segunda-feira, 21 de setembro de 2009
domingo, 20 de setembro de 2009
POESIA
Uma voz eu ouvi, vinda não sei de onde,
Dizendo-me que, algum dia,
Eu faria uma viagem para muito longe.
Uma voz eu ouvi, vinda das pequenas ondas do mar,
Dizendo-me que, eu deixaria este mundo por outro,
Esta vida, por uma vida melhor,
Esta estranha voz, agora eu sei, veio da noite,
Veio do rio, ou então, daquele sombrio cipreste, que,
Como a minha solidão, ofereço a Deus.
Walflan de Queiroz
(Livro de Tânia, 1963)
Dizendo-me que, algum dia,
Eu faria uma viagem para muito longe.
Uma voz eu ouvi, vinda das pequenas ondas do mar,
Dizendo-me que, eu deixaria este mundo por outro,
Esta vida, por uma vida melhor,
Esta estranha voz, agora eu sei, veio da noite,
Veio do rio, ou então, daquele sombrio cipreste, que,
Como a minha solidão, ofereço a Deus.
Walflan de Queiroz
(Livro de Tânia, 1963)
sábado, 19 de setembro de 2009
POESIA
LAGOA DAS MOÇAS
- Vancê tá vendo esse lago,
Pequeno, desse tamanho?
Apois bem é a lagoinha
Onde as moças tomam banho,
Quage toda manhanzinha.
- Eu num sei pruque razão
Essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, desconfio e agaranto:
Sê dos suó das muié.
- Mas, se eu fosse essa lagoa
Se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
Eu pudesse as moças Vê...
Aí, os óios eu feixasse...
- Quando nágua elas caísse
Eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios,
De moça tomando banho.
Renato Caldas
- Vancê tá vendo esse lago,
Pequeno, desse tamanho?
Apois bem é a lagoinha
Onde as moças tomam banho,
Quage toda manhanzinha.
- Eu num sei pruque razão
Essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, desconfio e agaranto:
Sê dos suó das muié.
- Mas, se eu fosse essa lagoa
Se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
Eu pudesse as moças Vê...
Aí, os óios eu feixasse...
- Quando nágua elas caísse
Eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios,
De moça tomando banho.
Renato Caldas
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
DE ROGACIANO LEITE E CEGO ADERALDO
O poeta-repentista cearense Chamado Cego Aderaldo era quem andava pelas feiras livres do Nordeste, acompanhando o também poeta-repentista que chegou a morar no Rio Grande do Norte, Rogaciano Leite, autor da famosa canção "Cabelos Cor de Prata". Rogaciano era também advogado, jornalista, morou na paraíba e no Ceará. Pois bem, certa vez, numa certa feira livre de uma cidade nordestina, cercado por estusiastas dele e de Aderaldo, Rogaciano saiu com essa: "Tô cantando com esse velho, esse velho que não serve pra mais nada, que tá todo enferrujado e já devia´estar na cama cercado de aplausos." Cego Aderaldo puxou da viola e cantou:
Andei procurando um besta
Um besta que fosse capaz
E de tanto procurar um besta
Encontrei esse rapaz
Que não serve pra ser besta
Porque é besta demais.
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quinta-feira, 17 de setembro de 2009
HINO OFICIAL DO ASSÚ
A letra e música do Hino do Assú é de autoria da educadora, poetisa e também musicóloga assuense Maria Carolina Caldas Wanderley que na intimidade era chamada de Sinhazinha Wanderley. O Projeto de Lei é de n. 6/69, de 11 de setembro de 1969. Era prefeito do município do Assu João Batista Lacerda Montenegro. Vejamos o referido hino transcrito abaixo:
Qual um canto harmonioso
Das aves, pelo ramado
A minh'alma te festeja
Meu Assu, idolatrado.
Estribilho
Torrão bendito hei de amar-te
Dentro do meu coração
Salve, Assu estremecido.
Salve, salve o meu sertão
Palmeiral da minha terra
As várzeas cobrindo estás
Tu qu'és útil pelo inverno
E pela seca ainda mais
Valoroso, florecente,
Em face dos mais serões
Hão de erguer-te o nosso esforço
Nossos bravos corações.
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terça-feira, 15 de setembro de 2009
RENATO CALDAS, POETA PARA INGLÊS VER
Um fato importante que enriquece a biografia do poeta matuto Renato Caldas, veio a acontecer em 1991. Aquele bardo potiguar do Assu virou poeta para inglês ver, por intermédio do professor americano aposentado da Universidade da Flórida chamado Gerald Standley que na época da Segunda Grande Guerra morou em Natal trabalhando no Campo de Parnamirim (Base Aérea).
Standley já estando no seu país de origem, resolveu depois de mais de quarenta anos de ter conhecido a poesia renatocaldiana traduzir alguns poemas de Renato, para a língua inglesa, e remetê-los remetê-los para a revista cultural editada em Greensboro, Carolina do Norte, intitulada "Internacional Poetry review" (Poesia Internacional Revisitada, na tradução), que publicou as poesias intituladas "Arvorada Matuta" (Dawan in the backlands), "Juramento" e "Minha casinha", dentre outros, como o célebre poema sob o título "Fulô do mato," que abre as páginas do seu afamado livro intitulado 'Fulô do Mato". Vejamos o original poema:
Standley já estando no seu país de origem, resolveu depois de mais de quarenta anos de ter conhecido a poesia renatocaldiana traduzir alguns poemas de Renato, para a língua inglesa, e remetê-los remetê-los para a revista cultural editada em Greensboro, Carolina do Norte, intitulada "Internacional Poetry review" (Poesia Internacional Revisitada, na tradução), que publicou as poesias intituladas "Arvorada Matuta" (Dawan in the backlands), "Juramento" e "Minha casinha", dentre outros, como o célebre poema sob o título "Fulô do mato," que abre as páginas do seu afamado livro intitulado 'Fulô do Mato". Vejamos o original poema:
Sá dona, vossa mecê,
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô.
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume
De tudo qui fô fulô
Qui nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É cheiro bom, deferente,
Qui a gente sintindo, sente
Das outa coisa o fedô.
_______
M'am milady,
You are de most fragrat flower -
The most perfumed flower
Ever to bloom in my becloed backlands.
Make a collection
Of everytring that flowers -
Not one, not a single one
Wil have the delicious odor
Wil have the delicious odor
Of your sueet, sueet-little body.
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
POESIA MATUTA
LUA CHEIA
Logo de noite,
Quando vórto do trabáio,
Pégo a vióla e me espáio.
Coméço logo a cantá.
Enquanto a lua
Tá no céo dipindurada
Ouvindo a minha toáda
Com vontade de chorá.
Oh! Lua cheia, oh! Lua cheia.
Não óie nas teia
da casa de meu amô.
Pruquê se oiá,
Se espiá,
Cabô-se lua cheia
O teu furgô.
Eu tenho raiva
quando vejo a lua cheia,
Espiando pelas teia
Da casinha de meu bem!
Eu penso inté
Qu'essa lua tão marvada,
Qué levá a minha amada
Pra uma casa que ela tem.
Mas, se eu pegasse
A lua pelas guéla,
Dava tanta tápa nela
Qui nem é bom se falá...
Que me importava
Que o mundão escurecesse,
Ou que ela se escondesse,
Só com mêdo de apanhá.
Se Deus deixasse,
Se Deus aconsentisse,
Que pro céo eu assubisse
E fosse lua tambem...
Passava a noite,
Lá no céo dipindurado,
Oiando pulo teiádo
Da casinha de meu bem.
Renato Caldas
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domingo, 13 de setembro de 2009
35 ANOS ATRÁS, A 1. ELEIÇÃO INDIRETA
O dia 29 de outubro de 1935 amanheceu em clima de intranquilidade. A tarde, na Assembléia Legislativa do Estado (onde hoje funciona o Tribunal de Justiça do Estado), seria realizada a eleição indireta para governador do Rio Grande do Norte. Dois nomes disputavam o cargo: Rafael Fernandes e Elviro Carrilho. O interventor, Mário Câmara, ameaçava a realização de eleição. A oposição fugiu para a Paraíba, onde pediu garantias ao Governo Federal. Um clima de apreensão perturbava todo o Rio Grande do Norte. Ninguém poderia fazer prognóstico sobre o pleito. A Assembléia Legislativa era composta de 25 deputados e o voto era secreto. A ameaça do interventor pairava sobre a aposição.
