domingo, 2 de junho de 2024

CHÁ  COM BOLACHA

Antônio Josino Tavares, ou "Caboré," como era mais chamado na cidade de Assu e região, era vaqueiro, negociante de gado, corredor de vaquejada, boêmio, glutão famoso. Tipo baixo, voz grave. Caboré era primo de meu avô materno chamado Fernando Tavares (Vemvem), bem como, se não me engano, irmão ou sobrinho de Luiz Tavares, figura muito conhecida em Natal, pelas suas peripécias. Pois bem. Certa vez, Caboré viajando com destino à cidade de Natal, chegou num restaurante à beira da estrada onde costumava almoçar quando em viagem a capital potiguar, sentou-se numa das mesas daquele recinto e logo pediu ao garçom que lhe trouxesse comida para seis pessoas. Carne seca, feijão verde, batata doce, arroz, cuscuz, era o seu prato preferido. Comeu tudo sozinho, além de três pratos de coalhada com rapadura do brejo, ainda mais, queijo de coalho com mel de engenho. Logo após o almoço, ainda sentado na cadeira, começou a dormir. Mergulhado no sono, roncando muito alto, o dono do restaurante preocupou-se com aquela roncaria de Caboré e, ao se dirigir ao antigo cliente, acordou-o em voz alta dizendo: "Caboré. O senhor está passando mal! Quer tomar um chá?" Caboré ainda esfomeado, saiu-se com essa: “Meu amigo. Só se for com bolacha!"

Fernando Caldas 



 

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