quinta-feira, 31 de julho de 2014
O COMETA
JORNAL DE OUTRORA
O Jornal 'O COMETA' (circulava depois do São João, no período das férias estudantis, quando todos retornavam para sua terra berço) - edição de nº 01, segundo ano, datado de 01 de julho de 1967, traz alguns comentários que não convém publicar porque a época é outra, todas as pessoas casaram (ou quase todas), algumas já faleceram e, na verdade, não tem sentido. No entanto, existem alguns "quadros", sem maldades, que podemos republicar como forma de conhecermos um pouco como era e como se divertia a elite jovem assuense da década de sessenta. Vejamos este:
O HOMEM IDEAL TEM QUE TER:
- A altura de EDIVAL;
- A classe de CAIO CÉSAR;
- A personalidade de TIÃO DIÓGENES;
- A educação de ALEX;
- A inteligência de EDGARD PINHEIRO;
- A eficiência de Dr. ARTUR;
- A disponibilidade de ALZAIR;
- A cultura de SEVERINO;
- A conversa de EMÍLIO SALEM;
- A perseverança de PAPAXINHA;
- A dança de JUNINHO;
- A elegância de ATHOS; e,
- O rosto de CRAVEIRO.
Coisas da nossa velha Assu.
Maria de Oliveira Barros
Maria Boa. (Sandro Fortunato*)
Cabe uma explicação aos mais jovens, aos castos e aos pudicos. Cabaré, boate, casa de massagens, puteiro, casa de strip, relax for men e outros templos do prazer carnal não são tudo a mesma coisa.
Cabaré é algo que quase não existe mais. Era o local de trabalho das damas, das mulheres da noite. Nele havia uma dona, geralmente uma senhora respeitável, douta na arte de fazer um homem gemer sem sentir dor, conhecedora de mistérios somente revelados à meia luz, entre gemidos e sussurros. Essa senhora recebia em sua casa várias meninas que, repetindo sua própria história, um dia haviam fugido de casa ou sido colocadas para fora pelo pai envergonhado da filha ingrata que desgraçara o lar fazendo safadeza antes do tempo e sem ser casada. Essas meninas tinham cada uma, seu quarto, suas coisinhas, seu mundo. Tinham hora para trabalhar. Tinham clientes preferidos. Também tinham amigos. Tinham uma vida. E, essa não era nada fácil.
Ir a um cabaré nem sempre significava buscar sexo pago. Freqüentava-se cabaré para beber, conversar com os amigos, com as meninas da casa, ver um show, enfim, para se divertir e relaxar. Ao final, você poderia voltar para casa de espírito mais tranqüilo e sem necessariamente ter chegado às vias de fato.
Na provinciana Natal desde os anos 40 a meados da década de 80, existiu o Cabaré de Maria Boa, talvez o último desses locais que merecesse ser chamado assim. Era de propriedade de uma verdadeira dama, respeitável cortesã.
Luz vermelha, quartos minúsculos com acústica privilegiada aos que passavam no corredor, toalhinha e bacia com água para lavar as partes, cerveja gelada, meninas que conversavam, mulheres mais experientes com suas “frases de sedução”: E aí, bonitão, vamos brincar um pouquinho hoje? ou Vem cá, simpático. A radiola de ficha a tocar e as meninas sonhando com alguém que as tirasse daquele lugar.
Maria Boa era natural de Campina Grande. Como teria vindo para Natal? Será que a menina, então com pouco mais de vinte anos, que deixava Campina, poderia imaginar que a Casa de Maria Boa faria fama no Brasil e no mundo e, mais que simples cabaré, viraria referência turística da capital potiguar?
Maria Boa chegou a Natal junto com os americanos e a Segunda Guerra. Sua casa levou se tornou um referencial. Era freqüentada por políticos e empresários. Funcionou por aproximadamente meio século. Já era quase uma septuagenária quando caminhava diariamente ao amanhecer pela Praia do Meio, onde morava, com uma antiga amiga. Não se sabe se nessa época ainda aparecia para gerir os negócios. Poucos tiveram a oportunidade de pousar olhos embriagados sobre sua lendária figura.