O governo Getúlio Vargas resolveu garantir o pleito. As tropas do 22. BC, da Paraíba, foram deslocados para Natal. Estava garantida a realização da eleição. Os deputados chegaram à Assembléia escoltados pela tropa federal. Depois da votação secreta o resultado da apuração: Rafael Fernandes obteve 14 votos e o candidato governista, Eiviro Carrilho, 11 votos. Uma maioria, portanto, de apenas três votos. Uma comissão de parlamentares foi encarregada de comunicar o resultado ao candidato eleito. O Sr. Rafael Fernandes fez o juramento de praxe perante o desembargador Antonio Soares, que presidiu a eleição. Rafael Fernandes era o primeiro governador do Rio Grande do Norte eleito pela Assembléia Legislativa.
AGORA, CORTEZ
Os anos passaram e 35 anos depois, no mesmo mês de outubro, o Poder Legislativo do RGN repete a história. O governador do Estado, em pleito indireto, depois de escolhido pelo presidente Médice. No ano de 1935, sua irmã, Maria do Céu Pereira Fernandes, única deputada com assento na Assembléia Legislativa, votou em Rafael Fernandes. Hoje, 35 anos depois, seu irmão, deputado Bevenuto Pereira, vai dizer SIM para eleição de seu irmão Cortez Pereira.
Naquele tempo, a eleição foi realizada em clima de suspense e apreensão. Hoje, constata-se um clima de harmonia e tranquilidade. Não existia ameaça de ninguém, e já se sabe antecipadamente o resultado da eleição. O voto será aberto: SIM. Cortez Pereira terá trinta votos dos trinta e sete parlamentares que compõem a Assembléia Legislativa. Haverá apenas sete abstenções do partido oposicionista. Não será preciso a presença da escolta federal para proteger os deputados. Apenas um policiamento normal para manter a ordem do povo nas galerias da Assembléia Legislativa em virtude do pequeno espaço destinado à assistência.
OS ELEITORES DE CORTEZ
Os eleitores de Cortez Pereira são trinta deputados estaduais da ARENA. Antes eles pertenceram aos mais diversos partidos políticos: UDN, PSD, PTB, PDC e outras siglas de partidos existentes antes do movimento revolucionário de 1964. Depois, todos eles foram obrigados num mesmo partido: Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Embora existam divergências externas e internas entre eles, há bem pouco tempo se abrigavam sob bandeiras e cores diferentes. Contudo, um nome voltou a uní-los: Cortez Pereira. Todos são unânimes em afirmar: foi mesmo a melhor escolha para o Rio Grande do Norte.
Os eleitores são: Anderson Dutra, Antônio Melo, Benvenuto Pereira, Boanerges Barbalho, Dari Dantas, Edgard Montenegro, Ezequiel Ferreira, José FernandesS, José Josias, José Pinto, Leão Filho, Luiz Antônio, Manoel Avelino, Milton Marinho, Marcílio Furtado, Moacyr Duarte, Mônica Dantas, Olavo Montenegro, Onésimo Maia, Paulo Barbalho, Paulo Diógenes, Paulo Gonçalves, Radir Pereira, Rainél Pereira, Raimundo Abrantes, Ramiro Pereia, Tertius Rebelo, Ulisses Potiguar, Valmir Targino e Veras Saldanha.
O QUE PENSAM
Moacyr Duarte, constituinte de 1946, 45 anos, advogado. Foi líder da oposição e de governo na Assembléia Legislativa. Chefe da Casa Civil do governo Dinarte Mariz, possui o maior "curriculum vitae" do Poder Legislativo. Sobre o futuro governador afirmou: "não é a primeira vez em nossa história política que um colegio de representantes do povo elegerá seu governante e lhe transmitirá com os deveres e atribuições inerentes ao mandato executivo, os anseios mais justos da coletividade. Todavia, na sessão de hoje, a Assembléia Legislativa não cumprirá à apenas a letra de um dispositivo de nossa Carta Magna, pois na verdade homologará uma preferência já manifestada na vontade popular. Cortez Pereira vai alcançar os sufrágios da eleição indireta pela aclamação dos seus méritos, pela soma incontestável de bons serviços prestados à nossa terra".
Mais adiante, frisou: "Sabedor dos percalços e dificuldades que irá encontrar. Cortez Pereira tem o senso e a medida dos programas que se tornaram, desde longa data, a herança dos administradores nordestinos, a estrela, por vezes funesta, assinalando rochedos e turbilhões onde sobraram os melhores propósitos e os mais sinceros desígnios. Saúdo, por isso, no futuro governador, o coroamento e o prêmio do esforço revolucionário em prol de um Rio Grande do Norte voltado para o futuro e integrado nas mais nobres aspirações de sua gente".
PALAVRA DO VALE
O deputado Edgard Montenegro, agrônomo, 50 anos, representantes do Vale do Açu, diz que "Cortez Pereira é uma mensagem viva de desenvolvimento. É técnico de certa visão política, moço, capaz, empreendedor e representa, para o Rio Grande do Norte, a certeza da participação do nosso povo na caminhada firme que daremos todos na busca das soluções dos problemas do Estado". O deputado Olavo Montenegro, também representante do Vale, 50 anos, aduz: "Como deputado e como político, deposito em Cortez Pereira as melhores e maiores esperanças. Pois ele é um profundo conhecedor dos problemas do Estado. Confio plenamente no êxito do seu governo".
RAINEL, ALEGRIA
Rainel Pereira de Araújo, 57 anos, criador e agricultor, explica: Sempre lembrei o nome de Cortez Pereira
para governador do Estado, pois sabia que ele representava uma solução para o nosso Estado. Vou encerrar minha vida pública votando nele. Vou deixar a Assembléia Legislativa com saudades. Aqui, durante quatro anos, só tive alegrias, mas, meu filho, política é para gente moça". Por outro lado, o deputado Ezequiel Ferreira diz que "Cortez Pereira foi a melhor solução para o Estado. Sua gestão no BNB, como ele costuma dizer, foi a grande faculfade de sua vida, aprendeu as grandes lições que serão empregadas para o desenvolvimento do RGN". Paulo Gonçalves, representante do Seridó, confirma: "É uma satisfação ver Cortez Pereira assumir o governo do Estado. É homem da geração de 45, que lutou nas praças de Recife pela redemocratização do país. Tem tudo para fazer um bom governo no RGN". O deputado Veras Saldanha, 70 anos, o mais velho, agrônomo, afirma: "Foi a melhor escolha do Presidente Médice. Cortez corresponderá à confiança de todos". Seu irmão, Bevenuto Pereira, lembra que "o governo Cortez Pereira vai trazer uma completa modificação no sistema administrativo do Estado. Sua experiência no BNB é o suficiente para implantar uma nova mentalidade político-administrativa no Estado. Todos nós estamos confiantes na ação do seu governo que será implantado a partir de 1. de janeiro".
Finalmente, é lembrar a frase de um influente parlamentar arenista, referindo-se a eleição: "Acreditei no prognóstico. Cortez está eleito".
João Batista Machado
Em tempo: O texto transcrito acima é parte do livro de estrea do escritor potiguar do Assu João Batista Machado intitulado "De 35 Ao AI5", 1986. São matérias publicadas nos jornais como "Diário de Natal" e "O Poti", de Natal, entre 1970 a 1976. Sobre aquele livro, Cassiano Arruda Câmara também jornalista, depõe que as reportagens que Machado reuniu naquele volume "desde uma reconstituição da eleição de Rafael Fernandes, em 1935, até o final da década de 70, são indispensáveis para quem quizer entender a política do Rio Grande do Norte". Já, o jornalista da Tribuna do Norte Woden Madruga comenta que "João Batista Machado conta em seis anos de jornalismo político, 35 da própria vida do Rio Grande do Norte".
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COMPARAÇÕES MATUTAS
Caro que nem ovo em tempo de quaresma .
Magro como cavalo de aroeira.
Velho como o chão.
Valente que nem cobra de resguardo.
Sono leve como o do xexéu.
Liso que é direitinhop um brunidor de sapateiro.
Perverso que só jararaca de rabo fino.
Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
Furado que nem renda de papelão.
Desconfiado que nem cachorro no r5eilho.
Falar mais que pobre no sol, ou falar mais que preto do leite.
Velho e brabo como D. Pedro Segundo.
Seco que nem língua de papagaio.
Esfomeado como cachorro de comboeiro.
Apertado que só pinto no ovo.
"Infalive" como doce de mamão em festa de pobre.
Medroso como boi de cr... branco.
Seguri como boi de carreiro, ou como raiz de samambaia.
Mentiroso como cachorro de preá, ou como espinfarda picapau.
Pelado que só caçote ou garrafa.
Desinquieto como galinha quando quer pôr.
Chorão que nem bezerro desmamado.
Resistente que nem cascavel de quatro ventas.
Rente como boca de bode.
Medroso que nem sonhim (sagui).
Agoniado como cobra quando perde o veveno (peçonha).
Besta como aruá.
Depressa como quem furta.
Contente que nem barata em bico de galinha.
Zoada grande como de fogo em tabcal.
Rede alta que só rede de esperar veado.
Calça curta que nem calca de pegar marreca.
