terça-feira, 8 de março de 2016

O blog homenageia a todas as mulheres do universo, especialmente as mulheres Norte-riograndenses, pelo dia de hoje.(Dia Internacional da Mulher).
FLOR DO AMOR
Por Maria Eugênia Montenegro
Quero te ofertar a flor
Dos beijos que plantei em tua boca.
Tem o perfume suave do amor
E a ternura de almas se encontrando.
Quando vires a flor entreaberta,
Lembra - te, querido amor,
Das lágrimas que a regaram.
E sentirás, quando beijá - la,
Um amargo sabor de sal
Que as pétalas trêmulas captaram.

segunda-feira, 7 de março de 2016




AS ROSAS FALAM

Já disseram que as rosas não falam
que só perfumes exalam
desconhecem o poder que elas têm.
As rosas dizem tanto que nos calam
falam de amor como ninguém.
Falam de paz e da natureza
não falam pra quem não quer ouvir.
falam de poesia de beleza
e de um mundo a colorir.
que digam às borboletas
que com elas falam baixinho
sejam brancas, vermelhas ou violetas
falam com muito carinho.
As rosas têm seus segredos
e seus momentos de amor 
que os contam sem medo
no ouvido do beija-flor...
As rosas vivem sempre
enfeitando os caminhos
e sorriem alegremente
nos chamando baixinho.
Só precisamos abrir os olhos
pra ouvir as rosas...

Autor: Wíliame Caldas, poeta de Ipanguaçu


domingo, 6 de março de 2016


Jailton Avelino Dos Santos Avelino‎Desejo de ser feliz

A LUTA ENTRE OS MAIA E OS SUASSUNA NO SERTÃO PARAIBANO


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 tokdehistoria.com.br

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Autor – Rostand Medeiros
Na história do Nordeste do Brasil as lutas envolvendo as tradicionais famílias do sertão, que culminaram em sangrentas confrontações, sempre foram situações que marcaram a memória de muitas localidades.
Este fenômeno jamais foi exclusivo desta parte do Brasil, mas nesta região ocorreu com uma frequência preocupante e com exemplos de extrema brutalidade que, em alguns casos, perduram até hoje.
As razões para os conflitos foram inúmeras, mas duas situações se mostram presente na maioria destes casos: questões de terras e hegemonia do poder político.
Utilizando muitas vezes os terríveis combustíveis da vingança e do sacrossanto dever do homem sertanejo de “lavar a honra”, estas contendas deixaram marcas intensas, ceifando vidas até de quem não tinha nada haver com estes problemas.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Estes conflitos eclodiram, cresceram, extinguiram várias vidas e, na maioria das vezes, se retraíram diante das repercussões das mortes ocorridas, ou das ações dos agentes do Estado na tentativa de manter a ordem, por não ter mais quem desejasse combater, ou cansaço mesmo..
Com a ampliação dos meios de comunicação no Nordeste algumas destas lutas ganharam pelo país afora ares de verdadeiras batalhas épicas, marcando de forma indelével muitas comunidades.
Não faltaram aqueles que rezaram fervorosamente e ascenderam maços de velas pelo fim do problema e o retorno da paz.
Normalmente estes confrontos familiares acabavam sem ser apontado algum vencedor hegemônico, ou algum clã derrotado na sua totalidade. No final todos os que participavam eram perdedores.
A cidade paraibana de Catolé do Rocha presenciou um destes casos a partir da segunda década do Século XX.
Aqui está um pouco desta história.
Todos Enredados na Mesma História de Terror
Composta de homens valentes e denodados, o caso de Catolé do Rocha envolveu as famílias Maia e Suassuna, onde a querela entre estes grupos perdurou por décadas e chegou a ter sido destacadamente noticiado em periódicos de todo Brasil.

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Edição de domingo do Jornal do Brasil, dia 24 de novembro de 1985, com a reportagem do jornalista paraibano José Nêumanne Pinto sobre a luta dos Maia e Suassuna.