Uma história foi contada na edição do Diário de Natal, que trazia a notícia da morte de Maria. O fato ocorreu em um churrasco em família, num ambiente bem tranqüilo: “Numa cadeira ao lado, sentou uma senhora usando vestido azul e sandálias pretas. (…) Seus traços físicos ainda guardavam sinais de uma mulher que já fora muito bonita, de belo corpo. Conversei uma hora com a mulher ao lado. Ao final do papo, ela perguntou meu nome. Respondi a senhora e, por educação, fiz a mesma pergunta. Com um sorriso, ela me respondeu: “Me chamo Maria de Oliveira”. (…) Alguns minutos após, minha avó se aproximou, comentei com ela: “Que mulher distinta e educada, ela parece uma lady do tipo inglesa”. Minha avó disse: “Você estava conversando com Maria Boa”.Outra história, na cobertura do enterro, foi registrada:
Morreu ontem, por volta de 1 hora da manhã, vítima de acidente vascular cerebral - AVC (trombose), na Casa de Saúde São Lucas, Maria Oliveira Barros, mais conhecida como Maria Boa, 77 anos. Ela fez história no Rio Grande do Norte com seu bordel. Com o sepultamento de Maria Boa, desaparece também uma figura lendária da história da cidade, que da badalação da noite envolveu-se num véu de recato e discrição, usufruindo o que amealhou com décadas de trabalho em extremo convívio familiar.Quem não viveu a Natal dos anos sessenta, quando o sexo era reprimido “entre as moças de família”, não pode avaliar o que foi essa “instituição” para jovens iniciantes, ou para o relax de vestutas figuras do Judiciário, Legislativo e Executivo, empresários, enfim cidadãos de todos os tipos, de uma cidade com menos de 200 mil habitantes .
Cabaré é algo que quase não existe mais. Era o local de trabalho das damas, das mulheres da noite. Nele havia uma dona, geralmente uma senhora respeitável, douta na arte de fazer um homem gemer sem sentir dor, conhecedora de mistérios somente revelados à meia luz, entre gemidos e sussurros. Essa senhora recebia em sua casa várias meninas que, repetindo sua própria história, um dia haviam fugido de casa ou sido colocadas para fora pelo pai envergonhado da filha ingrata que desgraçara o lar fazendo safadeza antes do tempo e sem ser casada. Essas meninas tinham cada uma, seu quarto, suas coisinhas, seu mundo. Tinham hora para trabalhar. Tinham clientes preferidos. Também tinham amigos. Tinham uma vida. E, essa não era nada fácil.
Ir a um cabaré nem sempre significava buscar sexo pago. Freqüentava-se cabaré para beber, conversar com os amigos, com as meninas da casa, ver um show, enfim, para se divertir e relaxar. Ao final, você poderia voltar para casa de espírito mais tranqüilo e sem necessariamente ter chegado às vias de fato.
Na provinciana Natal desde os anos 40 a meados da década de 80, existiu o Cabaré de Maria Boa, talvez o último desses locais que merecesse ser chamado assim. Era de propriedade de uma verdadeira dama, respeitável cortesã.
Luz vermelha, quartos minúsculos com acústica privilegiada aos que passavam no corredor, toalhinha e bacia com água para lavar as partes, cerveja gelada, meninas que conversavam, mulheres mais experientes com suas “frases de sedução”: E aí, bonitão, vamos brincar um pouquinho hoje? ou Vem cá, simpático. A radiola de ficha a tocar e as meninas sonhando com alguém que as tirasse daquele lugar.
Maria Boa era natural de Campina Grande. Como teria vindo para Natal? Será que a menina, então com pouco mais de vinte anos, que deixava Campina, poderia imaginar que a Casa de Maria Boa faria fama no Brasil e no mundo e, mais que simples cabaré, viraria referência turística da capital potiguar?
Maria Boa chegou a Natal junto com os americanos e a Segunda Guerra. Sua casa levou se tornou um referencial. Era freqüentada por políticos e empresários. Funcionou por aproximadamente meio século. Já era quase uma septuagenária quando caminhava diariamente ao amanhecer pela Praia do Meio, onde morava, com uma antiga amiga. Não se sabe se nessa época ainda aparecia para gerir os negócios. Poucos tiveram a oportunidade de pousar olhos embriagados sobre sua lendária figura.
Uma história foi contada na edição do Diário de Natal, que trazia a notícia da morte de Maria. O fato ocorreu em um churrasco em família, num ambiente bem tranqüilo: “Numa cadeira ao lado, sentou uma senhora usando vestido azul e sandálias pretas. (…) Seus traços físicos ainda guardavam sinais de uma mulher que já fora muito bonita, de belo corpo. Conversei uma hora com a mulher ao lado. Ao final do papo, ela perguntou meu nome. Respondi a senhora e, por educação, fiz a mesma pergunta. Com um sorriso, ela me respondeu: “Me chamo Maria de Oliveira”. (…) Alguns minutos após, minha avó se aproximou, comentei com ela: “Que mulher distinta e educada, ela parece uma lady do tipo inglesa”. Minha avó disse: “Você estava conversando com Maria Boa”.Outra história, na cobertura do enterro, foi registrada:
Morreu ontem, por volta de 1 hora da manhã, vítima de acidente vascular cerebral - AVC (trombose), na Casa de Saúde São Lucas, Maria Oliveira Barros, mais conhecida como Maria Boa, 77 anos. Ela fez história no Rio Grande do Norte com seu bordel. Com o sepultamento de Maria Boa, desaparece também uma figura lendária da história da cidade, que da badalação da noite envolveu-se num véu de recato e discrição, usufruindo o que amealhou com décadas de trabalho em extremo convívio familiar.Quem não viveu a Natal dos anos sessenta, quando o sexo era reprimido “entre as moças de família”, não pode avaliar o que foi essa “instituição” para jovens iniciantes, ou para o relax de vestutas figuras do Judiciário, Legislativo e Executivo, empresários, enfim cidadãos de todos os tipos, de uma cidade com menos de 200 mil habitantes .
