domingo, 23 de junho de 2013

E agora, o que fazer?

Aspiração
(1973)

Hoje eu quero
um poema transparente,
semelhante à lágrima
que iludiu meus olhos desatentos.

Um poema capaz de coragem,
desses que podem ser ouvidos
na chuva, na greve, ao fim
da batalha perdida.

Um poema capaz de resistir
como granito ao vento,
como o homem resiste
se o aço lhe alcança o ombro.

Um poema capaz de liberdade.
Capaz de falar nesta hora noturna
quando todos dormem, e o silêncio oficial
amordaçou as cantigas do meu povo.

*Pedro Tierra, em:
Poemas do povo da noite.*
De: Yara Darin 


Entrevista Rede Bandeirantes sobre tratamento do enfisema



Meu São João

Por Renato Caldas

Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
noltalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.

Júlio Soares, o poeta boêmio



Júlio Soares Filgueira (1898-1954) era natural do Assu, interior do Rio Grande do Norte. Ainda jovem regressou ao Rio de Janeiro então capital federal, onde fizera o curso Madureza, aratório para a universidade, equivalente ao curso cientifico. O antologista Ezequiel Fonseca Filho em seu livro Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que fora companheiro de quarto de Júlio na capital carioca, na rua do Catete no seu tempo de estudante de medicinada na capital carioca. Ezequiel na referida antologia depõe que “Júlio não descendia da tradicional família dos Soares de Macedo, como muita gente pensa. Era Soares do Piató, outra família de raízes profundas na vaqueirice da região. Enquanto a família Soares de Macedo, honra-se da linhagem portuguesa os Açores, os Soares do Piató, vangloriam-se do sangue genuinamente nacional, do caboclo brasileiro.


Júlio tinha todas as características de sua estirpe. Arredio, desconfiado, valente e audaz, muito cedo entregou-se à boemia, o que constituiu o traço frizante de sua vida.

Nasceu na cidade de Açu, a 23 de maio de 1898, e veio a falecer a 15 de dezembro de 1954, em Fortaleza, capital do Ceará, com 53 anos de idade".

E Júlio Soares, angustiado, consumido pelo vício da bebida, escreveu no melhor do seu poetar, os versos abaixo transcritos:

Este meu rosto, triste, macilento,
Pendido sobre o peito dolorido,
Bem demonstra o pesar e o sofrimento
De um desgraçado ou de um desiludido.
Este meu riso, sem contentamento
Este meu vago olhar amortecido
São os sinais amargos do tormento
Da vida indesejável de um perdido
Vivo sempre a beber, de bar em bar,
Afogando num cálice de aguardente
A dor que faz meu peito pensar?
Chorando ou rindo, vou passando a esmo,
E no vício morrendo lentamente
Fazendo assim o enterro de mim mesmo.

Em tempo: Escutei muitas vezes, José Caldas Soares Filgueira - Dedé Caldas, sobrinho de Júlio pelo lado paterno, declamar com voz embargada e lágrimas nos olhos, o referenciado poema. 

Fernando Caldas

Crédito da foto: Iza Caldas

sexta-feira, 21 de junho de 2013

RENATO CALDAS, O POETA MATUTO QUE O BRASIL CONSAGROU


Renato Caldas (1911-1991) ainda é, penso eu, o nome literário potiguar mais conhecido em todo o Brasil. Foi ele "que deu nome ao Rio Grande do Norte nas letras nacionais" publicando em 1940, o seu livro de estreia (escrito em linguagem genuinamente matuta) intitulado de "Fulô do Mato".  

O poeta que aparentava simplicidade viveu uma juventude andeja, sem endereço certo. Quando moço bebia inveteradamente. Seresteiro da velha guarda, bonachão, brejeiro. Câmara Cascudo, com quem Renato conviveu na intimidade, o definiu de tal modo: "miolo de aroeira, vivo como um pé de vento, cheio de verve e inspiração mental.".

O Brasil, "dando expansão ao seu temperamento cosmopolita, Renato conheceu de ponta a ponta, nas suas intermináveis andanças de romântico caminheiro", principalmente o Nordeste, se apresentando em palcos de cinemas, teatros e outros locais improvisados, declamando suas poesias irreverentes, amorosas, cantando emboladas e modinhas que também sabia produzir.

