quarta-feira, 12 de novembro de 2025

 ALZHEIMER


Estou na idade que nem é bom falar

Em que o pinto murchou para os ovos irrigar

Ou os ovos subiram para ser irrigado

E nesta fase, resta o cheiro do velho mijado.


Que falho, não vou falar

Morro de falhar e não falo.


Numa sociedade injusta e elitista como essa

Que julga, ao seu julgo ninguém presta

Julga simplesmente por julgar.


Bela comunidade

Que fez da poesia sua melhor verve

Orgulho, voz e melodia,

Mas, do estilo cordelista

Nada professou


- É canto para quem esmola

Em feiras, chorando

Mesmo de Leandro

Sabedores do mando.


Ninguém praticou

Nem vão mencionar

É pura humilhação

Não hão de se humilhar.


O próprio Renato

Metido a cantador

Tendeu matutar

Cordel! Sem valor

Não quis cordelar

Até se calou.


Só o Chico Traíra

Um certo Wanderley

E Rosivaldo Quirino

Fizeram sua vez.


E,

Eu que tenho o corpo

Eu que tenho a mente

Frágeis, inábeis...

Tal qual as mãos,


Artista plástico não sou. (Não sei pintar)

Não dei para escultor. (Não sei esculturar)

No máximo,

Tento construir alguns poemetos,

Mas, 

Minha poesia:

É opaca

É torta

É morta.

Mesmo com tanto contrario

Cordéis, escrevi mais de trinta.


Louco para mim

Assim como sou

Teimoso que estou,

É quem chega ao final

De algo construído por mim.


Mesmo assim tenho fã

E não é do meu clã

Tenho fã normal

Nada de drogado

Hospício, hospital.

...............................

(Clinica Santa Maria, do Assuense: Caldas. João Maria Caldas> O próprio me guiou numa visita às suas dependências. Enumerava eufórico e orgulhoso, os seus espaços. Momento do banho de sol, o astro esquentava a cabeça de alguns internos, suprindo sem gastos a vitamina D. Caminhávamos compenetrados, quando de repente um interno gritou: Abença Tijoão, um dinheirinho pra comprar um pão. O companheiro ao lado, ralhou, com voz lenta, muito lenta, de quem do baseado tivesse abusado:


Deixe de besteira, irmão

Não sabes que tio João

Mesmo tendo um dinheirão,

Não dar um pão a um doido.


Da tirado do doido

Quase morro de ri.


,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,


Há meu Deus!

Ando esquecendo tudo,

Estava falando de quê mesmo?


FRANCISCO DE ASSIS MEDEIROS

Nenhum comentário:

SOB A TREVA Ontem de madrugada encontraram-se as duas, A minha e a tu'alma. Deserta rua entre as desertas ruas, Era a hora mais calma. S...