Viagem aperreada como bacurinho em caçuá.
Tem carne nos quartos como sabiá tem nas unhas.
Padece que nem sovaco de aleijado em muleta.
Durou pouco que nem manteiga em venta de cachorro.
Acabou-se que nem sabão em mão de lavadeira.
Feio como necessidade ou justiça do diabo.
Andar ligeiro que nem peba em areia frouxa.
Andar depressa como quem vai tirar o pai da forca.
Aumentar como correia no fogo.
Ter o sossego das ondas do mar.
Crescer pra baixo como rabo de cavalo.
Andar devagar como quem procura pinico no escuro.
Sofrer que nem pé de cegpo em porta de igreja.
Limpo que nem pano do coar café ou poleiro de galinha.
Café fraco que nem lavagem de espingarda.
Zangado como caititu quando bate nos queixos.
Apanhar que nem couro de pisar fumo.
Pasto tão baixo que um piriquito come de cóca.
Tão perverso que tem coragem de matar padre celebrando missa.
Tão besta que que pá ser burro só falta cagar redondo.
Rio tão seco que não tem água pra dar nos peitos dum peba.
(Nordeste Ontem e Hoje, de Duarte da Costa e Juracy Pinheiro).
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Magro como cavalo de aroeira.
Velho como o chão.
Valente que nem cobra de resguardo.
Sono leve como o do xexéu.
Liso que é direitinhop um brunidor de sapateiro.
Perverso que só jararaca de rabo fino.
Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
Furado que nem renda de papelão.
Desconfiado que nem cachorro no r5eilho.
Falar mais que pobre no sol, ou falar mais que preto do leite.
Velho e brabo como D. Pedro Segundo.
Seco que nem língua de papagaio.
Esfomeado como cachorro de comboeiro.
Apertado que só pinto no ovo.
"Infalive" como doce de mamão em festa de pobre.
Medroso como boi de cr... branco.
Seguri como boi de carreiro, ou como raiz de samambaia.
Mentiroso como cachorro de preá, ou como espinfarda picapau.
Pelado que só caçote ou garrafa.
Desinquieto como galinha quando quer pôr.
Chorão que nem bezerro desmamado.
Resistente que nem cascavel de quatro ventas.
Rente como boca de bode.
Medroso que nem sonhim (sagui).
Agoniado como cobra quando perde o veveno (peçonha).
Besta como aruá.
Depressa como quem furta.
Contente que nem barata em bico de galinha.
Zoada grande como de fogo em tabcal.
Rede alta que só rede de esperar veado.
Calça curta que nem calca de pegar marreca.
Viagem aperreada como bacurinho em caçuá.
Tem carne nos quartos como sabiá tem nas unhas.
Padece que nem sovaco de aleijado em muleta.
Durou pouco que nem manteiga em venta de cachorro.
Acabou-se que nem sabão em mão de lavadeira.
Feio como necessidade ou justiça do diabo.
Andar ligeiro que nem peba em areia frouxa.
Andar depressa como quem vai tirar o pai da forca.
Aumentar como correia no fogo.
Ter o sossego das ondas do mar.
Crescer pra baixo como rabo de cavalo.
Andar devagar como quem procura pinico no escuro.
Sofrer que nem pé de cegpo em porta de igreja.
Limpo que nem pano do coar café ou poleiro de galinha.
Café fraco que nem lavagem de espingarda.
Zangado como caititu quando bate nos queixos.
Apanhar que nem couro de pisar fumo.
Pasto tão baixo que um piriquito come de cóca.
Tão perverso que tem coragem de matar padre celebrando missa.
Tão besta que que pá ser burro só falta cagar redondo.
Rio tão seco que não tem água pra dar nos peitos dum peba.
(Nordeste Ontem e Hoje, de Duarte da Costa e Juracy Pinheiro).
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terça-feira, 1 de setembro de 2009
O FOLCLÓRICO ABRAÃO
1 -Abraão Ambrósio de Andrade era tipo alto, gordo, buchudo, despachado. Funcionário da Prefeitura Municipal do Assu, rsponsável, salvo engano, pelas obras de calçamento daquela cidade. Na política local era cabo eleitoral de Edgard Montenegro, Maria Olímpia (Mariquinhas) e Costa Leitão. Nas eleições de 1968 Costa disputava aquela prefeitura pela segunda vez. Maroquinhas ainda era a prefeita daquele município. Logo após a fala de Maroquinhas, num certo comício realizado no Centro da cidade de Assu, o locutor anunciou Abraão para fazer a sua oração. Microfone em punho, abriu o verbo: "É pela primeira vez que eu boto a boca no aparelho de dona Maroquinhas." "Aparelho" é uma denominação popular do bojo sanitário.
2 - Abraão era seme-analfabeto. Candidatou-se a vereador e, ao se aproximar as eleições resolveu investir um pouco mais no seu eleitorado. Se dirigiu ao Banco do Brasil, de Assu onde tinha uma reserva de dinheiro para sacar o valor naquela casa bancário, depositado. Ao chegar no caixa disse: "Eu quero retirar tudo que tem ai." O funcionário que lhe conhecia, indagou: "Quanto o senhor quer retirar?" "Eu quero tudo que tem aí." Pois não seu abraão", faça o cheque." Abraão não pensou duas vezes, escrevendo na folha de cheque: "Eu quero tudo que tem aí!"
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2 - Abraão era seme-analfabeto. Candidatou-se a vereador e, ao se aproximar as eleições resolveu investir um pouco mais no seu eleitorado. Se dirigiu ao Banco do Brasil, de Assu onde tinha uma reserva de dinheiro para sacar o valor naquela casa bancário, depositado. Ao chegar no caixa disse: "Eu quero retirar tudo que tem ai." O funcionário que lhe conhecia, indagou: "Quanto o senhor quer retirar?" "Eu quero tudo que tem aí." Pois não seu abraão", faça o cheque." Abraão não pensou duas vezes, escrevendo na folha de cheque: "Eu quero tudo que tem aí!"
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"40 ANOS DO JORNAL NACIONAL"
No momento em que a Rede Globo de Televisão comemora os 40 anos do Jornal Nacional, é preciso lembrar o publicitário (da JMM Publicidade) chamado João Moacyr de Medeiros. Pois, a denominação Jornal Nacional foi sugestão deste potiguar já falecido (pioneiro do Marketing político no Brasil), desde o tempo em que aquele noticiário era aberto com a propaganda (do guarda chuva) do Banco Nacional de Minas Gerais.
Moacyr era natural do Assu (RN), estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da sua terra natal, no Atheneu, de Natal, na Faculdade de Direito do Recife. Foi para o Rio de Janeiro na década de quarenta, onde se formou em direito e fundou uma das maiores agências publicitárias do país já referida acima. Fica o registro sobre este assuense que orgulha o Assu e engrandeceu a publicidade brasileira.
Em tempo: João Moacyr de Medeiros era da família Lins Caldas pelo lado materno, com raízes em Assu e Ipanguaçu (RN), uma das famílias mais antigas do Rio Grande do Norte.
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Moacyr era natural do Assu (RN), estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da sua terra natal, no Atheneu, de Natal, na Faculdade de Direito do Recife. Foi para o Rio de Janeiro na década de quarenta, onde se formou em direito e fundou uma das maiores agências publicitárias do país já referida acima. Fica o registro sobre este assuense que orgulha o Assu e engrandeceu a publicidade brasileira.
Em tempo: João Moacyr de Medeiros era da família Lins Caldas pelo lado materno, com raízes em Assu e Ipanguaçu (RN), uma das famílias mais antigas do Rio Grande do Norte.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
LEMBRANDO CAROLINA WANDERLEY
A poetisa e professora Maria Carolina Wanderley (1891-1975) era natural do Assu (RN). Nasceu numa casa onde funcionou o Teatro São José (hoje de propriedade da viuva Sandoval Martins e filhos, esquina da travessa Pedro Amorim com a Manoel Mantenegro). Carolina ainda no início da sua juventude partiu para morar em Natal "com os olhos marejados de lágrimas", como depõe o antologista Ezequiel Fonseca Filho. Estudou na Escola Normal de Natal e, após se diplomar retornou ao Assu para ensinar no Grupo Escolar Ten. Cel. José Correia em 1911 quando ainda aquele educandário funcionava na rua São Paulo, atua Minervino Wanderley, sendo uma das suas primeiras professoras. Pouco tempo depois Carolina voltou a residir em Natal para ensinar no Colégio Frei Miguelinho. Naquela capital ela fez teatro, chegando a ensenar no Teatro Carlos Gomes, atual Alberto Maranhão. Publicou o livro de poesia intitulado "Alma em Versos", onde consta o soneto sob o título "Tuas Cartas", conforme transcrito adiante:
Relembro as tuas cartas uma a uma
Minha mente, ao lembrá-las não se trunca
Uma frase não há, que não resuma
Tudo que ainda o nosso afeto junca.