Em 1985, mais precisamente na edição de domingo, dia 24 de novembro, o jornalista paraibano José Nêumanne Pinto apresentou nas páginas do Jornal do Brasil uma magistral reportagem sobre este conflito, onde apontava que a luta entre as duas famílias já durava mais de 50 anos.
Nêumanne mostrou na época, com extrema propriedade, que aquela era “Uma história antiga, especial para corações fortes. Seus personagens são homens rudes do sertão. Não importa se um – João Agripino de Vasconcelos Maia Filho – já foi até ministro (De Minas e Energia, na época do governo Jânio Quadros), ou o outro é um bem-sucedido empresário do Rio (Ney Suassuna, na época da reportagem proprietário do Colégio Anglo-americano e diretor da Associação Comercial da Barra da Tijuca), ou se um terceiro, José Agripino Maia, é governador de estado (Rio Grande do Norte) e se um quarto é conhecido internacionalmente como escritor (Ariano Suassuna). Na verdade, mesmo que alguns tentem fugir, todos estão enredados nesta mesma história de terror, cujo mais recente capítulo ainda não está para acontecer”.

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Foto de Catolé do Rocha, realizada pelo escritor paulista Mário de Andrade, quando esteve neste município paraibano em janeiro de 1929 – Fonte – revistacarbono.com

Segundo o jornalista Nêumanne, o clã dos Suassuna no sertão paraibano originou-se a partir de um padre que se chamava Felipe, deixou a batina e se estabeleceu em Catolé do Rocha. Era descende das famílias Cavalcanti de Albuquerque de Pernambuco. Pertenceram a família o Visconde de Albuquerque e o Marquês de Muribeca, que foi lente da Faculdade de Direito de São Paulo.
Já os Maia vem de Francisco de Souza Maia, descendente de portugueses desembarcados em praias cearenses e primeiro membro destacado da família na política. Conhecido como coronel Maia foi o responsável por enviar seus descendentes para estudarem em faculdades, como as de Direito de Recife e São Paulo e a de Medicina em Salvador. Este pensamento avançado para a época criou entre os seus descendentes a importância dos estudos para ascensão social, política e profissional.
O Início
Para o jornalista José Nêumanne Pinto, igualmente sertanejo da cidade paraibana de Uiraúna, a raiz do conflito entre os Maia e Suassuna era eminentemente uma rixa política. Para ele muito raramente as duas famílias cerraram fileiras em uma mesma causa, em um mesmo partido e o tempo só fez com que se distanciassem cada vez mais. A última ocasião que Maia e Suassuna foram do mesmo partido aconteceu na época que no Brasil o Presidente da República era o paraibano Epitácio Lindolfo da Silva Pessoa.
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Mas o fato que acende a chama, o que detonou tudo, começou mesmo em 1922, quando Francisco Sérgio Maia, o Chico Sérgio, filho do coronel José Sérgio Maia de Vasconcelos, queria namorar Noemi Suassuna, a mais bela cunhada de Christiano Suassuna.
Este tentou impedir o namoro por considerar Chico Sérgio uma pessoa de pouca saúde. Não podemos esquecer que naquelas primeiras décadas do século passado, com medicina bem limitada, mesmo que o pretendente fosse de boa família, o seu estado de saúde era algo a ser considerado pelas famílias de uma jovem na aprovação de uma futura relação. Mas o caso em questão envolvia outras pequenas desavenças e provocações na área política entre as duas principais famílias de Catolé do Rocha e aquela recusa adicionou mais lenha a fogueira.

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Catolé do Rocha na atualidade.

Com a intenção de dar um susto em Chico Sérgio, João Mantense, um capanga de Cristiano Suassuna, foi à fazenda do coronel José Sérgio Maia e lá encontrou o jovem Chico conversando em numa roda de amigos. Passou a jogar pedras e pedaços de tijolos no rapaz. Uma banda de tijolo atingiu uma de suas pernas, causando sérias lesões.
Independente do alcance do ferimento ocorrido em Chico Sérgio, evidentemente que o pior foi o atrevimento de João Mantense e do seu Senhor. E a resposta logo veio na forma de uma grande surra no capanga de Christiano Suassuna, em plena feira de Catolé do Rocha. O cabra tomou um verdadeiro “chá de pau”, mandado aplicar pelo coronel José Sérgio Maia.

