quarta-feira, 10 de junho de 2009
A CAMPANHA ABOLICIONISTA, O BARÃO E A BARONESA DE SERRA BRANCA
terça-feira, 9 de junho de 2009
CONFRATERNIZAÇÃO DA COLÔNIA ASSUENSE EM NATAL
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sexta-feira, 5 de junho de 2009
ÍNTIMAS DE JOÃO LINS CALDAS
Infeliz que por ti meu sonho altero,
O amor que nos maltrata e às vezes mata
Crença que as asas levemente solta.)
Se, crescendo, não mata o que padece,
Morre no peito onde a desdita cresce
quarta-feira, 3 de junho de 2009
ELEICÃO PARA PREFEITO, 1972
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
LEMBRANDO ZEZINHO ANDRÉ
quarta-feira, 27 de maio de 2009
TIPOGRAFIA, JORNAL E TEATRO NO ASSU
O primeiro teatro era denominado São José, inaugurado a 19 de março de 1884, instalado num casarão da rua das Flores (onde mora a viúva de Sandoval Martins), esquina com a atual prefeito Manoel Montenegro e a travessa Pedro Amorim. Depois veio o Tetro São João, inaugurado a 24 de fevereiro de 1892, funcionando até 1897, bem como o teatro Alhambra que fazia suas exibições cênicas num antigo sobrado edificado ao norte da ireja Matriz de São João Batista (onde funcionou o escritório do DNOCS, hoje totalmente remudelado para funcionar o CDL - Clube de Diretores Logistas de Assu).
Outros grupos de teatros surgiram no Assu, como o Grupo Dramático Juvenil Assuense, que fazia suas exibições no teatro Alhambra, bem como outros organizados por João Marcolino de Vasconcelos (na década de sessenta), que fazia suas apresentações no palco da Sede dos Escoteiros, e por Ivan Pinheiro, na década de setenta.
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domingo, 24 de maio de 2009
ELEVAÇÃO DO AÇU
Depõe Nestor Lima que "em fins 1775 para 1776, a Freguesia de São João Batista "tinha quarenta léguas de comprimento por vinte de largura e o seu padroeiro já era o glorioso São João Batista." Elevou-se a município com a denomição de Vila Nova da Princesa, conforme Ordem Régia de 22 de julho de 1776. Foram, portanto, 57 anos de vila que tinha o seu próprio patrimônio, como terrenos e fazendas.
Celso da Silveira depõe que "O patrimônio de São João Batista, foi feito de três vezes: A primeira em 1712, por Sebastião de Souza Jorge, que deu o terreno estritamente necessário a construção da Matriz e da Paróquia; a segunda, em 12 de outubro de 1774, por dona Clara de Macêdo, que doou 75 braças menos dois palmos. A terceira, finalmente, pela mesma dona Clara de Macêdo, que doou a maior parte dos terrenos ao patrimônio no dia 6 de outubro de 1777." Está assim transcrito no livro "Breve Notícia Sobre a Província do Rio Grande do Norte", de Ferreira Nobre.
Criou-se então a Câmara Municipal, primeira organização de um governo local, em 1786, e instalada a 11 de agosto de 1788, sobre a presidência do Juiz Ouvidor e Corregedor da Paraíba, Antônio Phillipe de Andrade Brederodes. Foram membros daquela câmara (que tinha poder de administração), da recém criada Vila Nova da Princesa, os senhores Francisco da Silva Bastos, Francisco Dantas Barcelar, João Mendes Monteiro e Antônio Correia de Araújo Furtado.
De Freguesia de São João Batista da Ribeira do Açu, Julgado de São João Batista da Ribeira do Açu, Povoação de São João Batista da Ribeira do Açu, Vila Nova do Príncipe, Vila Nova da Princesa (também chamava-se aquela região de Vila do Açu) passou a ter foros de cidade, através da Lei º 124, originária do projeto de 30 de setembro que, em 16 de outubro de 1845, aprovado e sancionado pelo presidente Casimiro José de Morais Sarmento, com a denominação de Assú.
E Assú foi a segunda cidade, bem como um dos centros mais antigos da Província do Rio Grande, já com tradição de inteligência e heroísmo. Teve até Capitão General, patente que nem a própria capitania nuca teve. Foi autor da lei que deu foras de cidade de Assú, o assuense deputado provincial João Carlos Wanderley (1811-1899), que também presidiu aquela província, na qualidade de 1º vice-presidente, durante alguns meses dos anos de 1847,48, 49 e 50.