Junto com Maria, morreu todo o romantismo de uma época.
Hoje, temos garotas de todos os tipos, para todos os bolsos, gostos e fantasias, mas não se fazem mais Damas da Noite como antigamente.
* Acrescentadas, pelo blog, algumas notas ao texto original.
Postado por Manoel de Oliveira Cavalcanti Neto.
Aos 91 anos, candidato mais velho das eleições se diz ‘um homem do futuro’
“Um homem do futuro”. Assim Délio de Barros Velloso, o Coronel Velloso, se define. Nascido em 1922, em Piracicaba (160 km de São Paulo), ele decidiu se candidatar a deputado federal pelo PRB aos 91 anos de idade.
“Durante toda a minha vida eu analisei a sociedade, mas nunca ninguém quis me ouvir. E agora tenho ideias para melhorar as coisas”, afirma Velloso, que serviu na Força Nacional –órgão que precedeu a Polícia Militar do Estado até 1970– e já disputou outra eleição “uns 30 ou 40 anos atrás, pelo PL”, mas não se elegeu.
Do Portal Uol
quarta-feira, 30 de julho de 2014
CORDEL
Roberto Adolpho, José Olympio e Eduardo Olympio são três bons poetas Baianos das décimas, leitores deste blog. Como prova que eles são mestres da métrica, da rima e da prosa, os versos adiante para o nosso deleite:
CORDEL E GENÉTICA
Foi com lápis e papel,
Que tentei escrevinhar,
Para logo recitar,
Contido e sem escarcéu,
Uma peça de cordel.
Não havia descoberto,
Que cordel bonito e certo,
De acordo com a cartilha,
Só com gene de família,
Caso de Eduardo e Roberto
José
Olympio
30.07.2014
RÉPLICA
Meu querido primo Zé,
Vejo com muita alegria
Que cordel com maestria
Da família, que não é
A Família Buscapé,
Não resta só de Eduardo,
Nem de Roberto - galhardo,
Sofisticado e bonito -
Tal qual o seu – inaudito -
E me sinto felizardo.
Eduardo
Olympio
30.07.2014
TRÉPLICA
Meus caros primos José
Olympio como Eduardo
Nada tenho de galhardo,
Eu nem me sustento em pé
Com meu verso pangaré.
Ante tanta competência
Eu lhes presto continência
Não só pela estrutura
E da métrica segura,
Como também da fluência.
Roberto
Adolpho
30.07.2014
BAIANO LANÇA LIVRO SOBRE NÚBIA LAFAYETTE
No último dia 26, dentro da programação alusiva a Senhora Sant'Ana - Padroeira do município de Catu/BA, foi lançado o Livro "NÚBIA LAFAYETTE, A VOZ SENTIMENTO", do Escritor HAMILTON DOS SANTOS.
Hamilton é professor, e trabalha na Catu-FM. Foi um dos criadores do primeiro fã clube da cantora assuense, acompanhando-a desde 1960, tendo inclusive sido seu empresario na realização de shows por diversas cidades baianas.
O livro "NÚBIA LAFAYETTE, A VOZ SENTIMENTO" é uma homenagem pelos 47 anos de convivência com a cantora e intérprete, tornando-se seu secretário particular.
No contexto, cartas, biografia, discografia e suas andanças pela Bahia.
O autor pretende realizar o lançamento do referido livro no Assu e em Carnaubais.
Hamilton é professor, e trabalha na Catu-FM. Foi um dos criadores do primeiro fã clube da cantora assuense, acompanhando-a desde 1960, tendo inclusive sido seu empresario na realização de shows por diversas cidades baianas.
O livro "NÚBIA LAFAYETTE, A VOZ SENTIMENTO" é uma homenagem pelos 47 anos de convivência com a cantora e intérprete, tornando-se seu secretário particular.
No contexto, cartas, biografia, discografia e suas andanças pela Bahia.
O autor pretende realizar o lançamento do referido livro no Assu e em Carnaubais.