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João Suassuna discursando em um evento no Rio de Janeiro – Fonte – Revista “O Malho”, do Rio de Janeiro, edição de 18 de outubro de 1924.

Apesar da surra mais que merecida, os membros do clã Suassuna sentiram-se ofendidos pela execração pública de João Mantense. Américo, filho de Pio, irmão de Christiano e de João Suassuna, futuro governador paraibano (Pai do escritor Ariano Suassuna), tomou as dores do episódio e o caldo engrossou.
O magistrado, ex-ministro e ex-governador paraibano João Agripino Filho registrou em suas memórias como se desenrolou o primeiro movimento verdadeiramente grave deste conflito. Tempos depois estas memórias se tornariam o livro “Agripino – O Mago de Catolé”, de autoria do jornalista Severino Ramos.

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João Agripino Filho – Fonte –http://www.catolenews.com.br

O que João Agripino Filho testemunhou não deixa dúvidas da valentia dos envolvidos e sempre me impressionei com este episódio.
Para melhor informar o leitor do blog TOK DE HISTÓRIA, junto ao relato de João Agripino Filho, trago a entrevista que este concedeu a José Nêumanne Pinto em 1985.
 “-Nessa Casa não tem Homem para Responder a esse Fogo?”
João Agripino Filho era criança, tinha quase oito anos de idade (nasceu em 1 de março de 1914) e estava na calçada com seu pai (João Agripino de Vasconcelos Maia) e sua mãe (Dona Angelina Mariz Maia), que tinha seu irmão mais novo no  colo (Antônio Mariz Maia, que no futuro seria desembargador). Em meio a este momento de tranquilidade na pacata cidade paraibana, o esquentado Américo Suassuna chegou com um rifle na mão e ficou passando na frente da casa dos Maia.
Logo perguntou ao bacharel João Agripino “-Você têm coragem?”.
João Agripino Filho narrou que seu pai estava desarmado naquele momento. Mesmo assim, de forma muito calma, sorriu e respondeu com outra pergunta “-Porque você quer saber?”
Américo então falou de maneira fria e ameaçadora:
“-Quero saber se você quer trocar tiros?”
Sem perder a calma, João Agripino disse simplesmente:
“-Atire”.
Na hora que o membro do clã Suassuna levantou a arma, João Agripino saiu levando Dona Angelina, o bebê e o jovem João Agripino para dentro de casa. Américo não se fez de rogado e abriu fogo.

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Na foto vemos João Agripino de Vasconcelos Maia Filho e sua mãe, Dona Angelina Mariz Maia – Fonte – http://www.catolenews.com.br

Enquanto as balas batiam em vários locais da casa, em meio ao som dos disparos, poeira do reboco caindo, desespero do momento, Dona Angelina Mariz Maia gritou a plenos pulmões:
“-Nessa casa não tem homem para responder a esse fogo?”.  
Raimundo Suassuna, irmão de Américo, entrevistado por José Nêumanne Pinto em 1985, apontou que foram os capangas de João Agripino, conhecidos como João Boquinha e Cícero Honorato, que responderam aos tiros de Américo e um deles estava armado com um fuzil. João Agripino Filho informou em suas memórias que seu pai conseguiu se armar e igualmente respondeu ao fogo de Américo.
Diante da resposta aos seus disparos, Américo se abaixou atrás de grossos pilares de madeira, que continham argolas para amarrar os animais que vinha para a feira da cidade e continuou descarregando sua arma. Testemunhas comentaram que o atirador dos Suassuna teve muita sorte, pois o pilar de madeira em que ele buscou proteção ficou bastante atingido pelos disparos efetuados. Provavelmente uma coisa que ajudou Américo era o fato dele ser um homem de baixa estatura e um tanto atarracado.
Aparentemente o tiroteio durou cerca de quinze a vinte minutos. Segundo Raimundo Suassuna a troca de balas encerrou quando seu pai Pio Suassuna interveio ao gritar para os Maia que “-Eles não teriam coragem de matar um filho dele!”. Raimundo narrou ao jornalista de Uiraúna que os buracos de bala feitos pelo seu irmão na casa dos Maia ficaram expostos por vários anos e estes diziam que eles só tapariam quando Américo fosse morto.