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sábado, 23 de maio de 2009
DE TABA-AÇU A CIDADE DE ASSU
Fernando Caldas
segunda-feira, 18 de maio de 2009
CONTO
*Por Ivan Pinheiro
Apressa menina, senão vamos chegar atrasados! - Gritou Dona Francisca para sua filha Tereza.
A garota estava ansiosa e nervosa. Este dia era esperado há muito tempo. De família extremamente religiosa, ela tinha um sonho: se confessar com Frei Damião - o santo milagreiro do povo nordestino.
A década de sessenta tinha sido difícil para os nordestinos: estradas precárias, falta de energia em quase todos os lugares, meios de transporte escassos, falta d'agua nos sertões secos... Este quadro foi diversas vezes bem retratado nas poesias de Renato Caldas, José Coriolano, Francisco Amorim, Chico Traíra e tantas outras feras da li-teratura poética que habitavam a região do Vale do Açu.
A pequena comunidade de Juazeiro, onde residia à família de Dona Francisca ficou praticamente desabitada. Até o velho Lourenço que estava acometido de um forte reumatismo, viajou para a cidade do Assú numa carroça para participar da missão de Frei Damião e Frei Fernando, dois frades pertecentes à Ordem dos Capuchinhos que percorriam as cidades da região Nordeste, como andarilhos das estradas afora, a levarem às pessoas a mensagem do evangelho com muito radicalismo e muita fide-lidade aos ensinamentos bíblicos.
Quando a família de Tereza chegou defronte à Matriz de São João Batista, a luz solar já começava a desaparecer no horizonte. A multidão se comprimia para tocar em Frei Damião na sua "procissão de penitência", da casa paroquial à igreja, passando lentamente entre os fiés.
Era a última missa do dia. Dela participaria certamente o maior número de católicos. Em decorrência do atraso, toda família de Tereza teve de ficar em pé. A celebração começou pontualmente às dezoito horas.
"No inferno o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar o corpo dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados e dos criminosos..." - Disse o Frei na abertura de sua homilia com a voz rouca, quase inaudível.
Depois da pregação foi formada uma fila quilométrica para confissões. Sentado num tamborete de madeira, o frade capuchinho escutava cada devoto com muita atenção, olho no olho, o cotovelo no joelho e a mão no queixo apoiando a cabeça. Desta posição quase não se mexia, vez por outra, parava por alguns segundos para tomar um golinho de café bem forte. Afinal precisava de resistência para adentrar até altas horas da noite.
Tereza estava na fila acompanhada pelos seus pais. Estava nervosa... Era a primeira vez que iria se encontrar com Frei Damião. Não bastasse, estava alí com o privilégio de se confessar com ele. Tinha plena certeza de que aquele momento marcaria sua vida, realizaria um sonho, fortaleceria sua fé no catolicismo e a devoção pelo Santo milagreiro do sertão.
A fila andava lentamente. Quando Tereza conseguiu chegar à porta principal da Matriz, fez um sinal da cruz, dobrou-se num gesto de respeito e adoração ao santíssimo. Verificou seu vestido branco de cambraia bordada para ter a certeza de que ele estava bem composto... Ajeitou a mantilha na cabeça, segurou com as duas mãos o terço e começou a rezar incessantemente. Suas feições eram como se estivesse caminhando rumo ao céu. Vez por outra, era interrompida pelos cochichos da mãe que estava por trás.
- Cuidado com o que vai dizer minha filha. Não quero que Frei Damião lhe passe nenhum castigo. Ele é um santo.
- Pode deixar mamãe, eu vou tomar muito cuidado.
O pai de Tereza vendo que a mãe estava exagerando tentou aliviar a pressão.
- Francisca, deixa a menina em paz! Vai dar tudo certo. Afinal Tereza já tem 14 anos. Está bem grandinha, sabe se pecou ou não.
Mesmo a contragosto, a mãe se comportou melhor. Já passava das oito da noite quando chegou o momento crucial. Tereza chegou perante o capuchinho, curvou-se, fez o sinal da cruz e ajoelhou-se. Ela tinha a certeza de que estava ali diante de um homem diferente... De alma pura. Frei Damião a encarou e ela, na sua ingênua timidez, baixou a vista.
- Conte seus pecados minha filha... - Falou pausadamente o Frei.
Tereza ficou calada. Olhou para ele como que pedindo socorro. O nervosismo era tanto que as palavras não chegavam nem a serem balbuciadas.
