quarta-feira, 12 de junho de 2019

Pai de 174 filhos, tem 90 netos e é casado com 13 mulheres.

casado com 13 mulheres



Pai de 174 filhos, tem 90 netos e é casado com 13 mulheres. Mustafa Mugambo Mutone reside na Uganda e é o chefe da aldeia. Ele casou com a sua primeira esposa em 1968, quando ele tinha 16 anos.
Nos anos seguintes, Mutone casou com pelo menos mais uma dúzia de esposas e teve 174 filhos: “A minha esposa mais nova tem 25 anos e a mais velha, 50 anos, mas eu tinha cerca de 10 namoradas antes de me casar oficialmente e todas deram à luz no mesmo ano“, afirmou Mutone.
Ele também afirmou que o seu primeiro filho tem 49 anos, enquanto os mais novos são gémeos de 4 anos. Seis das suas esposas estão actualmente grávidas, em breve o número de filhos pode ultrapassar 180.
O empresário, de 65 anos, administra uma loja de produtos de atacado no shopping Kyaterekera, onde vende feijão, milho e café.
Ele diz que não tem sido fácil cuidar e sustentar sua grande família: “Eu tentei alimentar as minhas 13 esposas e as minhas mais de 170 crianças, e não é fácil, peço ao governo pelo menos que patrocine 30 dos meus filhos nas escolas, escolas secundárias e instituições terciárias“.
Cerca de 40 dos filhos de Mutone estão actualmente em idade de frequentar a escola primária e ele diz que tem a ajuda dos seus filhos mais velhos. Avô de mais de 90 netos, Mutone diz que consegue cuidar de cada um dos seus filhos, mantendo um registo do seu nascimento num livro especial.
Porém, ele cita a distância como um dos principais obstáculos que ele tem, já que as suas esposas estão espalhadas em lugares distantes por todo o país.
Algumas delas vivem em países vizinhos, como a República Democrática do Congo, Ruanda e Burundi: “Eu recebo 10 chamadas por dia de diferentes esposas que querem atenção, mas eu não posso estar em todos os lugares“, lamentou Mutone.
Mutone revela que, apesar de estar próximo dos 70 anos, ele ainda quer ter mais filhos, já que ele leva um estilo de vida saudável, não fuma e não bebe álcool.
Roberto Meira está em Assu.
SÃO JOÃO 2019
Panorâmica do Anfiteatro
"Festas de São João sobre meu
olhar"

Maqueiro muda o astral da ala de Pediatria de hospital com pinturas nas paredes



Com o intuito de tornar o ambiente mais agradável para os pacientes, um funcionário da unidade de saúde teve uma iniciativa nobre e colorida

Por O Dia
Publicado às 04h00 de 10/06/2019 - Atualizado às 08h46 de 10/06/2019

Rio de Janeiro - RJ - 08/06/2019 - Maqueiro pintor - Renato Pereira da Silva e maqueiro no Hospital Municipal Miguel Couto, na Rua Mario Ribeiro, na Gavea, zona sul do Rio. Renato pinta as enfermarias e os corredores do hospital - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - 

Rio - Hospitais costumam ser lugares sem muitas cores nem alegria para a maioria das pessoas que os frequenta. Mas o clima na ala de Pediatria do Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea, ganhou um ar bem diferente desde maio. Com o intuito de tornar o ambiente mais agradável para os pacientes, um funcionário da unidade de saúde teve uma iniciativa nobre e colorida: o maqueiro Renato Pereira da Silva, o Renatinho, como é chamado carinhosamente pelos colegas do hospital, decidiu desenhar personagens infantis nas paredes de corredores e quartos.

Renatinho, de 37 anos, trabalha como maqueiro no hospital há 16. Desde que começou no Miguel Couto, tinha vontade de pintar o setor de Pediatria, porque achava o ambiente triste e sem cor. Ele conta que em 2008, quando houve uma mudança de administração do hospital, foram retirados todos os quadros dos corredores, o que deixou o lugar ainda mais sem referências alegres. Agora, o maqueiro pediu permissão à enfermaria e ao diretor do hospital e botou mãos à obra.