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José Nêumanne Pinto – Fonte – http://www.paraiba.com.br

João Agripino Filho afirmou a José Nêumanne Pinto que “-Jamais esqueceu aquela cena”.
Pessoalmente não conheci o local do tiroteio, nem onde se posicionaram os atiradores, nem a distância entre os inimigos e se eles eram, ou não, bons de tiro. Mas fato é que aquele episódio, onde não faltou o conceito de coragem, valentia, bravura e o temperamento de muitos sertanejos para lutar de peito aberto no campo da honra, deu início a uma das mais sérias e difíceis rivalidades entre famílias que o Nordeste testemunhou.
Outros Atores
O conflito entre os Maia e Suassuna prosseguiu de maneira variada e alternância de intensidade. Às vezes envolvendo na questão outros atores, de outras regiões da Paraíba.

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Ariano Suassuna era um dos membros mais conhecidos da família Suassuna. Ele nunca participou da luta contra a família Maia, mas uma parte de sua obra recebeu influência destes episódios.

Um fato que teve enorme repercussão em todo país foi o ataque de cangaceiros a cidade paraibana de Sousa. Ocorrido em 27 de julho de 1924, foi protagonizado pelo cangaceiro Francisco Pereira Dantas, conhecido como Chico Pereira. Este era paraibano da vila de Nazareth (hoje Nazarezinho), que em parceria com os irmãos de Lampião (que nessa época se recuperava de um ferimento) e numeroso bando de cangaceiros assaltaram Sousa. Este caso teve como um dos principais motivos à concretização de uma vingança pessoal deste cangaceiro contra seus inimigos que residiam naquela próspera cidade paraibana. Entre estes estava Octávio Mariz, ligado em parentesco aos Maia de Catolé do Rocha.
Como se diz que “inimigo do meu inimigo, consequentemente é meu amigo”, independente da negativa repercussão do episódio de Sousa, João Suassuna, já então governador da Paraíba, e seus irmãos, mantiveram ligações próximas com Chico Pereira.

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Seda da fazenda Conceição, na zona rural de Catolé do Rocha, antiga propriedade de José Maia de Vasconcelos, que foi visitada por Chico Pereira e parentes de João Suassuna em 1926.

Existe uma notícia publicada em um jornal carioca (A Manhã, edição de 2 de junho de 1926), dando conta que no mês de março daquele ano o cangaceiro Chico Pereira esteve nas propriedades Marcelina e Maniçoba, pertencentes aos irmãos Suassuna. Além disso ele foi visto circulando tranquilamente em automóvel particular em Catolé do Rocha, junto com pessoas da família Suassuna. Vale ressaltar que nesta época Anacleto Suassuna, um dos irmãos do governador João Suassuna, conhecido na região como “major Quietinho”, era o delegado da cidade de Catolé.
A mesma nota aponta que Chico Pereira e os parentes do então governador paraibano estiveram em uma ocasião na fazenda Conceição, de propriedade de José Maia de Vasconcelos, na época juiz em Mossoró, Rio Grande do Norte.

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Jornal carioca A Manhã, edição de 2 de junho de 1926.

Nesta ocasião Chico Pereira não atacou esta fazenda, apenas parou com seus amigos para pedir “água”. Mas a “visita” deixou totalmente abalada a esposa do juiz e suas duas filhas, além de certamente deixar os homens da família Maia em total estado de alerta.
João Agripino Filho comentou no livro “Agripino – O Mago de Catolé”, que os acirramentos levaram as duas famílias a criarem situações únicas e peculiares. Nos dias de eleição foi criada uma linha imaginária em Catolé do Rocha, que tinha como base a igreja matriz de Nossa Senhora dos Remédios e dividia os setores políticos dos dois clãs na urbe. E ai de quem ousasse transpô-la para fazer intriga política e cabular votos!
E a divisão das duas famílias continuou em assuntos políticos até mesmo externos a Catolé do Rocha.

