No Vale do Açu. há muitos "profetas" de todas as classes sociais. Um deles merece destaque - Firmo Dantas - um velho babilônico, lá da Ponta Grande. Era alto, magro, cabelos brancos e ralos, barbs escassa, voz grave e profunda. Firmo Dantas usava termos engraçados. Chamava sua mulher de Sinhora Sim e ela a ele, de Senhor Não. Firmo só conversava sorrindo, u8sando uma linguagem ainda do século em que nascera, nos idos de 1882. Aprendera as primeiras letras, com muito sacrfício, queimando pestanas à luz das lamparinas e piracas. Era professor de crianças e adultos da fazenda, sendo nuito respeitado como o Mestre Firmo. Possuia um Lunário, herança do pai, por ter sido ele o único filho que se interessavs pela cartilha do abecê. Em plena mocidade, fora atingido por extranho mal. Manquejava. Só viajava em animais, quando de suas idas a Casa Grande. Amava a sua burra - a Pag^- e chorava de saudades da Figueira, a burrinha querida dos tempos da mocidade.
Na escola do Mestre Firmo a Palmatória reinava absoluta. Os meninos soleravam, cantando e balançando os pés, numa cadência sonolenta, esta estranha cartilha:
"Um cê com a é um ceacá
Um cê com e é um ceecé
Um cê com i é um ceici
Um cê com o é um ceocó
Um cê com u num digo Sinhô não".
Maria Eugênia.
_________________Em, Lembranças e Tradições do Açu, 1978
Postado por Fernando Caldas
Nenhum comentário:
Postar um comentário