quarta-feira, 20 de maio de 2020

ALGODÃO: ANTIGA RIQUEZA DO MEU TORRÃO
O NOSSO OURO BRANCO
-O algodão era o ouro branco do sertão, a galinha dos ovos de ouro do homem do campo;
-Os ‘apanhadores’ de algodão saíam bem cedinho com o bisaco e o cabaço com água;
-A unidade de medida era a arroba, 15 quilos;
-Alguns produtores, entre centenas, como Mulatinho, Chico Câmara, José Carneiro, Ranulfo Costa, Chico Rufino, Teodoro Ernesto, Antônio Félix, Segundo Veríssimo e outros, vendiam o algodão nas duas usinas locais ou na usina de São Miguel (Fernando Pedroza RN), aos galegos ingleses.
-O comércio era grande, muitos agricultores tinham imensos armazéns no centro da cidade para armazenar essa riqueza.
-Circulava muito dinheiro e o município tinha quase 14 mil habitantes.
-E hoje, o algodão esquecido no seio da caatinga, a sua presença é apenas o testemunho que faz brotar na lembrança a sentença de um tempo que não volta mais.
Marcos Calaça é professor, poeta matuto e cordelista.
FOTO: Caminhão do senhor Chico Rufino carregado de algodão
Década de 70. Motorista: Chico Honorato, o primeiro da esquerda.

"A Boite Hippie Drive In"

A Boite Hippie Drive In representou nos anos 60/70 uma revolução no ambiente de curtição em Natal. O Hippie era localizado na então longínqua “Estrada de Ponta Negra” (atual Av. Roberto Freire), nas imediações do atual “Sea Way”. De quinta a domingo havia festa. A condução musical no dancing era feita pelas melhores bandas de rock da cidade, além dos Infernais, lá tocaram: Os Gênios, Alerta Cinco, Os Primos, Os Vândalos, Os Terríveis, The Jetsons, Os Milionários e Impacto Cinco. A classe universitária emergente predominava no ambiente, mas a faixa etária era diversificada. (Texto e fotos compactados do livro "Natal do Século XX")
Postado por Fernando Caldas

terça-feira, 12 de maio de 2020


CHICO E CHICA

Por Renato Caldas
 
Sinha môça, eu conto um fato
De chico ôio de gato
E chica Passarinheira:
Ele, vendia missanga,
Pó de arroz e burundanga;
Era mascate de feira.
Chiquinha, uma roceira
Disposta e trabaiadeira...
Pegava os pásso e vendia.
Porém, tinha um priquito
Muito mansinho e bonito
Qui ela, vendê num queria.

Chico, toda menhanzinha,
Ia a casa de Chiquinha
Já cum mardósa intenção...
Na cunversa qui travaram,
Os óios, se encontraram:...
Tibungo, no coração.

Chico môço da cidade
Cunversa de verdade,
Dotô em tufularia,
Foi devagá se chegando,
Passando a mão alisando
E o priquitinho cedía
O bicho se arrupiava...
Ela, calada deixava,
Gostava daquele trato.
Nisso o amô pôz a canga!
Pôi-se a brincar cum a missanga
De Chico Oio de Gato.
Um brincando, outro alizando
E a missanga amariando
Nisso, um gritinho se ôviu.
Num é qui o priquito-rico,
Teve fome e abriu o bico...
Bufo - a missanga engoliu.

Chico mudô de caminho!
O verde priquitinho
Bateu asas e avuô...
E Chica Passarinheira,
Tá sôrta na buraqueira...
Inté o nome mudô.

domingo, 10 de maio de 2020

Mergulhado no sono, sonho
coisas belas
- Sou poeta.

Fernando Caldas

Fascinação - Elis Regina

Motivo
 
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

Cecília Meireles
De quem é esta saudade
que meus silêncios invade,
que de tão longe me vem?
De quem é esta saudade,
de quem?

Aquelas mãos só carícias,
Aqueles olhos de apelo,
aqueles lábios-desejo...
E estes dedos engelhados,
e este olhar de vã procura,
e esta boca sem um beijo...
De quem é esta saudade
que sinto quando me vejo?