Renato viveu parte da sua mocidade no Rio de Janeiro, onde trabalhou e conviveu com grandes compositores e intérpretes da Canção Popular Brasileira como Sílvio Caldas (ambos consideravam-se parentes), Francisco Alves (O Rei da Voz), Noel Rosa, Almirante, dentre outros. O músico Silvio (responsável pela introdução da seresta na MPB), no começo dos anos setenta, de passagem para Fortaleza, entrou na cidade de Assu e, ao chegar a casa dele, Renato começou a cantar “ao pé da janela numa típica serenata interiorana", como depõe João Batista Machado. O escritor Machado afirma ainda que somente duas pessoas tiveram aquele privilégio: Renato e Juscelino Kubitschek, também amigo de Sílvio Caldas.

Outro fato importante que engrandece mais ainda a sua biografia, aconteceu no início da década de noventa, virou poeta para inglês ver, pois vários poemas de sua autoria estão traduzidos para a língua inglesa e publicados numa revista cultural americana intitulada  de "International Poetry Review (Poesia Internacional  Revisitada, na tradução), 1991, volume XVII, número I, editada em Greensboro, Carolina do Norte como, por exemplo, o poema sob o título "Fulô do Mato", que diz assim:

Sá Dona, vossa mecê,
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô!
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume,
De tudo qui fô fulô,
Quí nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
- Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É um cheiro bom, déferente,
Qui a gente sintindo, sente,
Das outa coisa o fedô.

Os ouvidos de Rento “já escutaram os gritos abafados pela fome de uma população flagelada e os arpejos sonoros de uma viola pontilhada; os seus olhos já viram os rios transbordando e já viram também, nos bebedouros esturricados, o gado morrendo de sede! Viu e sentiu o sertão: povo, solo, clima e paladar do seu trabalho." E um dia o poeta do povo escreveu angustiado:

Venha ver seu moço, ói,
O que é fome no sertão.
Mecê, é lá da cidade,
Num tem a infelicidade,
De conhecê isso não.
Mas é bom sempre que vêja,
Pru móde me acreditá.
E, pru raiva, ou compaixão,
Dizê aos nossos irmão,
Qui viu o nosso pená.
... Mas sertão num é Brasí.
O Brasí, é lá pru sú.
Isso aqui é um purgatóro...
Quem mata a fome é o sodóro
E a sede é o mandacarú.

Os versos daquele poeta eclético, versátil, retrata além da seca devastadora, a enxurrada (que também castiga algumas regiões do sertão nordestino), os amores fracassados. Tem alegria, irreverência, humor, malícia, como o célebre poema intitulado "Reboliço", que na década de cinquenta o poeta potiguar Celso da Silveira declamou num certo programa cultural da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além de ter sido recitado por Zé Praxedes - O Poeta Vaqueiro, nas apresentações que fazia pelo Brasil afora, bem como declamado pelo deputado federal Ney Lopes no plenário da Câmara dos Deputados, a propósito do seu falecimento em 1991, cujos versos transcrevo adiante para o nosso deleite:

Menina me arresponda,
Sem se ri e sem chorá:
Pruque você se remexe
Quando vê home passá?
Fica toda balançando,
Remexendo, remexendo...
Pensa tarvez, qui nós véio,
Nem tem ôio e nem tá vendo?
Mas, se eu fosse turidade,
Se eu tivesse argum valô,
Eu botava na cadeia
Esse teu remexedô...
E adespois dele tá preso,
Num lugá, bem amarrado,
Eu pedia - Minha Nêga, 
Remexe pro delegado.

As suas décimas (glosas), trovas, quadras, bem como as suas tiradas e boutades são terríveis. Certa vez, estando em Natal, no consultório do dr. Pedro Segundo, um velho médico natalense, aguardando ser atendido para fazer o exame/toque na próstata, escreveu:

Vejam a desgraça do mundo!
Depois de velho e cansado 
Vou recordar o passado 
Levando dedo no 'fundo'. 
O doutor Pedro Segundo 
É quem vai aproveitar. 
Eu terei de suportar
Esse tremendo suplício:
Por o fundo em sacrifício
Para poder melhorar. 