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Imagem meramente ilustrativa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Em meio às repercussões do conflito na cidade de Princesa, na Paraíba, e da deflagração da Revolução de outubro de 1930, os Maia apoiaram politicamente o governador João Pessoa no plano estadual e Getúlio Vargas na esfera federal. Já os Suassuna cerraram fileira junto ao coronel José Pereira, de Princesa, e no quadro político nacional deram apoio ao paulista Júlio Prestes.
Quem conhece história do Nordeste e do Brasil sabe qual dos dois lados levou a melhor nestas alianças!
A Luta Chega a Natal
E o tempo passou e a questão continuou!
Lauro Maia era o prefeito eleito da cidade potiguar de Patu, fronteiriça a Catolé do Rocha. Era uma liderança política ligada a João Café Filho, que naquele mesmo ano ser tornaria o único potiguar a alcançar o mais alto cargo do poder executivo brasileiro.
Então, no dia 3 de junho de 1954, por volta das onze e meia da noite, defronte ao Hotel América, na Avenida Rio Branco, no centro da capital potiguar, Lauro Maia foi brutalmente assassinado.

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Nota sobre a morte de Lauro Maia no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho de 1954.

O pistoleiro desferiu quatro tiros com um revólver calibre 38 contra o prefeito de Patu, que efetivamente foi atingido por dois balaços e faleceu três dias depois no antigo Hospital Miguel Couto, atual Onofre Lopes. O caso inclusive foi publicado no jornal “O Globo”, do Rio, na edição de 5 de junho daquele ano.
A suspeita maior recaiu sobre José de Deus Dutra, ligado politicamente aos Suassuna em Patu. Por falta de provas José Dutra foi absolvido. Já o filho de Lauro Maia, o médico Lavoisier Maia Sobrinho, não quis vingança e foi clinicar em Catolé do Rocha. Mas ele também seria alcançado pela violência daquele conflito.

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Na foto vemos a esquerda Lavoisier Maia Sobrinho, quando no cargo de governador do Rio Grande do Norte, dando um abraço no ex-governador potiguar Aluízio Alves.

Segundo José Nêumanne Pinto, na edição do Jornal do Brasil de 1985, comentou que Lavoisier Maia, que durante os anos de 1979 e 1983 foi governador do Rio Grande do Norte, estava na noite de 9 de setembro de 1956 na festa de comemoração de bodas de casamento do juiz de direito Sérgio Maia, no Prédio da Intendência, localizado à Rua Epitácio Pessoa, no centro de Catolé do Rocha. Depois houve uma animada comemoração em clube local.
Em meio à festa, Chiquinho Suassuna queria que um parente seu entrasse no recinto e participasse do evento, mas Lavoisier Maia barrou a entrada deste membro do clã opositor. Isso gerou uma altercação, que descambou para um tiroteio onde ficaram feridos Lavoisier e Chiquinho. Nesse mesmo episódio foi morto com um tiro acidental o agente de estatística Cantidiano de Andrade.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto – Rostand Medeiros

Lavoisier salvou-se por um verdadeiro milagre, mas continuou ao longo de sua vida política e pessoal com sequelas daquele tiroteio e só recentemente deixou a vida pública. Já Chiquinho Suassuna continua vivo e morando em Catolé do Rocha.
Após estes acontecimentos houve um período de trégua na luta das famílias. Mas os ressentimentos, contudo, permaneceram como chagas abertas. Bastava que acontecesse algum problema mais sério para que as acusações voltassem à tona e a violência retomasse o seu sinistro crescimento.
Sangue continuou sendo derramado e ainda por alguns anos corpos tombaram em meio a esta luta!
Trabalhando Pela Paz!
Ao escrever este texto não pude deixar de recordar de Eleanor Roosevelt, que disse certa vez que “Para conseguir a paz não bastava apenas falar sobre ela, mas acreditar e trabalhar por ela”.

