segunda-feira, 16 de maio de 2011

PAZ


Imagem: Pensamentos, citações, poesias

Há nesta vida o que ninguém esquece
Por ser imprescindível a qualquer ser,
A sua ausência a todos entristece
Pois destroi a vontade de viver.

Distanciando-se de nós parece
Que tudo e todos vão enlouquecer,
A vida muda, a briga recendesce
Levando-nos a matar ou morrer.

Companheira inseparável da calma
Sua presença todos agradecem
Pela quietude que imprime à alma.

Ela traz harmonia e amor à terra,
Ao seu lado corações se enternecem:
Seu nome é paz, é quem acaba a guerra.

[Andiére "Majó" Abreu, poeta potiguar de Açu]



 


MEL

Por Amarilis Adelio

Canta, canta
e espanta com teu canto
todo o mal
que fere a alma...

Arranca da garganta
todo o fel,
adocica com o mel
e canta...
canta!!!

CHARGE DO DIA (JORNAL DE BRASÍLIA)


domingo, 15 de maio de 2011

MAPA DO RIO GRANDE DO NORTE NA ARTE DE CECÍLIA BARBALHO

Belo e criativo trabalho (Mapa do Rio Grande do Norte) da artista plástica potiguar açuense Cecília Barbalho que fará exposição dia 14 a 19 de junho próximo salão da Prefeitura Municipal do Açu, durante os festejos do Padroeiro São joão Batista. Estarei presente para prestigiar Cecilia e Didio, dois artistas plásticos que engrandece a arte plástica potiguar.

Postado por Fernando Caldas

RELEMBRANDO ARNÓBIO ABREU


Fotografia do blog Assu em Evidências, de Júnior Soares. Da esquerda: Juscelino França e o casal Arnóbio Abrel, no Clube do América, de Natal. A foto é de 1997. 

José Arnóbio de Abreu (Arnóbio Abreu) como era mais conhecido, era tipo baixo, voz rouca, andar curto e ligeiro, fazedor de amigos, bom de copo e de papo (por sinal ele, Arnóbio,  era afilhado de minha mãe Gelza Tavares Caldas), líder estudantil, estudou no Colégio Diocesano de Mossoró, Marista de Natal. Foi  candidato a prefeito do Assu, nas eleições de 1982 pelo PMDB com o apoio de Olavo Montenegro (responsável pelo seu ingresso na vida pública do Rio Grande Norte), perdendo para Ronaldo Soares, do PDS. Médico ortopedista formado pela Faculdade de Manaus, conviveu e foi aluno de Lídio Toledo (que foi médico da Seleção Brasileira, falecido recentemente no Rio de Janeiro). Dirigiu o Hospital Walfredo Gurgeu, de Natal e foi um dos fundadores do ITORN naquela capital, além de deputado estadual presidente da Assembleia Estadual Constituinte de 1988. (Naquele tempo, por indicação do deputado Paulo Montenegro também constituinte de 1988 eu tive a honra de ter sido Diretor e depois Subsecretário de Administração Financeira e Orçamentária daquele legislativo potiguar,  Arnóbio foi candidato a vice-governador na chapa encabeçada por Lavazier Maia nas eleições de 1990. Faleceu em 2000, em Natal e está enterrado na cidade de Açu onde nasceu. Ele é nome de rua em Natal e também empresta o seu nome a uma importante adutora, além de um Ginásio Esportivo na cidade de Açu. O seu nome dignifica a terra assuense, e ainda hoje é relembrado com saudades pelos seus familiares, amigos e conterrâneos.

Postado por Fernando Caldas



Por Cristina Costa

Dei por mim a pensar
Para onde irão os sonhos
Aqueles não realizados
Aqueles tão cobiçados e desejados
Aqueles quase alcançados
...Mas que de repente se desfazem no ar.

Será que é a chuva
Caindo incessante
Tão fria e cruel
Tal qual dor lancinante

Que molha os sonhos
E não os deixa voltar?

Assim minha alma gelada
Encharcada
E destroçada
Suspira pelo calor
Do meu sonho

Que se foi.

