domingo, 8 de novembro de 2015

O ANTIGO ATO DE “ROUBAR A NOIVA” NO VELHO SERTÃO

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Típico casamento no sertão potiguar na década de 1920
Típico casamento no sertão potiguar na década de 1920
Como aconteciam os namoros no sertão de outrora. Suas regras, limitações e como se “adiantavam os papéis” com honra, decoro e respeito.
Autor – Rostand Medeiros
No antigo sertão potiguar, tal como hoje, as pessoas mantinham em suas existências uma tradicional preocupação com o medo das secas e a sempre renovada esperança das chuvas. Mas também era uma época onde a maioria da população sobrevivia com poucas possibilidades de ascensão financeira, em meio a uma intensa cobrança em relação aos costumes sociais.
Segundo apontam aqueles que conhecem a história do sertão potiguar, nas relações humanas no passado, o namoro era antes de tudo um tórrido drama com pinceladas de comédia e extrema teatralidade.
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Namoro Tradicional
A coisa toda começava com olhares rápidos e gestos extremamente controlados. E o olhar nestes casos era direto nos olhos. Quase sempre discreto e fugidio. Além do mais, se o pretendente “escorregasse” as íris para outras partes do corpo da pretensa amada, isso poderia gerar vários e sérios problemas!
Já o tocar-se, sentir a pele e o calor da pessoa que se desejava era algo infinitamente mais complicado. Tudo poderia, por exemplo, começar com um discreto e pequeno toque entre as mãos dos pretendentes, na hora de receber a hóstia, em uma missa dominical na matriz da cidade.
Vale frisar que para aqueles jovens, na maioria das vezes, bastava essa simples troca de olhares, esse leve encontro das mãos, para que em seus corações e mentes existisse a certeza que eles estavam concretamente “namorando”.
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Em muitos casos, principalmente quando havia forte afinidade entre as famílias envolvidas, a relação evoluía para rápidos, esquivos, inocentes e emocionantes encontros furtivos em festas de padroeiro, casamentos de amigos e contatos rápidos nas esquinas.
Mesmo com a anuência de ambas as famílias sobre aquela relação, não significava que “os bons costumes, o decoro e o recato”, sempre exigidos para uma moça de família e um rapaz de origem tradicional, fossem quebrados com coisas como abraços apertados, mãos passando pelos corpos e languidos beijos de boca.
Muitas vezes, para aliviar paixões sempre avassaladoras, os futuros nubentes eram forçados a recorrer a cartinhas e bilhetinhos levados pelas tradicionais “comadres”. Onde não faltavam segredos temperados de ciúmes e dúvidas atrozes, que assoberbavam principalmente os amargurados dias do amoroso sujeito.
Quando a família da futura noiva aceitava a presença do possível pretendente, mesmo ele sendo filho de uma família amiga e tradicional do burgo, acontecia toda uma série de formas de condutas e gestos, onde o rapaz era milimetricamente analisado em tudo que fazia.
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Mas, para muitos destes jovens, está na casa da dita “namorada”, mesmo que cercado por pares de olhos extremamente atentos era algo que lhe causava uma intensa emoção.
Se um dia fosse convidado a sentar-se na sala de visitas, quando no interior do sacrossanto recinto, após cruzar a incrível linha divisória do portão de entrada da casa da amada, este era capaz de sofrer vertigens.
Para está neste local o garboso rapaz via-se obrigado a redobrados cuidados com a indumentária, com o lustro dos sapatos, o asseio do chapéu e outras coisas que o deixavam com boa aparência.
A nova situação exigia cuidados, delicadezas e rapapés. Dizem que normalmente o futuro sogro pouco aparecia. Somente a futura sogra estava presente.
Se esta fosse uma mulher tranquila e o pretende abastardo, talvez o que não faltasse no rosto da futura sogra fossem sorrisos. Nesta situação poderia surgir uma fatia de bolo e um copo de suco.