Gilka Machado

________Em, Velha Poesia, 1965.

sexta-feira, 8 de maio de 2020

1913 – MONUMENTO A NÍSIA FLORESTA E O MONSENHOR ANTÔNIO XAVIER DE PAIVA

nisia-floresta





Rostand Medeiros – IHGRN

Aqui vemos uma interessante fotografia do monumento a Nísia Floresta, erguido no Sítio Floresta, na antiga Papary, atual município de Nísia Floresta, Rio Grande do Norte.

Um dos presentes na foto é o então padre Antônio Xavier de Paiva, vigário de São José de Mipibu, cidade vizinha a Papary.

Nasceu em 26 de maio de 1850, no povoado de Vera Cruz, hoje município autônomo. Estudou em Roma, onde se ordenou. Foi colega de estudos do Cardeal Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, mais conhecido como Cardeal Arcoverde, pernambucano da cidade de Cimbres e o primeiro cardeal da América Latina e do Brasil. O padre Antônio Xavier conservou até a morte do Cardeal Arcoverde uma fraterna amizade. Na década de 1920 foi ordenado Monsenhor.

Antônio Xavier foi nomeado pároco de São José de Mipibu em 1895, onde ficou até a sua morte em 6 de junho de 1930. Sobre sua morte, a edição de 7 de junho do jornal natalense A República informou que tudo aconteceu de maneira repentina e o religioso foi enterrado no cemitério local às oito da manhã do dia 7, em meio a muita consternação da população.

Ainda segundo o jornal um dos que se fizeram presentes ao sepultamento foi o governador Juvenal Lamartine de Faria, que veio de Natal de automóvel, provavelmente seguido por um grande número de amigos e correligionários. Vale ressaltar que além de religioso Monsenhor  Antônio Xavier era político, tendo sido Chefe da Intendência (cargo atualmente equivalente ao de prefeito) de São José de Mipibu e membro de destaque da Comissão Executiva do Partido Republicano Federal – PRF, onde sempre se fizera ouvir com respeito e atenção.

Sua família possuía muita tradição e força política na cidade e Monsenhor Antônio Xavier era, segundo o jornal A República, um dos principais líderes de sua comunidade. A nota jornalista deixa transparecer que, apesar da idade, ele se encontrava exercendo plenamente suas funções sacerdotais e politicas.

Sua atuação no PRF foi apontada como discreta e modesta, mas que isso realçava ainda mais sua liderança. Na época do seu falecimento os seus sobrinhos Áureo e Joaquim de Paiva eram respectivamente prefeitos de São José de Mipibu e Papary.
O túmulo de Nísia Floresta em dias atuais – Fonte – https://williams-rocha.blogspot.com/2016/12/tumulo-de-nisia-floresta.html

Em 1954 o monumento a Nísia Floresta foi ampliado, com o aumento do seu pináculo e a colocação de uma lápide que recebeu os restos mortais da ilustre potiguar.

De: https://tokdehistoria.com.br

Edmilson Silva

COMO ERA NATAL NOS ANOS 40?

José Alexandre Garcia

Natal, 05 de maio de 1925
Natal era cidade modorrenta e provinciana, 40 mil habitantes espremidos entre Ribeira e Cidade Alta, até a avenida Deodoro, se muito.

O resto era a pobreza franciscana das Rocas, os sítios do Tirol, a mata de Petrópolis, o Alecrim ensaiando os primeiros passos.

Sem muitas perspectivas. Mesmo os filhos da terra, faziam feroz autocrítica.
- Cidade do já teve, classificavam, ironizando a apatia reinante, onde a maioria se masturbava sadicamente quando iniciativa das mais audazes entrava em colapso.

- Uma fazenda iluminada, nada mais, definia João Machado.

Mas, assim como as pessoas, as cidades têm o seu instante de afirmação, o seu dia de superação, o empurrão providencial, o chamado passo a frente decisivo e consagrador.

Para Natal, este momento foi a II Grande Guerra, ou, para sermos mais minudentes, justamente na fase em que, triunfantes e arrogantes - ocupadas e vencidas a Polônia, a França, os Países Baixos e Nórdicos, humilhada a Inglaterra no desastre de Dunquerque - os germânicos voltaram cobiçosos olhos para as reservas petrolíferas do Continente Negro.

- Estamos vivendo os primeiros anos do I Milênio do III Reich - perorava Hitler em seus histéricos discursos.

