Por Gustavo de Castro Praxedes*
Casa Grande da Fazenda Sabe-Muito, em Caraúbas/RN
Nos primeiros anos do século XIX, nascia na Fazenda Sabe Muito,
Caraúbas, Estado do Rio Grande do Norte, um menino que recebeu o nome de
Praxedes Benevides Pimenta. Seus pais, o Capitão Antonio Fernandes
Pimenta e dona Francisca Romana do Sacramento, convidaram para padrinhos
do filho, o Capitão Manoel Dantas da Cunha e dona Ana de Lemos. Pouco
tempo depois, por ocasião de sua crisma, o pequeno Praxedes recebe um
novo nome, deste dia em diante, passou a chamar-se Vicente Praxedes,
neto
paterno do Alferes José Fernandes Pimenta e de dona Josefa Maria da
Conceição e materno do Capitão Manoel Carneiro de Freitas e dona Delfina
Filgueira de Jesus. Por sua vez era bisneto do português Antonio
Fernandes Pimenta e Joana Franklina do Amor Divino, tronco genealógico
dos Fernandes Pimenta já nascidos e daqueles que ainda estão por nascer.
Vicente Praxedes Benevides Pimenta nasceu aos 20 de julho de 1805 e com o
passar dos anos se tornou um dos homens mais influentes da região oeste
Potiguar. Muito cedo, aprendeu as primeiras letras com seu irmão, Padre
Bento Fernandes Pimenta, que era vigário em Quixeramobim, Ceará. Seu
interesse em aprender era tanto, que se aperfeiçoou no latim, chegando a
traduzir a “selecta”, ou seja, os trechos escolhidos para celebração da
missa.
No ano de 1830, casou em primeiras núpcias na Serra do Martins com sua
prima Herculana Josefa do Amor Divino, baiana, filha de Gonçalo da Silva
Campos e Benta Maria de Jesus. Deste matrimônio nasceram 17 filhos e
todos foram batizados com o sobrenome Praxedes.
Dotado de honestidade inigualável, adotou a carreira do comércio em
Martins. Nesta cidade possuía uma mercearia de molhados, bebidas e
botica. Anos mais tarde, abandonou para se dedicar a profissão de
agricultor. Dedicou-se também a criação de gado nas fazendas São João de
Cima, São João de Baixo, Unha de Gato, Currais, Santo Antônio, Sítio do
Padre, Passagem, Incauto, Cisplatina e Barra, bem como mantinha uma
plantação delavoura no sítio Jacú, nas cercanias da referida cidade.
Em 1837 foi nomeado pelo Presidente da Província, Manoel Ribeiro da
Silva Lisboa, Major do Batalhão de Guardas Nacionais do Município de
Portalegre e em 1843 o Coronel Estevão José Barbosa de Moura,
Vice-presidente da Província o promoveu para o posto de Tenente Coronel
Chefe do Batalhão da Guarda Nacional da Vila da Maioridade.
Dez anos depois, aos 29 de janeiro de 1853, Sua Majestade o Imperador
Dom Pedro II, o nomeou Tenente Coronel do Primeiro Batalhão de Guardas
Nacionais do Comando Superior dos Municípios de Imperatriz, Apodi e
Portalegre e aos 24 de julho de 1867, Pedro II, o reformou no posto de
Coronel.
Dentre os muitos cargos que exerceu destacamos os de Juiz Mol da Vila de
Portalegre e termo (1840); Delegado de Polícia dos Tesouros das Vilas
de Maioridade, Apodí e Portalegre (1842); Administrador dos bens
Patrimoniais da Senhora da Conceição, Orago da Freguesia de Serra do
Martins e Procurador dos bens do Patrimônio do Senhor do Bonfim. (1853);
Coletor de Rendas Gerais de Imperatriz (1874); além de Camarista, Juiz
de Paz, Membro da Comissão Beneficente da Cidade de Imperatriz, de
Socorros públicos, bem como Chefe do Partido Conservador e eleitor em
sua cidade.