Postado por Ivan Pinheiro Bezerra
A FORÇA DA POESIA FESCENINA
Publicado por Luiz Berto em O MUNDO CIRCUNDANTE - Uma coluna de Luiz Carlos Monteiro
Existe uma literatura que não pode aparecer em lugares que exijam certa contenção ou recato, pois o comportamento e a etiqueta de algumas pessoas não aceitam conhecê-la, fazer sua leitura e muito menos ouvi-la. Decerto por isso, o norte-rio-grandense Oswaldo Lamartine de Faria, quando da primeira edição de Uns Fesceninos (Rio de Janeiro, Artenova, 1970), na coleção “Erotika lexicon”, avisava que seu livro era “publicado especialmente para bibliófilos e colecionadores em edição fora de mercado”. As manifestações dessa literatura tanto se veiculam em poesia quanto em prosa, sabendo-se embora que a poesia fescenina tem maior ocorrência do que a segunda, porque a rima é de mais fácil memorização e divulgação.
Um mote bem-sucedido que leva a determinada estrofe fica martelando na cabeça de espectadores ouvintes e poetas que apreciam as diferentes modalidades da poesia popular, estando a poesia fescenina aí incluída. Para que alguém verseje sobre atos cotidianos que desafiem o pudor, que desvelem o escondido da genitália e que exponham situações do ridículo humano, basta que esteja em ambientes coletivos principalmente, na rua ou no bar, na cidade ou no mato, onde quer que ocorram flagrantes que desenredem o novelo popularmente satírico e criativo dessa poesia.
A segunda edição de Uns Fesceninos saiu em 2008 no Recife, pela Bagaço, organizada pelo poeta e professor pernambucano Carlos Newton Júnior. Reproduzida em fac-símile diretamente da primeira, a partir de um exemplar que continha anotações feitas minuciosamente à mão por Oswaldo Lamartine. Envolvendo parte da produção norte-rio-grandense do gênero, deste livro participam 17 poetas com breves contribuições, pequenos poemas quase todos acompanhados de um relato em forma de causo, para ilustrar o acontecimento que deu origem aos versos. O tom é invariavelmente jocoso, gozador, sem papas na língua ou sem peias no lápis de quem os criou.
Os poetas que praticam a poesia fescenina glosam sobre situações as mais inusitadas. Há o caso de um delegado que queria empastelar um jornal interiorano, quando alguém da redação escreveu circunstancialmente num papel qualquer em forma de paródia “Liberdade! Liberdade!/ Onde estás, fela da puta?” O autor do desabafo foi preso pelo delegado da cidade, um sujeito que atendia por Aguiar, e logo após o poeta Damasceno Bezerra cometeu estes versos em cima daquele mote: “Não sei, ao certo, a verdade,/ Do fato como se deu./ Sei que Mesquita escreveu:/ Liberdade! Liberdade!/ E, por infelicidade,/ Um guarda-civil recruta/ Vai entrando, à força bruta,/ Sem nada o interceptar,/ Chamando por Aguiar:/ Onde estás, fela da puta?” A encomenda de um bodegueiro para conter e prevenir os seus devedores resultou na quadrinha de Jayme Wanderley: “Para não haver transtorno/ Aqui neste barracão,/ Só vendo fiado a corno,/ Filho da puta e ladrão.” Os versos anônimos de um ex-detento permitem que ele se vingue impiedosamente do juiz que um dia o condenou. A autoridade funcionava como barbeiro nas horas vagas, mas um barbeiro especial: “Eu afirmo e dou-lhe fé/ com toda convicção:/ Já tem outra profissão/ o juiz de São José./ Tosou Maria José,/ raspou-lhe as beiras da greta,/ por causa dessa faceta,/ é que todo mundo diz,/ que ele, além de juiz,/ é barbeiro de boceta.”
A morte não é levada a sério por alguns poetas. No cotidiano, de resto, pode-se comumente observar pessoas rindo em velórios, bebendo cachaça, fumando e arriscando um namoro. O poeta José Areias, numa roda de cachaça, ouviu de um dos boêmios presentes uma quadra de outro poeta, Américo Falcão: “Não há tristeza no mundo,/ Que se compare à tristeza/ Dos olhos de um moribundo,/ Fitando uma vela acesa”. Areias arrematou com esta quadrinha infame: “Não há tristeza no mundo,/ Que se compare à tristeza/ Do sujeito olhar um fundo,/ Sem ficar de vela acesa”. A última estrofe do soneto “Enterro do pecado”, de Abner de Brito, sugere um rito profano ao comparar o corpo da mulher a um cemitério no qual, numa metafórica sexualizada, será enterrado o pecado: “Abre os teus braços, mata-me desperto,/ Se tens no corpo um cemitério aberto,/ Vamos fazer o enterro do pecado…”.