Talvez se eu me abrigar
Se achar um lugar secreto
Cheio de amor e ternura
O calor possa voltar
E eu voltarei a sonhar.

Vou colorí-lo com tintas
Reluzentes, quentes

Pintar nele uma janela
Que se abra para o céu
Assim as estrelas podem entrar
E ajudar o meu sonhar.

Vou entrar no teu coração
Pois é esse o meu lugar
Lugar que tanto procurei
E nem percebi
Que esteve sempre aqui
Somente a me esperar.

Venham então sonhos
Voltem a me alegrar.

Postado por Fernando Caldas

sábado, 14 de maio de 2011

SOBRE O BEIJO

orkut e hi5, Beijos, homem, mulher, se beijando, recados com beijo


Ilustração e títlulo do blog.

"O beijo existe há muitos e muitos anos, surgiu como meio de defesa e não como expressão de carinho ou prazer; é praticado pela maioria das pessoas, sob diferentes aspectos, mas existem povos que nunca se beijam; os efeitos do beijo pesquisados pela dra. Martine Mourier, da Faculdade de Bobigny, na França.

Um dos atos humanos mais corriqueiros, o beijo pode ser sinal de paixão, afeto, respeito e amizade. Pode ser ainda uma demonstração de humildade ou de euforia. Mas nem sempre existiu como hoje, nem é praticado por todos os povos. E muda conforme os costumes.

Existem beijos libidinosos como os dados no colo e nas partes pudendas, ou o beijo cinematográfico, em que as mucosas labiais se unem numa expressão insofismável de sensualidade.

Embora pareça trecho de um manual de carícias, esse texto é da portaria de um juiz de Sorocaba, a 90 quilômetros de São Paulo, que em fevereiro de 1981 decidiu proibir o beijo na cidade. A repercussão foi imensa. Houve um ato de protesto chamado a noite do beijo, que apesar do nome acabou na maior pancadaria. Na época, chegou a se falar em sérios castigos para os manifestantes, caso algum juiz decidisse que beijar era praticar "ato obsceno em local público e aberto", de que trata o Código Penal. No fim, prevaleceu o bom senso e ninguém foi processado por exprimir seu carinho com beijos uma demonstração de afeto que a história e a arte registram há milênios.

No mecanismo da sensualidade, o beijo é um capítulo muito especial, por estar ligado ao próprio desenvolvimento das pessoas. Beijar, explica o antropólogo inglês Desmond Morris, autor de vários livros sobre comportamento humano, entre eles O macaco nu, "tem sua origem na relação mãe filho". Nos tempos primitivos, depois de sugar o peito, a criança recebia alimentação sólida devidamente mastigada pela mãe e passada à boca, à maneira de certos animais e pássaros. O costume ainda sobrevive em algumas tribos de várias partes do mundo. Da mesma forma como sugar o seio, esse contato tornou-se definitivamente ligado ao conforto e à segurança infantil. Acontece que beijar, como sugar, persiste na vida adulta "como um gesto de conforto fortemente associado a relações amorosas", escreve Desmond Morris.

O homem, portanto, aprende a beijar desde que vem ao mundo e foram muitos os psiquiatras e psicanalistas, a começar por Sigmund Freud, que se preocuparam em interpretar como evoluiu esse movimento originalmente voltado à nutrição e à sobrevivência para o desfrute de um prazer. Beijamos também por costume, educação, respeito ou também por mera formalidade. E as características do beijo variam segundo o que se quer expressar com ele. Uma das primeiras representações do beijo de que se tem conhecimento são as esculturas e murais do templo de Khajuraho, na Índia, que datam do ano 2500 a.C. No século IV da era cristã publica-se na Índia o Kama Sutra, considerado o mais completo tratado sexual do Oriente, atribuído ao sábio Vatsyayana.