Está nervosa, menina? Calma! Vou lhe ajudar. Tudo que eu perguntar você vai dizendo se fez ou não. Já desejou mal ao próximo?
- Não senhor Frei Damião!
- Já desrespeitou pai e mãe?
- Ave Maria... Deus me defenda!
- Já levantou falso testemunho?
- Nunca! Deus me guarde!
- Já sentiu inveja de alguém?
- Jamais! Deus me castigue se isso acontecer.
Frei Damião olhando cara a cara para a adolescente, mais uma vez, perguntou:
- Qual o seu nome garôta?
- Maria tereza da Silva - Respondeu Tereza com voz trêmula, instante em que Frei Damião lhe anunciou a penalidade:
- Faça o seguinte minha filha: se levante, procure um altar aqui na igreja e fique lá... Santa Tereza!
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POESIA
Tal qual, os garimpeiros,
aventureiros,
mergulhado, nas águas
turvas dos ribeiros,
a procura do ouro!...
Eu, em vão procuro
no caudal das minhas máguas
um oculto tesouro.
Trabalho noite e dia,
a cata de ilusões...
necessito apenas de alegria,
pra amenizar
minhas decepções!
E, quanto mais procuro,
mais escuro
parece ficar
o corrente das minhas fantasias.
Na ansiedade
de encontrar
me aprofundo nás águas...
Ao retornar,
trago nas mãos
lavadas e vazias...
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .
E a razão
me diz: -
Garimpeiro infeliz
da ilusão,
Por que?... e para que
tanto labor?!
Jamais terás a palma
de encontrares no fundo
da tu'alma,
outra coisa a não ser,
a SAUDADE e a DOR.
Renato Caldas
sábado, 16 de maio de 2009
O CABAÇO DE DASDORES ABRIU-SE EM BANDAS
Quem não viveu, mas se aventurou pela várzea do Açu, certamente participou do crucial e ao mesmo tempo divertido processo de extração da cera de carnaúba. Ou, no mínimo, conviveu com a população afeita às tarefas dessa atividade.
Na indústria rudimentar de extração da cera de carnaúba, havia, dentre outros, o processo de batimento para decolar o pó existente nas palhas que, depois de secas, eram transpotadas, em trincheiras, pelos homens e batidas, a cacetes, pelas mulheres, num processo trabalho manual feito à noite para evitar que os ventos prejudicassem a fixação do pó, que mais tarde seria transformado em cera, no piso que era igualmente forrado por lona para que não se misturasse com areia. Cada rachador tinha a sua ou as suas batedeiras, pois os mais habilidosos rachavam palhas para mais de uma mulher.
Não havia trabalho mais árduo, porém, ao mesmo tempo, mais divertido. As pilhérias, as chacotas, os ditos, as brincadeiras amenizavam as asperezas e divertiam sempre, sem, porém, ofender pessoas ou ferir a dignidade das famílias, moças, senhoras e crianças que ali trabalhavam. Uns cantavam "cocos" e "emboladas" ao rítmo do batuque improvisado por alguém mais competente que soubesse arremedar a batucada do "baião". O que não deixava, entretanto, de reservar certas intimidades a casais, dada a aproximação que, evoluindo, entremeava-se de afeto, de contatos, de esfregação, de namoro e de xamego, num ambiente estritamente de trabalho, porém com doses de acentuados encantos e estimulantes sexuais.
Como ninguém é de ferro, vez por outra alguém passava os pés adiante das mãos e os tampos voavam.
Foi o que ocorreu com Dasdores, filha de Zé Beradeiro, um cinquentão respeitável, trabalhador, de procedência ignorada, porém com muitos indícios seridoenses. que alí viera ter ainda moço e ali contituíra numerosa família, após seu casamento com Maria do Rosário, uma varziana de dezoito quilates.
Dasdores, já moça feita, era a filha mais velha do primeiro casamento de Zé Beradeiro que inviuvara e vivia àquela época, com D. Esmerina, com quem os filhos se davam relativamente bem, sem ter que se queixar. Com atrativos e exuberâncias capazes de desarticular exércitos, Dasdores engraçou-se de Chico Bozó, fornido caboclo, rachador de palhas, bem parecido, que não desmerecia a família da namorada e que rachava palha para Dasdores bater.