A condição do pobre, jamais esquecida em poesia, inspirou os versos de Renato Caldas a partir do mote Se merda fosse dinheiro/ Pobre nascia sem cu!: “Talvez não tivesse cheiro,/ Servia de brilhantina./ Ninguém cagava em latrina/ Se merda fosse dinheiro./ Todo mundo era banqueiro!/ Sanitário - era baú,/ Porém aqui no Assu,/ A terra do interesse,/ Se tal coisa acontecesse/ Pobre nascia sem cu…”. O mesmo Renato Caldas, desejando publicar um livro, soube da presença do jornalista Carlos Lacerda em visita ao Rio Grande do Norte, no início da década de 1950. Lacerda estava a promover a campanha contra a seca nordestina “Ajuda teu irmão”, e o poeta aproveitou para sapecar a estrofe: “Seu doutor Carlos Lacerda/ Já que inventou essa merda/ De Ajuda a teu irmão,/ Publique Fulô do Mato,/ Ajude ao velho Renato,/ Poeta lá do sertão…”.
Ainda que seja feita de palavrões, irreverência, sátira e ataque ao duvidoso bom gosto pequeno-burguês, essa poesia continua a transitar de boca em boca, atravessando gerações, cidades e países. Seria difícil alguém imaginar que, por trás da seriedade de um Manuel Bandeira ou de um Carlos Drummond de Andrade, havia os cultores de versos altamente eróticos, sem excluir cargas do obsceno e do pornográfico. Mais recentemente, na obra de um Glauco Mattoso, encontra-se toda uma literatura vinculada ao calão fescenino. Mesmo os que hipocritamente se voltam contra e olham de viés construções desbocadas e chulas, motes lascivos e às vezes impróprios, se tiverem oportunidade, certamente vão conferir e se deleitar sozinhos com o proibido estampado em versos que a musa popular facilitou e ditou aos seus poetas.
Fonte: Jornal da Besta Fubana
Fonte: Jornal da Besta Fubana
Me amou com doçura, deixaste com seus toques
Rastros de ternura pelo corpo meu
Roubou da minha boca beijos quentes
Da minha pele o desejo ardente
Com fantasias envolventes
E nos amamos apaixonadamente
Cobriu minha boca de delírios
Minha pele de malícias, meu querer só de pecados
Pecados gostosos
De um sabor inigualável
Tentação a me provocar
Quando voltar traga em sua boca
Beijos de amor para me provocar
Em suas mãos o desejo doce
De me acariciar
Para juntos vivermos
Outra noite de amor.
Rastros de ternura pelo corpo meu
Roubou da minha boca beijos quentes
Da minha pele o desejo ardente
Com fantasias envolventes
E nos amamos apaixonadamente
Cobriu minha boca de delírios
Minha pele de malícias, meu querer só de pecados
Pecados gostosos
De um sabor inigualável
Tentação a me provocar
Quando voltar traga em sua boca
Beijos de amor para me provocar
Em suas mãos o desejo doce
De me acariciar
Para juntos vivermos
Outra noite de amor.
Elizabete Alves
terça-feira, 29 de julho de 2014
REMINISCÊNCIAS:
VAQUEJADA DO ASSU DE 1965
O jornal da Festa de São João, O BISU, de 21 de junho de 1965, trouxe algumas notas sobre a tradicional Vaquejada do Assu daquele ano. Vejamos:
TUDO PRONTO PARA A VAQUEJADA - Dezenas de pessoas de todas as partes do Estado estão chegando desde sábado para a grande Vaquejada de Assu, que se iniciará amanhã às oito horas. Currais e pistas estão prontos há uma semana, devendo o gado chegar por todo o dia de hoje. Cerca de 150 parelhas se acham inscritas para disputar quatro taças que já se encontram entre nós. A maior novidade este ano, será o funcionamento do baile e bar, na quadra do JK, ao lado da pista.
_*_
Continuam chegando assuenses para as festas deste ano: hoje, os doutores Antônio e Ovídio Montenegro. Amanhã, Milfont, Milton e Fernando Fonseca.
_*_
Já se encontra no Assu o maior derrubador de gado do Estado e campeão de vaquejada do Nordeste, o famoso Pitota.
_*_
os três irmãos Bentinho, babá e Alfredinho, de Goianinha, são por coincidência, os maiores corredores daquela localidade. Há três dias chegaram em companhia de Andiere e Oldanir, treinando diariamente para levar as taças.
_*_
Os deputados Moacyr Duarte e Roberto varela, reservaram inscrições e chegarão amanhã para a vaquejada e festas.
_*_
Muito comentada a colaboração decisiva para a realização da Vaquejada, de Edgard Montenegro, José Leitão e Zé Constantino.