No ano de 1968, Renato se submeteu a uma cirurgia na próstata, no navio hospital do Projeto Hop, da Marinha norte-americana que naquela época se encontrava encalhado no Porto de Natal. Obtendo sucesso no procedimento cirúrgico, o médico logo lhe deu alta, porém com a seguinte recomendação: “Seu Renato. O senhor está de alta, mas cuidado para não comer gordura!"  Renato olhou para sua mulher que pesava aproximadamente seus bons cem quilos, dizendo: "Está ouvindo, Fausta, e agora?".

Certa feita, ao passar pela feira livre de certa cidade do interior nordestino, fora abordado por uma feirante vendedora de legumes: "Seu Renato, faça um versinho para eu divulgar minhas batatas!” E ele de imediato escreveu num pedacinho de papel de cigarro, dizendo assim:

Batata, batata doce
Batata que o povo gosta,
Um quilo dessa batata
Dá vinte quilos de 'bosta'.

Renato namorava uma jovem chamada Maria da Conceição que certo dia regressou à São Paulo para passear e rever familiares. Conceição comprometeu-se com ele, Renato, que retornaria em trinta dias. Na hora da despedida Renato entregou a sua amada, o seguinte bilhete rimado:

Maria da Conceição
Faça uma boa viagem
E leve meu coração 
Dentro da sua bagagem. 

Passaram-se dias, meses, anos, e nada de notícias de Conceição. Ao tomar conhecimento que ela, sua amada, teria se casado naquela capital paulistana, bem como do seu endereço, vingou-se num telegrama rimado endereçado a Conceição, dizendo assim:

Maria da Conceição
Você fez boa viagem?
Devolva meu coração
Que foi na sua bagagem.

E o poeta mulherengo, no melhor de sua criatividade escreveu no seu "Oiá Pidão", o poema adiante:

Os óio de Sinha Dona?
Ninguém pode arresistir.
Parece dois esmolé.
Qui só véve pra pedi.
Óios pidão desse geito,
Juro pro Deus, nunca vi.
Às vez, eu penso, Sá Dona,
Quando óio pra vancê:
Qui mecê tá é cum fome
E vergonha de dizê...
Eu tenho aquela vontade 
De me virá em cumê.
Mas, tenho mêdo, Sá Dona,
Qui seja tapiação;
Pode mecê num tê fome
E fazê judiação:
Pegá, amassá, mordê
E adespois largá de mão.

Fernando Caldas

Fernandocaldas.blogspot.com


VIAGEM COM O WANDERLEY

O fundador da família Wanderley no Rio Grande do Norte não usava o nome Wanderley e sim Pimentel.

Chamava-se JOÃO DE SOUZA PIMENTEL, e viera de Pernambuco, já casado com dona Josefa Lins de Mendonça.
Já casado ou solteiro, casando na Vila Nova da Princesa? Não há, até aqui, certeza.

Na NOBILIARQUIA PERNAMBUCANA, de Borges da Fonseca, verifica-se que os Wanderley estavam muito misturados e aliados aos SOUZA PIMENTEIS, LINS, e mais gente fina, de brasão e prosápia, senhores de engenhos e participando da governança das vilas da capitania.
Esse João de Souza Pimentel é o pai de João Pio Lins Pimentel, já usando o LINS materno, e Gonçalo Lins Wanderley, há usando o WANDERLEY.
João Pio Lins Pimentel foi tenente-coronel da Guarda Nacional, fazendeiro, lavrador abastado e primeiro Presidente da Câmara Municipal de Santana do Matos, de 1837 a 1840.

Em 13 de setembro de 1838, ingressando na Loja maçônica SIGILO NATALENSE, dizia-se MAIOR DE 40 ANOS, casado, proprietário e residente na VILA DO ASSU e não VILA DA PRINCESA, em honra da Princesa Carlota Joaquina. Nascera antes de 1790 e devia ser o primogênito poque se chamava pelo mesmo nome do pai.

Nada mais sei sobre o Ten-Cel. João Pio Lins Pimentel, com quem casou-se e se deixou descendência.

