domingo, 8 de fevereiro de 2015


D. Hélder Câmara completaria ontem 106 anos de nascimento. Segue vivo pelo seu exemplo de fé e comprometimento coerente com ela. Poeta, profeta, pregador, 'bispo vermelho'. Irmão dos pobres, nosso irmão:

"Mesmo que a maior angústia te visite e te acompanhe, não deixes que ela se reflita em teu rosto. Um mundo agitado e triste precisa que leves contigo tua paz e tua alegria", exortava.


Estou calçado para a eternidade.
Vesti-me de roupas de caminhar por toda a eternidade.
Onde houver um rasgão, certo que as minhas roupas estarão rasgadas.

Mas o homem é um clarão
Eu serei um clarão por toda a eternidade.

______________João Lins Caldas (1888-1967)
Em, Poética, 1975, FJA, Natal/RN.

AS APRESENTAÇÕES DO POETA ASSUENSE RENATO CALDAS EM NATAL E ARACAJU


By Rostand Medeiros


7 de agosto de 1937
O poeta Renato Caldas nasceu na cidade de Assú no dia 8 de outubro de 1902, sendo considerado o maior representante da poesia matuta no Rio Grande do Norte.

Ficou conhecido como o “poeta das melodias selvagens”, por seus versos apresentarem de maneira simple e espontânea, para alguns até mesmo rude, mas sempre original, aspectos do amor, da simplicidade da vida do homem do campo, da natureza sertaneja e da beleza feminina.

Homem expansivo, o poeta Renato Caldas era um grande boêmio e um apreciador das cantigas populares.
A sua obra mais conhecida é o livro de poesias “Fulô do Mato”.

O jornalista Franklin Jorge (http://almadobeco.blogspot.com/2005/02/renato-caldas.html) nos mostra que ele era um “Autor de uma verve espontânea, irreverente e fecunda, que por muitos anos surpreendeu e deliciou gerações”.

Em 1987, este jornalista entrevistou longamente o poeta para o Caderno de Domingo, suplemento que então se publicava no jornal natalense “Tribuna do Norte”. Neste trabalho Jorge encontrou o velho homem de letras já “bastante alquebrado pela doença e pela velhice”, mas ainda memorioso, lúcido e frequentando um bar em Assú.

O jornalista comenta que em 1993, pouco tempo depois da morte de Caldas, o então prefeito de Assú, Lourinaldo Soares desejava construir um memorial em honra do poeta. Coube a Franklin Jorge a tarefa de organizar e classificar os papéis de Renato Caldas.

Infelizmente em sua busca, ele encontrou algumas poucas cartas e fotos. Segundo o jornalista “Não havia nenhum livro, nenhum manuscrito; nada, enfim, que justificasse a criação de um memorial. Da sua copiosa produção, dispersa ao longo dos anos, não restara nada”.

É uma pena que nada tenha sido encontrado. Li “Fulô do Mato” e considero uma obra verdadeiramente maravilhosa.


Renato Caldas Fonte - recantodasletras.com
Fui à busca de algum material sobre este poeta nos meus arquivos e encontrei duas interessantes reportagens sobre apresentações realizadas por Caldas.

Em 1937, no dia 7 de agosto, um sábado, o jornal “A Republica” trazia na sua terceira página o anúncio “O sertão na cidade – O que será o recital de Renato Caldas”. Neste jornal o poeta era apresentado como “magnífico intérprete da poesia matuta”.

A apresentação de “O sertão na cidade” aconteceria às oito e meia da noite, no então Teatro Carlos Gomes, atual Alberto Maranhão, no bairro da Ribeira. Para aqueles que se fizessem presentes, o jornal anunciava que a apresentação traria “tudo que o sertão tem de beijo, através dos versos esplêndidos de Renato Caldas”, que era designado pelo jornal como sendo um “folklorista”.

 O poeta é apresentado de forma solene e exuberante. Mostrando que parecia estar em uma fase muito positiva de sua carreira e com uma enorme aceitação por parte da sociedade natalense.