Tu me escrevias sempre: vez nenhuma
Senti da indiferença a garra adunca
Morria o sol do estio... vinha a bruma
E as tuas cartas não faltavam nunca
Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas, espero ansiosamente
Mas, com que mágoa, vejo que emudece!
Termina este silêncio que crucia
E que me vai trazendo dia a dia
A certeza mortal de que me esqueces.
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Relembro as tuas cartas uma a uma
Minha mente, ao lembrá-las não se trunca
Uma frase não há, que não resuma
Tudo que ainda o nosso afeto junca.
Tu me escrevias sempre: vez nenhuma
Senti da indiferença a garra adunca
Morria o sol do estio... vinha a bruma
E as tuas cartas não faltavam nunca
Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas, espero ansiosamente
Mas, com que mágoa, vejo que emudece!
Termina este silêncio que crucia
E que me vai trazendo dia a dia
A certeza mortal de que me esqueces.
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domingo, 30 de agosto de 2009
DONA MARTHA SALEM
Martha Wanderley Salem era natural do Assu. Professora, pintora (artista plástica), falava a língua alemã fluentemente. Na sua terra natal estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, sendo uma das suas primeiras alunas. A sua família Wanderley é uma das mais antigas do Rio Grande do Norte. O seu filho caçula jornalista Minervino Wanderley num artigo postado no nataldeontem.blogspot.com, meses antes da partida dela, Martha, depõe que ela tinha "um amor incondicional pela Áustria", talvez em razão da convivência que teve com as freiras austríacas daquele educandário. E vai mais adiante Minervino ao dizer que "ela falava do Tirol e de sua capital, Insbruck, como se lá vivesse há muito. Tal amor fica bem explicado quando, ao se encontrar com uma amiga que acabara de chegar do "seu" país, disse: "Deixe-me fitar os olhos que fitaram a minha Áustria!"
Martha era filha do Major Minervino Wanderley e dona Carlota Wanderley. Seu pai Minervino foi auto comerciante e exportador de cera de carnaúba e algodão, procurador do Patrimônio de São João Batista, intendente do Assu (1917-19), presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito entre 1947 a 1950, daquela terra assuense.
Dona Martha (era mãe de Emílio Salém já falecido que foi médico no hospital da Fundação SESP, de Assu na década de sessenta) teve uma existência longíqua, faleceu nesta última sexta feira aos 98 anos de idade, na cidade do Natal onde morou quase toda a sua vida.
fernando.caldas@bol.com.br
Martha era filha do Major Minervino Wanderley e dona Carlota Wanderley. Seu pai Minervino foi auto comerciante e exportador de cera de carnaúba e algodão, procurador do Patrimônio de São João Batista, intendente do Assu (1917-19), presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito entre 1947 a 1950, daquela terra assuense.
Dona Martha (era mãe de Emílio Salém já falecido que foi médico no hospital da Fundação SESP, de Assu na década de sessenta) teve uma existência longíqua, faleceu nesta última sexta feira aos 98 anos de idade, na cidade do Natal onde morou quase toda a sua vida.
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sábado, 29 de agosto de 2009
QUANDO A POLÍTICA VALE A PENA
1 - Manoel Montenegro Neto (Manuca), disputou em 1976 sem sucesso, a prefeitura do Assu contra Sebastião Alves que se elegeu folgadamente. Manuca foi depois deputado estadual e federal. Por sinal foi o segundo político assunse a assumir a câmara federal. Manuca pertencia aos quadros do MDB (atual PMDB) e, na assembléia fazia discursos inflamados. Afinal, era um deputado atuante. Cumprindo o seu papel de oposição ao governo militar, combatia a inflação galopante e outros bichos: "Meus amigos, quem é que pode comer uma galinha por três cruzeiros (moeda da época)? Indaga Manuca pateticamente da tribuna daquele parlamento estadual. Um atento observador daquele discurso do parlamentar assuense, respondeu da galeria da assembléia: "O Galo, Manuca!"
2 - Tipo popularíssimo, Zé Carlota foi barraqueiro na feira livre de Assu. Em 1982 candidatou-se a vereador pelo PDS, pelo grupo político do saudoso Zezinho André que foi vice-prefeito do Assu entre 1973 a 1976. Naquele tempo (1982) Zezinho era candidato a prefeito daquela terra assuense. Pois bem, aberto as urnas Zé Carlota não obteve nenhum voto na secção em que votaram ele e sua esposa. Indignado com o acontecido, foi até a casa de Zezinho com a seguinte reclamação: "Compadre Zezinho, que a minha mulher não tenha votado em mim eu acredito. Mas eu, duvido!" É que Carlota foi, certamente, mais uma vítima do mapismo eleitoral, prática muito uzada nas eleições do passado.
3 - Certo prefeito de uma certa cidade do litoral do interior potiguar, prestou contas em plena praça pública de sua terra com a frase adiante: "Meus amigos, dos prefeitos deste município o menos que roubou fui eu". Esta frase se tornou célebre, sendo publicada nos jornais do sul do país e até pela revista americana Time.
4 - Aquele mesmo prefeito teria convidado o governador do Rio Grande do Norte Dinarte de Medeiros Mariz ("o velho do coração do povo"), para inaugurar a Cadeia Pública do município que ele administrava. O prefeito emocionado, concluindo o seu discurso, deixou escapar a seguinte frase: "Governador, a cadeia está inaugurada. Sinta-se em casa." Sorte do velho Dinarte que o discurso era de improviso...
fernandocaldas.blogspot.com
2 - Tipo popularíssimo, Zé Carlota foi barraqueiro na feira livre de Assu. Em 1982 candidatou-se a vereador pelo PDS, pelo grupo político do saudoso Zezinho André que foi vice-prefeito do Assu entre 1973 a 1976. Naquele tempo (1982) Zezinho era candidato a prefeito daquela terra assuense. Pois bem, aberto as urnas Zé Carlota não obteve nenhum voto na secção em que votaram ele e sua esposa. Indignado com o acontecido, foi até a casa de Zezinho com a seguinte reclamação: "Compadre Zezinho, que a minha mulher não tenha votado em mim eu acredito. Mas eu, duvido!" É que Carlota foi, certamente, mais uma vítima do mapismo eleitoral, prática muito uzada nas eleições do passado.
3 - Certo prefeito de uma certa cidade do litoral do interior potiguar, prestou contas em plena praça pública de sua terra com a frase adiante: "Meus amigos, dos prefeitos deste município o menos que roubou fui eu". Esta frase se tornou célebre, sendo publicada nos jornais do sul do país e até pela revista americana Time.
4 - Aquele mesmo prefeito teria convidado o governador do Rio Grande do Norte Dinarte de Medeiros Mariz ("o velho do coração do povo"), para inaugurar a Cadeia Pública do município que ele administrava. O prefeito emocionado, concluindo o seu discurso, deixou escapar a seguinte frase: "Governador, a cadeia está inaugurada. Sinta-se em casa." Sorte do velho Dinarte que o discurso era de improviso...
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sexta-feira, 28 de agosto de 2009
ESTÓRIAS DA POLÍTICA
1 - Em razão de certo acordo político que Aluízio Alves fizera numa certa eleição no Rio Grande do Norte, o senador Agenor Maria foi contrário. Indagado sobre aquele entendimento, bem como o seu caminho a seguir na política potiguar, respondeu: "Eu segue da gota serena se eu subir no palanque com Aluízio". Um observador politiqueiro, saiu-se com essa: "É melhor que ele (Agenor) compre logo uma bengala". Se esqueceu o sábio senador que "em política feio é perder", no dizer de Aluízio Alves.
2 - A política sempre esteve nos versos dos poetas e cantadores de viola do Nordeste. O poeta popular e também político do PT, chamado Crispiniano Neto, escreveu um dia:
Se você é sapateiro
Corta sola, lixa e senta,
Faz a peça e apalaza,
Prega tacão, polimenta;
Transforma o voto em sapatos
Prá descalçar os mandatos
Destes que calçam quarenta.