GONÇALO LINS WANDERLEY, seu mano, casou com dona Francisca Xavier de Macedo, filha de Francisco Xavier de Macedo e dona Teresa de Jesus, filha, esta, de Carlos de Azevedo Leite e d. Rosa Maria da Conceição. Gonçalo Lins Wanderley era altivo e sabia manejar na palavra. Pesidente da Câmara Municipal da Vila da Princesa em fevereiro de 1822, deu uma resposta bravia ao GOVERNO TEMPORÁRIO que se instalara em Natal pela foraça das carabinas da Companhia de Linha. Gonçalo declarou não reconhecer a competência do Governo, dizendo-o ILEGÍTIMO, CRIMNINOSO E REBELDE... Esse mesmo Gonçalo Lins Wanderley tinha fama de excelente cavaleiro e jogador não de carta mas de espada. Ignoro o nome de todos os seus dignos filhinhos.
Dois, deixaram fama e renome, Manuel e João Carlos.

Manuel Lins Wanderley, 1804-1877, casou com d. Maria Francisca da Trindade e não sei quem teve a honra de ser sogro dele. Sei que abençoou dezessete filhos. Um deles é o doutor LUÍS CARLOS LINS WANDERLEY, 1831-1890, primeiro norte-rio-grandense doutor em medicina, deputado provincial e presidindo a administração da sua Província, poeta, professor, jornalista, teatrólogo, orador, político, clínico profissional. Faleceu em sua casa que se erguia onde está o prédio da Prefeitura Municipal.

João Carlos Wanderley, 1811-1899, casou com d. Claudina Leite do Pinho, filha do Ten-Cel. Antonio José Leite do Pinho e d. Bernarda Antonio Rodrigues. Teve também dezessete filhos.Uma das suas filhas, Francisca Carolina, casou no Assu, a 25 de julho de 1858, com seu primo o dr. Luís Carlos Lins Wanderley. Luís Carlos, enviuvando, casou com uma cunhada, d. Maria Amélia Wanderley, em 1877.

Luís Carlos e sua mulher, d. Maria Amélia, morreram no mesmo diua, 10 de fevereiro de 1890, em Natal.

Os filhos do dr. Luís Carlos deram muita vida e glória às letras da Província e do Estado e a herança cultural continua harmoniosa no espírito dos netos e bisnetos.
Nas festas comemorativas do MILÊNIO DA CIDADE DO NATAL, em 25 de dezembro do ano de 1899, um Wanderley publicara um poema n'A República", que circulara, impávida e solene, e outro Wanderley fará um discurso, contando a história da terra que é quase a história da gente ilustre dos Wanderley.
26.11.1959

Câmara Cascudo
(Em, O Livro das Velhas Figuras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, 1978)

NOVA REMESSA DO LIVRO

PALAVRA É ARTE
Demorou mas tá chegando a segunda remessa do livro PALAVRA É ARTE - editado pela Cultural Editora trazendo contos de escritores brasileiros. Dentre estes trabalhos, 05 contos são de autoria do assuense Ivan Pinheiro. A apresentação também é dedicada a este Potiguar como escritor revelação. 

A editora tem um projeto anual, chamado Palavra é arte, que “recruta” novos autores para a composição de um livro, com contos infanto-juvenis. O objetivo do projeto é a distribuição dessa obra em escolas públicas do Brasil, a fim de complementar o ensino.

Se alguém se interessar em adquirir favor entrar em contato com Ivan Pinheiro pelo telefone 9644.1212.

Na segunda feira já estaremos com os exemplares à disposição. A quantidade disponível é limitadíssima. 