Naquela noite de sábado, antes de Renato Caldas começar a declamar seus versos, subiu ao palco do Carlos Gomes o também poeta Genar Wanderley, que logo se tornaria radialista e seria conhecido como o “Cacique do Rádio Potiguar”. Genar fez uma apresentação sobre a vida de Caldas e enalteceu a sua poesia.

Também se apresentou o músico e cantor Santos Lemos, ou Santos Lins (Devido ao estado do jornal não foi possível ter uma certeza deste nome). O jornal informava que este era o “Cantor que todos conhecem”.
Sobre o recital de Renato Caldas propriamente dito, encontramos basicamente a informação que ele foi realizado com “muita expressão” e que o poeta aproveitou e contou “várias anedotas”.

Vemos que o relato da apresentação, publicado em 10 de agosto, foi uma nota extremamente curta e econômica nas informações. Se compararmos com a nota que informava sobre o mesmo espetáculo, percebemos uma nítida diferença.

Devido à qualidade da poesia de Renato Caldas, acho difícil que o público presente ao Carlos Gomes não tenha gostado do que viu e ouviu. O que talvez justificasse uma nota informativa tão limitada.

Não sei se o poeta de Assú, talvez ao contar suas piadas, tenha se excedido perante os rigores da sociedade natalense da época. Não podemos esquecer que era 1937, o ano da implantação do Estado Novo, onde os ideais apregoados pela ditadura Vargas em relação a moral, os bons costumes e o civismo eram extremamente rígidos.

Apesar de não havermos conseguido maiores informações sobre o desenrolar deste evento, vamos encontrar informações de outro espetáculo de Renato Caldas. Mas desta vez seu palco foi em Aracaju, Sergipe.

Quase um ano depois do evento em Natal, no dia 22 de julho de 1938, uma Sexta-Feira, Caldas fazia uma apresentação na Biblioteca Pública de Aracaju.

Na primeira página do periódico “O Nordeste”, de 23 de julho, temos a  manchete “Folklorista Renato Caldas”. A nota trás a informação que na Biblioteca Pública, localizada próximo ao palácio do governo, no centro da cidade, o potiguar realizou duas apresentações.

Para a plateia local ele veio como “Um verdadeiro caipira”, provocando no público “Desopitantes gargalhadas”. O jornal afirmou que Caldas soube trazer a alma do matuto ao som de sua viola e dos seus versos.

O poeta José Maria Fontes (1908-1994), precursor do Modernismo em Sergipe, foi quem realizou a apresentação do vate de Assú ao público presente.


Antiga Biblioteca Pública de Aracaju, atual Câmara de Vereadores Fonte - http://aracajuantigga.blogspot.com
Renato Caldas vinha se apresentando em outras capitais nordestinas, pois o poeta Fontes comentou que o mesmo não era um “Neófito”, que já tinha “Seu nome aureolado pelas plateias dos estados nordestinos”. Sobre esta informação, Segundo Fernando Caldas, blogueiro nascido em Assú
(http://blogdofernandocaldas.blogspot.com/2007/10/sobre-o-poeta-de-ful-do-mato.html), informa que o autor de “Fulô do Mato” realizou viagens pelo Nordeste, onde se apresentava em palcos de cinemas, teatros e outros locais improvisados, declamando suas poesias irreverentes, amorosas, cantando emboladas e modinhas que também sabia produzir a seu modo.
Estas reportagens mostram que Renato Caldas conseguiu seu espaço fora do Rio Grande do Norte, mostrando a qualidade dos versos que o consagraram. Não sei se devido ao seu espírito irreverente, sua boêmia, sua inquietude, ele não tenha alcançado um espaço mais amplo e merecedor da qualidade do seu trabalho.

Renato Caldas faleceu em 26 de outubro de 1991.

Rostand Medeiros-Pesquisador e escritor  

Postado por  http://blogdofernandocaldas.blogspot.com.br/



Carnaubais passou a pertencer a 47ª Zona Eleitoral de Pendências

 
 
O município de Carnaubais, sofreu uma alteração jurídica e geográfica no âmbito da Justiça Eleitoral. Por decisão do Tribunal, nos tirou da 29ª Zona Eleitoral de Assú e nos colocou na 47ª Zona eleitoral no município de Pendências. Tudo isto sem nenhuma informação ou audiência pública, tudo de forma altamente autoritária.