E, de fato, a Germânia parecia a senhora do mundo, com suas moderníssimas armas, as blitzs, o rolo compressor das pan-diviziones, as minas espalhando terror pelos mares do mundo.

Os aliados, então, concluíram que se os nazistas realmente se apoderassem do petróleo africano, tudo estaria perdido.

E resolveram enfrentar o invicto Von Rommel de peito aberto, frente a frente, na base do agora ou nunca.
E onde entra Natal neste imbróglio, perguntarão vocês.
Natal, que dormitava sonolenta
Natal, dos tempos idos de 40
Recordo os belos bailes do Aéro
Num banco da Pracinha, ainda lhe espero
No Rex, sessão das moças, Quarta-feira
Natal, Cidade Alta e Ribeira
O bom você não sabe e eu lhe conto
O footing, à tardinha, no Grande Ponto!

É que Natal, como cidadela mais próxima da costa africana, era ponto estratégico por excelência, de importância vital, reconhecida e proclamada posteriormente como Trampolim da Vitória.

E pela Base de Parnamirim passaram a transitar, às centenas, diuturnamente, fortalezas voadoras transportando tropas, armas e víveres para fronts até então desconhecidos internacionalmente, mas que seriam celebrizados mais tarde como Tobruck e El Alamein, como os primeiros grandes passos da grande arrancada que seria, daí por diante, a caminhada até a parada final em Berlim.

Enfim, a suspirada "virada" que transformaria os até então vencidos em vitoriosos.

Para garantir esta operação-África, foi preciso o suporte e o apoio logístico de milhares de brasileiros e estrangeiros, principalmente americanos que estabeleceram uma praça de guerra chamada Natal.

Uma base naval foi construída em tempo recorde, ampliadas e triplicadas as instalações da base aérea, construídos quartéis à toque de caixa, para alojar não apenas os infantes, mas grupos de artilharia antiaérea, de carros de combate, transferidos do sul do país.

Foi a época das noites de blecaute, do receio de ataques inimigos, dos ricos a construir abrigos sofisticados em suas residências e a Prefeitura a cavar abrigos populares em praças e terrenos baldios.

Eu disse, acima, praça de guerra? Pois era.
Um dia, tudo se modificou
O burgo se internacionalizou
Nas ruas, o alegre do my friend
Moçada, pela mímica, se entende
Natal entrou fardada na História
Para ser o Trampolim da Grande Vitória
Valeu o sacrifício do seu povo
Na guerra, meu Natal nasceu de novo!

E além do soldado e do marinheiro verde-amarelo, tornaram-se figuras corriqueiras a povoar avenidas, ruas e becos da cidade, gorros de marinheiro e fardas cáqui dos my friends.

Digo mais: quando a batalha africana atingia o seu clímax, Natal passou a ser a cidade-descanso, a cidade dos dias de licença dos combatentes.

E o que almejava um jovem de 21, 22 anos, com os bolsos cheios de dólares, doidos para esquecer a loucura dos campos de batalha e as longas vigias a bordo de belonaves? Divertir-se, gozar o hoje em toda plenitude, pois o amanhã era uma incógnita.

Na Cidade, então, floresceu um estranho comércio de bares, restaurantes, casas noturnas, joalheiros, grandes magazines, mercadores de mil e uma especiarias, 99% dirigidos por aventureiros de todas as nacionalidades e pátrias. Os quais, como tão céleres e misteriosamente aqui se instaram, também, num abrir e piscar d`olhos, cerraram portas e fizeram malas.

Quando terminada a Batalha da África, com a vitória aliada, as operações militares retornaram ao continente europeu, começando pela bota italiana da Sicília.

Mas, voltando aos idos 40, era natural, pois, que num clima de febricidade como aquele, houvesse freguesia para todos os gostos, mesmo os paladares mais requintados, a exigir bombons de luxo, doces em conserva, bebidas finas, artigos enlatados e conservas em geral.

"Na Guerra, meu Natal nasceu de novo"...

Foi. Porque, desde então, o progresso instalou-se definitivamente como artigo de fé no burgo, arquivada, bem arquivada, aquela maldição e pecha infamante de terra do já teve.

Como quem queria recuperar o tempo perdido, Natal nunca mais parou de crescer, de expandir-se e ampliar-se em novos horizontes, de abrir novas artérias e, das artérias, multiplicar-se em novos bairros, povoando-os de belas residências.