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Imagem meramente ilustrativa – Foto de Cid Barbosa – Fonte – chickenorpasta.com.br

Um dia os membros das famílias Maia e Suassuna trabalham juntos e, através do entendimento e não pela força das armas, encerraram aquela luta.
O famoso ator britânico Charles Chaplin disse certa vez que “O tempo é o melhor autor; sempre encontra um final perfeito”. Não sei se neste caso houve um final perfeito para todos os envolvidos nestes episódios. Certamente que não. Além disso, não existem meios de voltar no tempo, de voltar atrás para serem corrigidos diretamente os erros do passado.
Mas ao menos agora estes clãs podem moldar o futuro de suas novas gerações com maior tranquilidade.

sábado, 5 de março de 2016

O FLAGELO E A BATALHA CONTRA O AEDES AEGYPTI – UM OLHAR ESTRANGEIRO

  

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Os trabalhadores da saúde em um bairro de Recife – Foto – Tomás Munita

O fotógrafo chileno Tomás Munita, trabalhando para a National Geographic, capturou a luta diária contra os mosquitos Aedes aegypti em Recife.

Baseado no texto produzido por – Becky Little
Fotografias de Tomás Munita
Como fotografar o invisível?
Como você pode fotografar o que não pode ver?
Esse foi o obstáculo que o fotógrafo chileno Tomás Munita encarou ao seguir para as favelas do Recife, Brasil, para buscar fotografar a história do vírus Zika.
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João Batista conforta a filha, Alice, que tem microcefalia, em sua casa no Jordão Baixo, Recife. Alice tem um mínimo de quatro ataques epilépticos por dia, além de danos ao seu sistema nervoso, que tem causado rigidez nos braços e cabeça. Ela toma 28 medicamentos diferentes e sem nenhuma ajuda por parte do governo – Foto – Tomás Munita
O mosquito Aedes aegypti, principal vetor para a proliferação do Zika, vírus suspeito de causar microcefalia em crianças nascidas de mães infectadas, que também carrega os vírus da dengue e chikungunya, não foi fotografado.
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As crianças brincam no Coelho, Recife. Bairros pobres como este, com lixo em vários locais, são terreno fértil para a proliferação dos mosquitos Aedes aegypti – Foto – Tomás Munita
Ao contrário de outras histórias que Munita clicou, o personagem principal ficou escondido em poças de água e qualquer tipo de objeto que acumule água. Muitos destes objetos são ignorados nas ruas.
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Todos os oito membros da família de Regina Kelly Siqueira tiveram dengue e chikungunya, e podem ter tido Zika também. Ela e seus seis filhos vivem em um bairro pobre chamado Coelho, em Recife – Foto – Tomás Munita
Munita, no entanto, descobriu que a ira ao inseto era visível nas pessoas que ele conheceu e cujas vidas foram viradas de cabeça para baixo pelo Zika.
Suas fotografias buscam contar a história dessas pessoas, sua ambivalência, sua luta e, em última análise, sua perseverança.
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Soldados do Exército Brasileiro alinham-se no início da manhã antes de ir de porta em porta entregando folhetos com conselhos para combater mosquitos – Foto – Tomás Munita
Mas para Munita “É quase impossível de controlar a epidemia do mosquito Aedes aegypti”.
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Oito membros da família desta menina tiveram chikungunya e dengue, doenças nascidas a partir do mesmo mosquito que transmite o vírus Zika – Fonte – Tomás Munita
Como você pode parar dos mosquitos portadores de doenças de se multiplicarem? Essa é a pergunta que assola o governo brasileiro, que enviou contingentes de soldados do exército de porta em porta, em uma missão contra o vírus Zika.
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Soldados conversam com uma mulher no bairro Alto José Bonifácio, em Recife, sobre como conter a reprodução do mosquito Aedes aegypti. Durante o dia os soldados entregam às pessoas folhetos, inspecionam quintais e aplicado larvicidas em recipientes com água. Foto – Tomás Munita