Festas tradicionais, como uma procissão, era uma ótima (e muitas vezes raras) oportunidades para se namorar nos sertões antigos.
Festas tradicionais, como uma procissão, era uma ótima (e muitas vezes raras) oportunidades para se namorar nos sertões antigos.
Sempre a conversa era amena, cerimoniosa, em meio a intensos desejos contidos. A pesada solenidade do momento somente era quebrada quando, por exemplo, a futura sogra colocava a jovem para tocar algum tipo de instrumento musical e assim mostrar as prendas da filha. Se as qualidades musicais da garota fossem sofríveis, o tormento era magnificamente suportado por quem andava doido para ouvir outro tipo de música.
Podemos dizer que, com algumas variações sobre o tema, muitos relacionamentos duradouros nasceram desta forma. Mas vale frisar que neste artigo comentamos até agora sobre namoros consentidos entre jovens de famílias que se conheciam e mantinha relações.
E quando o par de querubins desejavam a união, mas a família da noiva não consentia o namoro em hipótese alguma?
“Bulir”
Bem, nestes casos o jovem e impetuoso rapaz poderia chegar um dia na casa da amada, fazer a jovem passar a perna por cima do lombo de um burro, ou de um cavalo, e levar a moça para algum lugar escondido e ermo, onde a relação seria na prática consumada. Quando acontecia essa consumação, se dizia no sertão que o rapaz “buliu” com a garota!
Festa de casamento em propriedade rural, em Juazeiro do Norte
Festa de casamento em propriedade rural, em Juazeiro do Norte
O problema é que este tipo de atitude quase sempre gerava toda uma sorte de problemas e poderia fazer muito mal a saúde do garboso rapaz!
Começa que se a família da jovem fosse formada de uma falange de homens “dispostos”, que não se inquietavam diante da “cor e do cheiro do sangue”, caso o enamorado não assumisse os erros cometidos certamente seria morto.
Isso quando a família da jovem tinha alguma pretensa ideia de fazer o casamento, se não o pobre rapaz era simplesmente eliminado!
Mesmo que a família da garota não possuísse no seu seio homens dessa natureza, mas tivessem condições financeiras, o que não faltavam nos sertões de antanho eram “cabras” dispostos a ir buscar o jovem enamorado (ou matá-lo) onde ele estivesse. Nem que fosse “no oco do mundo”. Além do mais estes homens que perseguiam e matavam os rapazes que raptavam (e “buliam”) com as meninas de família, estavam realizando uma tarefa plenamente aceita pela sociedade sertaneja do passado.
Muitas das antigas normas de comportamentos entre casais eram ditadas pela Igreja Católica, que aqui vemos uma em dia de festa no sertão.
Muitas das antigas normas de comportamentos entre casais eram ditadas pela Igreja Católica, que aqui vemos uma em dia de festa no sertão.
Mas existiu uma forma de consumação de uma relação entre dois jovens no sertão potiguar que é extremamente singular e hoje quase totalmente desconhecida – O “Roubar a noiva”.
Ao invés de explicar de forma pormenorizada, decidi trazer aos leitores do TOK DE HISTÓRIA um material que é fruto de uma entrevista que fiz com um homem do Seridó Potiguar, de família tradicional, nascido na década de 1920, muito lúcido, com quem tive a oportunidade de conversar em 2014 sobre as antigas relações do sertão de outrora.
Por razões outras esta pessoa pediu anonimato para narrar esta interessante história e que descrevesse os personagens aqui envolvidos com nomes fictícios.
“Roubar a Noiva”
Estamos nos primeiros anos da década de 1920, em uma antiga e tradicional cidade da região do Seridó Potiguar. Os jovens Zito e Mariazinha começaram a trocar sinais típicos dos enamorados daquela época, onde a praxe exigia que tudo fosse com muito recato, discrição, em razão das convenções sociais daquele tempo e o medo da reação da mãe da jovem seridoense.
 Família tradicional do sertão, em dia de festa

