quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

SAUDADES DE MARIA EUGÊNIA


Maria Eugênia Maceira Montenegro foi a primeira mulher a fazer parte da Academia Potiguar de Letras. Natural de Lavras, Minas Gerais, e assuense por escolha. No Assu começou a fazer (onde viveu mais de sessenta anos) versos por influência dos poetas daquela terra principalmente do grande bardo João Lins Caldas com quem conviveu na intimidade. Fica a homenagem e a lembrança deste blog. É produção  daquela escritora imortal (que com sua partida para o outro lado deixou o Assu "mais pobre e deserdado de seu talento"), o poema seguinte de tanta verdade:

Minhas mãos são asas.
Taças,
Preces.
Quando anseio a liberdade,
Quando tenho sede de amor, quando minha alma se transforma em dor.

NOTA


cada dia mais nos empolgamos com a força do povo. Pois tenho andado, sentindo. Não tenho dúvidas: o povo faz liderança na hora que quer. E o povo está cada dia mais aprendendo com o sofrimento. Lamento profundamente que a grande imprensa divulgue que Assú só tem um pré-cadidato a deputado estadual. Isso é atropelar a história e a realidade, pois na verdade o Assú tem três pré-candidatos a deputado estadual.
Ao amigo Fernando Caldas (Fanfa). Fanfa li o seu comentário e gostei. Gostei amigo, pois amigo é pra essas coisas. Desculpe pela ausência, realmente foi um lapso de memória. Mas da mesma forma leio o seu blog todos os dias. Pra quem não sabe Fanfa é pré-candidato a deputado federal. E temos outro conterrâneo nosso candidato a Câmara federal Tião de Aurinha. Um pelo PC do B e o outro pelo PPS.

Postado por Juscelino França

CAUSOS

"Memórias Provincianas" é um dos livros do escritor (de minha admiração) Valério Mesquita, publicado em 2004 pela editora "Sebo Vermelho", de Natal. Aquela edição tem prefácio do imortal Iaperi Araújo. Daquele livro, transcrevo quatro estórias referentes a figuras da região do Assu (minha terra natal). Vejamos para o nosso bem estar, adiante:

"01 - Oliveira Júnior era uma figura estimada, escritor e articulista. Escreveu um livro intitulado "Frutos do Meu Pomar", bastante conhecido e lido, na época. Foi relator da Folha da Tarde de Djalma Maranhão e adépto de idéias de João Café Filho.  Seus filhos Guaracy, Queiroz e Paulo Oliveira no tempo de Revolução de Março de 1964 foram detidos pelo arbítrio e alojados nas selas do quartel da Polícia Militar do Estado. Certo dia, foi ao quartel visitar os filhos e ao chegar, ouviu de outro preso político Hélio Vasconcelos, uma saudação inesperada e humorada: "Oliveira, bom dia, venha ver onde estão os frutos do seu pomar".

02 - O meu amigo Edgard Borges Montenegro, ex-deputado, ex-prefeito do Assu, é tido por alguns como "pão duro". Talvez por ter sido, ao longo de sua vida pública, muito assediado pelo povo. Em sua casa de Assu, quando chegava alguém ao portão, perguntando: "Edgarstá?" Lá dentro Edgard resmungava automaticamente: "Nenhum tostão!"

03 - Chico Barreto, aos 77 anos de idade, era brigado com a esposa. Moravam juntos mas não se cumprimentavam. Briga igual só a de judeu com palestino. Mas, nas horas de refeição havia uma trégua esquisita. Para não chamar pelo nome do marido, assim o convoca à mesa: "Xô galinha, xô"! Aí Chico Barreto vinha, sentava e comia. Briga é briga. Senha é senha.

04 - Chico Barreto sempre comparecia aos velórios e enterros em Pendências, mas custumava nunca entrar no cemitério. O fato se tornou notório. Um dia um curioso observador perguntou-lhe: "Chico, por que você não entra no cemitério?" Resposta na ponta da língua: "Porque  quem não é visto não é lembrado".