Um capítulo inteiro da obra é dedicado ao beijo, onde se ensina, entre outras coisas, que "não há duração fixa ou ordem entre o abraço e o beijo, o aperto e as marcas feitas com as unhas e os dedos", pois "o amor não cuida do tempo ou da ordem". Apesar disso, o Kama Sutra adverte para que sejam respeitados "os costumes de um país" com o que até o severíssimo juiz de Sorocaba em 1981 concordaria. Segundo o manual indiano, o beijo pode ser moderado, contraído, pressionado ou suave. Pode ser direto, inclinado, voltado ou apertado. Existe até o beijo "despistante", que deve ser dado pelo homem, quando ele estiver ocupado.

O conselho que encerra o capítulo sobre o beijo no Kama Sutra exalta a reciprocidade: "Seja o que for que um amante faça ao outro, este deve retribuir; isto é, se a mulher o beijar, deve beijá-la; se ela lhe bater, cumpre igualmente bater-lhe". Na Grécia antiga, o beijo funcionava como um elemento diferenciador das hierarquias: os subordinados beijavam os superiores no peito, nas mãos ou nos joelhos, de acordo com o nível que possuíam. Os mendigos tinham unicamente o direito de beijar os pés dos senhores, e aos escravos só se permitia beijar a terra. Ou seja, quanto mais baixo o lugar do indivíduo na sociedade, mais ele devia inclinar-se para prestar a homenagem.

No século V a.C., o historiador Heródoto chegou a descrever os vários tipos de beijos e seu significado entre os persas e os árabes. Os persas se cumprimentavam com beijos que, como na Grécia, variavam de acordo com o nível social das pessoas. Relata Heródoto: "Quando pertencem ao mesmo nível social, as pessoas beijam-se na boca. O beijo no rosto é usado se existe uma pequena diferença entre elas".

Os preconceitos contra o beijo são igualmente antigos. No início da era cristã, outro historiador grego, Plutarco, que deixou uma imensa obra sobre os costumes na Grécia e em Roma, conta que Catão, o Censor (234 a.C.-149 a.C.), cessou o mandato do senador Pretorius Mamillus, porque foi visto beijando a mulher em público. Mas em particular os romanos nada tinham contra o beijo. O latim até registra três palavras para defini-lo:, osculum é o beijo amistoso, nas faces; basium, o beijo apaixonado na boca; e suavium, o beijo amoroso com ternura.

O beijo nas faces vem da época em que os humanos dependiam muito mais do olfato para sobreviver. Os homens cheiravam uns aos outros para saber se pertenciam a uma tribo estranha e eventualmente inimiga. Supõe-se que cada grupo devia possuir um odor característico, o cheiro do grupo. O beijo no rosto, portanto, não nasceu como expressão de carinho ou prazer, mas como meio de defesa. Talvez por isso os povos acostumados a habitar um ambiente hostil ou forçados a viver em pé de guerra virtualmente desconhecem o costume de beijar por afeto. Um provérbio sudanês adverte: "Jamais beijes quem seja capaz de te devorar".

Os esquimós, muito prudentes, resolveram o problema encostando as pontas dos narizes, enquanto mantêm os olhos abertos, vigiando a situação. Da mesma forma, o mongol apóia o nariz no rosto de seu par, conservando um cômodo ângulo de visão. Existem povos que nunca se beijam, como certas etnias africanas e os antigos japoneses. Certa vez, numa exibição de arte em Tóquio, a escultura de Rodin, O beijo, foi colocada atrás de um biombo. Diante da queixa de um visitante, o chefe de policia explicou: "O beijo é um detestável hábito europeu que nós, aqui, desejamos que não se cultive de maneira alguma".

Já os africanos, ao abster-se, estão tentando proteger sua alma, alegoricamente identificada no alento ou respiração. A boca e o aleitamento são a representação da vida e, para alguns povos, da alma também. O primeiro grito do recém-nascido é seu primeiro sintoma de vida. Assim também o homem abandona o mundo, dando o último suspiro. E Deus soprou a vida em Adão assim como nos contos de fada o príncipe devolve a vida à Bela Adormecida e a Branca de Neve, vítimas de um enfeitiçamento. Mas o beijo também pode significar a morte. Segundo as regras da Máfia, quando algum membro do grupo trai seus pares, um parente é encarregado de lhe dar um beijo ritual na boca, indicando a vítima cuja execução foi aprovada pelo chefão.

