quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

SE LAMPIÃO FOSSE VIVO...

Minervino Wanderley*

Folheando a revista IstoÉ, de 10.11.2010, p. 72, uma matéria chamou-me a atenção. Assinada por Wilson Aquino, tem o seguinte título: “A influência estética de Lampião”. No texto, Aquino quase que chega chamar Capitão Virgulino de gay. Vejamos alguns trechos:

l “Mas quando não estava praticando crimes, o cangaceiro se atracava com agulhas e linhas para costurar e bordar, lindamente, roupas e lenços que usava ao estilo Jacques Leclair.”

l “Ele não era apenas o executor do bordado. Era também um estilista.”

l “FRESCURAS NO CANGAÇO. O lenço dos cangaceiros era feito de seda inglesa ou de tafetá francês. A jabiraca de Lampião era em seda vermelha e contava com 30 alianças de ouro.”

l “Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião (até hoje constantemente revisitado pela indústria fashion) certamente teria tido uma carreira brilhante.”

Durma-se com um barulho desses. Esse camarada não sabe que Lampião era tão hábil com a espingarda que conseguia dar tantos tiros consecutivos que clareavam a noite. Por isso, Lampião.

Se essa figura dissesse essas coisas há 80 anos ele iria ver que o Capitão Virgulino costurava mesmo era com uma 44 Papo Amarelo.

Aquino com certeza não conhece a história da quadrilha junina que o Capitão organizou numa fazenda e que seu bisavô (De Aquino) participou. Só que esse fuzuê, além de ter Lampião como marcador, era diferente num aspecto: todo mundo nuzinho. Agora, quem conta a história é um dos participantes dessa “festa”:

- O Capitão mandou fazer as fileiras e mandou todo mundo tirar a roupa. Ordem rapidamente obedecida. No meio da quadrilha, Lampião gritou:

- Todo mundo com um dedo na boca e outro “lá” (vocês sabem aonde). Ordem imediatamente obedecida. - Daqui a pouco ele disse:
- Trocar de dedo! O dedo que tava na boca vai pra “lá” e o outro vai pra boca.
Foi aí que o bisavô de Aquino caiu na besteira de dizer:
- Mas isso, Capitão?
O Capitão deu um olhar de matar cobra venenosa e gritou:
- Isso o quê, cabra?
O camarada afroxou e, gemendo, disse:
- Isso é bom demais, Capitão!

Esse recado é pra você, Wilson Aquino.

*Jornalista

(Do blog de Leonardo Sodré)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

SER TÉCNICO, SER POLÍTICO OU SER HUMANO?

Públio José – jornalista

(publiojose@gmail.com)

Temos lido e ouvido muitas besteiras atualmente. Uma delas expõe ocupantes de cargos públicos a uma classificação entre técnicos e políticos. Por esse raciocínio, o agente público só pode ser ou uma coisa ou outra. Para mim, além de pobre, esse conceito é um desrespeito à capacidade intelectual dos homens públicos. Fico também perplexo como uma mera análise feita por certos “expert’s” a respeito do desempenho, da aptidão do homem público de administrar segundo um modo duro, retilíneo, científico ou maleável, flexível, termina como obra acabada, irrespondível. Cataloga-se um (o técnico), como insensível, capaz de cometer verdadeiras aberrações contra o social, enquanto o outro é bonachão, tem experiência no contato com o povo ou é irresponsável demais no gastar para atender os reclamos dos mais necessitados.

O primeiro administra seguindo uma rígida linha orçamentária, enquanto o segundo tem uma capacidade maior de improvisação, de “jogo de cintura” para cometer deslizes que justifiquem a defesa do social. Isso tudo é uma arrematada tolice. Aliás, no mundo político, tem coisas distorcidas colocadas como retas, assuntos discutíveis postos como incontestáveis – e grandes besteiras aceitas como fato consumado. Essa história de ocupante de cargo público ser técnico ou político é uma delas. Primeiramente, porque conhecemos muitos homens de grande conhecimento técnico se havendo muito bem como políticos, enquanto grandes políticos se transformaram em verdadeiras enciclopédias de conhecimentos técnicos, dignos, portanto, de causar inveja tanto a uns quanto a outros.

O interessante é ter de se assistir, diante dessa realidade de coisa imposta, o clamor, o brado, a exigência de boa parcela da mídia, de correligionários, de gente com interesses contrariados, pressionando o administrador público a fazer mudanças urgentes em sua equipe, “pois o ministério (ou o secretariado) está excessivamente técnico ou excessivamente político”. Desconhece-se, assim, a capacidade de adaptação desses profissionais, muitos deles experientes, lastreados, perfeitamente capacitados a exercer cargo público e a se amoldar a circunstâncias adversas. Dessa maneira, pessoas sérias, bem intencionadas são dadas como duronas, insensíveis, enquanto políticos com boa carga de conhecimentos são tidos como irresponsáveis a sangrar o orçamento público.

