Por: Ivan Pinheiro
No final do século XIX quando o Assú vivia o apogeu da cultura do algodão a feira livre já se destacava como a maior do interior do Estado do Rio Grande do Norte colocando o município em lugar de destaque, sendo esta terra considerada como o “Empório Comercial do Sertão”.
Nessa época a cidade já contava com um mercado público, tendo ao seu redor a feira livre onde se comercializava o necessário para o sertanejo. Por exemplo, na popular “feira do gado”, encontrávamos: Bovinos, suínos, equinos, muares, bem como aves de várias espécies, sobretudo galinhas e guinés. Para os animais eram vendidos: arreios, cela, cangalha, coxim, estribos, bridão, cambitos, caçuá e capinadeiras.
Para a casa vendia-se de tudo: panela, alguidar, quartinha e pote (tudo de barro), prato de ágata, colher de pau, caneco de zinco para tirar água do pote, mesa, banco, tamborete, lamparina e pavio de algodão para lamparina.
Para o conforto e trabalho do homem do campo eram encontrados, entre outros produtos: chapéus de palha, de massa e de couro, gibão e alpargatas de couro, faca peixeira, facão, machado e enxada.
A alimentação era simples e tudo era vendido na feira: farinha, arroz da terra, feijão de corda e fava, açúcar branco e preto, rapadura, jabá, milho, jerimum, batata doce, banana, melão e melancia.
O tempo foi passando e a feira de Assú foi mudando e avançando a cada dia. Hoje se encontra quase tudo que era consumido há cerca de cinquenta, cem anos atrás. Nela foi incorporada a “Feira do Vuco-Vuco”e novos produtos de consumo como: roupas dos mais variados tipos e modelos, sapatarias, CD, DVD, óculos de sombra, rádio portátil, celular, vídeo game, entre outros objetos de consumo do homem moderno. O costume alimentar também mudou. Hoje na feira livre encontramos todo tipo de frutas e verduras.
A feira do Assú sempre foi e certamente continuará sendo a maior feira livre do Vale e uma das maiores do estado do Rio Grande do Norte. Por esta razão estamos a homenagear a todos os feirantes que diariamente montam suas barracas, comercializam, geram empregos e participam ativamente da economia do Assú e região.
Olha a feira aí gente!!!!!
Sobre a feira do Assu, baseado nos quadros do artista plástico Wagner Di Oliveira, fiz:
A FEIRA
Antes do raiar do sol
Heróis estão a lutar
Organizando produtos
Para poder ofertar
Peças, legumes e frutas,
Nada poderá faltar.
Cada artigo é vendido
De maneira diferente,
No chão ou nas bancas
Tem que ficar atraente,
Bonito e bem cheiroso
Para chamar o cliente.
Gente, bichos e produtos
Vão logo se misturando,
E naquele espaço público
Tudo vai se embaralhando
Só falta freio pra gato
Por isso ficam inxanhando.
Por trás da velha Matriz,
Debaixo de umas tendas,
Mulheres, belas, charmosas,
Lutam pelas suas rendas
Com homens desajeitados
Buscando sugar as vendas.
Essa é a feira do Assu
Que Wagner fez pincelar:
Menino, homem, mulher
Ninguém pode amarelar
Porque aquele comércio
Cada um tem que zelar.
É secular essa jornada
Lá não há diferencial
Pobre é amigo de rico
Não tem guerra racial
Branco abraça preto
Nesse convívio social.
Wagner pinta o assuense
Ouvindo o som da solidão...
Agarra-se a um pincel
E, guiado pelo condão,
Retrata nas telas amigos,
Escondidos na multidão.
Parabéns grande artista
Orgulho dos Potiguares.
Torço que sua produção
Atinja bons patamares
Levando a arte assuense
Às galerias além-mares.
Ivan Pinheiro
- Assu, 07 de julho de 2015.