A INVEJA

Insensatez: ato ou comportamento resultante de imprudência, de falta de bom senso. Esse comportamento surge, na maioria das vezes, fruto de um coração amargurado pela inveja, pelo ciúme. Não percebe o desatino que está cometendo simplesmente devido a um sentimento misto de desgosto e ódio provocado pelo sucesso ou pelas posses de outrem. Se a razão e o bom senso predominarem certamente que ninguém agirá de tal forma. Prezo que em sua vida haja sempre espaço para essas capacidades e que lute sempre para preservar esse bom discernimento em seu agir. Deus nos fez e constituiu para que ajamos sempre à Sua imagem e semelhança e sabemos que o Supremo Criador não possui esses juízos. De qualquer forma sempre existe a possibilidade de recorrermos ao Senhor, pela presença constante de Jesus ao nosso lado – quando permitirmos que ele nos conduza – e optarmos por evitar procedimentos que deem lugar a raízes de amargura em nosso ser e tristeza da parte daqueles que convivem conosco. Nossa família tão preciosa deve ser tratada, acima de tudo, com o melhor de nossos sentimentos.
Que o seu final de semana lhe traga alegrias e que seja vivido em clima de harmonia e de paz, no seio de seu querido lar.

Clênio Lins Caldas

A inveja

Você tem inveja do seu colega de trabalho? Você é daqueles que costuma vasculhar as folhas de pagamento dos colegas, na ânsia de descobrir injustiças cometidas pelo seu patrão? Você sente inveja quando um colega é promovido? Ou quando recebe um pequeno aumento salarial? Acredita que você seja um injustiçado, que seu esforço não está sendo visto?
Então conheça a história de Álvaro, um desses funcionários insatisfeitos com seu patrão.
Ele trabalhava em uma empresa há 20 anos. Funcionário sério, dedicado, cumpridor de suas obrigações. Um belo dia, ele foi ao dono da empresa para fazer uma reclamação. Disse que trabalhava ali há 20 anos com toda dedicação, mas se sentia injustiçado. O Juca, que havia começado há apenas três anos, estava ganhando muito mais do que ele. O patrão fingiu não ouvir e lhe pediu que fosse até a barraca de frutas da esquina. Ele estava pensando em oferecer frutas como sobremesa ao pessoal, após o almoço daquele dia, e queria que ele verificasse se na barraca havia abacaxi. Álvaro não entendeu direito, mas obedeceu. Voltando, muito rápido, informou que o moço da barraca tinha abacaxi.
Quando o dono da empresa lhe perguntou o preço ele disse que não havia perguntado. Como também não sabia responder se o rapaz tinha quantidade suficiente para atender todos os funcionários da empresa. Muito menos se ele tinha outra fruta para substituir o abacaxi, neste caso.
O patrão pediu a Álvaro que se sentasse em sua sala e chamou o Juca. Deu a ele a mesma missão que dera para Álvaro:
- Estou querendo dar frutas como sobremesa ao nosso pessoal hoje. Aqui na esquina tem uma barraca. Vá até lá e verifique se eles têm abacaxi.
Oito minutos depois, Juca voltou com a seguinte resposta:
- Eles têm abacaxi e em quantidade suficiente para todo o nosso pessoal. Se o senhor preferir, têm também laranja, banana, melão e mamão. O abacaxi está r$ 1,50 cada, a banana e o mamão a r$ 1,00 o quilo, o melão r$ 1,20 a unidade e a laranja r$ 20,00 o cento, já descascada. Como falei que a compra seria em grande quantidade, ele dará um desconto de 15%. Deixei reservado. Conforme o senhor decidir, volto lá e confirmo.
Agradecendo pelas informações, o patrão dispensou Juca. Voltou-se para Álvaro e perguntou:
- O que é mesmo que você estava querendo falar comigo antes?
Álvaro se levantou e se encaminhando para a porta, falou:
- Nada sério, patrão. Esqueça. Com sua licença.
Muitas vezes invejamos as posições alheias. Sem nos apercebermos que as pessoas estão onde estão e têm o que têm porque fizeram esforços para isso. Invejamos os que têm muito dinheiro, esquecidos de que trabalharam para conseguir. Se foi herança, precisam dar muito duro para manter a mesma condição. Invejamos os que se sobressaem nas artes, no esporte, na profissão. Esquecemos das horas intermináveis de ensaios para dominar a arte da dramatização, da música, da impostação de voz. Não nos recordamos dos treinamentos exaustivos de bailarinos, jogadores, nem das horas de lazer que foram usadas para estudos cansativos pelos que ocupam altos cargos nas empresas.
O melhor caminho não é a inveja. É a tomada de decisão por estabelecer um objetivo e persegui-lo, até alcançá-lo, se esforçando sem cessar.