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

A TRAJÉDIA QUE ENLUTOU O RIO GRANDE DO NORTE

"O mergulho do avião no Rio do Sal levou para o silêncio da morte planos e intenções"


Às 4h15 da manhã do dia 12 de julho de 1951 decolava do aeroporto de Parnamirim o avião Douglas, de prefixo PL - 3 PPLG da LAP - Linhas Aéreas Paulistas com destino ao Rio de Janeiro. A bordo daquela aeronave, o governador potiguar Dix-Sept Rosado que regressava aquela capital carioca com o objetivo de tratar de assuntos políticos e, principalmente, conseguir recursos para "reconstruir o Estado dos efeitos desastrosos da calamidade climática".

Em sua companhia alguns seus auxiliares e amigos como Mário Negócio, Felipe Pegado Cortez, Jacob Wolfson, José Gonçalves de Medeiros, Fernando Tavares [Vem-Vem] e sua esposa Maria Celste Tavares (meus avós maternos), além de Marina Nina de Oliveira e seu filho pequeno, bem como Pedro dos Santos, Agenor Coelho, além dos tripulantes comandante aviador Áureo Miranda, co-piloto José de Souza Neto, o radioperador Eurico Pereira Bendelho e o comissário Sérvulo Duarte Gonçalves, dentre outros.

Aquele avião teria que fazer escala no Recife, Aracajeió. Naquela aeronave viajava também o assuense Majó Manuel de Melo Montenegro que teria desembarcado na capital pernambucana. Do Recife, o avião proseguiu viagem. A próxima escala seria a cidade de Aracaju, antes, porém, de entrar em reta final sobrevoou o rio do Sal daquela capital sergipana para pouso quando segundo informações dos moradores do povoado Sobrado, o avião começou a inclinar as asas, para ouvirem em seguida, o barulho ensurdecedor provocado pela queda da aeronave. O desastre ocorreu precisamente às 8h40 no riacho Calumbi, afluente do rio do Sal. Poucos minutos depois os jornais recebiam notícias da grande trajédia que enlutou o Rio Grande do Norte e Sergipe, conforme informações do Sergipe-Jornal, edição do dia 12 de julho de 1951.

Outra matéria sobre aquele acidente vamos encontrar naquele mesmo jornal datado de 13 de julho daquele mesmo ano. O pesquisador Valderley Ferreira de Matos, de Aracaju, diz que aquele periódico informa que "muitas horas após a trajédia a agência da LAP em Aracaju não sabia informar quais passageiros e tripulantes viajavam e fazia crítica à falta de manutenção da aeronave, dizendo que "avião que cai é avião sem manutenção e com carga acima do limite". Foi, segundo se comentava na época, o excesso de carga a causa daquele episódio que vitimou 28 passageiros e quatro tripulantes.

Aquele pesquisador ainda depõe que naquele acidente "morreram seis membros da família Diniz e três da Sampaio Melo, famílias tradicionais da capital pernambucana, além do sergipano Raimundo Leite Torres, filho de Anízio Fontes Torres, fazendeiro de Estância, interior Sergipano.

Há informações que aquela "aeronave estava sobrecarregada e no limite máximo de passageiros, tudo leva a crê que o comandante fez uma manobra brusca para entrar em reta final do pouso, perdendo, contudo, o controle do avião. Não houve incêndio, como a princípio se pensou. Os corpos das vítimas foram transportados do local do acidente para o Hospital Cirurgia, para serem embalsamados e enviados para os estados de origem."

Os corpos do fazendeiro e comerciante em Açu chamado Fernando Tavares e sua esposa dona Celeste foram identificados pelo médico Samuel, casado com uma assunse que naquela época clinicava em Aracaju. Foi o vigésimo desastre aviatório ocorrido no Brasil.

A propósito daquele acidente, o cancioneiro popular escreveu:

[...]

No dia 12 de julho
Se viu no firmamento
Que o sol resplandecia
Os seus raios pardacento
Como quem dava sinal
Deste acontecimento.

O nosso governador
Jerônimo Dix-Sept-Rosado
Formando uma viagem
A qual tinha projetado
Para o Rio de Janeiro
A benefício do Estado

Em sua companhia
Os seus auxiliares
A interesse do mesmo
Ocupando seus lugares
E junto dr. Jacob,
Sr. Fernando Tavares.

