A Vila de Epitácio Pessoa já produzia algodão, porém o município de Pedro Avelino a partir dos anos 50 passou a ser um dos maiores produtores de algodão do Estado. Entretanto nas décadas de 60 e 70 chegavam trabalhadores de Ceará-Mirim no trem lotado para a colheita do algodão. Muitos agricultores esperavam esses trabalhadores temporários na estação ferroviária. Nesse período nosso município tinha quase 14 mil habitantes.
Alguns produtores como Mulatinho, Chico Câmara, Ranulfo costa, Chico Rufino Teodoro Ernesto, Segundo Veríssimo e outros, carregavam os caminhões de algodão e alguns entregavam nas duas usinas locais, outros, descarregavam na usina de São Miguel, aos galegos ingleses.
Essa foi a época do auge do 'ouro branco' e que 'corria' muito dinheiro no nosso torrão. Festas, natal, ano novo, carnavais, São João, AUPA. Por fim, a cidade era alegre e divertida o ano todo. Foi um período de um certo desenvolvimento, com hotéis, bares, vaquejadas, mercearias sortidas etc.
A feira livre aos sábados era grande. Começava às 5 da manhã e terminava às 5 da tarde. O trânsito era dominado por tratores com carroças e caminhões que transportavam os trabalhadores rurais para a feira. Os que ficavam na zona rural compravam nos tradicionais barracões.
Duas variedades de algodão eram plantadas no RN e , em Pedro Avelino: o arbóreo ("mocó" ou "Seridó") e o herbáceo. O algodão "mocó" foi a variedade que melhor se adaptou aos sertões: por suas raízes profundas, era mais resistente às secas; por seu vigor, era uma variedade mais infensa às pragas e ,por outro lado, produzia até por mais de 5 anos. Em suma, era muito mais vantajoso que o herbáceo, que tinha um ciclo vegetativo muito curto - geralmente um ano e, além disso, mais suscetível a pragas.
O cultivo do algodão arbóreo "mocó" alimentava um grande número de usinas de beneficiamento. Além da fibra de excelente qualidade, tinha como subprodutos óleo vegetal e ração animal ( torta de algodão). Por ser na época fonte segura de renda para o produtor foi chamado de "ouro branco".
No entanto, o algodão nordestino foi perdendo paulatinamente, sua posição hegemônica como principal matéria-prima consumida pela indústria têxtil brasileira. As crises de oferta da fibra nordestina estariam ligadas, por um lado, às devastadoras secas que atingiam impiedosamente as lavouras sertanejas. Por outro lado, com a chegada do bicudo ( início dos anos 80), praga de difícil controle e depois com a abertura do mercado nacional às importações de países da Ásia nos anos 90, tornou inviável a produção através dos agricultores e que provocou o êxodo rural, por isso, os campos ficaram sem produção algodoeira e sem alternativas para a maior parte do homem do campo ,que partiu para a pecuária leiteira e de corte.
Bela época.
Marcos Calaça, jornalista matuto (UFRN)
Caminhão do senhor Chico Rufino carregado de algodão. Década de 70. Motorista: Chico Honorato.