Zé Beradeiro, num daqueles famosos batimentos de palha, surpreendeu casualmente uns lances de que não gostou. Sua filha, Dasdores, se espojava com o namorado, Chico Bozó, sobre uns montes de palha batida, fora da empanada, a quem se entregava de corpo e coração, sem qualquer reserva. O pai ficou calado, porém furioso, e no outro dia, chamando o conquistador aos carretéis, disse não aceitar o que havia presenciado, sendo necessário providenciarem o casamento. Chico, o sedutor, argumentou que precisava pensar, pois casamento era coisa séria. Zé Beradeiro, que também não estava brincando, disse que não queria conversa. E não estava disposto a bater boca. Queria uma decisão.
Os ânimos se alteraram e Zé Beradeiro acabou ouvindo o que não queria:
- A sua filha não era mais moça e eu não sou pedreiro pra tapar buraco de ninguém. Ela já é de maior e pode procurar seus direitos.
Zé Beradeiro, porém, não engoliu o bocado. E não era para um pai de família ficar calado diante de semelhante situação. Tinha que tomar alguma providência. Nem que fosse a última decisão de sua vida. Não podia aceitar a desonra da filha, de seu nome e de sua família. Não seria qualquer Chico Bozó que iria desfeiteá-lo. Tinha pouca coisa na sua vida e a honra da família era o mais importante. Teria que agir ligeiro, antes que o atrevido comentasse com alguém e se espalhasse o boato de sua desdita. Era questão de vida ou morte.
O desapareciemento de Chico até que não foi notado imediatamente, vez que ele era acostumado a sumir por alguns dias, visitando alguns parentes, reapareccendo, em seguida, pouco tempo depois. Mas não tanto assim como da última vez. Já dava o que falar. Parentes seus perguntavam sem obter qualquer notícia.
Foi-se avolumando a ausência de Chico, já consubstanciada pelos boatos do namoro que tivera, conforme insinuações motivadas por gabolices do próprio, de intimidades mantidas com a filha de Zé Beradeiro. Dissera ainda a alguns vizinhos que ela não era mais moça. E que fora chamado às favas pelo pai que queria casamento. E que ele não era otário para pagar pecado que não havia cometido.
Os comentários se faziam e nada de Chico aparecer. Já fazia mais de um ano que havia sumido. Zé Beradeiro, há muito, havia-se mudado dali com a família.
A polícia, tomando conhecimento do sumiço do homem através de queixa prestada por familiares, abriu inquérito e passou a ouvir pessoas da localidade. O próprio Zé Beradeiro fora localizado e ouvido, com sua filha, pelo delegado. Permaneceu preso ainda, por alguns dias e solto depois, enquanto se investigava o caso que, por falta de qualquer prova, acabou arquivado o processo e esquecido o assunto. Só que os familiares não aceitavam e mantinham a suspeita do assassinato de Chico. Mas como provar se nem o cadáver aparecia?
Não se podia justificar. O sumiço de Chico deixava inconformados os seus parentes. E Seu José também havia saído do cenário da culpa.
A família de Chico apelou para tudo. Chegou até a insinuar que, em certo local, onde se havia construído uma vila de casas residenciais, ali antes, Chico havia sido enterrado. Derrubaram-se algumas casas, sem qualquer sucesso, até que desistiram dada a inconviniência de se derrubar todo o arruado.
Dasdores, noutras paragens, já com os burros n'agua, passou a viver amancebada com um vaqueiro com quem teve alguns filhos sem maldizer a vida e sem queixar da sorte.
O sedutor é que nunca justificou o seu desapracecimento.
* Gilberto Freire de Melo é sociólogo, escritor potiguar de Pendências
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quinta-feira, 14 de maio de 2009
POESIA
Seu dotô, pode me crê:
Se tenho aprendido a lê,
Eu era dotô também.
Pruque hoje na cidade,
Nós só temo validade
Pela péda qui o ané tem?
Meu pai, era home pobre,
Porém morreu como nóbre,
Honesto e trabaiadô!
Morreu no mez de Dezembro
Ainda hoje eu me alembro...
Cuma a cidade chorô.
Era amigo da pobresa,
Inimigo da avaresa,
Cuma todo home de bem!
Num media sacrifíço
Para fazê benefíço...
Num despresava ninguem.
Veja a força do destino:
Morreu... Eu fiquei menino
Sem dinheiro pra estudá!
Fui cantadô e poéta;
Do mundo peguei a réta,
Num queria trabaiá.
Mas, graças a Providença,
Tenho o ané da inteligença,
Maió riqueza qui hai...
Num precisô de inventaro.
Sô rico, milionaro,
Do que herdei de meu pai.
