A publicidade é uma forma de linguagem poética.
JMM
Hoje, 2/2, Dia do Publicitário,
faço lembrar João Moacir de Medeiros (1921-2008), nascido na poética cidade de
Assu, importante município do interior do Rio Grande do Norte. No Rio de
Janeiro, Moacir viveu durante mais de sessenta anos, onde fez história na
propaganda moderna brasileira. Moacir era uma mistura de potiguar com carioca,
bom palestrador. Era prazeroso ouvi-lo narrar a sua fantástica trajetória
vivida principalmente na propaganda brasileira. Ele fundou em 1950 a JMM
Publicidade (sigla do seu nome). Antes, porém teria trabalhado na revista PN.
"Eu sempre fui um repórter", depõe Moacir que começou a fazer
propaganda e tornou-se rapidamente conhecido, ganhando muito dinheiro e
credibilidade. O Café Paulista foi o seu primeiro cliente.
Já famoso pelas suas criações geniais, o banqueiro mineiro Magalhães Pinto
contratou sua agência para fazer a publicidade do Banco Nacional de Minas
Gerais (seu cliente durante trinta anos). Aquela casa bancária chegou a ser
considerada como um dos cinco maiores bancos privados do Brasil. E quem não se
lembra da propaganda (do guarda-chuva) que abria no final dos anos sessenta e
na década de setenta, o Jornal Nacional, da Rede Globo de Televisão. O renomado
publicitário Cid Pacheco já falecido (que participou ativamente da campanha de
Hugo Chaves a presidência da Venezuela), foi parceiro de Moacir durante décadas
na JMM Publicidade. Pacheco depõe que o guarda-chuva "foi um dos maiores
símbolos promocionais da publicidade de todos os tempos."
Moacyr em 1954, foi o protagonista da primeira eleição marketizada no Brasil, contratado
por Magalhães Pinto, para fazer a campanha de Celso Azevedo, pela UDN (um jovem
engenheiro que o povo não conhecia), para prefeito de Belo Horizonte, contra
Amintas de Barrros pelo PSD – Partido Social Democrático e que tinha o apoio de
Juscelino Kubitschek e do PTB de Getúlio Vargas. Moacyr, ao chegar naquela
terra mineira e, ‘mineiramente’, no seu próprio dizer, escultou os taxistas, os
barbeiros, entre outras pessoas de várias atividades, descobriu e explorou que
Celso Azevedo seria o primeiro belo-horizontino a governar aquela capital mineira,
produziu uns versos que mandou musicar e introduziu um jingle para rodar no
rádio (entre outras estratégias que ele usou), que diz assim: “O povo reclama
com razão / minha casa não tem água / minha rua não tem pavimentação / mas não
basta reclamar, meu senhor / é preciso votar num candidato de valor."
A moda pegou e, em apenas três semanas, Celso Azevedo que somente tinha o apoio
de Magalhães Pinto e do PDC (um partido de pouca expressão eleitoral), ganhou a
eleição para Amintas de Barros tido como um candidato populista e imbatível em
Belo Horizonte.
Para a conceituada jornalista do jornal do Brasil Anna Ramalho (Coluna
Opinião), num artigo datado de 19 de fevereiro de 2006, depõe que Medeiros
"é um gênio da propaganda. O Jornal Nacional foi assim batizado por sua
sugestão: na época do seu lançamento, era patrocinado pelo Banco Nacional da
família Magalhães Pinto, principal cliente da agência". E vai mais adiante
aquela conceituada jornalista, ao dizer que Moacyr teve outras invenções como
"o tema ponte aérea, criado para Real Aerovias, ainda na década de
sessenta". E aquela ex funcionária da JMM, não dispensa elogios a pessoa
do seu ex patrão, afirmando que "Medeiros é um exemplo de pessoa descente,
do brasileiro que soube ganhar muito com o seu trabalho, mas sempre de uma
forma digna, sem cambalachos e maracutaias".
Já, o publicitário Jonga Oliveira no seu blog "Casos" da
Propaganda", comenta que Moacyr "foi muito importante na história da
propaganda. Não somente a carioca, como também a brasileira". E vai mais
adiante aquele agente de publicidade, ao dizer que "a sua JMM
constituiu-se, já na década de cinquenta, uma das agências pioneiras na reformulação
da comunicação no Brasil".
Afinal, não se fala (ele presidiu a Federação Nacional das Agências de
Propaganda) da história da propaganda moderna no Brasil, sem antes colocar João
Moacir de Medeiros em posição de destaque. A marca JMM vendida para publicitários de Belo
Horizonte.
João Moacir de Medeiros nasceu no Assu/RN, no dia 25 de abril de 1921 e encantou-se no dia 6 de agosto de 2008, aos 87 anos de idade.
(Fernando Caldas)
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Em tempo: João Moacir
de Medeiros era meu primo próximo pelo lado da tradicional família Lins Caldas,
de Assu/Ipanguaçu/RN. Foi meu pai Edmilson Lins Caldas que embarcou Moacir no
porto de Natal com destino ao Rio de Janeiro, no inicio da década de quarenta.
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