quarta-feira, 29 de maio de 2024

 Assu Antigo


UM POUCO SOBRE LULUDA

Maria de Lourdes Moura era o nome de batismo de Luluda. Lembro-me dela desde os tempos que trabalhava no Segundo Cartório de Registro, até o ano de 1967, cujo tabelião era João Germano que funcionava ao lado da praça da Matriz onde hoje mora Zélia Tavares.
Luluda era uma figura humana muito querida na cidade. Pena que se encantou ainda no início da sua maturidade. Convivi com ela desde os tempos da minha adolescência, durante quase quarenta anos, trabalhando com meu pai Edmilson Caldas na importante Cooperativa Agropecuária do Vale do Açu, desde os tempos que aquela instituição funcionava como Banco Rural do Açu, ali na rua São João, ao lado do Sobrado conhecido com Sobrado de Sebastião Cabral.
A sua simplicidade lhe fez esconder a sua arte de poetar, revelando-se poetisa já na sua maturidade. Por sinal, alguns dos seus sonetos clássicos e amorosos, de versificação fácil, viraram canções, musicados e interpretados por seu sobrinho Judson, além de gravados e publicados em jornais do Assú.
Por fim, os versos de Lourdes Moura são recheados de amores e verdades. Vejamos o soneto Quisera, do seu livro de estreia intitulado “Voou Livre, 2007, também publicado numa antologia póstuma intitulada Despedida, 2024, organizado pela escritora Isabel Firmino, que diz assim:
Quisera eu dizer-te que sinto
Mas não posso e jamais o farei.
Por teu amor lutei e ainda resisto,
Não quero perder-te, senão morrerei.
Por mais que procuro te esquecer
Cousa que nunca eu consegui,
Mas sentia o meu amor crescer
Mas hoje sinto o que me iludi.
Iludi-me, sim, porque sempre tentei
Esquecer de um amor, que nunca procurei
Saber se me amava ou se me enganava.
E agora muito sofro a pensar,
Que um dia, não queiras me amar,
E que nunca a me amar procurou.
(Fernando Caldas)



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