Na verdade existem outros interesses por trás disso tudo. E nesse afã, nessa ânsia de levar vantagem, pessoas são envolvidas e manipuladas para que, através da veiculação de conceitos enganosos, grupos e blocos políticos possam concretizar desejos às vezes escusos, que nem podem ser publicamente expostos. Quando um profissional é catalogado como técnico é porque maquinações outras querem expô-lo publicamente dessa forma, com o intuito de enfraquecê-lo e cuspi-lo do poder. Para que? Para abrir o cofre e promover ações lastreadas por verbas que, com toda certeza, vão beneficiar o bolso de alguém. Da mesma forma, quando se exige um técnico para um cargo, em detrimento de um político, é com o desejo de fechar a torneira que está forrando o bolso de um concorrente.

E qual a saída? Se este conceito é furado, enganoso, qual o verdadeiro? Lembro-me agora que Lula, no início do período de transição, declarou querer ministros e auxiliares que não fossem homens voltados simplesmente para enxergar números. Ressaltou que queria “ministros com sentimentos”. Lula não usou a palavra correta para definir o perfil de seus auxiliares, talvez até por falta de costume. Na verdade, o que ele queria dizer é que no seu governo esperava ter ao seu lado homens humanos, feitos de carne, pessoas dotadas da capacidade de sentir o clamor, o odor, o cheiro, as aspirações das massas. Lembra-se de Figueiredo quando disse que preferia o “cheiro de cavalo ao cheiro de povo?”. Aí está a grande questão. O Brasil – e por extensão todas as unidades da federação – está precisando de homens, sejam técnicos ou políticos, com ideais, visão e anseios emanados do povo.

O que o povo quer? O que o povo deseja? Ponha-se isso na máquina de pesquisa, planejamento e execução do governo que a resposta será diferente. Entretanto, anos, décadas e séculos se passam e os nossos governantes estão sempre na contramão das aspirações do povo. O que se quer, na verdade, são pessoas que não se desgarrem do “modus operandi” das ruas, das fábricas, das casas mais humildes, dos bairros mais pobres, dos rincões mais distantes. Agentes públicos que não percam o contato com o pedido de socorro dos violentados, dos desempregados, dos desdentados, dos que não têm mais a quem apelar. Ficar apontando se este ou aquele é técnico ou político é uma questão de somenos importância, além de deixar o debate num plano muito superficial. Ser humano, ter sentimentos, sofrer, chorar, se contaminar, se contagiar com as dores dos mais humildes – eis a questão. Vamos mudar de conceito?

QUANDO O NATAL ACONTECE...

*Por Rômulo Gomes

É natal quando duas mãos se tocam sinceramente.
É natal quando respeitamos os limites do outro.
É natal quando agradecemos por nossa existência.
É natal quando deitamos a cabeça no travesseiro e dormimos em paz.
É natal quando acreditamos que podemos vencer.
É natal quando abraçamos nossos pais, pedimos a bênção a nossos avós.
É natal quando uma criança sorri pela primeira vez.
É natal quando soltamos pipa e pulamos amarelinha no quintal.
É natal quando perdoamos e pedimos desculpas.
É natal quando fazemos o bem, seja a quem for.
É natal quando nos colocamos no lugar do outro.
É natal quando os preconceitos são derrubados.
É natal quando enfrentamos nossos medos.
É natal quando levantamos da queda.
É natal quando caminhamos na praia, mesmo que de sapato.
É natal quando amamos e somos amados verdadeiramente.
É natal quando celebramos a vida, seja com um bolo ou com uma gargalhada descompromissada.
O natal acontece em nós, e não para nós.

*Rômulo Gomes é poeta, estudante universitário da UERN

PROGRAMA NEGÓCIO CERTO RURAL É ENCERRADO COM SUCESSO EM LAGES

No último sábado (18) a cidade de Lajes, localizada na Região Central do estado, observou os bons números obtidos da parceria formada pela prefeitura, Sebrae, Sistema Faern/Senar e Sindicato Rural na condução do Programa Negócio Certo Rural, que capacitou no município cerca de 30 pessoas de 25 propriedades rurais. A turma formada no programa teve aulas ministradas pelos educadores do Senar, Canindé e Teresa Marcelina e finalizaram seus trabalhos na Escola Municipal Monsenhor Vicente de Paula.

De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Lajes, César Militão, a idéia do programa é apresentar conteúdos básicos que auxiliarão os alunos na melhoria de negócios já existentes ou abertura de novos projetos. “Com uma carga horária de 36 horas, o Programa Negócio Certo Rural ajudou ao pequeno produtor a realizar o diagnóstico de sua propriedade, discutindo e viabilizando idéias de futuros negócios. Tudo isso, implementando ações logísticas”, ressaltou Militão.

O evento contou com a presença do prefeito de Lajes, Benes Leocádio e os vereadores Clóvis Vale e Gilson Nunes. Na oportunidade, o prefeito parabenizou todos os participantes do curso e o Sindicato Rural pelo excelente trabalho.

Turmas

As turmas do Negócio Certo Rural são formadas por produtores rurais e filhos de agricultores familiares com idade de 16 a 35 anos que cumprem as cinco etapas do programa, que são: encontrar uma idéia de negócio, verificar sua viabilidade, formalizá-lo, organizá-lo e administrá-lo e promover o relacionamento com o mercado. Tudo isso, contando com todas as orientações dos educadores do Senar.

De acordo com o presidente do Sistema Faern/Senar, José Álvares Vieira, o Programa Negócio Certo Rural é uma forma de ampliar o horizonte desses produtores no que toca as questões de mercado. “Faltava um meio de motivar os pequenos produtores para revitalizar suas propriedades rurais ou descobrir os empreendimentos viáveis que estão ao seu alcance. Com o projeto, essas novas portas serão abertas”, finalizou Vieira.

