sábado, 30 de março de 2024
Reconciliação e despedia
Por Walter de Sá Leitão sobre João
Lins Caldas.
Um importante depoimento póstumo, de
uma figura do Assu inteligente, chamado Walter de Sá Leitão, para um gênio filósofo
chamado João Lins Caldas. Vejamos para o nosso deleite:
Há cinco anos, mais ou menos, o velho
e amigo João Lins Caldas limitara nossa amizade a saudações e cumprimentos
simples e – não poucas vezes – estas cortesias eram para ele um
constrangimento.
Por muitos frequentara a nossa casa,
diariamente, sentindo-se à vontade, contando-me dramas da sua vida, atitudes
que tomara em certos e determinados casos, especialmente como funcionário
público, e, por fim, recitando seus formidáveis poemas e sonetos. Na sua
espetacular inteligência, havia um ponto característico dos poetas – “as
imaginações” – que lhe produziram um gênio tempestivo e absoluto para viver,
anormalmente, entre os seus semelhantes. Uma simples conversa que divergisse do
seu ponto de vista, em relação especialmente a determinadas pessoas, era o bastante
para multiplicar o número dos seus desafetos, acrescido do dialogante.
Reconhecendo-o POETA, sonhador, portando, jamais considerei suas denúncias,
acusações ou julgamentos aqueles por quem se dizia prejudicado. Isto lhe
causava um mal estar, cujos efeitos eu minorava contando-lhe anedotas picantes,
piadas, impúdicas e ele, o velho Caldas, sem arrefecer os ódios, retira-se
anotando-me no seu caderno como um indigno, também. Distanciava-se de mim,
torcia caminhos para não me encontrar, porém eu o procurava, intrometia-me nos
ambientes onde ele comparecia e, assim, ia amenizando sua intolerância, sem
conseguir modificar suas sentenças.
Como poeta era sublime, vibrações,
divinais; um disco de sonatas infindas que quanto mais se ouvia, mais desejos
se tinha de continuar ouvindo. No cotidiano da vida, era humano...
Ontem, dia 18, as seis horas da
manhã, caminhávamos em direção ao Mercado Público, quando, em frente à Padaria
Santa Cruz, os nossos caminhos cruzara-se e eu, na minha teimosia para tê-lo
amigo, provoquei o diálogo:
- Bom dia, Frutilândia!...
- Bom dia, Walter, preciso falar com
você.
- Caldas, voltarei logo para lhe
atender.
Voltei minutos depois, indo
encontra-lo na Praça da Criança, comprando uma espiga de milho verde. Ao ver-me
reiniciou o diálogo:
- Walter, você tem recebido notícias
ou carta de Moacir?
- Não, depois da última estadia aqui
não me deu notícias nem me escreveu.
- A mim, também não. Parece que está
zangado porque não lhe dei resposta às últimas cartas. Mas, vou respondê-las.
Preciso demais comunicar certos desejos e, fatos da minha vida, sobretudo
porque o meu fim está chegando e só a ele poderei contar, sabe!
- Caldas, a sua saúde, como vai? Tem
tomado os remédios e seguido a dieta?
- Não, comecei a tomar umas pílulas,
porém as suspendi. Depois de liquidar meus negócios irei cuidar da doença. O
meu mal são estas coisas...
- Tens ouvido ou lido alguma coisa?
- Ouvido, não, Caldas, porém estou
lendo um grande livro sobre Hermes Fontes, escrito por Povina Cavalcanti e
dirigido por Afonso Arinos de Mélo Franco.
- Ah! Quero vê-lo. Preciso ler. O
Hermes, como já lhe contei, morreu rompido comigo. Hoje, ou melhor, depois é
que, reconheci ser um mal entendido meu. Seria fácil, Walter, emprestar-me este
livro, agora?
- Pois não, Caldas, vou mandar
busca-lo.
Minutos depois, chegava o portador
trazendo o livro.
- Pronto Caldas, aqui o livro.
Com o livro às mãos começou a
folheá-lo e, ao deparar em uma das páginas o retrato de Hermes, fitou-o bem e
exclamou: “Hermes! Hermes!... Breve a nossa reconciliação espiritual.”
Despedimo-nos, ele saiu com o livro
na mão e a cesta na outra. Partiu para completar a sua feira e, horas depois,
completava também a sua vida atribulada de poeta e sonhador.
DEUS o tenha lá, com menos
imaginações humanas!
Assu, 19 de maio de 1967
sexta-feira, 29 de março de 2024
Capitão Manoel Varella Barca, lá de de Assú (III)
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
José Varella de Sousa Barca, foto enviada por descendente Francisco Varela Barca |
Capitão Manoel Varella Barca, lá do Assú (I)
Trecho de um debate na Câmara Federal entre José Moreira Brandão Castelo Branco e Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti |
quinta-feira, 28 de março de 2024
UM POUCO SOBRE MEUS ANTEPASSADOS
Meus bisavós chamados Manoel Cavalcante de Queiroz e Vigorvina Fontes Fernandes de Queiroz (Fotografias abaixo) nasceram na então Vila de Luiz Gomes, atual município de Luiz Gomes, região serrana do alto oeste do Rio Grande do Norte. Manoel era farmacêutico naquele lugar, mas também explorou o ramo de farmácia em São Miguel, Assu (onde morou na distante década de 1920), Mossoró (aceitando um convite do amigo e também farmacêutico formado, Jerônimo Rosado), Baixa Verde, Ceará Mirim e em Natal. Em 1947, Manoel Queiroz transferiu sua farmácia para o filho Letício Fernandes de Queiroz, recém formado pela antiga Escola de Farmácia de Pernambuco/Recife, naquele mesmo ano.
quarta-feira, 27 de março de 2024
segunda-feira, 25 de março de 2024
Procura-se um poema de amor para presente
"Procura-se um poema pleno, pródigo, proficiente...
Procura-se, não um poema, mas um pingente,
pedra polida em palavras preciosas de prata,
uma pérola perfeita, pois é para presente.
Presente para uma poetisa - princesa,
proprietária dos meus pensamentos,
do meu passado, do meu presente.
Procura-se um poema perfeito,
com perfume do paraíso,
pronto para presente...
Pode? É possível
Procura-se,
pois..."
quarta-feira, 20 de março de 2024
Quero “bordar” no horizonte,
Essa fotografia já um pouco gasta pelo tempo, guardo com muito carinho e zelo, de Candido Jonas Batista ("Cândio" como era mais conhecido). Era vaqueiro de meu avô paterno que era pecuarista nos sertões do Assu. Morreu por afogamento para salvar um jumento que se encontrava ilhado. fato este de solidariedade aquele animal, que a UFRN procurou fazer um documentário sobre, mas não veio a se concretizar. Foi vaqueiro também de meu pai. A gente tinha ele como pessoa muito íntima da família. Foi bom pra todos. Por fim, guardo ele na minha memória, com saudade. Era amigo pra todas as horas! Um registro apenas.
Fernando Caldas
terça-feira, 19 de março de 2024
sexta-feira, 15 de março de 2024
Carta de uma idosa trancada num lar
De: Assu Antigo E QUEM SE LEMBRA DA FORMAÇÃO DO GRUPO DOS 11, DO ASSU Era 1963, tempo efervescebte no Brasil, o presidente João Goulart (Ja...
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Um dos princípios que orientam as decisões que tratam de direito do consumidor é a força obrigatória dos contratos (derivada do conceito de ...