“A minha intenção é deixar um ambiente mais leve e alegre para as crianças que estão sendo tratadas”, conta o artista. Animadas com a ideia, as enfermeiras arrecadaram o dinheiro para a compra das tintas. Renatinho fez apenas um pedido: que fosse comprado o produto sem cheiro para não afetar o estado de saúde das crianças.

O maqueiro-artista pensou em tudo. Como os quartos da Pediatria são divididos pela idade dos pacientes, ele fez desenhos que se adequam melhor a cada faixa etária. Para os meninos, desenhou super-heróis famosos entre as crianças, como Thor e Capitão América. 

Para as crianças em idade de alfabetização, desenhou uma parede inteira com as letras do alfabeto. As princesas Frozen e Tiana são duas das personagens que colorem as paredes do quarto das meninas. E ele já recebe até encomendas, como a de Isabella Barbosa, de 6 anos. “Agora, eu quero que ele faça a Bela e a Cinderela”, pediu a menina.

Uma vida de superação com a arte
A relação de Renatinho com a pintura começou cedo. Aos 12 anos, aprendeu técnicas de desenho apenas observando os irmãos mais velhos pintarem. “Por ter déficit de atenção, em vez de estudar, fazia desenhos em sala de aula”, lembra.
A relação com o pai, que tinha envolvimento com o tráfico, não era das melhores. O desenho foi a única forma que encontrou de “passar por cima das dificuldades”, recorda Renatinho, que já chegou a dar aula para crianças e a participar de um grupo de grafiteiros no Complexo do Alemão. “Renato é uma das pessoas mais maravilhosas que a gente pode ter como amigo. Era uma pessoa que tinha tudo para dar errado, mas deu muito certo”, diz a técnica de enfermagem Izonita Mota, de 52 anos, que é madrinha do rapaz.
Trabalho até durante as folgas
Renatinho desenhou e coloriu todos os desenhos em seus dias de folga: “Eu chegava ao hospital às 7h e terminava às 22h. Só parava para almoçar”. Para Simone dos Santos Ramos, 33 anos, que trabalha como servente no hospital, os desenhos do maqueiro animam as crianças: “Por ser um lugar triste, os desenhos fazem com que elas se sintam melhor em estar aqui”.
Seus desenhos podem ser vistos na página “RPS Artes”, no Facebook. Apesar do talento, Renatinho não vê o desenho como uma profissão. “Não tenho o desenho como forma de ganhar dinheiro, o desenho, para mim, é um tratamento psicológico”, ressalta. No ano passado, ele concluiu o Ensino Médio e atualmente está fazendo curso de técnico de enfermagem, custeado pelas enfermeiras do Hospital Miguel Couto e por uma senhora para quem trabalha como cuidador.

sábado, 8 de junho de 2019

Foto recente, entrando na igreja de São João Batista, de Natal com a imagem de São João, o precursor. A minha direita, meu querido primo querido (de ilustre familia assuense) chamado João Batista de Amorim Macedo. Convido vocês para a nossa festa maior que ja começou, a festa do padroeiro do Assu desde 1726, São João Batista. Seja bem vindo!

Fernando Caldas, editor deste blog.

sexta-feira, 7 de junho de 2019


Quando Eu Morrer

Por Augusto Frederico Schmidt
Quando eu morrer o mundo continuará o mesmo,
A doçura das tardes continuará a envolver as coisas todas.
Como as envolve agora neste instante.
O vento fresco dobrará as árvores esguias
E levantará as nuvens de poesia nas estradas…
Quando eu morrer as águas claras dos rios rolarão ainda,
Rolarão sempre, alvas de espuma
Quando eu morrer as estrelas não cessarão de acender-se
No lindo céu noturno,
E nos vergéis onde os pássaros cantam as frutas
Continuarão a ser doces e boas.
Quando eu morrer os homens continuarão sempre os mesmos.
E hão de esquecer-se do meu caminho silencioso entre eles,
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer os prantos e as alegrias permanecerão.
Todas as ânsias e inquietudes do mundo não se modificarão.
Quando eu morrer a humanidade continuará a mesma.
Porque nada sou, nada conto e nada tenho.
Porque sou um grão de poeira perdido no infinito.
Sinto porém, agora, que o mundo sou eu mesmo
E que a sombra descerá por sobre o universo vazio de mim
Quando eu morrer…”
Antes de Amar-te