Com reportagem de Paulo Correia
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Postado por Fernando Caldas

NATAIS EM NATAL

                                              marcelo barroso
Publicação: 17 de Dezembro de 2010 às 00:00imprimircomentarenviar por e-emailreportar erroscompartilhartamanho do texto A+ A-

Tem presente pra todo mundo em 2010. Pelo menos quando o assunto é entretenimento cultural gratuito no Natal da capital potiguar. Programações de diversos estilos e atrações já ganharam as ruas desde o começo do mês, adicionando música e arte às luzes da cidade.

marcelo barroso

Tracional Auto do Natal estreia terça-feira, desta vez com direção de Diana FontesO Natal em Natal, projeto da prefeitura municipal e Capitania das Artes, divide suas programações entre Mirassol e Panatis, culminando em breve com o Auto e o Cortejo de Natal, repleto de cores e shows; em paralelo, surgiu este ano o Baixo de Natal, iniciativa de artistas, escritores e jornalistas que apresentam novas opções para o circuito natalino. O Baixo de Natal estrou quarta-feira e segue durante todo o fim de semana. A caixa do presente está convidativa; basta abrir.

A programação do Natal em Natal, bastante tradicional na cidade, está das mais ecléticas – seja aos pés da nova árvore de Natal, em Mirassol, ou na área de lazer do Panatis. Respeito à diversidade é o mote do “Cantos de Natal”. “A gente quer que todo mundo tenha espaço e as coisas aconteçam. Juntamos tudo, sem preconceito: brega, MPB, corais, jazz, gospel, regional, pop, rock e reggae. Coisas diferentes não precisam se anular”, explica Marcílio Amorim, um dos coordenadores da programação.

Jesus in Concert

O destaque do “Cantos de Natal” em Mirassol é o festival “Jesus in Concert”, que vai apresentar artistas do circuito gospel sexta e sábado, a partir das 18h. Hoje, tem atrações como Banda Rios, Bálsamo de Gileade, Pequeno Planeta, Cleide Bez e banda, e grupos de teatro; no sábado, o destaque será a banda americana Christafari: criada em 1990 pelo músico e ministro religioso Mark Mohr, o grupo difunde a mensagem cristã através da música dos rastafaris, pondo o gospel na levada reggae. O show será às 20h30. No domingo, terá mamulengo (Genildo Mateus), Lanu Mello e Banda Liberdade, e contação de histórias com Nara Kelly.

Na zona norte, os cantos natalinos vão do regional ao rap, sem perder o ritmo. Na sexta, tem carimbó de Felipe Camarão, Carlos Zens, e os grupos de hip hop Rimas Classe A lado B e Snoop Soul; no sábado, terá Orquestra Talento Petrobras, Mariângela Figueiredo, e a banda Pedu Breu. No domingo a programação é da criançada, com Trem Fantasma, Nosso Choro e Pedrinho e Cia. Destaque para o dia 26, com o cantor sertanejo Daniel. Cinco mil ingressos gratuitos estarão à disposição, em troca de uma lata de leite.

Auto de Natal começa dia 21

Os espetáculos natalinos aliados aos shows são a parte mais aguardada da programação do Natal em Natal. O Auto de Natal ocorrerá nos próximos dias 21, 22, 23 e 25, no Machadão, com o espetáculo “Maria, José e o Menino Deus” sob a direção de Diana Fontes. O texto, de Edson Soares, é baseado no evangelho de Thiago, que retrata os acontecimentos anteriores a Cristo e detalhes de sua infância. O palco terá estrutura móvel, dando mais vivacidade à encenação. Ao todo, 200 pessoas, entre elenco principal e figurantes.

O Auto de Natal sempre abre com o espetáculo, e logo a seguir, os já tradicionais shows musicais. Para este ano, a programação é a seguinte: no dia 21, Padre Antônio Maria e Coral da Petrobras; dia 22, o cantor Fagner e a Banda Sinfônica; dia 23, a cantora gospel Aline Barros, e no dia 25, uma celebração ao aniversário da capital ao som de Roberta Sá, Khrystal, Diogo Guanabara e Macaxeira Jazz. Os portões abrem às 18h.

O clima de celebração continua com o também tradicional “Cortejo do Natal”, a parada natalina que será realizada de 25 a 30 de dezembro, na Praça Cívica, coração de Petrópolis. Sob a direção geral de Véscio Lisboa, coreografia de Dimas Carlos e cenografia de Carlos Sérgio Borges, o Cortejo de 2010 terá o folclore potiguar como foco. O folclorista estudioso Deífilo Gurgel contribuiu no roteiro. Cada passagem cristã será relacionada a elementos regionais, entre Cheganças, Caboclinhos, blocos de índios, Galantes, Boi de Reis, o Nascimento de Jesus numa Lapinha, e até uma chegada do Papai Noel ao melhor estilo potiguar. O evento começará sempre às 20h.

Baixo de Natal mostra suas armas

Uma brincadeira de cunho irônico iniciada no Twitter, logo ganhou corpo e ganhou as ruas para entreter e passar uma mensagem. Assim é o Baixo de Natal, que animará o circuito natalino até domingo que vem, com espetáculos e shows. “A intenção é mostrar que fazemos arte o ano todo, e não apenas no Natal. Mais do que uma crítica, queremos propôr ideias”, explica a atriz Quitéria Kelly, uma das idealizadoras.