Por tanto a partir de segunda-feira, (08), todo movimento com relação a Justiça Eleitoral o Carnaubaense se deslocará para Pendências e não mais Assú.
 
Transcrito do Blog Luizinho Cavalcante.

PROJETO CULTURAL:

Em seu aniversário de 14º aniversário, a Casa da Ribeira dá o pontapé inicial nas ações de 2015 com o lançamento do edital do Projeto Cena Jovem. A iniciativa busca abrir as portas para artistas do Rio Grande do Norte, oferecendo quatro prêmios de R$ 30 mil reais, concedido a cada grupo ou coletivo, para o fomento de novos espetáculos de dança ou teatro e seus híbridos. Buscando atingir os grupos do RN em sua plenitude regional, o edital também prevê que um dos grupos contemplados necessariamente terá de ser residente na mesorregião Oeste Potiguar. 

Patrocinado pela Petrobras, Governo Federal e Governo do RN, através da Lei Câmara Cascudo, o projeto inclui ainda 64 ocupações do teatro da Casa da Ribeira.

O período de inscrição no projeto vai de 12 de janeiro a 26 de fevereiro de 2015. A inscrição deve ser feita em formulário oficial do Cena Jovem que, assim como o regulamento do edital, está disponível nos sites www.projetocenajovem.com e www.casadaribeira.com.br.
 
Transcrito do Blog de Ana Valquíria.
Para esclarecimentos entrar em contato com:
Casa da Ribeira educação & cultura
Fone: (84) 3211-7710
Horário: segunda à sexta-feira das 13h às 17h.
Ou pelo e-mail: casa@casadaribeira.com.br

BEIRADEIROS OU BERADEIROS?




 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Gilberto Freire de Melo (*)Quase caí da cadeira ao ler a notícia sobre a pesquisa de Nazira Vargas, no Vale do Açu. Não contive o susto de ver revivida uma expressão que julgava extinta do vocabulário regional.

O CLAMOR DOS BEIRADEIROS, título de sua tese de mestrado na PUC/SP. Só que a Dra. Nazira descobriu os beirantes - situados à beira, à margem (estou certo, Nazira?) do rio Açu. Estes habitam a beira do rio desde o começo, onde ele ainda aparece como Piranhas até o Oceano Atlântico e, dado o limite das duzentas milhas da plataforma continental, não se sabe onde vai acabar. É o território do Vale do Açu. Bendito Vale de tantos cantores e de tantos clamores!
 
BEIRADEIROS - a grafia está correta, embora pedante, e existem ao longo do rio e podem ser ricos, pobres, letrados ou não.
 
BERADEIROS - o som aberto do primeiro - "é" - em fidelidade à pronúncia dos próprios, são os mais rústicos, tabaréus, matutos, porém os mais identificados com a região e seus clamores. Constituídos de carreiros, lenhadores, pescadores, agricultores, operários de salinas e da indústria extrativa da cera da carnaúba vivem e são encontrados ao longo do curso do rio passando pela "garganta do Estreito" e prosseguindo até as terras salinizadas pelas marés aquém do Oceano Atlântico, área denominado de Várzea do Açu que, dentro do grande vale, vale tudo para os Beradeiros.
 
Não alfabetizados, vêm de uma casta que não conheceu o rádio, o jornal e muito menos a televisão. Ignoravam qualquer informação mais esclarecida sobre o progresso em outras regiões. E duvidavam da existência de outras culturas além de seus horizontes. Conheci um que, de tão brôco (não era bronco, era brôco mesmo) tinha o nome de Chico Berada.
 
BERADEIROS sou eu e todos aqueles que clamam por assistência sanitária, escolar, financeira e social e, assim marginalizados, conseguem sobreviver na Várzea do Açu.

(*) O autor é da Várzea do Açu, estudioso de sua linguagem, costumes e hábitos - e é BERADEIRO.