Na França de Luis XIV, o Rei Sol (1638-1715), foi instituído o uso do beija-mão, que no começo obrigava os homens a inclinar-se para beijar as mãos das damas. Na verdade, muitos altos funcionários e nobres da corte nunca aprovaram o costume: achavam humilhante fazer uma reverência diante de pessoas que lhes poderiam ser socialmente inferiores. Assim, eles inventaram uma regra que não iria romper totalmente com o protocolo aproximavam a mão das senhoras até a boca e a apertavam uma ou mais vezes, operação que não os impedia de continuar retos e com sua vaidade ilesa.

Esse gesto, em nossos dias, perdeu seu significado quase por completo, em parte como resultado da diminuição na desigualdade de tratamento entre os sexos. Continua a ser usado apenas em altas esferas sociais, como um formalismo destinado a mulheres muito importantes. Os únicos beijos que permanecem, na boca ou nas faces, são os que indicam igualdade, que se dão sem que seja preciso que uma das pessoas se abaixe. Assim se beijam os amigos, os companheiros de luta, os políticos, os esportistas, os casais e também os membros de uma mesma família.

Imortalizado nas artes como uma celebração mágica e romântica, foi com o cinema que o beijo tomou conta do mundo. Em 1896, numa pequena sala de projeções de Los Angeles, nos Estados Unidos, diante do olhar estupefato de 73 espectadores, os artistas May Irwin e John Rice beijaram-se durante quatro longos segundos. Foi um beijo explosivo, filmado em primeiro plano. Todas as associações femininas de defesa da moral e dos bons costumes dos Estados Unidos incitaram então o boicote ao filme; a imprensa também censurou o que chamou de moral de taverna. Mas Hollywood insistiu e em 1926 chegou às telas o filme Don Juan, onde o ator John Barrymore dá 191 beijos em diversas atrizes, um recorde ainda não superado no cinema.

Mas, durante muito tempo, Hollywood foi obrigada a dosar cuidadosamente as manifestações de afeto, por causa do código Hayes, um rígido conjunto de normas sobre o que mostrar e o que esconder nas cenas de paixão. Não podendo exibir tomadas de corpos ardentes, os cineastas aprenderam a usar o beijo como metáfora. As imagens seguintes ao encontro de bocas eram as ondas do mar se desmanchando na areia ou batendo contra rochedos, uma lareira crepitando ou ainda o vôo de uma ave. E todo mundo entendia que o beijo era o começo e não The End."

[super.abril.com.br]

Postado por Fernando Caldas












QUERO-TE


Imagem: Pensamentos, Citações, Poesias

Quero-te. Vem. As carnes palpitantes
A forma nua onde a beleza mora...
És tu. Quero-te assim. Meu corpo implora
A graça que desce dos contornos...
Trêmulas as mãos e os lábios mornos.

João Lins Caldas

CHARGE DO DIA

random image
Do Charge Online - Hoje no Super Notícia (MG)
Postado por Fernando Caldas

sexta-feira, 13 de maio de 2011




Lilian Palmieri

Inspiração!!
De onde vem nossa inspiração??
De uma canção...
De um momento de alegria,
De euforia...
...ou de uma alma ferida??
DE onde vem nossa inspiração??
Do gesto puro de uma criança,
A inspiração vem,flui....
Sem marcar hora,
De dentro pra fora...
A inspiração vem do coração,
E passa as suas mãos....
Sem explicação.
De onde vem nossa inspiração??

Postado por Fernando Caldas


Por Cristina Costa

Saudade.
saudade é
O que sinto!

...Saudade de um amor perdido
Talvez proibido
Lindo porém bandido!

Saudade,
saudade é
O que sinto!

A vida passa
por mim e por ti
passa …

Saudade,
saudade é
O que sinto!

NAS ASAS DE NÚBIA LAFAYETTE

Para Lécio Arruda

Por Pedro Simões

Ela estava mais para borboleta do que para mariposa. Na verdade não lhe atraíam as luzes, nem se deixava encandear pelos inevitáveis luzeiros. Era trêfega, é verdade. Melhor dizendo, era esvoaçante, e nisso ela ultrapassava a borboleta e alcançava o beija-flor ou a abelha, perigosamente próx...ima da mariposa.