2 - A política sempre esteve nos versos dos poetas e cantadores de viola do Nordeste. O poeta popular e também político do PT, chamado Crispiniano Neto, escreveu um dia:
Se você é sapateiro
Corta sola, lixa e senta,
Faz a peça e apalaza,
Prega tacão, polimenta;
Transforma o voto em sapatos
Prá descalçar os mandatos
Destes que calçam quarenta.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
DO VIOLEIRO CHICO TRAIRA
Certo dia, Chico Traira fazendo parte das comemorações que a UFRN organizou para homenagear o folclorista "escritor potiguar mais conhecido no mundo" Luiz da Câmara Cascudo (Cascudinho) como era chamado pelos seus mais íntimos, se saiu com esse repente:
Eis o doutor Cascudinho
Que prestimoso tesouro
Lá no sertão também tem
Cascudo, aranha e besouro,
Os de lá, não valem nada,
Mas este aqui vale ouro.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
PADRE IBIAPINA
José Antônio de Maria Ibiapina era natural de Sobral, Ceará. Nnasceu no dia 5 de agosto de 1806, estudou em Olinda, formou-se em 1832 pela Facudade de Direito de Pernambuco. Foi Juiz de direito, deputado geral pelo Ceará. "Decepcionado abandonou a vida civil para seguir o catolicismo. Aos 47 anos iniciou uma obra missionária visitando várias regiões do Nordeste". Gilberto Freyre depõe que Ibiapina era "a maior figura na igreja católica no Brasil".
Ibiapina foi chamado para pregar na cidade de Assú onde fez grande colheitas com proveitos maravilhosos (...). Achando o lugar próprio e conveniente, instituiu uma casa de caridade, que deixou em boa posição e bem dirigida". Aquela casa denominada "Casa de Caridade", fora instalada no lugar onde hoje está assentado o Instituto Padre Ibiapina!, na cidade de Assu (RN). Ibiapina morrer no dia19 de fevereiro de 1884 na cidade de Araras, Paraíba, onde está enterrado.
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domingo, 23 de agosto de 2009
IMPRENSA NO ASSU I
O jornal "Brado Conservador", foi fundado pelo coronel Antônio Soares de Macêdo & Filhos que comprou o prelo ao jornal "Mossoroense" (atual O Mossoroense) em 1876, que teria fechado por problemas financeiros. Aquele periódico (folha política, moral e noticiosa) que começou a circular em 28 de setembro daquele ano, passou com a Proclamação da República, a chamar-se "Brado Federal" (segundo informações da Biblioteca Nacional). Naquela biblioteca estão as microfilmagens das edições de Abril, julho-setembro de 1878, janeiro-junho de 1879, junho-dezembro de 1880, janeiro de 1881-janeiro de 1882. Aquele jornal semanário, familiar, era impresso à Rua de Ortas, 24 (no primeiro andar do sobrado conhecido como Sobrado do Seminário), atual Moisés Soares "e se destinava a advogar a causa do Partido Conservador, fazendo oposição a Elias Souto (fundador da imprensa diária no Rio Grande do Norte) do Partido Liberal, proprietário do jornal "Correio do Assu".
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sábado, 22 de agosto de 2009
GERALDO DANTAS
Geraldo Dantas foi um dos primeiros funcionários do Banco do Brasil, de Assu, ainda no tempo em que aquela casa bancária funcionava onde hoje é o escritório da Secretário Estadual de Tributação, esquina com a praça Getúlio Vargas. Geraldo chegou no Assu ainda jovem, procedente de Nízia Floresta, sua terra Natal. Em Natal, salvo engano, ele foi companheiro de quarto de Jessé Freire que foi senador da República e com quem ele tinha o prazer de ter sido amigo íntimo. No Assu chegando, casou-se, constitui família (nove filhos), fez muitos amigos e, em razão da convivência com os poetas daquela terra assuense começou a fazer versos. Era festeiro, carnavalesco (foi Rei Momo), gostava de discursar e declamar nas festas sociais realizadas nos clubes, nos bares e nas casas de amigos daquela cidade.
Afinal, feliz daquele que chegou a conhecê-lo e com ele ter convivido. O poeta Geraldo numa feliz inspiração, em homenagem a terra que lhe acolheu, escreveu o soneto intitulado "Assu" (numa demonstração de que "o seu estro poético é dos melhores"), que diz assim:
Assu, gleba feliz de rútilos poetas
Que a musa, enternecida, inspira, ardentemente!
Predestinado povo, em tua rima quente
Tua própria grandeza em versos interpretas!
Longe, as carnaubeiras tremulam, mansamente!
O leque em riste aos céus, garbosamente eretas,
Sempre a cantar hosana à deusa dos estetas
Tal como um eterno hino ao Deus onipresente.
Oh! terra de grandeza... elcelsa maravilha!...
Como é bela e risonha a magestosa trilha
Que palmilhas, cantando, em fulvos estrebilhos...
Teu riso é um magistral poema alexandrino
Cinzelado ao calor de um sol alabrastino
pela fada do amor, na pena dos seus filhos.
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Afinal, feliz daquele que chegou a conhecê-lo e com ele ter convivido. O poeta Geraldo numa feliz inspiração, em homenagem a terra que lhe acolheu, escreveu o soneto intitulado "Assu" (numa demonstração de que "o seu estro poético é dos melhores"), que diz assim:
Assu, gleba feliz de rútilos poetas
Que a musa, enternecida, inspira, ardentemente!
Predestinado povo, em tua rima quente
Tua própria grandeza em versos interpretas!
Longe, as carnaubeiras tremulam, mansamente!
O leque em riste aos céus, garbosamente eretas,
Sempre a cantar hosana à deusa dos estetas
Tal como um eterno hino ao Deus onipresente.
Oh! terra de grandeza... elcelsa maravilha!...
Como é bela e risonha a magestosa trilha
Que palmilhas, cantando, em fulvos estrebilhos...
Teu riso é um magistral poema alexandrino
Cinzelado ao calor de um sol alabrastino
pela fada do amor, na pena dos seus filhos.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009
"É O NÊGO"
Arcelino Costa Leitão era natural de São Sebastião do Umbuzeiro, alto sertão da Paraíba. Chegou na cidade de Assu como gerente da antiga Lojas Paulista, que depois passou a ser denominada Casas Pernambucanas (Grupo Ludgren). Tempos depois foi secretário de João Câmara, dirigindo a firma algodoeira João Câmara & Irmãos (estabelecida a rua hoje denominada Senador João Câmara, onde atualmente está assentado alguns prédios comerciais do senhor Sebastião "Tião" Diogenes, entre as ruas professor Alfrêdo Simonette e Sinhazinha Wanderley, com fundos para o campus avançado), que depois funcionou a SANBRA - Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro e posteriormente a Kuk, firma também algodoeira.
Costa era vaidoso ao extremo, cheio do dinheiro, influente, com todos os requesitos para ter sucesso na vida pública, foi convidado pelo deputado Edgard Montenegro para ser o seu vice-prefeito na chapa que encabeçava nas eleições de 1958. Pois bem, dr. Pedro Amorim que já teria sido intendente, prefeito do Assu, deputado estadual Constituinte, já morando em Natal, mas ainda com muita influência nas decisões políticas do Assu, vetou o nome de Costa em solidariedade a um amigo que tinha perdido sua mulher que fugiu para Fortaleza com ele, para viver um caso de amor. Costa tratou logo de se aproximar do deputado Olavo Montenegro e saiu candidato a prefeito pelo PSD, ganhando a eleição para Edgard e Sondoval Martins, da UDN, tirando o sonho de Edgard de voltar pela segunda vez a governar a sua terra natal.
Costa na década de trinta foi presidente do Fortaleza Futebol Clube. A sua fotografia está na galeria dos ex-presidentes daquele clube cearense. Ainda no Assu, Costa fundou o Centro Sportivo Assuense. Na iniciativa privada foi comerciante no ramo de confecções, loja estabelecido a rua São João, Centro do Assu.
Nas eleições de 1968, foi candidato novamente a prefeito pela ARENA, com Francisco Evarista de Oliveira Sales (dr. Sales) como seu vice, contra João Batista Lacerda Montenegro que ganhou a eleição por apenas 26 votos de maioria, que tirou também o sonho de Costa de governar o Assu pela segunda vez. A fotografia acima é a mesma da propaganda eleitoral (daquela sua campanha) explorando naquela propaganda, apenas a seguinte escrição: "É o Nêgo", como era chamado carinhosamente pelos seus correligionários.
Afinal, Costa inovou, modernizou a cidade de Assu, bem como movimentou promovendo bailes elitizados com apresentação de grandes orquestras nacionais e internacionais, no clube que ele denominou de Clube Municipal. Morreu pobre, no começo da década de setenta (naquela época dirigia o escritório local da COSERN), amargando um ostracismo imposto por uma sociedade que lhe jogava confetes quando no auge do poder, numa demonstração que a História sempre se repete!
Em tempo: Costa, penso eu, foi quem quem inventou showmício em campanhas políticas, pois já em 1958 contratou Luiz Gonzaga (O Rei do Baião) com quem tinha o prazer de gosar da sua amizade, para se apresentar na praça pública do Assu, numa certa concentração daquela sua campanha para prefeito da terra assuense. Fica o registro.