Família tradicional do sertão, em dia de festa
Eles agora eram namorados, mas em sua pequena urbe apenas os amigos mais próximos sabiam o que ocorria. Era uma relação onde o que mais existia eram olhares, sorrisos, quando possível algum diálogo e raramente algum tipo de contato físico.
Logo Zito soube que a sua pretensa futura sogra não admitiu qualquer ideia de um namoro entre ele e Mariazinha. Para Dona Carminha aquela troca de olhares e sorrisos não poderia continuar.
Mas esta situação, ao invés de demover o rapaz da sua intenção, o fez ver que só fugindo com a sua amada eles conseguiriam a união que desejavam.
Logo surgiu a melhor ocasião para realizar a fuga; durante a festa do padroeiro da igreja mais nova do lugar. A cidade estaria com uma movimentação bem maior que era normal, com a presença de muitas pessoas de outras localidades circulando na praça principal entre as barracas e na procissão.
Grupos de homens a cavalo. Eram grupos assim que serviam para
Grupos de homens a cavalo. Eram grupos assim que serviam para “Roubar a noiva” no sertão do Seridó – Foto meramente ilustrativa.
Como era o costume da época para esses casos, Zito então convocou os seus amigos mais próximos para lhe ajudarem na fuga de Mariazinha. Já a noiva foi informada das intenções de seu amado e aceitou o pedido para fugir. Através de amigas ela soube que deveria se encontrar em sua casa, em dia combinado, aguardando um sinal determinado, em hora especificada e só então ela poderia deixar o lar paterno.
A tradição deste ato para forçar um casamento, hoje praticamente extinto, mostrava que a ajuda dos amigos era tanto para ajudar Zito a tirar Mariazinha de casa, mas também para garantir, sob o peso de se tornarem conhecidos como mentirosos e sem honra, que o rapaz não “buliu” com a sua amada.
Em uma época onde não existia a televisão para ditar os horários caseiros e as pessoas jantavam por volta das cinco da tarde, Zito e seus amigos deixaram a comida de lado e, em uma área fora da cidade, se dedicaram a equipar seus vistosos alazões com arreios e selas. Era uma precaução para o caso da fuga de Mariazinha deixar de ser uma ação discreta e a velocidade das alimárias se tornar um fator preponderante para o sucesso da importante empreitada.
Foto de jovem casal do sertão potiguar entre as décadas de 1920 e 30. Pouca margem para mostrar em fotografias algum aspecto de felicidade.
Foto de jovem casal do sertão potiguar entre as décadas de 1920 e 30. Pouca margem para mostrar em fotografias algum aspecto de felicidade.
Às seis horas, na hora popularmente denominada “Boca da noite”, a comitiva entrou na pequena cidade seridoense na maior discrição. Devido à festa, não era incomum a presença de grupos de cavaleiros vindos dos sítios e localidades próximas. Para quem visse aquele grupo de rapazes montados, com Zito à frente, teria a ideia que eram apenas mais alguns jovens que vinham aproveitar os festejos do padroeiro.
Logo os cavaleiros chegaram ao sobrado do pai da moça, conhecido como Pedro Estevão, e o sinal previamente combinado foi emitido. Mariazinha, entre assustada e decidida, saiu de casa e montou na sela do cavalo de Zito. Naquele momento em que ela abraçou seu amado sobre a sela do seu cavalo, foi o instante em que até então seus corpos chegaram mais próximos um do outro!
Depois deram a volta no quarteirão e, na maior tranquilidade, Zito deixou a garota na casa do comerciante Romulo de Antônio Moreira, um amigo do seu pai. Este, junto com a sua esposa Santinha, seriam as pessoas que guardariam a jovem Mariazinha até o dia do casório.
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Romulo Moreira foi então à casa de Pedro Estevão e Dona Carminha para comunicar formalmente que Zito havia “furtado” Mariazinha e que ela estava na sua casa, resguardada, protegida, que agora ela era noiva e de lá só iria sair para casar.
Para os pais da moça aquele comunicado, feito por um próspero comerciante da localidade, era a certeza que aquilo era um fato consumado. Pedro Estevão e seus familiares não iriam tirar Mariazinha à força da casa de Raimundo, sob o peso de quebrar uma tradição secular no Seridó e iniciar uma intriga duradoura.
Agora o fato estava consumado e os preparativos do casamento tiveram início.
Casamento no sertão
Casamento no sertão
E, como não poderia deixar de faltar neste tipo de história, os dois foram felizes para sempre!
Modernagem
Ao logo das décadas o mundo mudou, os costumes foram alterados e as relações entre os jovens no sertão seguiu o mesmo caminho. O namorar deixou de ser salada de maneirismos e salamaleques, sustos e emoções.
O namoro sofreu profunda modificação de sentido e assumiu uma importância jamais imaginada nos relacionamentos do passado. Adquiriu diversos sentidos e proporções capazes de se confundir com a união estável, que se formaliza ainda que os envolvidos não vivam sob o mesmo teto.
E não vamos esquecer o “ficar” (com exclusividade ou sem ela)!   
Baseado no texto “OS PERCALÇOS DO NAMORO”, de Hugo Navarro  em http://www.vivafeira.com.br/hugonavarro/
Por Cristina Costa