A BARRAGEM ARMANDO RIBEIRO É O PULMÃO HÍDRICO DO RN”; DIZ ESPECIALISTA


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Na casa de Francisco Leopoldino, as água de beber é um líquido esverdeado retirado de açudes
Joana D’arc Freire de Medeiros Especialista em recursos hídricos, com ênfase em gestão e hidrologia, pela UFRN

Qual a importância da Armando Ribeiro Gonçalves para o sistema hídrico do RN?
A Armando eu diria que é o manancial de maior importância para o estado em termos de distribuição de água para o interior. Além da capacidade de armazenamento alto, e também responsável pelo abastecimento de adutoras. É o pulmão hídrico do RN, é a nossa poupança.

A barragem está com 30,4% da capacidade. É necessário pensar em medidas de restrição?
É um dos índices mais baixos. No final do ano de 2013 esteve mais baixo,mas no ano passado recuperou um pouco. Nesta situação é aconselhável, realmente, fazer uma gestão no sentido de trabalhar junto com a Agência Nacional de Águas e o Estado para que seja reduzido o consumo e a vazão, mas sem prejudicar o abastecimento de cidades que estão no fim do rio Açu, como Pendências e Açu. Como a Armando Ribeiro é um reservatório estratégico, não se pode gerir pensando só em 2015, mas em 2016, 2017.

Hoje não há nenhum tipo de regulação desse uso?
Existe um marco regulatório, que é a política estadual de recursos hídricos, mas não temos um plano de bacias. É a partir deste plano que você pode definir um uso mais criterioso das águas. Mas o plano também está defasado, ele foi elaborado em 1998, com horizonte de 20 anos, mas deveria ser atualizado a cada quatro anos.

Fonte: TN


http://programaregistrando.com.br/



sábado, 7 de fevereiro de 2015


UMA GLOSA DE MANOEL DE BOBAGEM

Manoel Pitomba de Macedo também chamado Manoel de Bobagem (1924-1957) era poeta glosador do Assu, dos bons. Bobagem além do vicio da bebida era jogador de cartas (baralho). Certo dia, numa mesa de bar, sentenciou a si próprio:

Mote

De um cachorro não passa
Quem joga e bebe aguardente

Glosa

O seu moral descompassa
Leva a vida em precipício
Possuindo esses dois vicio
De um cachorro não passa.
Logo, de Deus, perde a graça,
Satanás fica contente
E o nome desse ente
Toma nota em seu caderno;
Vai direitinho ao inferno
Quem joga e bebe aguardente.

Postado por Fernando Caldas

CARTAS PARA FAUSTA

LITERATURA:

 
Quando pensamos em publicar Cartas Para Fausta, nos preocupamos (Ivan Pinheiro e Gilvan Lopes - organizadores do livro) por se tratar de documentos pessoais, alguns até sigilosos,  que narram a vida privada e levam ao proscênio, parte da história do casal Renato e Fausta. Somente após entrarmos em contato com a família é que decidimos selecioná-las para esta publicação. 

Cartas Para Fausta, tem no seu corpo uma verdadeira e ardente paixão do poeta por sua noiva (Compromisso que durou doze anos, do namoro às núpcias). Época em que ainda se mantinha as serestas, as declarações de amor... Tempo em que o romantismo e o respeito eram pré requisitos para as pessoas que almejavam,  no futuro, uma relação conjugal com capacidade de cultivar o mais sublime sentimento humano, o amor. Tem a inspiração poética, que somente um homem dedicado e apaixonado por uma mulher poderia transmitir.
Fausta da Fonsêca Nobre, foi a musa inspiradora do poeta Renato Caldas (foto acima). Foi sua “fulô do Mato”, seu “Intusiasmo”,  sua “Hirisia”, seu “Juramento”, sua “Cunfissão”. Foi seu “Oiá Pidão”, seu  “Munturo”...  foi “A Muié e o Amô”.
Dona Fausta, como era carinhosamente chamada, foi uma mulher de fibra, compreensiva e de personalidade forte. Uma mulher que demonstrava satisfação pela sua condição de esposa de poeta, portanto, capaz de perdoar, na sua juventude, as peripécias da boemia do seu eterno e único companheiro.
Dona Fausta foi digna deste imenso amor.
                                                       Ivan Pinheiro

DILINA PRA CASAMENTO Era o ano de 1949. Walter de Sá Leitão namorava Evangelina Tavares, por apelido Dilina, filha do casal Maria Celeste ...