense. Era o maior amor (platônico) da sua vida. Senão vejamos:
Tânia, eu não sou o vento
E nem o silêncio da estrela.
Eu sou o silêncio, a sombra do anjo.
Eu sou o anjo.
Tânia, eu não sou a casa branca da floresta.
Eu sou apenas um pássaro boiando sobre as espumas
Do mar. Não sou a vaga. Não sou o ar.
Eu sou um rio, Tânia. Um rio impassível.
Mas, posso ser também, Tânia, uma rosa branca.
Um rosa branca para morrer contigo.
(Fernando Caldas)

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