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Costa era vaidoso ao extremo, cheio do dinheiro, influente, com todos os requesitos para ter sucesso na vida pública, foi convidado pelo deputado Edgard Montenegro para ser o seu vice-prefeito na chapa que encabeçava nas eleições de 1958. Pois bem, dr. Pedro Amorim que já teria sido intendente, prefeito do Assu, deputado estadual Constituinte, já morando em Natal, mas ainda com muita influência nas decisões políticas do Assu, vetou o nome de Costa em solidariedade a um amigo que tinha perdido sua mulher que fugiu para Fortaleza com ele, para viver um caso de amor. Costa tratou logo de se aproximar do deputado Olavo Montenegro e saiu candidato a prefeito pelo PSD, ganhando a eleição para Edgard e Sondoval Martins, da UDN, tirando o sonho de Edgard de voltar pela segunda vez a governar a sua terra natal.
Costa na década de trinta foi presidente do Fortaleza Futebol Clube. A sua fotografia está na galeria dos ex-presidentes daquele clube cearense. Ainda no Assu, Costa fundou o Centro Sportivo Assuense. Na iniciativa privada foi comerciante no ramo de confecções, loja estabelecido a rua São João, Centro do Assu.
Nas eleições de 1968, foi candidato novamente a prefeito pela ARENA, com Francisco Evarista de Oliveira Sales (dr. Sales) como seu vice, contra João Batista Lacerda Montenegro que ganhou a eleição por apenas 26 votos de maioria, que tirou também o sonho de Costa de governar o Assu pela segunda vez. A fotografia acima é a mesma da propaganda eleitoral (daquela sua campanha) explorando naquela propaganda, apenas a seguinte escrição: "É o Nêgo", como era chamado carinhosamente pelos seus correligionários.
Afinal, Costa inovou, modernizou a cidade de Assu, bem como movimentou promovendo bailes elitizados com apresentação de grandes orquestras nacionais e internacionais, no clube que ele denominou de Clube Municipal. Morreu pobre, no começo da década de setenta (naquela época dirigia o escritório local da COSERN), amargando um ostracismo imposto por uma sociedade que lhe jogava confetes quando no auge do poder, numa demonstração que a História sempre se repete!
Em tempo: Costa, penso eu, foi quem quem inventou showmício em campanhas políticas, pois já em 1958 contratou Luiz Gonzaga (O Rei do Baião) com quem tinha o prazer de gosar da sua amizade, para se apresentar na praça pública do Assu, numa certa concentração daquela sua campanha para prefeito da terra assuense. Fica o registro.
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OTHONIEL MENEZES
Othoniel Menezes de Melo (1895-1969), considerado como "Príncipe dos Poetas do Rio Grande do Norte", nasceu em Natal e faleceu no Rio de Janeiro. Ele é autor da famosa canção considerada o Hino da cidade do Natal intitulada "Serenata do Pescador", conhecida popularmente como "Praieira", além dos livros de poesia sob o título "Germen", 1918, "Jardim Tropical", 1923, "Sertão de Espinho e Flor", 1952, e "A canção da Montanha", 1955, além de ter dado a sua colaboração na imprensa de Natal como em A República, Diario de Natal, entre outros jornais daquela capital. Othoniel era membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, cadeira número 23, que tem como patrono o escritor Antônio Glicério, sucedendo o escritor Bezerra Junior. Conta-se que aquela academia nunca chegou a frequentar, pois teria aceitado a imortalidade por insistência de amigos.
Como assuense faço registrar que Othoniel teve convivência com os poetas do Assu, como Renato Caldas (poeta que o Brasil consagrou) que tratava Othoniel de "primoroso poeta", João Lins Caldas ("pai do modernismo"), Deolindo Lima, dentre outros. Por sinal, fora aquele tenor assuense Deolindo quem interpretou oficialmente pela primeira vez a sua famosa canção Praieira, no palco do Teatro Carlos Gomes (atual Alberto Maranhão) no dia 16 de dezembro de 1922.Vejamos transcrito abaixo, a primeira estrofe da referida canção que imortalizou esse bardo potiguar:
Praieira dos meus amores,
encanto do meu olhar!
Quero cantar-te os rigores
sofridos a pensar
em ti, sobre o alto mar...
Ai! Não sabes que saudade
padece o nauta a partir,
- sentindo, na imensidade,
o seu batel fugir,
incerto do porvir! (...)
E ainda escreveu aquele poeta parnasiano "que tinha o domínio ímpar da técnica e da forma poética", o poema adiante:
És linda. Iara Morena,
pulando, da água serena
do Potengi, a cantar,
nua, à sombra dos coqueiros,
perfumada de cajueiros,
- os seios furando o mar!
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
ENCHENTE DO RIO PIRANHAS, 1974
Clique na imagem para melhor visualizar.
As maiores cheias do Rio Piranhas/Assu, ocorreram nos anos de 1924 e 64. Em 24 as águas daquele Rio chegaram até a calçada, fundos da igreja matriz de São João Batista, de Assu. Na fotografia, data de 1974 podemos ver o deputado Edgard Montenegro (de óculos) e o governador Cortez Pereira (em pé na canoa). Edgard naquela época era auxiliar do governo Cortez, na qualidade de presidente da COFAN - Companhia de Fomento Agrícola Norte-Rio-Grandense.
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JOÃO LINS CALDAS NA EXPOTEC 2007
MOSSORÓ
PAU DE SEBO
Nos meus verdes anos foi o Pau de Sebo um dos melhore divertimentos. Não era constante. Realizava-se essa diversão de tempos em tempos. Quase sempre era escolhido um domingo à tarde. Não faltava expectadores. O comparecimento maior era da garotada. Não precisa ir muito longe. Tratava-se de uma haste com cinco metros de altura, devidamente ensebada, tendo no seu topo uma cédula (...).
O disputante ao prêmio tinha que fazer força para alcançar o ponto onde a cédula estava colocada. Daí a diversão. Cada tentativa era um fracasso recebido pela assintência com uma vaia entontencedora. Várias vezes era repetida a operação. Não sei se era por desgaste do sebo em virtude de constantes subidas da garotada ou se era por maior agilidade de algum deles, o certo é que um dos participantes do folguedo terminava conseguindo alcançar a cédula e retirá-la sob gritos festivos e aplausos dos presentes.
Esse brinquedo, ao que parece, não está muito em voga atualmente.
Francisco Amorim
(Do seu livro "Assu de Minha Meninice", 1982)
O disputante ao prêmio tinha que fazer força para alcançar o ponto onde a cédula estava colocada. Daí a diversão. Cada tentativa era um fracasso recebido pela assintência com uma vaia entontencedora. Várias vezes era repetida a operação. Não sei se era por desgaste do sebo em virtude de constantes subidas da garotada ou se era por maior agilidade de algum deles, o certo é que um dos participantes do folguedo terminava conseguindo alcançar a cédula e retirá-la sob gritos festivos e aplausos dos presentes.
Esse brinquedo, ao que parece, não está muito em voga atualmente.
Francisco Amorim
(Do seu livro "Assu de Minha Meninice", 1982)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
PRIMEIRO AUTOMÓVEL A CHEGAR EM ASSU
Há informções que fora este automóvel (foto acima), de propriedade do comerciante mossoroense Francisco Borges, o primeiro a chegar no Assu. Há também informações que o primeiro proprietário de automóvel de luxo (com cortinas de seda) daquela terra assuense, teria sido Gonçalo Lins Wanderley que em 1865 era presidente da Câmara Municipal, quando aquela instituição implicava (no regime monárquico) em cargo de administração do município. Aquela fotografia fora tirada pelo fotógrafo José Severo de Oliveira, proprietário do "Atelier Severo", em data de 2 de setembro de 1919.
O escritor Francisco Amorim Amorim no seu livro intitulado "Assu da Minha Meninice" , 1982, depõe que aquele automóvel "ao penetrar na cidade, agonizava uma pessoas conhecida por Mascarenhas. Os circunstantes ao ouvirem o ruído do motor abandonaram o velório deixando o pobre morrer sem vela acesa." Informa também o escritor Amorim que naquele mesma data "ao escurecer, outro veículo entrava na cidade. Tratava-se, ao que parece, de uma experiência com a estrada de rodagem que estava sendo construída ligando Assu a Mossoró."
O escritor Francisco Amorim Amorim no seu livro intitulado "Assu da Minha Meninice" , 1982, depõe que aquele automóvel "ao penetrar na cidade, agonizava uma pessoas conhecida por Mascarenhas. Os circunstantes ao ouvirem o ruído do motor abandonaram o velório deixando o pobre morrer sem vela acesa." Informa também o escritor Amorim que naquele mesma data "ao escurecer, outro veículo entrava na cidade. Tratava-se, ao que parece, de uma experiência com a estrada de rodagem que estava sendo construída ligando Assu a Mossoró."
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NATAL
terça-feira, 18 de agosto de 2009
SEBASTIÃO ALVES
Sebastião Alves (Tião) em plena campanha política, em 1976.