Por Pablo Neruda
Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.
Ponte de ferro de Igapó, Natal/RN.


segunda-feira, 3 de junho de 2019

SONETO

Por João Lins Caldas

Na morada dos astros luminosos
Fui astro. Namorado das estrelas,
Desci, cheguei a terra. Entre as donzelas
Estava o meu amor ébrio de gozos,

Olhei-te, amei-te então. Os teus formosos
Olhos meigos, lembrando estrelas belas,
Eram graça, eram luz. Pelas procelas.
Cantava o nome teu. Os amorosos

Que a terra moram, invejosos, graves,
Me invejaram também. Quantos felizes.
Que o mundo guarda nos seus longos lastros...

Mas, ó! Deixando a terra e seus entraves,
Diferente de mim, que já maldizes,
Me deixaste buscando o céu dos astros...

A Carta de Américo Vespúcio



Copiada por João Felipe da Trindade
Natal, RN
Do livro “O Brasil de Américo Vespúcio”, de autoria de Riccardo Fontana, Editado pela UnB, extraímos uma carta que interessa a todos norte-rio-grandenses. Ricardo, italiano de naturalidade, casou-se com uma brasileira e veio morar no Brasil. 

Nessa carta a confirmação da posse das terras para o Rei Dom Manuel, que se realizou com o famoso Marco de Touros, que se encontra, hoje, na Fortaleza dos Reis Magos. Mais ainda a história trágica do canibalismo dos nossos índios. Vale a pena ler uma carta escrita de próprio punho por quem esteve aqui na nossa Costa. Aliás, essa foi a segunda vez que andou pelo Rio Grande do Norte, sendo a primeira patrocinadas por Dom Fernando de Castela.

Encontrava-me em Sevilha para descansar de minhas tão grandes fadigas que tinha afrontado nestas duas viagens feitas para o sereníssimo rei Fernando de Castela nas Índias Ocidentais, e com vontade de voltar à terra das pérolas, quando o destino, não contente com as minhas tribulações, não sei como pôs na mente deste sereníssimo rei dom Manuel de Portugal querer  servir-se de mim. Estando em Sevilha sem absolutamente imaginar ir a Portugal, chegou a mim um mensageiro com uma carta de sua Real Coroa, onde me rogava que viesse a Lisboa falar com Sua Alteza, prometendo oferecer-me recompensa. Fui aconselhado a que não fosse, mandei de volta o mensageiro dizendo que estava mal e que, quando me tivesse restabelecido, Sua Alteza, poderia então contar com os meus serviços e faria quanto me ordenasse. Visto que não podia contar comigo, decidiu mandar-me Giuliano di Bartolomeu di Giocondo, residente em Lisboa, com a missão de levar-me de qualquer maneira. O dito Giuliano veio a Sevilha e, por causa de sua vinda e dos seus rogos, fui forçado a vir, de forma que a minha partida foi mal interpretada por quantos me conheciam, pois partia de Castela onde recebera honrarias e o rei me tinha em boa conta; e a coisa pior foi que parti como hóspede sem ser saudado. Apresentando-me diante deste rei,k ele mostrou ter prazer com a minha vinda e pediu-me que partisse com três navios seus que estavam prontos para ir descobrir novas terras. E como o pedido de um rei é uma ordem, tive de consentir em quanto me rogava.