Gostava de se soltar pelos espaços à procura de nada em especial, apenas se soltava, como as folhas se desprendem das árvores, talvez para avaliar a gravidade, experimentar a aventura, a soltura até o solo, mesmo sabendo que um dia seria menos que um vegetal, adubo.

Chamava-se Núbia, homenagem que o pai prestara à sua cantora predileta, aliás, preferida por três de cada cinco habitantes da gloriosa freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Rio dos Homens. Os outros dois ou eram doidos ou moucos.

Ao lado de sua casa, morava um rapaz, a quem a mãe havia dado o nome de Adelino. Como tinha a mesma idade da moça, quem sabe não tivesse sido uma resposta musical ao vizinho pai de Núbia? Ou seria coincidência demais: Adelino (Moreira) e Núbia (Lafayette). O compositor que abriu o caminho do sucesso à cantora que, em contrapartida, deu mais colorido às canções do grande compositor.

Afinal, estava na moda os duelos musicais. E Dalva de Oliveira não dava publicidade às brigas de amor com Herivelto Martins? Vivia -se a Era do Rádio.

.Voltando ao fio da meada, por acaso o moço se gabava, mais do que de fato era possuidor, de uma bela voz. E se considerava a versão masculina da cantora, já que utilizava o mesmo repertório da consagrada intérprete. Faça-se justiça, até que ele se esforçava para dar à sua voz a mesma emoção e o mesmo timbre da artista, embora ficasse nos graves e não chegasse à notável interpretação da cantora. Dava pro gasto. Enganava bem.

Toda noite, à exceção das segundas feiras, apresentava-se no “Céu Azul”, uma das boates mais concorridas da ZBM de Conceição. Lá, era teúdo e manteúdo da veterana Maria C... de Ferro, dona da casa noturna. Não negava a condição de sustentado por mulher, ao contrário, ostentava o título com muito orgulho.

Tanto aceitava a carapuça, que adotara a postura e o visual dos cafetões da época: óculos escuros, costeletas largas que desciam pelas mandíbulas, bigode fino, cabelo cruzado “ponta com ponta” caindo pelo pescoço e colado ao couro com brilhantina (ou vaselina?) e dedos anelados. Usava as calças folgadas e ajustadas abaixo da cintura. Camisa de cor fixa impecavelmente engomada. Sapatos lustrosos de bico fino.

Adotava um ar enfadado de quem ainda lutava para despertar, sabe como é: alguém com os olhos semicerrados, às vésperas de um bocejo e o aspecto de quem não está ainda ligado com o dia. Ou, como hoje se diz – não estava nem aí...

As moças de bem de Conceição o olhavam atravessado, de cobiça ou desdém, mas não se aproximavam do cantor.

No entanto, predestinada pela vizinhança da parede-meia, Núbia sentia arrepios de prazer quando o via caracterizado com a roupa e pose de “gostoso” casual. Para ela, havia uma languidez insinuante naquele olhar morno. Quando ele a olhava, acidentalmente, ela se sentia queimar por dentro, feito fogo de monturo que queima sem arder, mas a deixava em cinzas.

Se o rapaz notava as atenções da jovem, não dava a menor importância.

Um dia, ela não conteve o impulso de achegar-se ao amado.

Deu-se que ele ensaiava o clássico “Coitada de você, meu ex-amor...” (assim, no feminino que ele não fazia concessões à macheza – já não era suficiente assumir esse lado feminino de “cover” de uma cantora assumidamente fêmea?) E botava alma na interpretação. Estava afim de mulher, num cio másculo. Não necessariamente da vizinha.

O coração de Núbia começou a bater descompassado e o sangue, talvez por isso, aligeirou-se e alvoroçou a cabeça. Não pensava direito, o juízo soltou-se das amarras de moça burguesa provinciana. Estava decidida a cometer loucuras.