O comércio, então, tornou-se tentacular, cada dia maior, ganhando a Cidade Alta, atingindo com força total o Alecrim.

Um pequenino detalhe que virou rotina e que até então ninguém dava a mínima importância: quem chegava ao burgo gostava de seu jeitão, do clima, da brisa que sempre sopra, vinda do Atlântico mesmo nas tardes mais quentes. Da beleza paradisíaca de suas praias. Da maneira de ser do seu povo simples, das delícias de sua mesa típica.

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Fiz-lhe ver aquilo que representava para a minha vida.
O que representava para o meu destino.
Era a minha vida
Era o meu destino.
- Aos seus olhos porém nada que aquilo lhe representou.

E queimou a min1alma
E queimou o meu destino.

Caldas, poeta do Assu

CONHECENDO AS CIDADES DO RIO GRANDE DO NORTE - CONTO DE LINO SAPO

domingo, 3 de maio de 2020

O homem que nunca errou foi aquele que não fez coisa alguma.

Theodorico Bezerra (1903-1994), político potiguar de Santa Cruz/RN.

Tenente Coronel Vicente Praxedes Benevides Pimenta: Origem da família Praxedes no Rio Grande do Norte

Por Gustavo de Castro Praxedes*
Casa Grande da Fazenda Sabe-Muito, em Caraúbas/RN
Nos primeiros anos do século XIX, nascia na Fazenda Sabe Muito, Caraúbas, Estado do Rio Grande do Norte, um menino que recebeu o nome de Praxedes Benevides Pimenta. Seus pais, o Capitão Antonio Fernandes Pimenta e dona Francisca Romana do Sacramento, convidaram para padrinhos do filho, o Capitão Manoel Dantas da Cunha e dona Ana de Lemos. Pouco tempo depois, por ocasião de sua crisma, o pequeno Praxedes recebe um novo nome, deste dia em diante, passou a chamar-se Vicente Praxedes, neto
paterno do Alferes José Fernandes Pimenta e de dona Josefa Maria da Conceição e materno do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e dona Delfina Filgueira de Jesus. Por sua vez era bisneto do português Antonio Fernandes Pimenta e Joana Franklina do Amor Divino, tronco genealógico dos Fernandes Pimenta já nascidos e daqueles que ainda estão por nascer.
Vicente Praxedes Benevides Pimenta nasceu aos 20 de julho de 1805 e com o passar dos anos se tornou um dos homens mais influentes da região oeste Potiguar. Muito cedo, aprendeu as primeiras letras com seu irmão, Padre Bento Fernandes Pimenta, que era vigário em Quixeramobim, Ceará. Seu interesse em aprender era tanto, que se aperfeiçoou no latim, chegando a traduzir a “selecta”, ou seja, os trechos escolhidos para celebração da missa.  
No ano de 1830, casou em primeiras núpcias na Serra do Martins com sua prima Herculana Josefa do Amor Divino, baiana, filha de Gonçalo da Silva Campos e Benta Maria de Jesus. Deste matrimônio nasceram 17 filhos e todos foram batizados com o sobrenome Praxedes.
Dotado de honestidade inigualável, adotou a carreira do comércio em Martins. Nesta cidade possuía uma mercearia de molhados, bebidas e botica. Anos mais tarde, abandonou para se dedicar a profissão de agricultor. Dedicou-se também a criação de gado nas fazendas São João de Cima, São João de Baixo, Unha de Gato, Currais, Santo Antônio, Sítio do Padre, Passagem, Incauto, Cisplatina e Barra, bem como mantinha uma plantação delavoura no sítio Jacú, nas cercanias da referida cidade.
Em 1837 foi nomeado pelo Presidente da Província, Manoel Ribeiro da Silva Lisboa, Major do Batalhão de Guardas Nacionais do Município de Portalegre e em 1843 o Coronel Estevão José Barbosa de Moura, Vice-presidente da Província o promoveu para o posto de Tenente Coronel Chefe do Batalhão da Guarda Nacional da Vila da Maioridade.
Dez anos depois, aos 29 de janeiro de 1853, Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II, o nomeou Tenente Coronel do Primeiro Batalhão de Guardas Nacionais do Comando Superior dos Municípios de Imperatriz, Apodi e Portalegre e aos 24 de julho de 1867, Pedro II, o reformou no posto de Coronel.