Zarpamos deste porto de Lisboa com três navios de reconhecimento, no dia 13 de maio de 1501, e tomamos nossa derrota diretos à ilha da Grande Canária e passamos, sem desembarcar, à vista dela e dali seguimos costeando a orla da África pela parte ocidental. Nesta cosa nos entregamos à pesca de uma espécie de peixes chamados pargos; ali nos detivemos por três dias e seguimos para costa da Etiópia (África negra),  para um porto que se chama Beseneghe (Dacar, Senegal), que se encontra dentro da zona tórrida, sobre o qual o Polo Setentrional se eleva a 14º e meio, estando situado no primeiro clima; ali ficamos onze dias reabastecendo-nos de água e lenha. Com efeito, a minha intenção era navegar para o austro atravessando o golfo (oceano) Atlântico. Partimos deste porto da Etiópia e navegamos com vento sudoeste tomando (a direção) de uma quarta de meio-dia, de modo que, em 97 dias chegamos a sua terra que se encontrava a setecentas léguas para sudoeste do dito porto. Durante esses 97 dias deparamos com o pior tempo que mal poderia enfrentar quem navega no mar, por causa de muitos aguaceiros, redemoinhos e tormentas que nos aconteceram, pois viajamos numa estação muito adversa, devido ao fato de a característica da nossa navegação ser continuamente paralela à linha equinocial (onde no mês de junho é inverno) e descobrimos que o dia era igual à noite e que a sombra era contínua para o sul. Prouve a Deus mostrar-nos uma nova terra, o que ocorreu no dia 17 de agosto (1501). Ali ancoramos à distancia de meia légua, arriamos os nossos batéis e fomos ver se a terra era habitada e por qual tipo de gente. Descobrimos que era habitada por gente pior que animais. Contudo, poderás entender que no começo não vimos, mas percebemos bem que era habitada graças a muitos indícios que se viam. Tomamos posse daquela (terra) por aquele sereníssimo rei. Achamos que era uma terra muito amena, verdejante e de boa aparência. Encontrava-se a 5º par lá da linha equinocial rumo sul e, por isso, não retornamos aos navios e, por termos grande necessidade de água e lenha concordamos em voltar a terra no dia seguinte para nos abastecermos do necessário. Estando em terra, avistamos gente no alto do monte que (nos) observava sem ousar descer, pois estavam nus e tinham a mesma cor e feições dos outros descobertos nas viagens passadas por mim para o rei de Castela. 

Esforçamo-nos com eles para que viessem falar conosco, mas jamais conseguimos tranquilizá-los, tanto que não tiveram confiança em nós. Dada a sua obstinação (e por já ser tarde), voltamos aos navios, deixando-lhes em terra muitos guizos, espelhos e outras coisas à vista deles.

Quando chegamos alto-mar, desceram do monte e vieram (buscar) as coisas que deixamos para eles, mostrando ter grande maravilha. Nesse dia, somente nos abastecemos de água.

Na manhã seguinte, vimos dos navios que a gente fazia muita fumaça em terra, pensamos que nos chamavam, fomos a terra e ali comprovamos que tinham vindo muitas tribos e, não obstante, permaneciam distantes de nós e faziam acenos para que seguíssemos com eles para o interior. Por isso, dois dos nossos cristãos vieram rogar ao capitão que lhe desse licença para correrem  o risco de ir com eles a terra a fim de observarem que gente era e se possuía alguma riqueza ou especiarias ou drogas. Tanto instaram que o capitão foi convencido (a deixá-los ir). Tendo recolhido muito material de resgate, partiram com instruções de não demorarem mais de cinco dias em voltar, pois só por esse período os iríamos esperar.