A programação do Baixo nesta sexta a peça “RecCiclus, às 17h30, no Circo Tropa Trupe (UFRN), exposição no Bardallos, às 19h, e filmes em Nalva Melo (Ribeira), às 0h. No sábado, às 17h, terá apresentação da peça “The Baixo de Natal”, escrita por Carlos Fialho e Patrício Jr.; serão sete atos entre a Cidade Alta e Ribeira, percorrendo as ruas para contar a histórias dos artistas que saem de Natal pelo menosprezo às artes praticado pelas autoridades.

Às 22h, no DoSol (Ribeira), terá Festival Baixo de Música, com as bandas Evol, Curta Metragem, Calistoga, Dessituados e Holandês Voador. O Baixo segue no domingo, com três espetáculos: “Cleansed’, às 16h, no Depto de Artes da UFRN; “Achado não é roubado”, da Tropa Trupe Cia de Arte, às 17h, na UFRN; e “Serálice?”, às 18h, no Tecesol (Rua Governador Valadares, conjunto Pirangi).

Natal no Beco

E Papai Noel, quem diria, foi parar no Beco da Lama. O centro também tem a sua programação. Na sexta, tem o último Beco do Reggae, às 19h, com as bandas Nade 1, Faces Negras, Allan Negão (do Rastafeeling) e Bob Marlon; no sábado, Geraldo Carvalho toca Lá Na Carioca, a partir das 15h, com direito a feijoada; e continua às 20h no Bardallos com show da banda Lunares, e baile black do DJ Samir.

Fonte: Tribuna do Norte

sábado, 18 de dezembro de 2010

Católicos de São José de Mipibu protestam contra invasão da Igreja Matriz por membros de passeata gay

Católicos de São José de Mipibu realizarão o Ato de Desagravo ao padre Matias, pároco da paróquia de Santana e São Joaquim, na próxima segunda-feira, 20, às 18h30, com concentração na Praça da Saudade, com a presença do Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Matias Patrício de Macêdo. Membros das igrejas evangélicas da região também estarão presentes.

No último sábado, 11, pessoas que participavam de uma passeata gay, promovida pela ONG mipibuense Terra Viva, invadiram a Matriz de Santana e São Joaquim no momento em que era realizado o “Terço das Mulheres” para protestar contra um artigo escrito sobre o assunto pelo padre Matias. “A invasão ocorreu por volta das 19h. Vários homens seminus e bêbados invadiram a igreja gritando palavras de baixo calão e acusando padre Matias de homofobia”, revelou uma fonte, morador da cidade.

A Polícia Militar precisou deslocar oito viaturas para conter a fúria dos participantes da passeata e vários blogs mipibuenses divulgaram fotos do incidente. “Existem também várias filmagens do momento em que aqueles homens invadiram a igreja”, acrescentou a fonte, informando também que os invasores acusavam generalizadamente os católicos presentes de serem pedófilos.

Interesses

Alguns católicos da cidade desconfiam que a invasão não foi um ato isolado de alguns, mas uma atitude incentivada diante de interesses frustrados, previamente divulgados pela ONG Terra Viva, organizadora do evento, por meio de um programa de rádio, de acordo com análises de vários blogueiros de São José do Mipibu, que divulgaram amplamente o fato pela Internet, entre eles a decisão da prefeitura de não permitir eventos de grande porte no largo da Igreja Matriz. (LS).

Foto: Padre Matias
Crédito: Isabel Cristina

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Livro "O Rei do Baião" reforça a importância de Luiz Gonzaga

Por José Nêumanne*

Saiba que lá pelos anos 60 do século passado a Música Popular Brasileira, dita MPB, vivia à mercê da guerra da turma do tamborim contra a patota da guitarra elétrica Então, o pernambucano Luiz Gonzaga (homônimo do santo) do Nascimento (sobrenome inventado para comemorar a proximidade do aniversário dele com o Natal) foi despejado para o ostracismo total. Aí, emergiu das sombras a ruidosa figura do roqueiro capixaba Carlos Imperial e propagou a boa nova: "Os Beatles gravaram Asa Branca." Era mentira. Mas o ‘gordo da Corte’ havia proferido uma sacada genial: o mulato da Chapada do Araripe não era um compositor e cantor à altura de John Lennon e Paul McCartney. Mas, como os fabulosos garotos de Liverpool, ele tinha fundado uma estética, inaugurado uma cultura. Os quatro cavaleiros do Império Britânico foram muito além do universo dos rouxinóis e viraram o Ocidente de pernas para o ar. E o sanfoneiro do Exu inventou a cultura regional nordestina.

Para esta constatação chama a atenção um livro que reúne ensaios em prosa, fotos e xilogravuras encomendados, reunidos e coletados pelo artista plástico, poeta, compositor e curador de exposições paraense Bené Fonteles: "O Rei e o Baião". No luxuoso e belíssimo volume editado pela Fundação Athos Bulcão, de Brasília, e financiado pelo Ministério da Cultura, não faltam excelentes textos de autores do naipe do compositor e cantor baiano Gilberto Gil, da professora cearense Elba Braga Ramalho, do poeta baiano Antônio Risério. Mas o que há de mais notável é a parte visual, a cargo do fotógrafo Gustavo Moura e dos xilogravadores João Pedro do Juazeiro, José Lourenço e Francorli & Carmem.