Dona Celeste Tavares
E d. Maria Nina
E seu filhinho querido
Nesta hora matutina
Sandoval, Pedro dos Santos
Que tiveram curta sina

Sr. Agenor Coelho,
Seguia neste transporte;
Foram 12 companheiros
Do Rio Grande do Norte.
Sem pensar que neste dia
Fosse pouco a sua sorte

As 4 horas e 15
Todos eles embarcaram
Num avião da LAP
Conforme se combinaram
Sem menor perda de tempo
No aparelho voaram.

Todos bem regozijados
Regressando da cidade
Pra fazerem a viagem
Com Paz e felicidade
Não julgavam nem por sonho
Na triste fatalidade.

O rifão tem um ditado
Que o provérbio nos diz
Que jamais se sabe a hora
De alguém está feliz
Quando a gente não esperava
Chegar o momento infeliz

Todos eles satisfeitos
Em uma só harmonia
Exceto Vem-Vem
Que viajar não queria
Como quem advinhava
Seu coração lhe dizia.

Muita gente de Açu
As vezes lhe perguntava
Para o Rio de Janeiro
Quando ele viajava
Ele dizia que esta
Viagem muito receava

Porém Dix-Sept chamo-o
Como seu maior amigo
Para conhecer o Rio
Em companhia consigo
Não julgando que eles fossem
Vítima deste perigo.

E provou que era amigo
Até o último transporte
Muito embora neste dia
Tivesse mesquinha sorte
Porém provando que era
Amigo de vida e morte.

fernando.caldas@bol.com.br

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

PPS - RN


Partido Popular Socialista (naquela agrmiação partidária sou filiado desde o ano de 2000) partido pelo qual fui candidato a vereador de Natal nas eleições de 2008. Agora, sou candidato a candidato a deputado federal, carregando no meu currículo a experiência legislativa e ter execido importantes cargos públicos no Governono e na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte, além de ter sido com muita honra vereador por um longo peródo e presidente da Câmara Municipal do Assu. Fica o registro.

ASSU AÉRIO


CARRO DE LATA


Do blog de Francisco Martins (Mané beradeiro). Vale a pena conferir o seu blog.

domingo, 10 de janeiro de 2010

ASSU ANTIGO


RESGATE DE UMA "MEMÓRIA ASSUENSE"

(Transcrevo abaixo, o importante artigo escrito pela professora Terezinha de Queiroz Aranha no "Jornal da Colônia Assuense, edição de março de 1995, sobre o Assu e região do Baixo Assu. Vejamos adiante):