Dotô, num é caçoada.
O ané num vale nada,
Sô mióra a posição!
Parece uma coisa incrive,
Quarqué um, compra no ourive,
Por cem cruzeiro, um anelão.
Olegaro Mariano
Poéta pernambucano,
Home de muito valô!...
Entrô para a cademia,
Amostrando a poesia,
Não, o ané de dotô!
... Adeus dotô, vô me embora.
Está chegando a hóra...
Eu preciso viajá.
Mas, pense na deferença
- Num se compra inteligença
E ané se póde comprá.
Renato Caldas
A PONTE FELIPE GUERRA E FRANCISCO GAAG
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quarta-feira, 13 de maio de 2009
CONTO
*Por Ivan Pinheiro
Traga cerveja aí como quem trás oró pra burro!... Estão olhando o quê? Eu tenho dinheiro! - Gritou Aléxis para as mulheres presentes na sala central do "Mina de Couro".
"Mina de Couro" era o mais caro e requintado cabaré de Coruripe, no Estado de Alagoas. Aléxis era um comerciante. Vendia mangalhos e telhas industrializadas no pólo cerâmico do Assú. Naquele dia ele tinha ido entregar trinta mil telhas encomendadas pela cooperativa de Pindorama. A carga foi transportada em um caminhão Mercedes trucado.
Tão logo recebeu o pagamento. Aléxis quitou o frete do veículo e liberou-o. Retornaria à cidade do Assú, no Rio Grande do Norte, onde morava, de ônibus. Logicamente depois de umas boas farras.
Todo entusiasmado, Aléxis jogou sobre a mesa um maço de notas de cinquenta reais atadas com ligas. Quando a putada viu o dinheiro, a animação tomou conta do recinto. Ele rapidamente recolocou o pacote de cédulas em sua boça capanga.
- Meu filho, está estressado? Calma, fique tranquilo... Nós resolveremos seu estresse. - falou uma garota passando o braço sobre o ombro de Aléxis.
- Sua cerveja, bem geladinha. - A garçonete puxou uma cadeira e o convidou a sentar-se. - Deseja mais alguma coisa?
Aléxis estava radiante com o recinto e o atendimento. Observou quando a garçonete se afastava da mesa. Ela usava uma mini-saia de aproximadamente vinte centímetros. Cada passada que dava, mostrava a pequenina calça vermelha de rendas.
Em menos de três minutos, a mesa estava composta por três belas jovens. Uma loira, uma morena e a outra ruiva. O "Mina de Couro" tinha mulher para todos os gostos e gastos.
- Podemos pedir umas doses de Campari, meu tesão? - Perguntou alisando o peito de Aléxis, a loira.
- Se pode? Eu vim aqui pra farrear. Quero beber e comer até dar uma coisa ruim.
A farra se estendeu até à noite. A cidade começava a repousar. Aléxis já estava em estado de putrefação alcoólica. Chamou a garçonete e apontando para a piscina ordenou.
- A partir de agora quero vocês desfilando nuas na beira da piscina. E a primeira será você.
Todas se entreolharam discordando da proposta. A garçonete tomou a palavra.
- Vamos fazer o seguinte: o senhor paga esta primeira despesa e a partir de agora, nós iremos negociar as suas exigências. Aqui quem manda é o freguês.
- Fechado!... Traga a conta, feche as portas dessa espelunca e vamos fazer um bacanal... Cada mulher que desfilar pelada ganha "cin-quen-tinha". - Falou Aléxis, retirando um maço de notas da capanga.
A realização de Aléxis foi plena quando a garçonete tirou a última peça, a calcinha vermelha de rendas, e a passou delicadamente sobre seu rosto. A loira que ele estava a namorar reclamou.
- Deixa de tolices mulher. Acabe com esse ciúme besta, você será a última a desfilar... Quero ver agora na passarela a vermeinha! - Disse Aléxis apontando o dedo indicador em direção à ruíva.
Quando ele acordou, estranhou o recinto. O dia já tinha amanhecido. Olhou para o lado e viu a loira dormindo ao seu lado. Levantou rápido e foi até sua roupa pendurada num cabide no canto do quarto. Abriu a capanga. Restavam-lhe apenas quatro notas de cinquenta reais. Rapidamente, tomou banho, vestiu-se e foi saindo quando viu a voz da "companheira".
- Já vai meu bem? Não se esqueça de deixar meus cem.