Todos eles contribuíram para uma visão multidisciplinar completa do Rei do Baião, que, morto há 21 anos, ainda é venerado como o símbolo vivo da diáspora nordestina. Seu cetro se explica de certa forma pela frase-síntese do maior folclorista brasileiro, o potiguar Luís da Câmara Cascudo: "O sertão é ele." Mas isto é só o ponto de partida.

A entronização de Lua se deve ao fato de ele ter incorporado a cultura rural sertaneja à indústria cultural urbana. Por isso, dele só se aproxima em importância na história de nosso cancioneiro a geração de sambistas cariocas dos anos 30, aos quais se juntou o mineiro Ary Barroso. Como os precursores do maior espetáculo do mundo - o desfile das escolas de samba do Rio -, Gonzagão inspirou as festas de São João: ao criar o primeiro trio com sanfona, zabumba e triângulo, ele instaurou a música regional nordestina, introduziu ao mercado a atividade de instrumentista e intérprete oriundo do sertão e interferiu na indústria cultural com nova modalidade.

Quem folheia o livro compreenderá, pela visão do conjunto da obra, que Gonzaga não virou rei pelas canções que compôs. Aliás, o uso deste verbo é controverso, pois, na verdade, mais do que compor ele adaptou temas ouvidos nas brenhas de origem ou atravessou em parcerias com autores interessados em obter seu aval de sucesso garantido. Mas, sim, por mercê da sintonia mágica com seus dois talentosos parceiros iniciais, o advogado cearense Humberto Teixeira e o folclorista pernambucano Zé Dantas, e da indumentária típica que inventou para se apresentar: gibão de vaqueiro e chapéu de cangaceiro. E mais ainda pela intuição genial que demonstrou ao transformar a fortuna melódica do cancioneiro dos cafundós sertanejos em gêneros musicais e ritmos de dança que, só por causa dele, encantam e mobilizam o público, além de produzir sucesso e fortuna para compositores e intérpretes no rádio, depois na televisão e nos salões de festa. Jackson do Pandeiro, Marinês, Antônio Barros e Cecéu, Genival Lacerda, Flávio José, Santanna Cantador e outros grandes autores e cantores não teriam exercido seu talento nem viveriam dos frutos dele se o filho de Januário não houvesse tirado dos baixos de sua sanfona o baião, o forró, o arrasta-pé.

O livro deixa isso claro. Pena que tenham sido omitidas informações sobre os autores de textos, xilogravuras e fotos. O leitor merecia saber quem constatou que Luiz Gonzaga foi o semideus que criou o Nordeste Musical Brasileiro.


JOSÉ NÊUMANNE É ESCRITOR, EDITORIALISTA DO JORNAL DA TARDE E CURADOR LITERÁRIO DO INSTITUTO DO IMAGINÁRIO DO POVO BRASILEIRO

Fonte: Tribuna do Norte, 18.12.010

BELEZA POTIGUAR

UMA GLOSA FESCENINA DE LAELIO FERREIRA

M O T E :

Quem será esse velhote
tarado e de boa língua?

G L O S A :

È um jumentinho de lote,
danado dentro de um táxi...
Quem é quem? - mandem-me um fax! –
Quem será esse velhote?
Ergue, ainda, o “clavinote”?
Capricha na cunilíngua?
É um perito em trava-língua (**),
escritor contemporâneo?
- Quem é esse conterrâneo,
tarado e de boa língua?

(*) Cidade Alta – bairro no centro da Cidade do Natal/RN

(**) Trava-língua – (Dicionário Aurélio) Certa modalidade de parlenda: “Sob a denominação genérica de ‘literatura oral’, agrupam-se múltiplas espécies do folclore narrativo, do folclore poético e do folclore linguístico. Entre essas últimas, destaca-se o trava-língua, modalidade de parlenda, em prosa ou verso, caracterizada, e de tal forma ordenada, que se torna extremamente difícil e, às vezes, quase impossível, pronunciá-la sem tropeço.” (Antônio Henrique Weitzel, “Trava-Língua Educando e Divertindo”, Minas Gerais, Suplemento Literário, 23.8.1980.)[Pl.: trava-línguas.]

Laélio Ferreira

Postado por Fernando Caldas

90 ANOS DE MAROQUINHAS HOJE




Por Joao Celso Neto

“Longe de holofotes ou badalações, neste 18 de dezembro, em Brasília, Maria Olímpia Neves de Oliveira recebeu, em suas palavras, as pessoas mais queridas para um almoço em que celebrou seus 90 anos.

Ali estiveram os parentes, amigos, ex-colegas do Incra e vizinhos ou companheiros de Igreja.

Ela, que exerceu a política do P (maiúsculo) no Rio Grande do Norte por muitos anos e que voluntariamente optou por ser apenas uma servidora pública aposentada, retraída e afastada das lides (por mais que, quem sabe, ainda pudesse influenciar algum antigo “eleitor seu” – ainda os há), é um exemplo de vida.