O infinito não tem janelas nem porta.
Seguro por um fio invisível o tempo,
que pára na ponta dos meus dedos.
Inalo o amor que a vida me oferece
no vento que me afaga o corpo.
O tempo parou, à minha volta.
A vida suspendeu-se, no silêncio contido
nas letras que escrevo, luz e saudade,
esperança e eternidade.
Quero um tempo só meu,que seja infinito.
Escuto a voz do vento,
que chega como canto suave
duma outra dimensão, como canção ritmada,
rima incandescente de amor,
saudade de um tempo por inventar.
O céu escurece, preenche-se de estrelas,
e do nada me faço gente, corpo presente.
É no silêncio da noite, à luz da Lua,
que transformo meus sonhos em realidade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

João Lins Caldas e sua Marcha Fúnebre

CHICO E CHICA


Por Renato Caldas, poeta potiguar do Assu

Sinha môça, eu conto um fato
De chico ôio de gato
E chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram:...
Tibungo, no coração.

Chico môço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedía
O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.

PROJETO RN CRIATIVO PROMOVE PALESTRA COM O PRODUTOR ZÉ DIAS NA CASA DE CULTURA DE ASSÚ


 


O projeto RN Criativo e a Fundação José Augusto (FJA) entraram em parceira com o produtor musical, Zé Dias e promovem a palestra “A MPB e o RN”, no dia 07 de novembro, sábado próximo, a partir das 19h, na Casa de Cultura Popular Sobrado da Baronesa, em Assú.
A atividade é voltada para músicos e artistas interessados em música e projetos culturais, destaca informação prestada pela assessoria de imprensa da FJA, na capital do estado.
Para participar basta comparecer à Casa de Cultura, localizada na Praça São João, centro de Assú. Zé Dias é produtor musical com larga experiência, produziu cantores locais e coordenou produções importantes para a cena musical do RN.

Postado por 

Campus Avançado do Assú vai dispor de dois imóveis para Residência Universitária


Diretora Marlúcia Cabral
Até o mês de dezembro estará sendo publicado pela Universidade do Estado do RN (UERN) o Edital de Convocação referente ao processo seletivo dos universitários lotados no Campus Avançado Prefeito Walter de Sá Leitão, em Assú, objetivando recrutar os primeiros beneficiários do programa de Residência Universitária do mencionado Campus.
Segundo informação da diretora geral da unidade acadêmica, professora Marlúcia Cabral, já estão em curso as negociações visando o aluguel de dois imóveis na cidade com este fim, sendo um para atender o segmento masculino e o outro para absorver a demanda feminina.
A dirigente da UERN local registrou que, atualmente, estudantes de um total de 22 municípios, do RN e também do vizinho estado do CE, constituem o corpo discente do Campus do Assú.
Ela declarou ainda que, com o objetivo de estruturar as residências universitárias do município, está sendo feita uma mobilização junto à coletividade em geral no sentido de conseguir a mobília e outros apetrechos que serão necessários nos referidos imóveis.
Postado por Pauta Aberta

POETA ASSUENSE TEM RECONHECIMENTO NACIONAL

O Escritor e Poeta assuense, Tállison Ferreira da Silva, foi homenageado, no último dia 03 de novembro de 2015, pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores (CBJE), do Rio de Janeiro/RJ, na condição de Autor em Destaque.

