Gilson De Assis Silva
Bairro do Tirol - Natal RN
Não tinha o América, AABB em construção...
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A MÁQUINA DE ESCREVER
Giuseppe GhiaroniMãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.
Vende esse rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio.
Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.
Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.
Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.
Vende meus olhos a um brechó qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher.
Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva.
Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo.
Mas poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas, tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.
Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!
Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta,
o meu doce instrumento musical.
Bate rangendo, numa espécie de asma,
mas cada vez que bate é um grão de trigo.
Quando eu morrer, quem a levar consigo
há de levar consigo o meu fantasma.
Pois será para ela uma tortura
sentir nas bambas teclas solitárias
um bando de dez unhas usurárias
a datilografar uma fatura.
Deixa-a morrer também quando eu morrer;
deixa-a calar numa quietude extrema,
à espera do meu último poema
que as palavras não dão para fazer.
Conserva-a, minha mãe, no velho lar,
conservando os meus íntimos instantes,
e, nas noites de lua, não te espantes
quando as teclas baterem devagar.
Teatro Alberto Maranhão (bairro da Ribeira)_
Ruas do bairro da Ribeira em Natal_
Foto tirada a partir do Rio Potengi, ao fundo vê-se o bairro de Nossa Senhora da Apresentação_
Alto da Ladeira do Sol na Praia do Meio_
Antigo Mercado Público que pegou fogo em 1967 e mais tarde virou Banco do Brasil, localizado na Av. Rio Branco (Cidade Alta)_
Filial do Armazém Potyguar localizado no bairro da Ribeira_
Grande Hotel, que hospedou militares americanos no bairro da Ribeira_
Esquina da Rua Dr. Barata na Ribeira_
Casa Leite e Mercearia Delicia em foto tirada a partir da Praça Gentil Ferreira no bairro do Alecrim_
Bonde circulando pelas ruas da Ribeira_
Militares americanos posando com o avião “Donzela Macahyba” (Macahyba Maiden), um modelo Consolidated Vultee PB4Y-1 107-B-4, em Parnamirim Field no ano de 1943.
Militares americanos usando terno de gala (daí o possível surgimento da expressão “galado”), caminhando pela Rua Doutor Barata em frente à Farmácia Monteiro, no bairro da Ribeira._
Vista da Praia do Meio, possivelmente a partir do mirante próximo à Ladeira do SolSOB A TREVA Ontem de madrugada encontraram-se as duas, A minha e a tu'alma. Deserta rua entre as desertas ruas, Era a hora mais calma. S...