Lúcida e com uma memória privilegiada, vez por outra é consultada para dar seu testemunho do que se passou e como se passou determinado fato no Açu, de 1940 a 1969 (quando encerrou seu mandato de Prefeita Municipal).

A “Onça”, como era conhecida, gozava de prestígio em todo o Estado. Mesmo residindo longe (Rio ou Brasília), foi convidada algumas vezes para ir participar de campanhas políticas, pois sua presença, seu discurso ou uma simples carta poderia representar mais um punhado de votos. Acedeu aos convites umas poucas vezes, talvez não mais que duas ou três.

Seu maior orgulho é ter sido professora primária de algumas gerações, no velho Grupo Escolar Tenente-Coronel José Correia, do qual foi também diretora.

Era excepcional no mister de ensinar, formada na Escola Normal do Colégio Nossa Senhora das Vitórias em uma turma de outras tantas professoras que fizeram história. Digo-o com conhecimento de causa, pois foi ela quem me ensinou a ler e a escrever, em 1949 ou 1950 (não me lembro mais).

Um outro traço marcante de sua personalidade ímpar é não guardar rancor ou ideia de revanchismo em relação àqueles que, em algum momento ou de alguma forma, lhe hajam criticado ou se posto em polo oposto. Certamente, ela foi para o outro lado também, em relação a muitos.

Aqui, por exemplo, esteve com Dinarte Mariz e Aloisio Alves (que, longe do RN, conviviam como mandam as regras de boa polidez; AA visitou DM em seu leito de morte, acho).

O espírito cristão se manifesta na ajuda a muitos necessitados. Chego a dizer-lhe que ela está sendo explorada. Tem uma vida extremamente regrada, controlando sua aposentadoria modesta e sempre pronta a mandar rezar uma missa pela alma de quem lhe pareça merecedor ou necessitado. Que o digam os artistas, sobretudo os de antigamente: Luiz Lua Gonzaga (seu hóspede tantas vezes e que tive oportunidade de testemunhar um último reencontro dos dois aqui em Brasília uns poucos meses antes da morte dele), Jackson do Pandeiro, Nélson Gonçalves, .... sem prejuízo de mandar rezar pelo judeu Bussunda.

Maroquinhas constitui realmente um exemplo raro: passou mais de 40 anos mandando e desmandando, mas se retirou da vida pública tão pobre quanto nela ingressara.“

Postado por Fernando Caldas

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

TORRE DA IGREJA CAI APÓS 27 ANOS SUBMERSA

 
 Ilustração do blog


Jotta Paiva - Jornal de Fato

São Rafael – O município perdeu o seu maior símbolo turístico. Na passagem de quinta, 16, para sexta-feira, 17, a torre da igreja da cidade antiga, inundada pelas águas da barragem Engenheiro Armando Ribeiro na década de 80, ruiu, fazendo desaparecer 60 anos de história e 27 anos de símbolo visual. Depois da inundação da cidade antiga, desocupada pelo Governo, a torre da Igreja de Nossa Senhora da Conceição se transformou na principal insígnia do município, que é um dos que integram o Polo Costa Branca.

Segundo a turismóloga Jane Santos, o desaparecimento da torre ocorreu por volta da meia-noite da quinta para ontem e foi ouvida por pescadores. “Algumas pessoas ouviram um barulho, mas não imaginaram que se tratava da torre da igreja velha”, disse.

A notícia abalou a cidade, que tem no turismo um dos seus potenciais financeiros. Embora possua muitas outras belezas naturais, a torre da igreja, perdida no meio das águas do açude, era um dos lugares mais visitados da cidade, que mantinha um passeio de barco em sua volta, enquanto um guia turístico  contava a história da transição da cidade antiga para a cidade nova.

De acordo com o auxiliar de turismo Artur Marinheiro, da Prefeitura de São Rafael, a população já havia se acostumado com o monumento e, por isso, não acreditava que ele ruísse. “Já fazia 27 anos, desde que a cidade antiga foi inundada, por isso a população não pensava que um dia esse patrimônio fosse destruído.”

Artur contou que a torre da igreja antiga tinha sido reformada duas vezes nas duas gestões anteriores e estava bem conservada. “Acreditamos que o problema foi mesmo em sua fundação, que não resistiu ao tempo”, disse.

A Prefeitura tinha enviado, em janeiro deste ano, a solicitação do tombamento da torre à Fundação José Augusto, mas a documentação não ainda não foi aprovada. A Paróquia de Nossa Senhora da Conceição de São Rafael completou 90 anos de existência em 2010, mas fontes não oficiais alegam que o prédio da igreja devia ter entre 100 e 102 anos.