Dentre os muitos cargos que exerceu destacamos os de Juiz Mol da Vila de Portalegre e termo (1840); Delegado de Polícia dos Tesouros das Vilas de Maioridade, Apodí e Portalegre (1842); Administrador dos bens Patrimoniais da Senhora da Conceição, Orago da Freguesia de Serra do Martins e Procurador dos bens do Patrimônio do Senhor do Bonfim. (1853); Coletor de Rendas Gerais de Imperatriz (1874); além de Camarista, Juiz de Paz, Membro da Comissão Beneficente da Cidade de Imperatriz, de Socorros públicos, bem como Chefe do Partido Conservador e eleitor em sua cidade.
No primeiro casamento com dona Herculana, o Tenente Vicente Praxedes foi pai de Ana Praxedes Benevides, casada com o Capitão João da Silva Lisboa; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, primeiro com este nome, provavelmente tenha falecido na infância; José Praxedes Benevides Pimenta, Major da Guarda Nacional, casado com sua prima Herculana Josefa do Amor Divino; Francisco Praxedes Benevides Pimenta, Tenente Coronel da Guarda Nacional, tronco dos Praxedes no Vale do Ceará Mirim e Taipu, casou com Raimunda Cândida do Rego Leite; Maria Praxedes Benevides casou com o Deputado Provincial e Coronel, Joaquim Bernardo de Sá Barreto; Antonia Rufina Praxedes casou com seu primo legítimo Lucio Manoel Fernandes; Manoel Praxedes Benevides Pimenta, Deputado Provincial quatro vezes, casou em primeiras núpcias com sua prima Delfina Emilia Fernandes e em segundas com outra prima, Joana Elvidia Carneiro; Vicência Praxedes Benevides casou com o Tenente Domingos Velho Barreto Júnior; Herculana Gratulina Praxedes casou em primeiras núpcias com o Capitão Luiz Manoel Filgueira e em segundas com seu primo Coronel Manoel Petronilo Fernandes Pimenta; Raimundo Praxedes Benevides casou com sua prima Luiza Gonzaga Carneiro; Francisca das Chagas Praxedes, com o Capitão João da Silva Lisboa, viúvo de sua irmã Ana Praxedes; Joana Praxedes Benevides casou como seu primo o Coronel Luis Manoel Fernandes Filho; Benta Praxedes Benevides, casou com Clemente Gomes de Amorim Filho; João Praxedes Benevides Pimenta casou com sua prima Alexandrina Fernandes Pimenta; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, o segundo com este nome, casou com sua prima Laura Cândida Fernandes Carneiro e mais dois com o nome de Luis que faleceram na infância.
Com a morte de Dona Heculana Josefa no primeiro dia do mês de março de 1851, na Cidade de Aracati, Estado do Ceará, o Coronel Vicente Praxedes contraiu segundas núpcias dois anos e meio depois, aos 09 de setembro de 1853, com sua sobrinha Antônia Mafalda de Oliveira, filha do Tenente Coronel Antônio Francisco de Oliveira e de dona Mafalda Gomes de Freitas. Deste casamento nasceram mais cinco filhos, sendo a primeira,Mafalda Praxedes que casou com seu primo Joaquim Gomes de Amorim, Intendente da cidade de Martins; Miguel de Oliveira Praxedes Pimenta, faleceu solteiro; João Mafaldo de Oliveira Praxedes, militar, Alferes da Guarda Nacional, faleceu em Canudos lutando contra as tropas de Antônio Conselheiro; Antonio Mafaldo Praxedes Pimenta falecido solteiro no estado do Acre e o Coronel Bento Praxedes Benevides Pimenta, Coletor de Rendas Federal, comerciante e Chefe Político em Mossoró, fundador do jornal “O Comércio de Mossoró, casado com dona Pautila Gurgel de Oliveira, neta do Barão do Açu.
Destes dois casamentos, nasceram 22 filhos, sendo 17 do primeiro e 5 do segundo. Cabe ressaltar que todos os filhos de Vicente destacaram-se na vida pública e privada, e assim como ele, foram merecedores da reverência de toda sociedade, pois honestidade, respeito e amizade foram os lemas seguidos por seus descendentes.
Foi no primeiro dia do mês de janeiro de 1882, no Sítio Cangaira, na mesma vila onde nasceu, com idade de 76 anos, 5 meses e 11 dias, que faleceu Vicente Praxedes, deixando para posteridade o seu nome e a sua marca registrados na pedra bruta. A morte do velho coronel teve grande repercussão na região oeste Potiguar, pois foi através dele que a mais de 200 anos, NASCEU A FAMÍLIA PRAXEDES e que se transformou em uma das mais tradicionais do sertão norte-rio-grandense.
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Natal-RN, 12 de junho de 2010.
Blog Fatos de Caraúbas-Portal Fatos do RN
 