“Eles estão dando folhetos, dizendo que você tem que manter seu quintal limpo de lixo”, diz o fotógrafo Munita, que documentou estas ações em Recife, a capital do estado nordestino de Pernambuco, cidade com uma população em torno de 3,7 milhões de pessoas.
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Um trabalhador de saúde em uma favela na cidade de Recife, Brasil. Fumigação é um dos esforços do governo para evitar a propagação de Zika. Foto – Tomás Munita
O flagelo mosquito vai muito além desses bairros apertados. O Aedes aegypti tem sido incrivelmente difícil de ser erradicado desde que chegou à América Latina através do tráfico de escravos da África.
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Soldados do Exército Brasileiro inspecionam uma casa no bairro Alto José Bonifácio, em Recife, como parte de sua campanha para parar a propagação do vírus Zika – Foto – Tomás Munita
Muitos países da região desenvolveram enormes programas de erradicação na década de 1950, com algum sucesso em vários locais, apenas para ver a praga ressurgir na década de 1970 e 80.
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Um trabalhador de saúde fumegando em um bairro de Recife. Munita diz que as pessoas são muitas vezes surpreendidas ao ver fumigadores em suas ruas. Alguns fecham suas portas contra o spray, enquanto outros fazem o contrário para ajudar a matar os mosquitos em suas casas. – Foto – Tomás Munita
Marcelo Castro, ministro da saúde no país, tem sido citado como tendo dito que o Brasil está “perdendo a batalha” contra os mosquitos. Agora, o governo está tentando interromper quimicamente a reprodução do mosquito por fumigação de ruas e colocando larvicidas em tanques de água. Mas segundo relata a agência de notícias Reuters, logo o país vai tentar algo muito mais extremo: a criação de mosquitos machos em cativeiro, esterilizando-os com raios gama.
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Um bebê de quatro meses de idade, nascido com microcefalia é fotografado em sua casa no bairro de Ibura, Recife – Foto – Tomás Munita
Mas em favelas do Brasil, ou bairros pobres, Munita comentou que é difícil imaginar que a campanha de informação do governo, ou qualquer outra, poderá ter muito efeito sem outras ações por parte das autoridades.
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Uma fisioterapeuta trabalha com crianças com microcefalia que vieram com suas mães para um hospital infantil em Recife – Foto – Tomás Munita
“É quase impossível controlar algo assim nesse tipo de lugar”, diz ele. Muitas casas nas favelas são barracos de papelão e chapas de metal descartado. Além disso, estas áreas possuem limitado acesso à água potável e coleta de lixo. O resultado é a existência de muitos locais que podem armazenar água, criando um terreno fértil para a proliferação dos mosquitos.
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Um soldado distribui panfletos em uma comunidade – Foto – Tomás Munita
Enquanto isso, aqueles que vivem nas camadas mais pobres da Recife devem decidir se vale a pena gastar o seu tempo para seguir os conselhos do governo sobre como prevenir a propagação de mosquitos. Muitos sentem que isso é apenas um fato da vida.
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Bairro do Coque – Foto – Tomás Munita
“O mosquito está em toda parte”, diz Munita. “Realmente, não há muito que podem fazer além de manter sua própria casa limpa. Mas se a do seu vizinho não é limpa, em seguida, toda a vizinhança terá mosquitos e novos casos da doença”.

ADENDO DO TOK DE HISTÓRIA – E JÁ FAZ MUITO TEMPO QUE LUTAMOS CONTRA MOSQUITOS….

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REVISTA O MALHO, RIO DE JANEIRO, 17 DE JUNHO DE 1911
Do blog: http://tokdehistoria.com.br/

ALICE WANDERLEY poetisa de ilustre familia do Assu poético. Tipo baixa, olhos negros, se não me engano. Conheci dona Alice já usando bengala...