"Na hora em que se mobilizam pessoas e instituições para festejar um século e meio de emancipação da Cidade de Assu e sugere-se a sistemátização de uma memória assuense é bom que divulguemos o que já vem sendo feito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte através do Projeto de Trabalho Vale do Assu.
Entendendo que uma Memória não deverá se restringir apenas a edição de textos, o grupo de trabalho responsável, resolveu como passo inicial, dar um enfoque especial à coleta e armazenamento da documentação existente sobre a região, espalhada por diversas entidades do Estado.
Resultante desse esforço de coleta, a "Coleção Documental" já conta com uma organização preliminar que agrupa seu acervo, nos seguintes itens:
- Produção jornalística, de escritores, cronistas e poetas;
- Recursos hídricos existentes (barragem, açudes e lagoas);
- a política de irrigação no Vale do Assu;
- recursos naturais (sal, carnaúba, petróleo, cerâmica, etc.);
- sistema econômico do Vale;
- esforço acadêmico empreendido por alunos e professores de Universidades locais e nacionais através de atividades tais como artigos em periódicios, monografias, projetos de pesquisa, dissertações de mestrado. Desse esforço acadêmico sobre o Vale do Assu já foram referenciados duzentos e vinte títulos.
A edição de textos foi iniciada com sete títulos, lançados em outubro de 1993, na cidade de Assu, e que se refere: ao estudo da Lagoa do Piató, ao desemprego na região de Macau, ocorrido pela modernização do parque salineiro; à parceria na agricultura irrigada; às alternativas tecnológicas para a cera de carnaúba; à história do autoristarismo e resistência que envolveu a implantação do Projeto Baixo Assu e finalmente a biografia e produção de vinte e um anos da vida do jornalista Osvaldo Amorim.
Na linha de biografias de pessoas da região, estamos concluindo o estudo sobre Manoel Rodrigues de Melo, escritor que imortalizou pelos livros que fez sobre paisagens, tipos e costumes do Vale do Assu, e que deverá ser lançado ao público possivelmente até meados de junho.
Afora esse trabalho que registra quase setenta anos de produção do autor e informes sobre ele (1926-1995), contamos com a sua mais recente produção "Memória do Livro Potiguar - apontamentos para uma bibliografia necessária", editada pela Editora Universitária e lançado ao público em 28/12/94.
Essa Memória, que arrola 1.005 verbetes, correspondente a produção de trezentos autores, abrangendo o período limite de 1870-1971, decorreu de uma exposição feita por Manoel Rodrigues de Melo quando dirigia a Academia Norte-rio-grandense de Letras. Sobre a finalidade dessa memória é ele mesmo que informa na apresentação original: "esse catálogo tem uma finalidade facilmente compreensível; arrolar a bibliografia norte-rio-grandense dispersa e muitas vezes perdidas, torná-la conhecidoa de leigos e especialistas e fixá-la para sempre num compêndio de fácil manuseio pelos interessados na matéria".
Dessa grande lição dada por esse varziano do Assu aos estudiosos e pesquisadores da bibliografia estadual, feita numa época em que os recursos da informática não chegavam até ele, resta um largo caminho a ser seguido pelos pesquisadores interessados no levantamento de novos títulos sobre temáticas do Rio Grande do Norte e suas diversas regiões entre as quais se inclui o Vale do Assu.
Sabendo que o resgate de uma Memória a ser localizada em Museus ou Centros de Documentação Histórica não se limita ao trabalho realizado até agora dentro da UFRN, pelo Núcleo da Seca, que precisava de inicio estimular a participação da comunidade assuense, é que partimos para interessar a Universidade Regional do Estado a se incorporar  ao nosso esforço no sentido de criar e implantar no Campus Avançado de Assu um Centro de Pesquisa e Documentação Histórica, capaz não só de realizar projetos de pesquisas mas também mobilizar a participação de assuenses/varzianos que vivendo fora da vida universitária se interesse pelo assunto.
A partir de um trabalho que já vinha sendo desenvolvido, pela UFRN, essas novas intenções foram respaldadas pela Reitoria da Universidade Regional de Mossoró, que no dia 22 de julho de 1994, assinou convênio com o Reitor da UFRN, visando subsidiar e acompanhar o Núcleo de Informação e Documentação Histórica do Vale do Assu, com o apoio do Núcleo Temático da Seca, da UFRN, e realizar em conjunto um projeto coletivo de pesquisa envolvendo diversos aspectos do Vale do Assu.
Com esse Convênio pretende-se dinimizar uma ação investigativa que engaje professores e alunos dos diversos Departamentos que funcionam o Campus Avançado de Assu.
Não resta dúvidas que avançamos um pouco nesse trabalho conjunto. Debates e cursos de pesquisas já foram realizados. Espera-se com isso tornar mais curto o caminho de quem deseja participar conosco dessa tarefa. Entendemos porém que foram passos iniciais.
O que desejamos com o Núcleo de Informação e Pesquisa Histórica do Vale do Assu é disseminar entre As Escolas da região, não só a impórtância da utilização desse resgate  bibliográfico, mas integrá-las nos esforços de transformação dese Centro Histórico num verdadeiro "laboratório de interrogações" sobre o passado da população que habitou essa região e que também seja capaz de assegurar um conhecimento do seu presente notadamente das mudanças que o processo de modernização do parque salineiro de Macau e da agricultura troxeram, para o homem que vive, trabalha e sonha no Vale do Assu e na sua região salineira."


Terezinha de Queiroz Aranha

fernanado.caldas@bol.com.br

POESIA RELIGIOSA


                                                                     Arte: Lúcia Caldas

SENHOR JESUS

Senhor Jesus, abrange a minha vida para tirá-la de todos os pecados
Dá-me das tuas mãos, com os cravos dolorosos
A benção eterna do Teu nome.