DITADOS POPULARES

-Mais feliz que puta em dia de pagamento de quartel
-Quieto no Canto como guri cagado...
-Mais ligado que rádio de preso
-Mais curto que coice de porco
-Firme que nem prego em polenta
-Mais nojento que mocotó de ontem
-Saracoteando mais que bolacha em boca de véia
-Solto que nem peido em bombacha
-Mais curto que estribo de anão
-Mais pesado que sono de surdo
-Mais amontoado que uva em cacho
-Mais perdido que cego em tiroteio
-Mais perdido que cachorro em dia de mudança
-Mais faceiro que guri de bombacha nova
-Mais assustado que véia em canoa
-Mais angustiado que barata de ponta-cabeça
-Mais por fora que quarto de empregada
-Mais por fora que surdo em bingo
-Mais sofrido que joelho de freira em semana Santa
-Mais ansioso que anão em comício
-Mais apertado que bombacha de fresco
-Mais apressado que cavalo de carteiro
-Mais atirado que alpargata em cancha de bocha
-Mais bonita que laranja de amostra
-De boca aberta que nem burro que comeu urtiga
-Mais chato que gilete caída em chão de banheiro
-Mais caro que argentina nova na zona
-Mais cheio que corvo em carniça de vaca atolada
-Mais constrangido que padre em puteiro
-Mais conhecido que parteira de campanha
-Mais comprido que cuspe de bêbado
-Devagarzito como enterro de viúva rica
-Mais duro que salame de colônia
-Mais encolhido que tripa na brasa
-Extraviado que nem chinelo de bêbado
-Mais faceiro que mosca em tampa de xarope
-Mais feio que sapato de padre
-Mais feio que paraguaio baleado
-Mais feio que indigestão de torresmo
-Mais por fora que cotovelo de caminhoneiro
-Mais gasto que fundilho de tropeiro
-Mais gostoso que beijo de prima
-Mais grosso que dedo destroncado
-Mais grosso que rolha de poço
-Mais informado que gerente de funerária
-Mais nervoso que potro com mosca no ouvido
-Quente que nem frigideira sem cabo
-Mais sério que defunto
-Mais sujo que pau de galinheiro
-Bobagem é espirrar na farofa
-Mais gorduroso que telefone de açougueiro
-Mais perdido que cebola em salada de frutas
-Mais feliz que gordo de camiseta nova
-Mais chato que chinelo de gordo

Obs.:Não perguntem de onde tirei isso, porque:
-Quem revela a fonte é água mineral!!!

O NASCIMENTO DE JESUS, UM CORDEL SOBRE O NATAL

MEGA-SENA

Imagem do BlogdeAluízioLacerda

Paulo Davim (deputado estadual-RN) assumirá o senado em razão da indicação de Garibaldi Alves Filho (senador reeleito pelo Rio Grande do Norte) para o Ministério da Previdência no Governo Dilma Rousseff.

Postado por Fernando Caldas

POEMETO

O homem, a mais bela vida.
O mais belo destino, a mais bela alegria.
Um dia
Eu poderia ter sido essa alegria, eu poderia ter sido esse destino.


João Lins Caldas, poeta potiguar



quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


CONVITE

A IGREJA BATISTA REGULAR DO ASSU, tem a honra e a alegria de convidar V.Sa. e família para participar juntamente conosco da Programação do 54º aniversário de fundação que realizar-se-á nos dias 17,18 E 19 de Dezembro de 2010, às 19h30m.

Tema: “A GENUINA GRAÇA DE DEUS”
Preletor: Miss. Luiz Carlos Nicolas
Missionário da Missão Novas Tribos do Brasil  Caucaia -CE
Local: Templo da Igreja Batista Regular Endereço: Rua Bernardo Vieira S/N Centro Assu - RN


quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

WALTINHO VEM AÍ!


A imprensa natalense começa a vislumbrar uma hipótese anteriormente alardeada pelo o blog.
O deputado Walter Alves faz parte do projeto de renovação politica da familia Alves com o todo o respaldo estrutural do PMDB, sigla que pretende reconquistar a hegemonia eleitoral e politica da capital do estado.
Que o deputado Walter Alves, poderá ser a bola da vez para 2.012, não será surpresa nenhuma, vejam o que postou o blogueiro Heitor Gregório:
O PMDB deverá ter candidato próprio na disputa pela Prefeitura de Natal, em 2012.
E o nome já está pré-escolhido: o deputado estadual Walter Alves.
E Waltinho tem duas qualidades que estão acima das outras.
Além de ser filho de um senador de mais de 1 milhão de votos, é filho também de um ministro. Pronto!
Neste caso, precisa somar experiência, agregar apoios substanciais para a disputa e vontade politica para o exercicio do poder.
Tem no elixir da juventude força adequada para confrontar-se com os eventuais disputantes.

Escrito por aluiziolacerda

CARTAS DE BRASILIDADE

                                                       Alex Regis

Cartass trocadas entre Cascudo e Mário de Andrade, de 1924 a 1944, estão reunidas no livro lançado hoje, no luduvicus. Na mesma noite, será lançado "coronel cascudo", de Anna Maria.

Maria Betânia Monteiro - repórter

Câmara Cascudo costurou sua obra com as linhas do folclore, da história, das bibliotecas, dos livros. O fio de Mário de Andrade era outro (não muito diferente): o do romance, da poesia, da arte. Com recortes e estampas particulares criaram tecidos únicos e afins: tinham exclusivamente as cores do Brasil. Apesar da distância territorial existente entre os dois, um no Rio Grande do Norte, outro em São Paulo, trocavam ideias constantemente. O veículo do diálogo foram as cartas (escritas entre 1924 e 1944). As palavras grafadas por ambos ganharão o público esta noite, às 19h, no Ludovicus (Instituto Câmara Cascudo), quando será lançado o livro “Câmara Cascudo e Mário de Andrade”. Na mesma ocasião será lançada outro livro inédito, “Coronel Cascudo – o herói oculto”, de Anna Maria Cascudo Barreto.