Os Poemas selecionados e publicados nas Antologias da CBJE, Seletivas de setembro, foram: Ribeira, Escritor, escreve! E o Conto Dona Clotilde.

Acadêmico do Curso de Filosofia, pela Faculdade Dom Heitor Sales, Tállison é, também, Educador do Instituto Maria Auxiliadora de Natal/RN.
Fonte: http://www.auxiliadoradenatal.com.br/
Foto: Neto Costa

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

A aristocrática e poética cidade de Assu, então Vila Nova da Princesa, completou 170 anos no último dia 16 de outubro, que fora elevado a categoria de Cidade do Assu. Possui um rico patrimônio histórico-cultural. Seus sobrados, casarões (influência da colonização portuguesa), são seculares. Afinal, como telúrico confesso, deixo aqui registrado a minha homenagem a esta terra chamada Assu ou Açu, onde a poesia eterna, mora.
(Fotografia de João Batista).
Pela forma que ficou
Pelo jeito de crescer
Pela pose que tô vendo
Tudo só me leva a crer
Que é a natureza divina
Em forma de bailarina
Dançando pro mundo ver.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O CORDEIRINHO

Na torre da Matriz, o cordeirinho
De São João, o Grande Precursor
De Cristo, o Pai Celestial, o pobrezinho
Jesus, do mundo inteiro o Redentor.

Volve o olhar repleto de carinho,
Fita o mundo, este orbe criador.
Tão humilde, pequeno, inocentinho,
Distende sobre nós, o seu dulçor.

Olha o sul, o oeste, o leste, o norte.
Pelo avião um dia "flagelado"
Sofreu resignado um rude corte.

Porém temos na torre outro cordeiro
De São João, por nós tão venerado,
O nosso santo e excelso Padroeiro.

Autora: Maria Carolina Caldas Wanderley
Popular: Sinhazinha Wanderley - Assuense. * 30/01/1876 + 20/09/1954.
Livro: Paisagens da Minha Terra.
Foto: Colorindo a Fé - Luiz Neto - Assu/RN - www.flickr.com

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Em Óbidos há um hotel literário com 30 quartos e 45 mil livros

Este mês abriu uma livraria feminista no Porto, a única no país, mas as novidades para os amantes de livros não se ficam por aqui. Em Óbidos acaba de abrir um hotel literário também único no país… e no mundo (pelo menos no entender de Telmo Faria e de Marta Garcia, os proprietários), não pelo conceito, mas pela grandeza.

The Literary Man assim denominaram este seu projeto que junta o melhor de dois mundos, a hotelaria e a literatura. Situado na rua Dom João de Ornelas, em Óbidos, este edifício começou por ser um convento, deu lugar a uma estalagem e agora renasceu como hotel literário.

Mas o que é isto de ser um hotel literário? O nome é autoexplicativo, é nada mais, nada menos que um hotel onde podemos encontrar livros espalhados um pouco por todo o lado, não só como artefacto decorativo, mas, primordialmente, como veículo de cultura. Todos os livros disponíveis no hotel têm como objetivo serem lidos.
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(Imagem: Reprodução Volta ao Mundo)
São 45 mil livros, dos velhos clássicos à literatura mais moderna, divididos por todos os estilos e categorias literárias possíveis, sendo que a grande maioria se encontram em língua inglesa.

A estadia no The Literary Man custa em média 95 euros por noite, com pequeno-almoço incluído.
Fonte: http://www.conexaolusofona.org/

Estudos sugerem que tirar mês de 'férias' do álcool faz bem para a saúde

Cientistas acreditam que um mês sem álcool já ajuda fígado a se recuperar.
Pesquisa que será apresentada este mês indica benefícios de abstinência.