Encaminharam-se para terra e nós ficamos esperando por eles nos navios. Quase todo dia vinha gente à praia, mas não queriam nos falar. No sétimo dia, fomos a terra e notamos que haviam trazido suas mulheres, e, mal desembarcarmos, os homens daquela terra mandaram muitas delas falar conosco, e visto que não se fiavam em nós, decidimos mandar-lhes um homem dos nossos que era jovem muito oferecido, e nós, para ajudá-lo, entramos nos batéis e ele caminhou em direção às mulheres. Chegando junto delas, rodearam-no, tocando-o e olhando-o e fazendo cara de espanto. Enquanto isto acontecia, vimos uma mulher descer do monte trazendo na mão um grande pau; mal chegou aonde estava o nosso cristão veio atrás dele e, levantando o pau, deu-lhe uma pancada tão violenta que o estendeu morto por terra. Imediatamente as outras mulheres o agarraram pelos pés e o arrastaram para o monte, e os homens desceram à praia e com os seus arcos começaram a atirar-nos setas, infundindo tanto medo em nossa gente (os batéis estavam encalhados em bancos de areia) que, devido às inúmeras setas que se cravavam nos batéis, ninguém conseguia pegar em armas. Não obstante, disparamos contra eles quatro tiros de bombarda, mas sem os atingir. Porém, ouvindo o estrondo, fugiram todos para o monte onde estavam as mulheres despedaçando o cristão e assando-o à nossa vista numa grande fogueira que tinham feito, mostrando os diversos pedaços e comendo. Os homens, por sinais, queriam explicar como haviam morto e devorado os dois, o que muito nos angustiou. Ver com os nossos olhos a crueldade que fazia com o morto foi para todos nós uma injúria intolerável.

Mais de quarenta dos nossos tinham intenção de desembarcar e vingar uma tão cruel morte e um ato bestial e desumano, mas o capitão-mor não quis permitir e nós ficamos cheios de tanta raiva que nos afastamos daquela gente com má vontade e envergonhando-nos muito do nosso capitão.

Partimos desse lugar e iniciamos a nossa navegação entre levante e sueste, e assim íamos costeando e fazendo muitas escalas, sem encontrar mais gente com que quiséssemos conversar. Navegamos tanto que notamos que a terra fazia a volta para sudoeste. Mal dobramos um promontório ao qual demos o nome de cabo de Santo Agostinho, começamos a navegar para sudoeste.

Este promontório dista da referida terra que vimos, onde mataram os cristãos, 150 léguas para levante; e este mesmo promontório encontra-se 8º além da linha equinocial para sul.

Enquanto navegávamos, avistamos um dia muita gente que estava na praia admirando a beleza dos nossos navios, continuando a navegar fomos em sua direção, ancoramos num bom local, desembarcamos com batéis e notamos que esta gente era de melhor nível que a precedente. Embora custasse domesticá-la, fizemos amizade e negociamos com ela. Permanecemos neste lugar cinco dias e ali achamos cássia muito grossa, verde e seca (de altura superior) ao cume das árvores. Decidimos levar dois homens deste lugar, a fim de nos ensinarem a língua; vieram três deles, de livre vontade, para irem a Portugal.

Já cansado de tanto escrever, saiba que partimos deste porto navegando sempre para sudoeste à vista de terra, fazendo continuamente muitas escalas e falando com numerosa gente.

Andamos tanto em direção ao sul que já estávamos para além do Trópico de Capricórnio, onde o Polo Meridional se eleva 32º acima do horizonte. Já havíamos perdido completamente a Ursa Menor, e a Maior aparecia muito baixa e quase se mostrava no limite do horizonte, orientando-nos pelas estrelas do outro Polo Meridional, que são numerosas e bastante maiores e mais brilhantes que as do nosso polo.

Desenhei as figuras da maior parte delas e sobretudo das de primeira e maior grandeza, com a descrição de seus círculos que faziam em torno do Polo Austral e com a descrição de seus diâmetros e semidiametros, como se poderá ver nas minhas Quatro Jornadas.

Percorremos cerca de 750 légua desta costa, ou seja 150 do cabo de Santo Agostinho para o poente, e seiscentos para o sudoeste.

Se quisesse relatar  de novo as coisa que vi nesta costa e aquilo por que passamos, não me bastariam outras tantas folhas.