_*_
DO BLOG: Como pudemos observar a tradicional Vaquejada do Assu, do ano de 1965, realizou-se ao lado da escola Estadual Juscelino Kubitschek, provavelmente, nas imediações onde está edificada a Capela São Tarcísio - Bairro Dom Elizeu - Assu.
Foto ilustrativa retirada da Linha do Tempo de Lucílio Filho.
Do blog: Assu na ponta da língua
Silencio-me com frequência.
Gostava de ser mais impulsiva,
mais inconstante, mais directa
porém não consigo.
O que é o silêncio
senão a ausência de som.
Quero adentrar no silêncio
e silenciar a mente
até que não reste memória.
Ausência de som
não significa a falta sentimentos.
Há palavras mudas no ar,
num olhar, num toque.
A ausência de alguém
tem um som próprio
indescritível e único.
O teu silêncio fala-me.
Ouço nele o som
de todas as palavras por dizer.
Quando conhecemos verdadeiramente alguém
o silêncio fala mais do que mil palavras.
Gostava de ser mais impulsiva,
mais inconstante, mais directa
porém não consigo.
O que é o silêncio
senão a ausência de som.
Quero adentrar no silêncio
e silenciar a mente
até que não reste memória.
Ausência de som
não significa a falta sentimentos.
Há palavras mudas no ar,
num olhar, num toque.
A ausência de alguém
tem um som próprio
indescritível e único.
O teu silêncio fala-me.
Ouço nele o som
de todas as palavras por dizer.
Quando conhecemos verdadeiramente alguém
o silêncio fala mais do que mil palavras.
Cristina Costa
PEQUENA RECEITA DE CORDEL
Eduardo Olympio
29/07/2014
Quem quiser realizar
Uma peça de cordel,
Pegue lápis e papel,
Notebook ou celular,
Para palavras deitar,
De raiva ou contentamento.
Seguindo o procedimento
Da poética do gênero,
Não restará mais efêmero
O que lhe traz sentimento.
Deixe que o tema se esboce
Pela própria inspiração.
Vezes busque o coração,
Não precisa ser veloce.
Não serve a fruta precoce,
Prefira sempre a madura.
Consulte em fonte segura
O sentido e a referência,
Porque são arte e ciência:
Métrica, rima, estrutura.
Como o bom assentador
De tijolinhos maciços,
Que descarta os quebradiços
E separa, sabedor,
Os firmes, com quase amor,
Das estrofes, engenheiro
E das rimas, garimpeiro,
Tente a palavra escondida,
Que, ao surgir, brilha e dá vida
Ao sublime e ao corriqueiro.
Pode cuidar de Olimpíada
E referir os atletas,
Mencionar os poetas,
Homero, os cantos da Ilíada,
E Camões, grande lusíada.
Mas, quando valer o jogo,
Num átimo, sem afogo,
Tire Grécia e Portugal
Do pensar incidental,
E o pouse em Botafogo.
À padroeira Cecília,
Peça bênção pra seu verso,
Luz no assunto controverso,
Se for briga de família
Ou desfecho de quizília.
Rogue saber analítico,
Para entender o político,
Comentar economia
E ver a diplomacia,
Com discernimento crítico.
No cântico repentino
Do Brasil e mundo afora,
Para sempre, desde agora,
Poupe o texto sibilino,
Carregue o olhar nordestino.
Pois, tudo que quer o vate
É o pensamento em resgate
Ou a indignação em resposta
E que o riso de quem gosta
O seu cordel arremate.
Eduardo Olympio
29/07/2014
Quem quiser realizar
Uma peça de cordel,
Pegue lápis e papel,
Notebook ou celular,
Para palavras deitar,
De raiva ou contentamento.
Seguindo o procedimento
Da poética do gênero,
Não restará mais efêmero
O que lhe traz sentimento.
Deixe que o tema se esboce
Pela própria inspiração.
Vezes busque o coração,
Não precisa ser veloce.
Não serve a fruta precoce,
Prefira sempre a madura.
Consulte em fonte segura
O sentido e a referência,
Porque são arte e ciência:
Métrica, rima, estrutura.
Como o bom assentador
De tijolinhos maciços,
Que descarta os quebradiços
E separa, sabedor,
Os firmes, com quase amor,
Das estrofes, engenheiro
E das rimas, garimpeiro,
Tente a palavra escondida,
Que, ao surgir, brilha e dá vida
Ao sublime e ao corriqueiro.
Pode cuidar de Olimpíada
E referir os atletas,
Mencionar os poetas,
Homero, os cantos da Ilíada,
E Camões, grande lusíada.