Esquerda para direita: Alexandre Martins de Carvalho (Xanduzinho, que era bispo da Igreja Católica Brasileira), Walter de Sá Leitão, dentista Osman Alves e Sebastião Alves Martins.
A fotografia acima registra o momento em que o prefeito Walter de Sá Leitão transmitia em 31 de janeiro de 1977 a prefeitura do Assu para Sebastião Alves. Sebastião se elegeu prefeito do Assu nas eleições de 1976 pelo PDS - Partido Democrático Nacional (com o apoio do deputado Edgard Montenegro e do prefeito Walter), ganhando para o jovem candidato pelo MDB Manoel Montenegro Neto ( Manuca), filho do deputado Olavo Montenegro. Antes, nas eleições de 1972, Sebastia, com o apoio de Olavo teria disputado aquela prefeitura com Elias Moreira - Lico, como seu vice, pelo partido da ARENA (verde) contra Walter e José André de Souza - Zezinho, da ARENA (vermelha), único partido naquela época existente no Brasil. Sebastião também foi dvereador do Assu por várias legislaturas, agropecuarista, industrial no ramo de torrefação (Café Semar) e cerâmica, bem como produtor de cera de carnaúba, produto que beneficiava, comprava e vendia a grandes exportadores do Ceará. O seu filho Heliomar Alves herdou o gosto pela política, chegando a se eleger por três eleições, vereador do Assu, cargo que exerce ainda hoje.
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domingo, 16 de agosto de 2009
PADARIA SANTA CRUZ
Imagens do blog Página R.
A Padaria Santa Cruz era de propriedade dos irmãos Solon e Afonso Wanderley. Nos anos quarenta, cinquenta sessenta e até o começo de setenta, produzia o melhor pão e bolacha da cidade de Assu. Hoje aquela panificadora é de propriedade de João Gregório Junior? A bolacha e biscoito denominado Flor do Açu (em formato de uma flor,) é uma delícia, ainda hoje produzida por outra padaria de propriedade de Toinho Albano. Naquelas décadas era o ponto de encontro amistoso para uma uma boa prosa, dos barões da cera de carnaúba, influentes políticos da região, intelectuais, poetas da cidade. Eram seus assíduos frequentadores frequentadores as figuras como Zequinha Pinheiro, João Turco, Minervino Wanderley, Major Montenegro, Fernando Tavares (Vem-Vem), Luizinho Caldas, além dos irmãos Edgard e Nelson Montenegro, Walter Leitão, Edmílson Caldas, Renato Caldas, Francisco Amorim, dentre outros. Antes dos irmãos Solon e Afonso, aquela padaria pertencia ao Senhor Enéas Dantas, pai do poeta Renato Caldas.
Aquela panificadora fora palco de muitas estórias pitorescas, muitas delas construídas em formas de versos, de rimas. (Esta estória não tem o intuito de denegrir a imagem de politico, apenas tem o sentido humorístico). Pois bem. Certa vez (era época de eleições para governador), Renato Caldas que não perdia a oportunidade para glosar, ao chegar naquele estabelecimento comercial deparou-se com uma fotografia de Frei Damião ladeado por dois candidatos ao cargo de governador e vice governado, Não deixou para depois, escrevendo:
A culpa não compromete
Ao cidadão inocente,
Mas, quando diariamente,
Essa história se repete
Deus é bom e não promete,
Também não tem distinção,
Ele que tem mil razões
Sobradas de se vingar,
Consente Solon botar
Um justo entre dois ladrões.
Fernando Caldas
Fernando Caldas
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
POESIA
JOÃO LINS CALDAS E AS INDAGAÇÕES DO ABSURDO
Que estória é essa de se dizer que o modernismo começou em 1922 com Mário de Andrade?
Que estória é essa de se dizer que Jorge Fernandes foi o primeiro no Rio Grande do Norte a cantar no verso livre, sem rima, sem métrica, desrespeitando as fórmulas tradicionais de se fazer poesia?
Quando a "Paulicéia desvairada" deu à luz? Quando?
Quando Mário de Andrade esteve em Natal não foi em 1927? E "Macunaíma" chegou Quando?
Antes, bem antes de todos eles, João Lins Caldas, em 1917, escrevia anonimamente:
... e ao comprido da rede que se balouça esticada
Uma cabeça, uma cabeleira preta,
Pés que se estiram, mãos alongadas...
Vamos irmãos, eu que estou reparando, de retrato,
esse quadro que se alonga ao longo da parede.
José Luiz Silva
(Jornal O Poti, de Natal, 1988)
Que estória é essa de se dizer que Jorge Fernandes foi o primeiro no Rio Grande do Norte a cantar no verso livre, sem rima, sem métrica, desrespeitando as fórmulas tradicionais de se fazer poesia?
Quando a "Paulicéia desvairada" deu à luz? Quando?
Quando Mário de Andrade esteve em Natal não foi em 1927? E "Macunaíma" chegou Quando?
Antes, bem antes de todos eles, João Lins Caldas, em 1917, escrevia anonimamente:
... e ao comprido da rede que se balouça esticada
Uma cabeça, uma cabeleira preta,
Pés que se estiram, mãos alongadas...
Vamos irmãos, eu que estou reparando, de retrato,
esse quadro que se alonga ao longo da parede.
José Luiz Silva
(Jornal O Poti, de Natal, 1988)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
OLAVO MONTENEGRO, UM DEPUTADO COMBATIVO
Olavo Lacerda Montenegro (1921-1999), herdou o espólio político de seu pai Manoel Montenegro (Manezinho) que na década de trinta e quarenta, foi prefeito do Assu durante 13 anos consecutivos, nomeado por Getúlio Vargas. Em 1958, Olavo se elegeu deputado estadual, conseguindo se reeleger nas eleições de 1962, 66 e 70.
Tipo baixo, nem gordo, nem magro, amigo intransigente, decidido, tribuno combativo. Olavo não era de recuar, não levava desaforo para casa e não se calava com afronto de ninguém. Reagia na hora as acusações contra a sua pessoa, de se seus correligionários, partidários e amigos, especialmente Aluízio Alves a quem seguiu durante toda a sua vida pública.
Em 1962, Olavo foi ofendido na sua honra, com insinuações feitas pelo seu colega de assembleia e de partido (PSD), deputado Ângelo Varela (filho do ex-governador José Varela), no instante em que fazia um pronunciamento no plenário daquele parlamento estadual. Pois bem, como consequência das ofensas de Ângelo, Olavo não pensou duas vezes, sacou de um revolver calibre 22 (que Varela dizia ser de plástico) e disparou dois tiros, sendo que somente uma bala atingiu a cabeça do seu desafeto. Ângelo teve de ser removido às pressas até a cidade do Recife, para ser cirurgiado, escapando sem sequelas. Coube a Olavo apenas uma prisão durante poucos dias no Quartel da Polícia Militar, em Natal, continuando normalmente o mandato que o povo lhe outorgou. Naquela época a Assembleia Legislativa funcionava na avenida Getúlio Vargas, onde hoje está assentado, salvo engano, o Tribunal de Contas do Estado.
O combativo e atuante deputado Olavo ajudou a fundar e participou ativamente da CODEVA - Comissão de Desenvolvimento do Vale do Assu (órgão consultivo e executivo) presidido por Edgard Montenegro (adversário político de Olavo) e secretariado por Osvaldo Amorim, no começo dos idos sessenta. Com a CODEVA não havia disputas políticas, pois, o que estava em jogo era o desenvolvimento da região varzeana.
Além da sua colaboração na política do seu Estado, em 1959, contribuiu para que fosse fundado em Natal, a ANORC - Associação Norte-Rio-Grandense de Criadores, instituição que ele chegou a ser um dos seus primeiros presidentes, bem como chefiou a delegacia da CIBRAZEN, com sede em Natal, na década de oitenta, além de ter dado importante contribuição para a fundação da Radio Princesa do Vale, de Assu, fundada em 1979.
Com o seu apoio político (Olavo foi um dos responsáveis pela criação da cruzada da esperança e consequentemente a vitória de Aluízio Alves ao Governo do Rio Grande do Norte, em 1960) elegeu Costa Leitão prefeito do Assu, pelo PSD (tirando o sonho de Edgard Montenegro de retornar pela segunda vez a prefeitura da terra assuense) e seu irmão João Batista Lacerda Montenegro, pela ARENA - Verde, respectivamente. Em 1976 ingressou seu filho Manoel Montenegro Neto (Manuca) na política, como candidato a prefeito da terra asuene, pelo MDB, contra Sebastião Alves, da ARENA, que se elegeu, ainda mais apoiou Arnóbio Abreu como candidato a prefeito do Assu, pelo PMDB, que perdeu para Ronaldo Soares, do PDS, nas eleições de 1982.