Mas senhor, se fora de mim eu não conheço felicidade,
Se a minha felicidade se distancia de todos os outros pólos consagrados,

E a minha felicidade é, única, a minha felicidade,
Morta a minha felicidade,
Morta a minha felicidade, já que os assassinos m'a mataram,
Tu, Senhor, para me ressuscitares a minha felicidade?

Eu convenci-me, Senhor, que fora das nossas há outras estradas,
Sadias aos nossos pensamentos, vivas às nossas verdades...
Ah! Senhor, a minha única verdade
A verdade única do meu pensamento.

Mas Tu, Senhor, da tua força podes talvez também me dar a única verdade.


João Lins Caldas

fernando.caldas@bol.com.br

sábado, 9 de janeiro de 2010

VAQUEJADA


Arte: Lúcia Caldas - Lúcia é filha do assuense (primeiro filho do Assu a se formar em engenharia civil) Raul de Sena Caldas, que regressou ao Rio de Janeiro no início da década de trinta, onde veio a falecer. Ela é natural do Rio de Janeiro onde reside atualmente.

DO POETA CALDAS

- De todas as glórias?
- A literária.
- Das literárias?
- A poética.

João Lins Caldas 

fernando.caldas@bol.com.br

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

SAI 'FOLIODUTO', ENTRA 'FABIODUTO'

Por Paulo Sérgio Martins, jornalista.

Parece até que o "capitão" Rodrigues Neto está fazendo escola. Questionado recentemente por um repórter Novo Jornal, o presidente da Fundação Capitania das Artes disparou que estava "cagando e andando" para os eventuais críticos de sua controvertida maneira de gerir a coisa pública. A partir daí a coisa desandou a feder e parece ter contaminado consideravel parte do borboletário verde da prefeita Micarla de Sousa.
Outra razão não há que justifique o escandaloso fato de a Prefeitura do Natal ter que desembolsar a "módica" quantia de R$ 221 mil pela apresentação do padre-cantor Fábio de Melo, na noite véspera do Natal, no estádio Machadão. Só para se ter uma ideia, o último show do cantor Roberto Carlos na cidade, este ano, custou à iniciativa privada a bagatela de R$ 150 mil. E olha que ele desembarcou aqui de "aero-rei" trazendo consigo todo o equipamento, pessoal de apoio e músicos, a hospedagem já incluída.
Em sua coluna na Tribuna do Norte, ontem, o jornalista Wodem Madruga - a pretexto de comentar o futebol - abriu um generoso parêntese para o momentoso assunto: "E por falar em futebol, o padre Fábio de Melo é o craque da semana. Cracão. Faturou, por menos de uma hora no Machadão, 221 mil reais. Dinheiro bancado pela Prefeitura de Natal, que tem saco maior que o de papai noel. Tardinha de ontem na calçada do Cova da Onça, mestre Gaspar fazia comparações:
- Adriano, o Imperador do Flamengo, tem salário mensal de 400 mil reais, apontado como o mais alto do futebol carioca e um dos maiores do país. Para botar toda essa grana no bolso, Adriano tem que jogar duas vezes por semana ou oito por mês. Isso quer dizer exatamente que cada vez que joga (e são 90 minutos com intervalo de 15) Adriano recebe 50 mil paus. O padre Fábio não cantou mais de 50 minutos e o seu cachê foi de 221 mil reais. Adriano bota no Maracanâ 80 mil pessoas; padre Fábio não conseguiu atrair ao Machadão nem 15 mil."
Batizado pelos internautas de "Fabioduto", o indecoroso cachê tem rendido para a verve popular até mais que as chuvas para o próprio Madruga, um incorrigivel perseguidor das nuvens. Observador atento de nossas mazelas culturais e políticas, o poeta Laélio Ferreira registrou o lamentável episódio em forma de versos sem medo de ser feliz:

Nas Boas-Festas abunda
a fama do sacerdote...
- O bonitão come brote,
Arranjou-se uma barafunda
e a coisa foi engrossando:
muito dinheiro rolando,
muita conversa-fiada...
- Proteja a traseira amada,
Padre Fábio está chegando!