Nesta costa não vimos coisas preciosas, salvo infinitas árvores de verzino e de cássia e as que produzem a  mirra, e outras maravilhas da natureza que não se podem contar. E sendo já transcorridos dez meses de viagem, e visto que nesta terra não achamos nenhum minério, decidimos afastar-nos dela e seguir, enfrentando o mar em outra parte.

Feita a nossa reunião, foi deliberado que se continuasse aquela navegação que me parecesse oportuna, e foi-me confiado o comando total da armada. Ordenei então que toda a tripulação da frota fizesse reabastecimento de água e de lenha para seis meses, sendo este o período que os oficiais dos navios julgaram possível navegar com tais aprovisionamentos.

Terminado o reabastecimento nesta terra, começamos a nossa navegação para sueste, sendo o dia 15 de fevereiro (1502), quando o Sol se ia avizinhando do equinócio e voltava para este nosso Hemisfério Setentrional. E tanto navegamos com este vento que nos distanciamos tanto que o Polo Meridional se erguia bem a 52º fora do nosso horizonte. E não víamos mais nem as estrelas da Ursa Menor nem as da Ursa Maior. Estávamos já distantes do porto de onde partimos umas quinhentas léguas para sueste, e isto ocorreu no dia 3 de abril. Nesse dia começou no mar uma tempestade tão violenta que nos fez amainar todas as nossas velas, que corriam sobre a árvore nua com muito vento, que era sudoeste com enormes ondas. E o ar estava muito tormentoso e a tempestade era tão forte que toda a frota tinha um grande temor. As noites eram muito longas, tanto que no dia 7 de abril tivemos uma noite que durou quinze horas, pois o Sol se encontrava no final de Áries e nesta região era inverno, como bem podes avaliar.

Prosseguindo nesta tempestade, no dia 7 de abril avistamos uma nova terra, que percorremos por cerca de vinte léguas e observamos que toda ela era uma costa selvagem e não achamos nenhum porto ou população. Julgo que por ser o frio tão intenso nenhum membro da tripulação conseguia encontra defesa ou suportá-lo. De modo que, vendo-nos em tamanho perigo tormenta que mal se podia enxergar, de um para outro navio, por causa das grandes ondas que se formavam e pela forte cerração, decidimos junto com o capitão-mor fazer sinal à frota para que nos alcançasse e nos afastássemos da terra e tornássemos a caminho de Portugal.

Foi uma ótima decisão. Pois certamente, se tivéssemos demorado mais aquela noite, estaríamos perdidos. Com efeito, como recebêssemos o vento de popa, nessa noite e no dia seguinte, voltou tão forte a tormenta que estivemos em dúvida de nos perder e tivemos de fazer ritos e outras cerimônias, como é uso dos marinheiros em tais aflições. Navegamos por cinco dias e, como quer que seja, íamos nos aproximando da linha equinocial e com um tempo e mar mais moderados, e prouve a Deus pôr-nos a salvo de um tão grande perigo. A nossa navegação era com vento entre norte e nordeste, visto que a nossa intenção era ir reconhecer a costa da Etiópia, já que estávamos distante dela 1300 léguas, no golfo do mar Atlântico e, com a graça de Deus, a 10 de maio  alcançamos uma terra a sul que se chama Serra Leoa, onde permanecemos quinze dias concedendo-nos um pouco de restauro. Daqui partimos tomando nosso rumo às ilhas dos Açores, distantes daquele lugar de Serra Leoa cerca de 750 léguas, e chegamos às ilhas no fim de julho, onde ficamos outros quinze dias desfrutando de algum repouso. Dali partimos para Lisboa, de onde distávamos mais de trezentas léguas para ocidente, e entramos neste porto de Lisboa no dia 7 de setembro de 1502 sãos e salvos, graças a Deus, somente com dois navios, pois o outro o queimamos na Serra Leoa, por não poder mais navegar. Levamos nesta viagem cerca de quinze meses, durante os quais navegamos sem ver a estrela do Norte ou a Ursa Maior e Menor, que se chamam de chifre, orientando-nos pelas estrelas do outro polo. Isto foi o que eu vi nesta viagem ou jornada feita para o sereníssimo rei de Portugal.