Mas, quando valer o jogo,
Num átimo, sem afogo,
Tire Grécia e Portugal
Do pensar incidental,
E o pouse em Botafogo.
À padroeira Cecília,
Peça bênção pra seu verso,
Luz no assunto controverso,
Se for briga de família
Ou desfecho de quizília.
Rogue saber analítico,
Para entender o político,
Comentar economia
E ver a diplomacia,
Com discernimento crítico.
No cântico repentino
Do Brasil e mundo afora,
Para sempre, desde agora,
Poupe o texto sibilino,
Carregue o olhar nordestino.
Pois, tudo que quer o vate
É o pensamento em resgate
Ou a indignação em resposta
E que o riso de quem gosta
O seu cordel arremate.
TRE-RN aceita registro da candidatura de Henrique e mais 84 nomes
Em sessão na tarde desta terça-feira, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Norte (TRE-RN) julgou 89 pedidos de registro de candidaturas, sendo um para governador, um para vice-governador, 12 para deputado federal (um indeferido) e 75 para deputado estadual (três indeferidos.)
Os pedidos que não foram aceitos são os de João Maria Ricardo de Andrade Lima (deputado estadual), Josenildo Martins de Souza (deputado federal), Airton Pereira da Silva (deputado estadual) e Fabíola Pereira da Silva (deputado estadual).
Veja relação dos candidatos com candidaturas aceitas pelo TER-RN:
Governador
Henrique Eduardo Lyra Alves
Vice-governador
João da Silva Maia
Deputado Federal
Eliana Braga Silva, José Adriano de Souza Gadelha, Helia Lima dos Santos, Ricardo Wagner Martins Cruz, Carlos Alberto Freire Medeiros, Eraldo Daniel de Paiva, Giovani Rodrigues Junior, Maria de Fátima Rosado Nogueira, Darlana Paulino Barbosa, Walter Pereira Alves, Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos.
Deputado Estadual
Milla Thaisa Barbosa Dantas da Silva, Maria Geciene Ferreira de Matos, Wildson Leiros Junior, Noradia Faustino de Almeida, Raquel Filgueira de Oliveira, Rafael Pithon Dantas, André Luis Albuquerque da Fonseca, José Dias de Souza Martins, Carlos Alberto de Souza Rosado Segundo, Alanne Talita Bezerra de Souza, Cleudo Martins Lopes, José Galeno Diógenes Torquato, Jorio Regis Nogueira, Jean Carlos de Góis, Carla Cristina Dutra Barbosa, Débora Kátia Medeiros de Morais, Eduardo Canuto de Oliveira, Garibalde Leite de Oliveira, Francielle Lopes de Araujo Batista, Laura Helena Lima Pinheiro, Leandro Carlos Prudêncio, Walkson da Silva Torres, Sonildo Alves de Souza, Gersony Gomes de Oliveira, Neide Sindo Felix de Souza, Luciano Martins de Moura, Joseane Karla de Oliveira, Julio Bezerril Regis, Manoel Jean Felix, Gildenor Rodrigues de Oliveira, Aldair da Rocha, Israel Fernandes Pereira, Fernando Antonio Carlos, Antonio Josino Neto, Damião Elias Fernandes, José Gomes de Oliveira, Edson Batista, Fernando Luiz Tavares, Jorge Luiz Teixeira Guimarães, Helcius Levy Santana Ferreira, Bruno Carlos da Silva, Edilson Honório da Silva, Epitácio Cândido de Brito, Nilson Araujo, Midiany Geizy de Oliveira Avelino, Maria Dilma de Abreu, Maria Zita da Costa, Maria Glória Pinto Aguiar, Kátia Silene Silva, Maria Gorete da Silva Barbosa, Maria Aparecida Silva Lima, João Maria Ricardo de Andrade Lima, Francisco Paulino de Medeiros, Maria José Almeida de Lima, Selma Oliveira Moreira Benicá, Quecia Karinna Diniz de Queiroz, Luzia da Silva Bezerra Barbosa, José Jubenick Pereira da Silva, Marcos Antonio Pereira Lima, José Lavousier Nogueira, Maria Goreth OrricoFrancisco de Assis José dos Santos, Milton Teixeira Filho, Jorge Luiz da Silva, Emanuel Alves, Maricelma Pereira, Dayana Carmen Batista do Nascimento, Maria do Socorro Mariano da Cunha, Adelita Maria de Oliveira, Evania Cristina Souza das Chagas Silva, José Lázaro de Paiva, Cristiane Bezerra de Souza Martins.