- Vá roubar outro abestalhada, rapariga imunda! - esbravejou Aléxis, saindo do quarto apressado. Na rua tomou um táxi com destino a rodoviária.
O vento norte soprava com suavidade as últimas brisas da tarde. A força da luz solar já havia sido quebrada pelo crepúsculo da noite. Madalena sentada na calçada de sua casa, rodeada por cinco crianças, respirava aquele ar agradável. Seu pensamento era em Aléxis, seu marido, havia três dias que tinha saído pelo "meio do mundo" negociando.
- Mamãe, lá vem papai! - Gritou uma das crianças. Madelena olhou rapidamente para a rua sombria. O aspecto maltrapilho de Aléxis dificultou o reconhecimento à primeira vista. Ela levantou, correu ao encontro do esposo que chorava aos soluços.
- O que aconteceu homem de Deus? Você está todo arranhado, sujo, esmolambado, o que houve?
- Madalena, a história é longa. Dê graças a Deus eu estar vivo. O carro que levava a telha virou... Sic... Escapei por pouco. Perdi tudo mulher!
Os meninos abraçaram o pai chorando, enquanto Madalena agradecia de mãos postas o retorno do esposo ao lar. Ela providenciou o banho, colocou mercúrio nos seus leves ferimentos e serviu o jantar.
"Como fui tão imbecil... Como pude arranhar-me com cacos de telha para simular um acidente? Como gastei tanto dinheiro em vão? Como vou viver em paz com minha consciência e minha família? E o dinheiro para voltar a negociar?... Se perguntava Aléxis , recolhido e encolhido em sua rede.
* Ivan Pinheiro é historiador e secretário de Governo da Prefeitura Municipal do Assu.
(texto extraído do livro de sua autoria intitulado "Dez Contos Cem Causos, 2008).
segunda-feira, 11 de maio de 2009
SONETO DO POETA CALDAS
Persigam-te meus beijos e carinhos.
A bênção do amor e o coração da vida,
Sejam de flores teus lindos caminhos...
Estação da luz e estação florida.
Que te comova o fazer dos ninhos
E, em cada rosa de ilusão sentida,
Longe da mágoa e livre dos espinhos,
Palpite a tua imagem reflorida...
Que cante em as noites luminosas,
Dentro em teu seio, o teu sonho, vindo
D'alma das flores do íntimo das rosas...
E que teu nome só de luz imerso,
Um dia seja no meu verso, lindo,
A rica chave do meu triste verso.
Publicado em Almanaque de Pernambuco, para 1909
POESIA
Sobre um alto, no meio do sertão,
Parece uma igrejinha iluminada
para a festa do amor e da ilusão.
Aquela casa, em noite constelada
Ou mesmo em dias quentes de verão
Tem para mim sorrisos de alvorada
E carícias de um terno coração.
Vejo-a sempre cercada de verdura
De borboletas e singelas rosas
Como o reino dourado da ventura.
Vivem nela, a sorrir, sempre vibrando
Duas almasa felizes e ditosas
Como um casal de pássaros cantando.
Júlio Soares
(Poeta do Assu)
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POESIA
Que ao mal nos serve de escudo?
"Fechai os olhos a tudo
Sorrir de tudo no mundo."
Foi esta a receita clara
Que me deu certa vez interrogado
Um homem que tinha achado coisa rara
A ventura neste mundo.
João Lins Caldas
quinta-feira, 7 de maio de 2009
O GRACIOSO CHICO DIAS
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VALE DE LÁGRIMAS
pode ser, acertadamente, classificada como a "região dos contrastes".
Quando não é inverno copioso, com as cheias torturantes, é a seca dizimadora dos rebanhos, provocadora da fome, arrebatando as famílias ao seio bom e sossegado dos lares, arruinadora do comércio e da vida em geral". Afinal, qual é a solução para resolver o problema das enchentes? Será que somente com a Barragem de Oiticica, no leito do Piranhas/Assu (o terceiro maior rio do Nordeste), pode evitar as enchentes no Vale do Assu? A Barragem Ribeiro Gonçalves foi projetada também com o objetivo de evitar as enchentes naquela região! Mas, como "não sou médico para abrir barriga de ninguém", vou ficando por aqui.
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PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...
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Um dos princípios que orientam as decisões que tratam de direito do consumidor é a força obrigatória dos contratos (derivada do conceito de ...
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Uma Casa de Mercado Mercado Público (à direita) - Provavelmente anos vinte (a Praça foi construída em 1932) Pesquisando os alfarrábios da...