Cartas trocadas entre cascudo e Mário de andrade, de 1924 a 1944, estão reunidas no livro lançado hoje, no ludovicus. Na mesma noite, será lançado “coronel cascudo”, de Anna Maria“Câmara Cascudo e Mário de Andrade” é uma edição da Global, organizada pelo pesquisador Marcos Antonio de Moraes. O livro trata da correspondência de dois escritores conscientes de sua brasilidade. Mário de Andrade dizia a Luís da Câmara Cascudo, que ambos deveriam dar uma alma ao Brasil. Cascudo, em toda a sua trajetória de pesquisador e escritor, procurou cumprir esta meta.

Os manuscritos das correspondências de Mário de Andrade (65 mensagens) e de Luís da Câmara Cascudo (94 mensagens) estavam conservados no Ludovicus e no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de Sâo Paulo (IEB-USP).

As cartas trocadas pelos dois amigos são documentos de fundamental importância. Elas têm, entre outras virtudes, o de ser uma das fontes de duas décadas da história literária do país e, talvez, a primeira ligação intelectual entre o Sudeste e o Nordeste. Mário apresenta Cascudo aos grandes intelectuais do sudeste, e é apresentado por este aos valores nordestinos.

Câmara Cascudo dizia a Mário de Andrade que era preciso registrar a verdadeira identidade do Brasil. Nessas correspondências de duas décadas, eles pretenderam tornar ainda mais nítido o relevo de suas obras. Desde 1922, ano em que foi publicada a obra “Pauliceia desvairada”, Mário de Andrade se propôs a renovar a literatura brasileira, afastando a artificial influência europeia.

A amizade dos dois tinha bases muito sólidas. Em carta a Manuel Bandeira, de 19 de março de 1926, Mário descreve o perfil do novo amigo: “Vou na Bahia, Recife e Rio Grande do Norte onde vive um amigo de coração que no entanto nunca vi pessoalmente, o Luís da Câmara Cascudo, é um temperamento estupendo e sujeito de inteligência vivíssima e ainda por cima um coração de ouro brasileiro. Gosto dele”.

O primor das missivas

A correspondência entre Câmara Cascudo e Mário de Andrade é também um exemplo da época da frase bem torneada, da adjetivação precisa, da ênfase na exata medida do pensamento. Cascudo e Mário foram duas figuras tão notáveis, que a veiculação de sua correspondência marca um esplêndido momento da história cultural brasileira, sendo matéria permanente para reflexão dos que se preocupam com o país.

Coronel Cascudo

Segundo a jornalista e Procuradora da Justiça, Anna Maria Cascudo, o folclorista potiguar herdou do pai., a inteligência. “Ele foi a raiz pulsante e ativa da sabedoria de Câmara Cascudo, esta árvore de conhecimento, do qual eu sou apenas um fraco arbusto”, disse Anna Maria. Ela conheceu o avô através dos relatos. Francisco Justino de Oliveira Cascudo morreu cinco anos antes do nascimento da neta. De Câmara Cascudo, Anna ouvia palavras de afeto, delineando um homem doce, sonhador. Da avó Donana (esposa do coronel) também ouviu descrições emotivas sobre “Seu Chico”.

Mas a curiosidade foi tanta, que Anna Maria Cascudo precisou dar um passo adiante, pesquisar de forma sistematizada até descobrir quem foi o seu avô. O livro está sendo lançado pela EDUFRN. O membro da Academia Paulista de Letras, Hernânio Donato escreveu: “Vida e obra, obra e vida do Coronel Cascudo ganham dimensão maior no texto da neta feliz com o ser neta e pesquisadora-escritora hábil. Artesã no procurar e artista no alinhar a fartura de informações. Pois, da biografia do avô fez também resumida, porém vívida biografia do Estado, do Brasil, do tempo e do lugar”.

Serviço:

“Câmara Cascudo e Mário de Andrade” e “Coronel Cascudo – o herói oculto”, lançamento duplo hoje, às 19h, no Ludovicus (Instituto Câmara Cascudo). Av Câmara Cascudo, Cidade Alta. Vendas nas livrarias da cidade e no Ludovicus (R$ 48,00). Coronel Cascudo (vendas na Cooperativa por R$ 30,00.

bate - papo - Anna Maria Cascudo

A relação entre Cascudo e Mário de Andrade se encerrava nos assuntos profissionais?

Não. Eles foram grandes amigos. Papai queria que ele fosse padrinho de Fernando Luís, meu irmão mais velho. Isso só não foi possível em função das agendas lotadas, tanto de papai, quanto de Mário. Além disso, o deslocamento naquela época era difícil. Tudo era feito de navio ou no lombo de um cavalo.

Mesmo com a distância, Câmara Cascudo conseguiu aproximar Mário de Andrade ao nordeste?
A obsessão de papai era trazer Mário de Andrade para observar o sertão e o nordeste, mesmo sabendo que Mário não gostava de regionalismos. Papai conseguiu.

Sobre a biografia de Coronel Cascudo, foi possível manter uma distância para analisar os fatos?
Mesmo eu sendo jornalista e entendendo que é preciso ser imparcial, não consegui me envolver com o trabalho. Basta dizer que os dois últimos capítulos do livro terminaram em lágrimas.

(Tribuna do Norte, 15.12.010)

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...