Fonte: TRE-RN
“AOS VENTOS QUE VIRÃO”, UTILIZA O CANGAÇO PARA RETRATAR UM NORDESTE EM TRANSFORMAÇÃO
por Rostand Medeiros
by Rostand Medeiros
Após ser supervalorizado e, depois, deixado de lado, o cangaço volta às telas de cinema pelas mãos de Hermano Penna com Aos Ventos Que Virão. O cineasta cearense, conhecido por Sargento Getúlio, de 1983, parte de uma premissa bastante interessante para seu novo trabalho, qual o destino de um cangaceiro depois da morte de Lampião, apresentando assim um leve panorama da situação sócio-política do nordeste na primeira metade do século XX. Em uma pequena cidade, mais precisamente Poço Redondo, no interior de Sergipe, o cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, foi assassinado.
Com a sua morte, morrem também o Cangaço e uma parte da história do Brasil. Tem início uma perseguição aos cangaceiros remanescentes, que não possuem mais uma liderança e nem pra onde ir. Mas o jovem Zé Olimpio (Rui Ricardo Diaz) decide mudar sua história, ele busca se casar com sua noiva Lucia, vivida por Emanuelle Araújo, e viver tranquilamente na cidade de Poço Redondo, em Sergipe. Porém, ele logo percebe que isto é impossível, já que o Sargento Isidoro (Edlo Mendes), assim como grande parte dos policiais do nordeste, está disposto a matar todos que participaram do bando de Virgulino Ferreira.
Assim, o casal decide largar tudo e tentar a vida em São Paulo. O Cangaceiro acaba se somando aos milhares de nordestinos que migram para o sudeste e o centro-oeste brasileiro e acaba indo trabalhar na construção civil. No sudeste, Olimpio percebe que mesmo não sofrendo os mesmos riscos de antes, sua vida não tem tanta possibilidade de melhorar, principalmente por conta do preconceito dos empresários contra os jovens nordestinos. E é neste momento que a luta de Zé Olímpio começa. Seus inimigos, o preconceito, um subemprego e a intolerância.
Com a morte de seu pai, Zé Olimpio retorna a sua cidade e, diante dos desmandos dos políticos locais e já sem o grande risco de perder a vida, decide ficar e entrar para a política. Porém, ele logo percebe que a vida na política não é muito diferente daquela que tinha no bando de Lampião. É quando descobre a corrupção e a injustiça, ao ver um juiz impedir que seus eleitores possam votar. Revoltado, ele passa a ter atitudes agressivas como protesto. No site http://brcine.com.br/especial/critica/aos-ventos-que-virao/ comenta que o principal destaque de Aos Ventos Que Virão fica com o trabalho de Penna com os atores. As interpretações, com toques teatrais, dá uma leveza ao filme que não traz nenhum grande recurso.
Os diálogos, principalmente no início da trama, ajudam a cativar o espectador para a história de amor entre Zé Olímpio e Lucia, e pelo ímpeto do herói em sempre ajudar os seus conterrâneos. No entanto, o filme acaba não segurando o ritmo e vai perdendo a força com o tempo. Se as atuações e a proposta do filme animam, a forma como é conduzido deixa a desejar, pela quantidade de temas que acabam sendo contemplados. Aos Ventos Que Virão peca por tentar transformar a história de Zé Olimpio em uma saga e não segurar com a mesma força do início, principalmente pela dificuldade de apresentar ao espectador as passagens de tempo.
Em momentos, o público é surpreendido em um ou outro dialogo que determinada cena se passa anos após a cena anterior, causando certa confusão na compreensão geral. Mesmo com a ousadia de tentar contar a saga de um homem durante décadas, não se pode dizer que Aos Ventos Que Virão seja um filme pretensioso, pelo contrário. E é justamente a simplicidade do projeto que acaba conquistando o espectador que acompanha as idas e vindas de Zé Olimpio.
Com “Aos Ventos Que Virão”, Hermano Penna mostra que o sertão ainda é relevante e que existem boas historias para serem contadas sobre nosso povo. Basta que tenhamos coragem, compromisso com a verdade e estômago forte para encararmos nossos próprios contrassensos.
Filme: Aos Ventos Que Virão Direção: Hermano Penna 2014, Brasil, 94′, Drama Roteiro: Hermano Penna, Jaqueline Tavares, Paulo Sacramento Elenco: Rui Ricardo Diaz, Emanuelle Araújo, Luis Miranda, Lucio Tranchesi, Edlo Mendes, Marat Descartes, Francisco Gaspar Hermano Penna responde tambem pelo roteiro de Aos ventos que virão, que estreou dia 24 de julho no Espaço Itaú de Cinema, em São Paulo. É conferir!
Fontes – http://brcine.com.br/especial/critica/aos-ventos-que-virao/
segunda-feira, 28 de julho de 2014
As preocupações que matam
O homem está sempre preocupado. Porque é imenso e infinito, nele há sempre lugar para um mundo de preocupações.
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