A família Medeiros é oriunda de Portugal, que teve em Rui Gonçalves de Medeiros o seu
mais antigo e ilustre antepassado. Foi membro do Conselho Real de Dom Afonso III, 1º
Conde de Verlongo. Recebeu seu Brasão de Armas em 1285.
Mesmo antes do descobrimento do Brasil, muitos membros da família Medeiros emigraram
para as ilhas portuguesas de Açores e Madeira. Lá se estabeleceram, partindo ao longo de
três séculos para a Ásia e América do Sul e do Norte.
Há cerca de 200 anos, parte da família veio para o Brasil. Alguns membros foram para o Rio
Grande do Sul e mais tarde outros membros emigraram para a região do Seridó,
estabelecendo-se no Rio Grande do Norte e Paraíba.
Filho de João da Mata de Araújo Melo e Enedina C. de Medeiros Neta, nasceu em 15 de abril
de 1888 em Vila Nova, atualmente Pedro Velho. Faleceu em 17 de julho de 1953.
Em 1905 José Lúcio Medeiros ou, simplesmente José Medeiros, chegou em nossa cidade
em companhia da família vislumbrando dias melhores.Em 1908, munido de coragem e ambição, abdicando da segurança familiar, partiu para a Amazônia em busca de trabalho e fortuna.
Aos vinte e sete anos, retornou a Açú, após ter perdido o que havia ganho e também a
saúde, vítima de beri-beri, doença neurológica causada pela falta de vitamina “B”, quase
paralítico e pobre.
Graças ao clima e a boa alimentação, José Medeiros aos poucos recuperou a saúde.
No comércio encontrou uma atividade possível e, assim, em 1915 abriu uma bodega – A
Paulistinha – que rapidamente cresceu, transformando-se em ponto de encontro
obrigatório da cidade.
Em 15 de abril de1919, José Medeiros casa-se com Maria Francisca Caldas de Medeiros,
filha do patriarca de Sacramento, e tiveram dois filhos João Moacir de Medeiros, em 1921, e
Maria Zaira, em 1928.
No mesmo ano, muda-se com a esposa para o pequeno povoado que aqui existia com o
nome de Sacramento, passando a residir na casa que depois a família herdaria do seu sogro e que na época era a sede da propriedade agrícola “Veneza de Baixo”. Era o início de suas
atividades agrícolas e participação na construção de nossa Evolução Histórica
Em 1919 chega a Sacramento José Lúcio de Medeiros, o pioneiro da irrigação e eletrificação
rural do Vale. Em 1920 começa a despontar o desenvolvimento de Sacramento, pertencente
ao município de Santana do Matos.
A vinda de José Medeiros mudou a vida do pequeno povoado, que se formara ao longo de
muitos anos a partir de duas modestas fileiras de casas, (três de tijolo e telha e quatro de
taipa) na estrada que ainda hoje liga Macau a Açu.
Essa estrada era inicialmente, a via de escoamento do sal de Macau (transportado em carro
de bois), e posteriormente dos demais produtos do Vale do Açu e Pataxó: algodão, cera de
carnaúba, gado, queijos, peixes e demais alimentos de subsistência.
José Lúcio de Medeiros logo percebeu que Sacramento reunia todas as condições para se
tornar um centro de desenvolvimento de comércio. Em 1922, conseguiu a instalação da
Fazenda de Sementes do Ministério da Agricultura, hoje conhecida como Base Física do
DNOCS, e atualmente, sede do Centro de Formação Tecnológico - CEFET.
Em 1923, empenhou-se na construção de casas, estimulando cada proprietário a construir
uma residência de alvenaria, iniciando, assim, a fundação de nossa cidade.
A posição geográfica do povoado colocava-o no centro de várias rotas que se cruzavam
entre as Lagoas de Ponta Grande e do Piató, eqüidistantes do rio Pataxó e Açu. Suas
vazantes propiciavam terra boa para trabalhar, o barro nas pequenas lagoas e os “barreiros”
(matéria-prima do tijolo e da telha), bem como a criação de animais domésticos e de serviço
garantia a carne, o leite, a coalhada e o queijo.
Em 1925, houve um movimento para a instalação de uma feira livre aos domingos, tendo
recebido apoio do presidente da Intendência Municipal e Prefeito, o Sr. Manoel de Melo
Montenegro.
A pequena feira que reunia produtores, comerciantes e compradores da região, aos
domingos, debaixo de uma “latada” coberta de palhas de carnaúba no meio de sua única
rua, era um indicador dessa possibilidade e começou a alimentar o sonho de ver o vilarejo
crescer e de um dia vir a construir um Mercado Público.