O sacolejo natalino natalino da batina mais alegre e dispendiosa do Brasil tem rendido que não acaba mais. Na blogosfera, então, nem se fala. A começar pelo jornalista Ricardo Noblat, que traçou um comparativo dos mais altos cachês cobrados pelo shoow-business brasileiro e lançou desafio: "Você entregaria sua alma aos cuidados do padre Fábio?"  Nem foi preciso responder. O borboletário verde ficou numa agitação que só vendo. Mas o lugar mais apropriado para quem quer inteirar-se do assunto, todavia, continua sendo o blog da jornalista Laurita Arruda Câmara.
Transformada involuntariamente no principal holofote do "Fabioduto", a titular do Território Livre foi publicamente desancada pelo bad boy Eugênio Bezerra, o controvertido "assessor especial" da prefeita Micarla de Sousa. Ele ameaçou detonar de seu twitter um suposto "babado forte" envolvendo a vida privada da moça, caso ela não parasse de abordar o escândolo, mas terminou por confirmar o adágio popular de que "cão que ladra não morde". Acovardou-se diante de enorme repercussão negativa da ameaça que fizera e que originou toda a polêmica.
Do blog de Laurita, aliás, extrai-se um comentário de fatura especulativa mas não menos interessante. Sobrescrito pelo internauta Elves Alves, eis o seu inteiro teor:
"Tá no prelo da Gráfica Manimbu, da Fundação José Augusto, um cordel curiosamente intitulado "A facada do padre e a cagada do capitão". (Grifo nosso) Uns especulam que trata-se do escândalo natalino conhecido como "Fabioduto", ou seja, o cachê escorchante de R$ 221 mil cobrado pelo padre Fábio de Melo à prefeitura de Natal; outros dizem que é sobre a doutrina filosófica ("Filosofia da vaca") instaurada pelo presidente da Capitania das Artes, o impávido "capitão" Rodrigues Neto, que disse estar "cagando e andando" para eventuais criticos de sua glamurosa gestão. Pelo sim, pelo não, prefiro apostar nas duas hipóteses, menos que o autor da obra venha a ser o cordelista Crispiniano Neto, presidente da FJA. Assim já seria demais, né...?
Ora, se é.
Incontinência fecal à parte, o "Fabioduto" tem lá a sua parte positiva. Na tentativa desesperada de represar a sua repercussão, fazendo valer até mesmo ameaças veladas e intimidações anacrônicas, os debochados mandarins do Palácio Felipe Camarão terminaram por revelar que, pelo menos na seara cultural, o seu modulos operandi é idêntico ao do Governo do Estado: secreto e guardado a sete chaves. Realmente é um governo que, se "andando" está, é num passo quase imperceptível, mas que está "cagando" copiosamente, disso não resta a menor dúvida.

Obs: O artigo transcrito acima fora remetido para este blog no dia 30 de dezembro último. O autor deste blog pede desculpa ao jornalista Paulo Sérgio Martins por não ter publicado na data enviada. Mas nunca é tarde para postar um artigo de boa qualidade como os que Paulo escreve. 

sábado, 2 de janeiro de 2010

SOBRE LIMA CAMPOS

Lima Campos um dos grandes nomes da literatura brasileira, conviveu na intimidade com o grande vate potiguar João Lins Caldas no seu tempo de Rio de Janeiro (1912-33). Ele se conheceram na afamada liraria Garnier, que ficava na Rua do Ouvidor, Centro daquela terra carioca. Aquela livraria já era naquele tempo o ponte de convergência da intelectualidade brasiliera. O escritor Campos sentindo que a morte lhe chegara (me contou a escritora Maria Eugênia que convivia diariamente com o poeta Caldas) teria lembrado e dito algo em referência a Caldas que um dia, saudos, escreveu em homenagem a memória daquele grande amigo, dizendo em forma de poema, de tal modo:

Quando na história do mundo se falar no que foi uma grande amizade
- Eu não sei o que foi a hitória do mundo mas sei o que foi uma grande amizade -
E a alma de César da Câmara de Lima Campos há de brilhar e florescer como talvez nenhuma outra alma no mundo.