Do G1, em São Paulo
 Estudos sugerem que ficar um mês sem álcool já pode trazer benefícios para a saúde do fígado  (Foto: CDC/Debora Cartagena)Estudos sugerem que ficar um mês sem álcool já pode trazer benefícios para a saúde do fígado (Foto: CDC/Debora Cartagena)
Uma pesquisa que deve ser apresentada este mês na reunião anual da Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado concluiu que deixar de consumir bebidas alcoólicas por quatro semanas já traz benefícios mensuráveis para a saúde do indivíduo.
O estudo, cujos detalhes só serão conhecidos depois da apresentação no evento, mediu o impacto da abstinência de álcool temporária em 102 pessoas. A conclusão, segundo o jornal "The Guardian", foi que eles tiveram uma redução da fibrose do fígado, situação que pode levar à cirrose.
Os pesquisadores acreditam que as "férias" do álcool podem ajudar o fígado a se recuperar, ao menos parcialmente, dos danos provocado pelas bebidas.
Este não é o primeiro estudo a avaliar o impacto de um período de abstinência alcoólica na saúde de pessoas que costumam beber socialmente. Em 2013, um projeto proposto pela equipe da revista "New Scientist" em parceria com pesquisadores do Instituto do Fígado e da Saúde Digestiva na Escola de Medicina da University College London (UCLMS) mediu os efeitos da abstinência em 10 membros da equipe da revista, em comparação a 4 membros que continuaram bebendo socialmente.
O grupo foi submetido a testes antes e depois da experiência e os resultados concluíram que, em média, a parcela de gordura no fígado caiu 15% nos que evitaram o álcool durante o período. O nível de glicose no sangue também caiu em média 16% entre os abstinentes. Os participantes que deram férias para o fígado também relataram ter um sono de melhor qualidade, além de maior nível de concentração depois da experiência.
No Reino Unido, algumas campanhas propõem a abstinência alcoólica temporária. A "Dry January", por exemplo, incentiva que as pessoas não bebam durante os 31 dias de janeiro, além de arrecadar recursos para a organização Alcohol Concern. Já a "Go Sober for October", organizada pela instituição Macmillan Cancer Support, propõe a abstinência no mês de outubro e a arrecadação de fundos para o combate do câncer.
A morte se não é uma vida, é, pelo menos, uma miséria sossegada.

Caldas, poeta potiguar de Assu (1888-1967)


Aprendi no berço com minha mãe, que não há homem meio honesto e meio desonesto. Ou são inteiramente honestos ou não o são.
Jâneo Quadros

A Ponte

Por João Lins Caldas

A ponte vai transpor o rio
Para o trem de ferro passar carregando as mercadorias
Passarão os carros de bois
Os automóveis lotados
Os mendigos que vão, dois a dois, os grandes chapeis de abas longos esburacados.

Mata a uma, mata a outra margem do rio
Adivinho os veados, as jacutingas engurujadas, pesadas de gordas.
E a Irara, o símio, o coelho, a raposa matreira sob as moitas injariabadas

O chão está toldado de verde.
A prata das água carreia nas balsas
Líquens e algas, de par com peixes de escamas frias.




Belos Poemas Que Viraram Músicas – Fanatismo.

Da série “Belos Poemas Que Viraram Música” o destaque de hoje é Fanatismo, soneto da poetisa portuguesa Florbela Espanca. O poema foi musicado por Fagner e gravado no disco Traduzir-se de 1981.

Fanatismo é um soneto (dois quartetos e dois tercetos) publicado pela primeira vez no “Livro de Sóror Saudade”, uma coletânea de 36 sonetos, editado em janeiro de 1923, cuja primeira edição de 200 livros esgotou-se rapidamente.

 O poema foge, um pouco, dos argumentos melancólicos da maioria das suas poesias, embora também se perceba componentes de dor e sofrimento. Desta vez, a poetisa optou por escancarar todo o seu amor e lirismo.

A paixão, nesta poesia, é levada ao extremo ("[...] Podem voar mundos, morrer astros, Que tu és como Deus: princípio e fim”), justificando, plenamente, o título. O amor de Florbela, em fanatismo é arrebatador. É tratado de forma hiperbólica, possessiva e, ao mesmo tempo, submissa, resultado, talvez, da eterna procura de um amado (“[...] a mesma história tantas vezes lida [...]”). 