Não contou conversa. Bateu na porta do vizinho e foi o próprio cantor quem a recebeu. Abraçou-se ao sufocado amor. O rapaz, logo que superou o susto, rendeu-se ao ardor da companheira. Afinal, Núbia não era de se jogar fora, era uma flor roceira, sem perfume nem desenho especial, mas bela assim mesmo. Simples e naturalmente bela.

Quanto à rapariga (no bom sentido) ela própria se desconhecia. Era toda paixão, dessa que arranha, morde, agarra, oferece a língua, lambe, abre as pernas e deseja penetração.

No início, o rapaz respondeu à altura aos estímulos. Depois (e até hoje não tem explicação) o seu entusiasmo murchou, literalmente. Núbia já estava sem as calcinhas, antegozando o prazer da entrada triunfante do seu deflorescedor. Olhou estarrecida para o parceiro, sem acreditar naquele esmorecimento.

O ardoroso cafetão estava com expressão abobalhada. Juraria, e seria verdade verdadeira, que não entendia o que estava acontecendo. E, num repente inesperado e por isso patético, chorou. Chorou, chorou, soluçou de tremer o corpo e desejar morrer ali mesmo.

A quase deflorada não se apiedou. A sua frustração cresceu tanto, que ficou maior que a piedade.

Olhou-o nos olhos, implacável

- Brocha!

E mais não disse.

(Adelino continua fazendo sucesso como cantor e como garanhão das mulheres damas de Conceição. Mas nunca mais encarou a Núbia profana e impiedosa, que deu para cantar diariamente, logo que acordava: “Coitado de você, meu ex-amor” – no masculino, com toda ênfase no “coitado”)

(Crônica do meu livro, inédito “Armadilha para pássaros e caçadores”)

Postado por Fernando Caldas

SENHOR

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Por João Lins Caldas

Senhor Jesus, abrange a minha vida para tirá-la de todos os pecados
Acesas sobre mim as tuas gloriosas cinco chagas iluminadas,
Dá-me das tuas mãos, com os cravos dolorosos
A benção eterna do Teu nome.

Mas senhor, se fora de mim eu não conheço felicidade,
Se a minha felicidade se distancia de todos os outros pólos consagrados,
E a minha felicidade é, única, a minha felicida,
Morta a minha felicidade,
Morta a minha felicidade, já que os assassinos m'a mataram,
Tu, Senhor, para me ressuscitares a minha felicidade?

Eu convenci-me, Senhor, que fora das nossas há outras estradas,
Sadias aos nossos pensamentos, vivas às nossas verdades...
Ah! Senhor, a minha única verdade
A verdade única do meu pensamento.

Mas Tu, Senhor, da tua força podes talvez também me dar a única verdade.

Postado por Fernando Caldas

Por Cristina Costa

No olhar se revela
Tudo aquilo que se sente
O que se esconde de mais íntimo
O que se deseja intensamente.

...A alegria transparece
Nos olhos com seu brilhar
A tristeza não se esconde
Tira o brilho do olhar.

Ainda que o rosto consiga
Enganar e disfarçar
O brilho que vem dos olhos
É a alma a respirar.





quarta-feira, 11 de maio de 2011


 
Por Cristina Costa
 
Eu quero
Não sei se o que quero
É certo ou errado.
Se quero o perfeito
Ou a imperfeição.

Eu só quero
O meu anjo
De pele morena,
E olhos de mansidão.

Quero amar e ser amada
Como musa delicada
Possuída e encarnada
Como fera indomada
Numa doce e louca paixão.Ver mais

Postado por Fernando Caldas

Não se iludam meus amores, eu não pertenço a ninguém,
eu sou do vento, do mar, do céu, do tempo...
Fechei meu coração pra balanço e o resultado não foi nada agradável:
Estou falida!
Pois bem.
Fechei meu coração e joguei a chave fora.

Luna.

(Do blog Emoções e Solidão) 

PARTICIPE DO 1. CONCURSO LITERÁRIO PAGUE MENOS

PagueMenos
PagueMenos

PagueMenos

Postado por Fernando Caldas

Pelos ares - Mariano Tavares - Músico potiguar de Açu

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...