Conta-se que quando Caldas comentava o seu relacionamento com Lima Campos embargava a voz com lágrimas nos olhos.

fernando.caldas@bol.com.br

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

POEIRA DO CÉU

Poeira do céu é a segunda antologia póstuma do grande poeta potiguar João Lins Caldas editado pela EDUFRN, com organização, introdução e notas da professora de literatura Cássia de Fátima Matos dos Santos. Ao comparecer O lançamento no Museu Câmara Cascudo, em Natal, no última dia onze, recebi daquela professora um exemplar daquela coletânea com a seguinte dedicatória: "Para o Sr. Fernando Caldas, por sua incansável luta para fazer viva a poesia do nosso querido João Lins Caldas. Um abraço.
Nesta oportunidade quero agradecer aquela professora pela citação do meu nome que ela registra na sua apresentação, dizendo assim: (...) agradecemos ainda aos familiares do poeta, como Fernando Caldas, primo e admirador de João Lins, que também nos forneceu material para a pesquisa (...).
Aquela coletânea que, sem dúvida, engrandece as letras potiguares vamos encontrar belos sonetos, poema de diversos estilos e temas.

Num dia em que fui a verdade
E em que fui a beleza
E em que com os astros do céu fui todos os astros do céu,
Andava de braços dados
De um lado a verdade
De um lado a beleza
E ao lado comigo todos os astros do céu.

E esse outro:

Eu me acerquei do palácio que eram comigo o encanto e o prazer de todas as fadas.
Todas as rotas iluminadas
Todas as estradas iluminadas
Eu via comigo o rosto azul de todas as fadas.
Eu penetrei o palácio em que eram comigo todas as alegrias e todas as alvoradas.
Em que eram, comigo, as alvoradas comigo,
Em que eram comigo todas as estradas...

Eu habitei comigo o palácio azul das alvoradas e das fadas...
De todas as alvoradas
E das fadas
De todas as amadas...

Eu habitei todas as alvoradas e as amadas todas comigo...
Eu habitei todas as alvoradas,
Todas as amadas,
Todas as fadas...

Mas não habitei nunca em verdade comigo...
Não habitei nunca, em verdade, é verdade,
Nunca habitei comigo...

Eu estava só e só perpetuamente a minha soledade...
Eu via o céu azul, eu via o céu profundo de todas as alvoradas,
Eu via as estradas
Todas as fadas
Mas nenhuma das amadas, nenhuma das fadas estava mesmo comigo...
Eu estava só, na solidão azul de todas as estradas....

fernando.caldas@bol.com.br

OSVALDO AMORIM

(A propósito do falecimento do saudoso jornalista Osvaldo Amorim em 16 de junho de 1971 o jornalzinho intitulado O Vaqueiro editado por um grupo de jovens inteligentes assuenses durante os festejos (novenário) do padroeira do Assu São João Batista, o escritor Francisco Amorim (primo de Osvaldinho como ele era mais conhecido) escreveu naquele periódico, edição de 20 de junho daquele ano, o que transcrevo adiante:

"É com imensa tristeza que registramos o falecimento de Osvaldo Amorim, ocorrido às 6.45, de 16 do mês em curso, no Hospital Barão de Lucena, em Recife, onde se encontrava, aos cuidados de especialistas, na esperança de recuperação do seu estado de saúde, últimamente abalado.
Se bem que esperada, dada a gravidade da moléstia, a notícia da sua morte repecutiu melencolicamente em meio da sociedade açuense, habituada a sentir na sua atividade, na sua movimentação, o estímulo e orientação para o grangeio de benefícios para a sua terra e para a sua gente.
Profundo conhecedor dos problemas rurais, estudioso das necessidas do meio rurícola, a sua constância se dirigia no sentido de desenvolver, acionar e multiplicar os instrumentos que se faziam precisos para que o homem do campo tivesse a assistência e, sobretudo, a educação agropecuária, fatores primordiais para o nosso desenvolvimento.
Daí, ninguém avaliar as dimensões que o vazio do seu desaparecimento causou, não só a sua família, à terra do seu nascimento, como à própria região do Baixo Açu.
Secretário da Comissão de Desenvolvimento do Vale do Açu (CODEVA) a sua agilidade intelectual, o seu dinanismo congênito, estiveram ao serviço do aprimoramento, não somente no setor da agricultura mas, também, no domínio educacional.
Presidente, por mais de um período, da Associação Comercial, Presidente do Lions Clube do Açu, Assessosr do Lions Internacional para Assuntos do Desenvolvimento do Nordeste, soube sempre desempenhar a contento as funções que foram atribuídas, gozando, pela eficiência no agir, a confiança e o prestígio que, antes de constituir vaidade, recebia as deferências como um prêmio ao seu desinteressado e altruístico labor.
Após a missa de corpo presente, na manhã seguinte, realizou-se o seu sepultamento. Incalculável multidão compareceu. Delegações de todos os estabelecimentos de ensino, com o seu pavilhão à frente estiveram presentes. À beira do túmulo usaram da palavra dr. Edgard Montenegro, em nome do Sr. Governador do Estado, da CODEVA e das Associações Comerciais de Açu e Natal; nosso companheiro Geraldo Dantas, em nome dos que fazem a poesia açuense; dr. Cascudo Rodrigues em nome da Universidade Regional do Rio Grande do Norte; dr. José Mariano, em nome do Instituto Pe. Ibiapina e do Centro Operário Açuense, e, por último, o professor José Anchieta, agradecendo em nome da família as palavras dos oradores. Sobre o seu ataúde via-se a bandeira do Lions Clube local, além de muitas grinaldas e coroas de flores em sua memória."