Desde jovem, Florbela já dava sinais de onde iria buscar suas inspirações: as coisas da alma e seus conflitos internos, decorrência de uma vida marcada por desilusões, decepções e tragédias pessoais, temas que foram transportados de forma comovente para suas obras. Sua mãe, Mariana Toscana, não podia ter filhos. Florbela e Apeles, seu irmão mais novo, embora criados por Mariana Toscana, são frutos do relacionamento extraconjugal do pai, João Maria Espanca, com Antônia da Conceição Lobo. 

Florbela de Alma Conceição Espanca, (1894-1930), nasceu em Vila Viçosa e faleceu tragicamente em Matosinhos - Portugal: cometeu suicídio ainda jovem, no dia do seu aniversário, 8 de dezembro. A trajetória da, talvez, maior sonetista de Portugal não foi comum: sua mãe de criação morreu jovem aos 29 anos. O irmão querido, Apeles, faleceu em um trágico desastre de avião. A curta vida da escritora, ainda foi marcada por vários casamentos desfeitos. 

Tantos acontecimentos em tão pouco tempo de vida, aliado a um estilo literário único e comportamento não usual para a época, transformaram a poetisa portuguesa em um verdadeiro mito, chegando a se tornar símbolo de movimentos feministas. 

Na verdade, Florbela era poetisa de extremada sensibilidade, jovem triste que falava da dor e do amor sem economia na criatividade dos versos. Ser poeta, para Florbela, “é ser mais alto, é ser maior dos que os homens...” como ela deixa claro no soneto “Ser Poeta”.

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

Já o autor da música, o cantor e compositor Fagner, é um mestre em musicar poemas. A grande maioria das belas poesias musicadas pelo cearense se tornou grande sucesso. Já passaram pelo seu violão, por exemplo, poemas da lavra de Cecília Meireles, Patativa do Assaré, Ferreira Gullar, dentre outros grandes nomes. Um dos Posts desta série, por sinal, remete a outra poesia musicada por Fagner: o poema “Traduzir-se” de Ferreira Gullar (acesse aqui).

Uma curiosidade: em Fanatismo, ao final da música, o compositor acrescentou trechos de Meu Querido, Meu Velho, Meu Amigo, música que Roberto Carlos fez para o pai, uma licença poética para homenagear o Rei. O disco Traduzir-se foi gravado na Espanha por sugestão de Joan Manuel Serrat. Sobre a inclusão de Fanatismo no disco o cantor declarou:

“[...] é um disco que marcou demais. Até hoje o pessoal do mundo do disco fala dele [...] foi disco de ouro, lançado no mundo inteiro. [...] Este disco tinha uma idéia fechada, onde coube o 'Fanatismo' porque, na época, eu tinha que ter uma música em português.

A gravadora não entendeu e eu sabia que 'Años' iria tocar (música em espanhol que teve a participação de Mercedes Sosa), como aconteceu. Me pediram para gravar uma música só comigo cantando em português. Foi onde conheci o trabalho da Florbela Espanca, o Fausto me deu um livro lá em Portugal na volta desta viagem da Espanha. Fiz estas músicas, cheguei aqui e gravei. Deu para acoplar ainda no disco. Mas também foi uma música feita com a influência das coisas da região, veio no clima, não se afastou muito da idéia deste disco''
. (*)
(*) trechos de entrevista publicada em Http://www.nordesteweb.com/not01_0304/ne_not_20040305d.htm

Clique no marcador "Belos poemas que viraram músicas", à direita, para ver outros post sobre poemas musicados.  

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver !
Não és sequer a razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida !

Não vejo nada assim enlouquecida ...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida !

"Tudo no mundo é frágil, tudo passa ..."
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim !

E, olhos postos em ti, digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus : Princípio e Fim ! ..."

Livro de Soror Saudade (1923)

Fonte:http://www.drzem.com.br/
Fernando Caldas compartilhou um link.
6 min
Ingredientes: 500 g de batatas , 2 ovos , 2 colheres (sopa) de amido de milho , 2 colheres (sopa) de queijo ralado , 200 g de carne seca desfiada sem gordura, ou…
RECEITASSUPREME.NET

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...