Olavo além de ter exercido o mandato de deputado estadual por quatro legislaturas, candidatou Manuca deputado estadual (que depois foi suplente de deputado federal, chegando a assumir a alta câmara do país, durante pouco mais de um mês), no final da década de oitenta.
Afinal, os seus empenhos em favor do Vale do Açu, da agropecuária potiguar, foram valiosas. Portanto, é preciso que ele seja mais lembrado na terra assuense, especialmente no município que ele criou na qualidade de deputado estadual, através do Projeto de Lei n. 2.927, de 18 de setembro de 1963, desmembrando Santa Luzia, do município do Assu, dando foros de cidade que passou a ser denominada Carnaubais, terra da sua Mãe Maria Lacerda, que atualmente é nome de uma das mais importantes avenidas do grande Natal.
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terça-feira, 11 de agosto de 2009
ALUIZIO ALVES
Se vivo fosse, "o menino de Angicos", aluizio Alves (1921-2006) estaria completando 88 anos de idade. Aluizio que começou a fazer vida pública ainda menino, aos 11 anos de idade, fundou jornais, aos 18 anos publicou o seu livro de história do seu município intitulado "Angicos". Deputado constituinte (1946), governandor do Rio Grande do Norte (eleito em 1960, fazendo um governo inovador), cassado pelo regime militar, deputado federal (na década de 1990), Ministro da Administração (governo Sarney) e da Integração (Governo Itamar Franco).
Aluizio em 1960, candidato ao governo da terra potiguar pelo PSD, contra Djalma Marinho da UDN, derrotou fortes lideranças políticas como Dinarte Mariz, que tornou seu ferrenho inimigo político. Eu era menino de calças curtas e ainda me lembro da marchinha (hino da sua campanha), que diz assim:
Aluizio Alves veio do sertão lá do Cabugi
Pra sanar o sofrimento do seu povo
Sua plataforma eis aqui:
Assistência e cuidado ao agricultor,
Melhores salários pro trabalhador,
Com a energia de Paulo Afonso, industrialização
Para a mocidade potiguar saúde e educação.
O povo oprimido, do aperário ao doutor,
Escolheu seu candidato, Aluizio Alves pra governador.
Fica a homenagem deste blog ao incontestável líder político potiguar que foi Aluizio Alves.
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Aluizio em 1960, candidato ao governo da terra potiguar pelo PSD, contra Djalma Marinho da UDN, derrotou fortes lideranças políticas como Dinarte Mariz, que tornou seu ferrenho inimigo político. Eu era menino de calças curtas e ainda me lembro da marchinha (hino da sua campanha), que diz assim:
Aluizio Alves veio do sertão lá do Cabugi
Pra sanar o sofrimento do seu povo
Sua plataforma eis aqui:
Assistência e cuidado ao agricultor,
Melhores salários pro trabalhador,
Com a energia de Paulo Afonso, industrialização
Para a mocidade potiguar saúde e educação.
O povo oprimido, do aperário ao doutor,
Escolheu seu candidato, Aluizio Alves pra governador.
Fica a homenagem deste blog ao incontestável líder político potiguar que foi Aluizio Alves.
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
PORTFÓLIO
ELIAS SOUTO, UM ASSUENSE ILUSTRE
Elias Souto é mais um filho do Assu que engrandece as letras e a história da imprensa do Rio Grande do Norte. Em Assu ele fundou o jornal de oposição intitulado O Sertanejo, que circulou de 1873 a 1876. Depois veio a fundar o Jornal do Assu, que depois passou a denominar-se O Assuense. Souto já estando em Natal, fundou em 1894 a imprensa diária no estado potiguar, fazendo circular o jornal também de oposição intulado Diário do Natal. O professor e poeta Elias Souto chegou até a escerver o Hino da Imprensa Potiguar, publicado no jornal "Diário do Natal", onde em versos brilhantes acentuou a vanguarda das idéias novas trasidas pelo jornalismo (" "Rompendo o caos tenebroso/que as gerações envolvia./O teu verbo fulminante/ No mundo inteiro irradia.")
Ezequiel Fonseca Filho no seu livro sob o título Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que Elias Souto "não fulgiu ao desejo de também fazer versos." E um dia escreveu:
Lá, no centro do mar, na imensidão
Pelo sopro dos ventos agitadas,
Vão as ondas, rolando em turbilhão
Desfazeer-se nas rochas escarpadas
Ou se o vento, de súbito, desmaia,
Elas vão o mar liso percorrer,
Em procura da terra, e sobre a praia
Lentamente, estender-se e, após, morrer.
Assim minh'alma. No mar das ilusões
Da vida, no correr da tempestade,
Vaga sempre no mundo aos trambulhões
E, da incerteza, em funda cavidade
Nos abrolhos da túrbidas paixões
Ela somente crê na - Eternidade.
blogdofernandocaldas.blogspot.co
Ezequiel Fonseca Filho no seu livro sob o título Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que Elias Souto "não fulgiu ao desejo de também fazer versos." E um dia escreveu:
Lá, no centro do mar, na imensidão
Pelo sopro dos ventos agitadas,
Vão as ondas, rolando em turbilhão
Desfazeer-se nas rochas escarpadas
Ou se o vento, de súbito, desmaia,
Elas vão o mar liso percorrer,
Em procura da terra, e sobre a praia
Lentamente, estender-se e, após, morrer.
Assim minh'alma. No mar das ilusões
Da vida, no correr da tempestade,
Vaga sempre no mundo aos trambulhões
E, da incerteza, em funda cavidade
Nos abrolhos da túrbidas paixões
Ela somente crê na - Eternidade.
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sábado, 8 de agosto de 2009
HISTÓRIA DOS CASARÕES DO ASSU I
O Sobrado da Baronesa como ainda é chamado pelos assuenses, foi mandado construir por Manuel Lins Wanderley (Coronel Wanderley). Sua construção é anterior a 1825, data em que ele, Coronel Wanderley, casou-se com uma moça membro da antiga família Casa Grande. Sua filha Belisária Lins Wanderley de Carvalho e Silva, ali residiu quando casada com Felipe Neri de Carvalho e Silva (Barão de Serra Branca). Ela era assuense (faleceu em Natal em 1933 e está sepultada no Cemitério Público São João Batista, na cidade de Assu), Baronesa por ser casado com Felipe Nere, natural de Santana do Matos (RN). O decreto dando a Felipe o título de Barão, foi assinado em 19.8.1888, quando a Princesa Isabel governava o Brasil.
Dr. Luis Carlos Lins Wanderley (1831-1990), outro filho do Coronel Wanderley também residiu naquele casarão secular. Luiz Carlos foi o primeiro norte-riograndense a se formar em medicina e o primeiro romancista potiguar, publicando o romance intitulado "Mistério de Um Homem". Ainda foi poeta e, como jornalista dirigiu o jornal "Correio de Natal", além de ter sido deputado provincial, vice-presidente da provincia, chegando a governá-la em 1886. Teatrólogo, poeta, ganhou comendas como a Comenda de Cavalheiro da Ordem da Rosa e a Medalha da Ordem do Cruzeiro, por ter combatido na qualidade de médico a epidemia de febre amarela e cólera, no tempo do Império.
Naquele sobrado também residiu o médico que foi intendente do Assu, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa chamado Ezequiel Fonseca Filho, bem como funcionou ainda o escritório do seu então proprietário José Wanderley de Sá Leitão e a Cooperativa de Consumo do Assu (anos sessenta). Atualmente funciona a Casa de Cultura, do Governo do Estado.
Naquele sobrado também residiu o médico que foi intendente do Assu, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa chamado Ezequiel Fonseca Filho, bem como funcionou ainda o escritório do seu então proprietário José Wanderley de Sá Leitão e a Cooperativa de Consumo do Assu (anos sessenta). Atualmente funciona a Casa de Cultura, do Governo do Estado.
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POESIA
SOB A NOITE
Se eu desprezar a terra, abandonando
O teu desdém-essa desgraça nova,
Os que na rua forem te encontrando
Hão de ver o teu riso palpitando
E terão flores para a minha cova.
Mas, se tudo acabares, te acabando
Antes que finde a dor que em mim renova,
Por todos lados onde eu for errando,
Há de se ver os meus olhos lacrimando
E eu terei flores para a tua cova.
João Lins Caldas - poeta potiguar do Assu.
Se eu desprezar a terra, abandonando
O teu desdém-essa desgraça nova,
Os que na rua forem te encontrando
Hão de ver o teu riso palpitando
E terão flores para a minha cova.
Mas, se tudo acabares, te acabando
Antes que finde a dor que em mim renova,
Por todos lados onde eu for errando,
Há de se ver os meus olhos lacrimando
E eu terei flores para a tua cova.
João Lins Caldas - poeta potiguar do Assu.
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