O ânimo sereno é a vida do corpo, mas a inveja é a podridão dos ossos. (Provérbios 14:30)
Não nos deixemos possuir de vanglória, provocando uns aos outros, tendo inveja uns dos outros. (Gálatas 5:26)
Pois, onde há inveja e sentimento faccioso, aí há confusão e toda espécie de coisas ruins. (Tiago 3:16)


BOMBA:


Inglaterra se oferece para ser sede da Copa do Mundo 2014


A Fifa, comandada por Joseph Blatter, tem uma carta na manga, caso o Brasil se mostre incapaz de garantir padrões mínimos de segurança para as seleções internacionais e seus torcedores. A Inglaterra, que tentou ser sede da Copa de 2018, e perdeu a disputa para a Rússia, se ofereceu como “plano B” para o Mundial de 2014. A proposta foi feita a Blatter, que, dias atrás, antes de sair prematuramente do Brasil, antes do fim da Copa das Confederações, lembrou que não foi a Fifa quem pediu ao Brasil para realizar a Copa – mas exatamente o contrário.
As imagens de violência e depredação de espaços públicos que se espalham pelo mundo, com ataques a prefeituras, ao Congresso, ao Itamaraty e cerco até ao Palácio do Planalto, correm o mundo, sinalizando um poder acuado e incapaz de responder aos desafios do momento – numa primeira reação, a presidente Dilma Rousseff convocou, para as 9h desta sexta-feira, uma reunião de emergência com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
A proposta da Inglaterra, que é tratada confidencialmente, pode ganhar força se novas cenas de violência comprometerem o sucesso da Copa das Confederações. Até agora, já houve vários incidentes, como a tentativa de cerco ao Castelão, em Fortaleza, onde o Brasil enfrentou o México, os furtos à seleção espanhola, no hotel do Recife, e a depredação de um ônibus da seleção brasileira, em Salvador, ontem à noite. A situação é tão grave que a Fifa já ameaçou suspender a etapa final da Copa das Confederações.
Perder a Copa, no entanto, depois de gastos de R$ 30 bilhões gastos na construção das arenas e em outros investimentos para o torneio, teria impacto devastador no mundo político. Seria uma demonstração de fracasso coletivo do Brasil como nação. Mais grave ainda seria a transferência para a Inglaterra, cuja imprensa tem feito campanha sistemática contra a condução da política econômica no País.
O risco é real. E cabe à presidente Dilma evitar que se materialize.
Do Brasil 247 / Blog do BG
Se você não consegue
entender o meu silêncio,
de nada irá adiantar
as palavras...

Pois é no silêncio das minhas palavras
Que estão todos os meus
maiores sentimentos

Oscar Wilde

http://www.facebook.com/conversaemversoeprosa
CAUSO

ROUPA NOVA

O FOLCLÓRICO “Bonzinho” foi uma figura que apesar de não gozar de amplas faculdades mentais, tinha uma vivacidade para o repente impressionante. Antigamente quando alguém usava calça preta e camisa branca era porque estava de luto de alguém. Certo dia, depois de muita persistência para usar uma roupa nova, Bonzinho conseguiu com sua mãe, dona Joaninha, vestir uma calça preta e uma camisa branca que estava guardada no fundo do baú para uma eventual necessidade.

Bonzinho lorde e faceiro saiu para dar um passeio pelo centro do Assú para mostrar a roupa nova. Quando ia passando no ‘Beco da Prefeitura’ um gaiato perguntou:

- Bonzinho, estás de luto de quem?

De imediato Bonzinho respondeu: 

- Da precisão!... Da pre-ci-são... Entendeu?

Fonte: Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Diz-me por favor qual é o céu
que não tem o calor do teu olhar
e qual é o sol que tem luz apenas
e não a sensação de que me chamas.

Diz-me por favor qual é o lugar
em que não deixaste a tua presença.
Diz-me por favor onde no meu travesseiro
não tem escondida uma lembrança tua.

Diz-me por favor qual é a noite
em que não virás velar meus sonhos.
Que não posso viver porque te espero
e não posso morrer porque te amo.

Jorge Luís Borges - (escritor e poeta argentino)

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...