Em 1926, José Lúcio de Medeiros, conseguiu com o então prefeito, no Governo de José
Augusto, um contrato para a construção do Mercado Público, no mesmo local do atual, com
a concessão de explorá-lo por vinte anos, doando-o depois à Prefeitura.
Esta foi a primeira revolução pacífica e popular em benefício de Ipanguaçu, realizada com
recursos próprios de José Lúcio de Medeiros que transformou a Feira de Sacramento, numa
das mais concorridas e famosas do Estado. Atraia uma verdadeira multidão de
comerciantes, vendedores e compradores de todos os gêneros de mercadorias vindos dos
municípios e das cidades vizinhas desde Macau à Mossoró, de Açu a Angicos e Santana do
Matos.
Homens, mulheres, crianças, cantadores, repentistas, ciganos, mágicos e bêbados!
Impossível acreditar que nas épocas de safra matavam-se e vendiam-se por feira de 20 a 30
bois! Era um sucesso, uma festa popular: cavalos e carroças ocupando todos os espaços,
amarrados nas cercas ou debaixo das árvores. Panelas, potes, tachos, alguidares, etc., eram
feitos manualmente pelas louceiras locais, verdadeiras artesãs.
Mais tarde, os primeiros “Fordes de Bigodes” e os caminhões “GMC” despertavam imensa
curiosidade. Era também, a oportunidade de ter notícias de parentes e amigos, saber das
novidades e ouvir o “causos”.
O comércio começou a ser impulsionado com a instalação de uma casa comercial de tecidos
por José Lúcio de Medeiros e posteriormente, com a fundação de uma usina de
beneficiamento de algodão em caroço, adotando também, a compra de cera de carnaúba.
Em 1927, José Lúcio de Medeiros conseguiu trazer uma Agência dos Correios e um Posto de
Telefonia, oferecendo de graça a casa para sua instalação e doando os postes.
Dedicado também, ao meio ruralista, fundou, em 1930 um sítio de fruteiras, o primeiro da
região do Baixo - Açu. Com uma visão adiantada dos meios técnicos a serviço da produção
agrícola, empregou a energia elétrica na irrigação da terra, captando água do nosso lençol
freático, tornando-se assim, o pioneiro da eletrificação e irrigação rural do Vale.
A criação de um oásis verdejante de árvores frutíferas em meio à terra seca, mediante o uso
de bombas elétricas, colocou em evidência o nome de José Lúcio de Medeiros e o nome do
povoado de Sacramento no mapa do Rio Grande do Norte, porque foi este, sem dúvida, o
fato mais relevante a revolucionar e impulsionar a produção agrícola naquela época,
setenta anos atrás. Sequer sonhávamos com a grande barragem Armando Ribeiro
Gonçalves. A água e o peixe das lagoas e açudes eram privilégios de poucos.
Em 23 de dezembro de 1948, o povoado de Sacramento desmembra-se de Santana do
Matos e passa a ser sede do município denominado Ipanguaçu, por ato governamental do
Dr. José Augusto Varela, pela Lei Estadual nº146. Dia que terminava a grande luta do Major
Manoel de Melo Montenegro emancipando a terra que lhe serviu de berço. No dia 1º de
Janeiro de 1949 foi instalado o Município de Ipanguaçu.
Não podermos deixar de reconhecer a JOSÉ LÚCIO DE MEDEIROS na história de nosso
município, por seu idealismo, sua visão de progresso.
(O texto acima fora enviado por João Celso Filho. JC informa que o texto transcrito acima, teria copiado de algum lugar)..
Nota do Blog: A mulher de José Lúcio de Medeiros era Maria Francisca Caldas de Medeiros que solteira chamava-se Maria Francisca Lins Caldas, filha do Major Luiz Lucas Lins Caldas era o segundo de cinco sucessivos Lins Caldas, avô do meu avô paterno Luiz Lucas Lins Caldas Neto (segundo João Moacir de Medeiros., o fundador do povoado de Sacramento, atual Ipanguaçu, em terras de sua propriedade, depois José Lúcio de Medeiros - Zé Medeiros - começou a fazer benfeitoria naquele lugar, construindo com recursos próprios, o mercado, conseguiu instalar os Correios, doou terreno para construção do cemitério e etc. Duplamente pioneiro: da electrificação e irrigação no Vale do Açu.
Existe um livro organizado e editado por João Moacir de Medeiros intitulado 'JOSÉ MEDEIROS: - quase uma biografia de Ipanguaçu". Tenho o livro aqui comigo.
(Fernando Caldas)
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