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segunda-feira, 27 de maio de 2019

MARIA BOA

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Natal Nostálgica.
18 h

Maria Boa
Deífilo Gurgel
Maria Oliveira de Barros (Campina Grande, PB, 24.06.1920 – Natal, 22.07.1997), proprietária da mais famosa casa noturna de Natal.
Maria Boa veio para Natal na década de 40, em plena juventude, na fase áurea dos americanos. Segundo se informa, teria se exilado de Campina Grande por conta de um desentendimento amoroso com influente político paraibano.
Pessoa de pouco estudo em sua infância, mas bastante inteligente, a nossa biografada, que descendia de família humilde, trabalhou em sua adolescência numa tipografia, o que lhe teria despertado o gosto pela leitura.
Possuía uma biblioteca razoável e arquivava reportagens publicadas nas revistas sobre pessoas famosas. Além disso, gostava de música e cinema. Aquilo que o destino lhe negou – a possibilidade de concluir seus estudos – ela procurou oferecer aos filhos aos seus familiares, permitindo-lhes acesso à Universidade.
Proprietária do mais famoso cabaré da cidade, que não tinha um nome específico, sendo conhecido no Brasil e até internacionalmente pelo nome de Casa de Maria Boa, no qual pontificava outra figura famosa das noites natalenses, o pianista Paulo Lira, Maria Boa marcou profundamente uma fase da vida da cidade.
De temperamento reservado, deu apenas uma entrevista em toda a sua vida, à professora da UFRN, Maria Emília Wanderley, para um filme que se pretendia rodar em Natal, não permitindo, no entanto, que a conversa fosse gravada.
Vivendo uma época de repressão absoluta ao sexo, a casa de Dona Maria Barros funcionou, igual a tantas outras, como uma válvula de escape aos anseios amorosos da juventude masculina e, até mesmo, de maduros cidadãos da vida natalense.
Entretanto, a Casa de Maria Boa não era apenas isto. Sua fama corria mundo e, muitos visitantes ilustres que aportavam em nossa cidade, eram convidados pelos amigos para uma noitada em Maria Boa, não apenas um simples cabaré, mas uma referência turística da cidade.
A aura em que procurou envolver sua vida e as atividades de sua casa, transformaram-na num mito. Após sua morte, os jornais de Natal dedicaram-lhe páginas inteiras, ressaltando declarações de amigos seus, externando admiração pelo comportamento de Maria Boa.
Como registrou o jornalista Cassiano Arruda Câmara, "A morte de Maria Oliveira de Barros, certamente não vai matar a fama de Maria Boa, cuja lenda estará nas telas do cinema. No filme "For All – O Tampolim da Vitória", a personagem central, muito à propósito, é chamada de Maria Buena."
In 400 Nomes de Natal. Coleção Natal 400 anos - 1999
Foto inédita: Acervo da familia de Severino de Oliveira Barros, irmão, garçon e administrador da casa da rua Padre Pinto, Cidade Alta
Foto e texto de Eduardo Alexandre Garcia

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Casa da rua da Conceição, n. 613. Uma das primeiras casas da Cidade Alta, bairro de centro da cidade do Natal. Fica de frente ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande Norte, quase de frente aos fundos da então igreja Matriz, ao lado do então Palácio do Governo e há poucos metros do Museu Café Filho (Café foi presidente da república). Naquela casa tive eu, o privilégio de ter morado nos meus tempos de estudante, entre o ano de 1973 e começo de 1974. No meu tempo funcionava a pensão de dona Minervina de origem seridoense. Boas recordações. (Fotografia de Natal Nostálgica).

Fernando Caldas

MANOEL CALIXTO CHEIO DE GRAÇA E quem não se lembra de Manoel Calixto Dantas também chamado de "Manoel do Lanche?" Era um dos nosso...