sábado, 2 de maio de 2020

Cemitério Público São João Batista, de Assu. Foi construído na administração do intendente (cargo que representa atualmente o cargo de prefeito municipal) Joaquim Antão de Sena (1896). Foi o primeiro da cidade.

Foto de Adriano Medeiros
Panorama apanhado da rua das Dunas, término da balaustrada da Avenida Atlântica (atual Getúlio Vargas), concluída em 1926.
O relatório municipal de 1926 mostrava que a cidade começava a ser remodelada por meio de diversas obras. Além da Avenida Atlântica, concluída naquele ano, houve o término da obra da estrada de rodagem que ligava o bairro das Rocas à região central da capital.
Fonte: INTENDÊNCIA Municipal. RELATÓRIO 1926, s.d – a.

CASAMENTO NO INTERIOR

No meu tempo de menino, o cabra mexeu com a moça, casava, se não ia prestar contas lá em cima. Não tinha essa história de ficar ou se juntar.
Em Pedro Avelino quem celebrava os casamentos religiosos era o Padre Antas, que geralmente aconteciam aos domingos pela manhã. Não existia os cursos que existem hoje, apenas os banhos ou proclamas, que era a divulgação do casamento em três missas dominicais seguidas, para que todos tomassem. Se os noivos tivessem alguma pendência, era suspenso o casamento.
Nas fazendas esses casamentos eram muito esperados e comemorados através de uma festa que não passava de um forró com a matança de alguns animais.
Primeiramente, se contratava um botequim, que era  a compra das bebidas, geralmente em consignação.
Em seguida, se contratavam os tocadores, que era um sanfoneiro e um pandeirista (em PA tinha bons sanfoneiros).
Feito isso, era preparar o ambiente.
Se a casa fosse pequena, fazia-se uma latada de palha no terreiro, para abrigar os convidados. Esses casamentos geralmente aconteciam em anos de inverno, entre os meses de setembro e dezembro, quando já tinha colhido o algodão e o pai da noiva estava com o saldo disponível para gastar.
Fui a alguns desses forrós.
Lembro-me bem de um que aconteceu quando Gregório Machado, que foi vaqueiro do meu avó, na fazenda Santa Rita, casou uma filha. Fomos no caminhão Fargo da prefeitura, tendo Apolônio como motorista.
O forró começou e eu fiquei colado no sanfoneiro. Era um olho na sanfona outro no no rebolado das caboclas.
Depois de cada dança ou parte, um senhor saía balançando o chapéu, angariando uns trocados para fazer face às despesas, era uma espécie de empresário do sanfoneiro, recolhendo o que eles chamavam de cota.
Terminada a parte, todos saíam do salão e ficavam encostados em pé na perede, homens de um lado, mulheres do outro.
Quando o sanfoneiro abria novamente o fole, os cavalheiros iam e m  direção a damas e começava tudo de novo. A mulher que desse uma canelada  num homem era jurada a não dançar mais, até que aparecesse um amigo para acalmar o canelado. Em determinado momento era esvaziado o salão e Tio Zé Antas,  que era um bom dançador de xote marcado, desses que Luiz Gonzaga tocava, pegava uma cabocla dançadeira e dava uma demonstração de como dançar um xote marcado. Ainda tinha um gaiato que gritava: "ou Véio macho". Aí era que a cabocla rebolava.
Lá pras tantas ia pra boleia do caminhão, só acordando com Papai me chamando dizendo: "vamos embora". O sol já vinha nascendo. Como costumava dizer, !eu peguei o sol com a mão".
O sertão daquele tempo era assim e quem é de lá entendeu o que falei.


Autor
Geraldo José Antas
Engenheiro Civil e Pecuarista      

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...