No primeiro casamento com dona Herculana, o Tenente Vicente Praxedes foi
pai de Ana Praxedes Benevides, casada com o Capitão João da Silva
Lisboa; Antônio Praxedes Benevides Pimenta, primeiro com este nome,
provavelmente tenha falecido na infância; José Praxedes Benevides
Pimenta, Major da Guarda Nacional, casado com sua prima Herculana Josefa
do Amor Divino; Francisco Praxedes Benevides Pimenta, Tenente Coronel
da Guarda Nacional, tronco dos Praxedes no Vale do Ceará Mirim e Taipu,
casou com Raimunda Cândida do Rego Leite; Maria Praxedes Benevides casou
com o Deputado Provincial e Coronel, Joaquim Bernardo de Sá Barreto;
Antonia Rufina Praxedes casou com seu primo legítimo Lucio Manoel
Fernandes; Manoel Praxedes Benevides Pimenta, Deputado Provincial quatro
vezes, casou em primeiras núpcias com sua prima Delfina Emilia
Fernandes e em segundas com outra prima, Joana Elvidia Carneiro;
Vicência Praxedes Benevides casou com o Tenente Domingos Velho Barreto
Júnior; Herculana Gratulina Praxedes casou em primeiras núpcias com o
Capitão Luiz Manoel Filgueira e em segundas com seu primo Coronel Manoel Petronilo Fernandes Pimenta;
Raimundo Praxedes Benevides casou com sua prima Luiza Gonzaga Carneiro;
Francisca das Chagas Praxedes, com o Capitão João da Silva Lisboa, viúvo
de sua irmã Ana Praxedes; Joana Praxedes Benevides casou como seu primo
o Coronel Luis Manoel Fernandes Filho; Benta Praxedes Benevides, casou
com Clemente Gomes de Amorim Filho; João Praxedes Benevides Pimenta
casou com sua prima Alexandrina Fernandes Pimenta; Antônio Praxedes
Benevides Pimenta, o segundo com este nome, casou com sua prima Laura
Cândida Fernandes Carneiro e mais dois com o nome de Luis que faleceram
na infância.
Com a morte de Dona Heculana Josefa no primeiro dia do mês de março de
1851, na Cidade de Aracati, Estado do Ceará, o Coronel Vicente Praxedes
contraiu segundas núpcias dois anos e meio depois, aos 09 de setembro de
1853, com sua sobrinha Antônia Mafalda de Oliveira, filha do Tenente
Coronel Antônio Francisco de Oliveira e de dona Mafalda Gomes de
Freitas. Deste casamento nasceram mais cinco filhos, sendo a primeira,Mafalda Praxedes que casou com seu primo Joaquim Gomes de Amorim,
Intendente da cidade de Martins; Miguel de Oliveira Praxedes Pimenta,
faleceu solteiro; João Mafaldo de Oliveira Praxedes, militar, Alferes da
Guarda Nacional, faleceu em Canudos lutando contra as tropas de Antônio
Conselheiro; Antonio Mafaldo Praxedes Pimenta falecido solteiro no
estado do Acre e o Coronel Bento Praxedes Benevides Pimenta, Coletor de
Rendas Federal, comerciante e Chefe Político em Mossoró, fundador do
jornal “O Comércio de Mossoró, casado com dona Pautila Gurgel de
Oliveira, neta do Barão do Açu.
Destes dois casamentos, nasceram 22 filhos, sendo 17 do primeiro e 5 do
segundo. Cabe ressaltar que todos os filhos de Vicente destacaram-se na
vida pública e privada, e assim como ele, foram merecedores da
reverência de toda sociedade, pois honestidade, respeito e amizade foram
os lemas seguidos por seus descendentes.
Foi no primeiro dia do mês de janeiro de 1882, no Sítio Cangaira, na
mesma vila onde nasceu, com idade de 76 anos, 5 meses e 11 dias, que
faleceu Vicente Praxedes, deixando para posteridade o seu nome e a sua
marca registrados na pedra bruta. A morte do velho coronel teve grande
repercussão na região oeste Potiguar, pois foi através dele que a mais
de 200 anos, NASCEU A FAMÍLIA PRAXEDES e que se transformou em uma das mais tradicionais do sertão norte-rio-grandense.
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Natal-RN, 12 de junho de 2010.
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