Em tempo: Transcrevo ainda um soneto de autoria do poeta Renato Caldas em homenagem a memória de Osvaldo Amorim intitulado O Sol, que diz assim:

Não se apaga do sol a realeza.
O sol é luz, é força e inteligência.
Ninguém pode ir de encontro á natureza.
Devemos nos curvar à providência.

Por que não respeitar essa beleza
Na hora triste da coincidência,
Se nós temos, da vida, uma incerteza
Nos momentos ditosos da existência?

Osvaldo foi na terra um operário
Que muito trabalhou conscientemente
Sem pensar na vileza do salário.

Sol que brilhou em sua trajetória
E há de ficar brilhando eternamente
Na beleza do céu da nossa história.

fernando.caldas@bol.com.br

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

SEGREDO

Conta-se que na cidade de Parelhas, região do Seridó (RN) tinha um senhor chamado Manuel Vigílio do Nascimento que em 1967 já passava dos seus bons 80 anos de idade. Ele  tinha o privilégio de ser amigo íntimo de Monsenhor Walfredo Gurgel que naquela época governava o Rio Grande do Norte. Aquele governador ao ver o velho amigo pelas ruas de Parelhas acompanhao de umas vinte crianças, indagou-lhe: "Manuel, e esses meninos são seus netos?" "Não, compadre! São meus filhos!" Para surpreza daquele governante. E Manuel sertanejo de fibra longa disse ainda, risonho: "O segredo é treinar, né, governador!"


fernando.caldas@bol.com.br
Fernando "Fanfa" Caldas - 84.99913671

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

AMÉRICA DE NATAL - FUTEBOL DE SALÃO


Fotografia do time do América que participou e ganhou o primeiro campeonato de futebol de Salão (Taça Brasil de Fuitebol de Salão. Dois filhos do Assu fizeram parte daquela agremiação futebolística. Mais uma prova como diz o jornalista assuense Auideri Dantas: "O Assu é +". São eles Francica de Souza Junior (Juninho de Chico de Ernesto) agachado, o segundo da direita para esquerda e Edval Germano Martins (goleiro) o segundo da direita para esquerda. Juninhoátualmente é advogado e Edval atualmente é presidente em exercício da COPHAB. Aquele campeonato foi realizado em 1968, em Santa Catarina.
Dê um clique para melhor visualizar a imagem.

fernando.caldas@bol.com.br

domingo, 13 de dezembro de 2009

POESIA


VOLÚPIA

Eu fui pertubar teu sono. Despertar a carne da tua mocidade.
Desgrenhar teu cabelo, dar febre ao teu sangue.
Perdoa, pela minha mocidade.`Pela tua mocidade.
O lençol revolvido,
O travesseiro molhado...
Se houve a tua a tremer, a minha cama na noite não soube também o que era ter sono.

João Lins Caldas
(Do livro Poeira do Céu, EDFURN, org. Cássia Matos, 2009). 

fernando.caldas@bol.com.br

EU...TU Eu sou doçura, Mas o mel és tu A imagem é minha, Mas a cor é dada por ti A flor sou eu, Mas tu és a fragrância Eu sou felicidade, Ma...