quinta-feira, 28 de abril de 2022

UM BOÊMIO BOM DE PAPO

Fui uma criança crescida no meio de pessoas mais velhas e sempre gostei dessa agradável vivência. Tal costume me rende grandes amigos, alguns com até mais de 70 anos de diferença. Embora haja quem censure ou ache estranho, isto me faz uma pessoa feliz e realizada em muitos aspectos. 
 
As histórias dos mais velhos me interessam pelos contextos em que se situam, pelas demonstrações de arrojo que requerem e pelos testemunhos de coragem que muitos expressam desde a textura de sua pele.
 
Dentre estes amigos que construí ao longo de meus 18 anos de idade, está José Nazareno de Oliveira e Avelino – prefiro empregar o verbo no presente por muitos de seus ensinamentos me acompanharem frequentemente. Dedé encantou-se aos 83 anos em 2018. 
 
Cresceu numa pequena família, com seus pais, Vicente e Nila, e apenas uma irmã, Maria da Salete. Seu pai faleceu precocemente de um ataque cardíaco e sua irmã mudou-se cedo para a companhia de uma tia materna que fora morar no Rio de Janeiro. Assim formou-se Dedé, entre Assú – cidade de aguçada fertilidade literária, onde nasceram os mais antigos e longevos semanários – e Macau – com grande confluência cultural devida à frequente chegada de comerciantes e negociantes imigrantes pelo Porto –, ao lado da mãe que sempre foi apaixonada por ele. 
 
Rapaz boêmio, festeiro, popularmente conhecido pelo apelido de Papachinha. Ele era a definição perfeita de um gentleman, cordial, atencioso, bem parecido, com paletós e calças de linho que “até o mês passado lá no campo inda era flor”. Na segunda metade do século passado, era incogitável a falta de Dedé num baile dançante da provinciana – mas com ares de cidade grande – Assú. Caso isso acontecesse, algo estaria errado. 
 
Como todo bon-vivant, tinha um “pé-de-ouro”, mas prezava este dote ao escolher rigorosamente apenas algumas moças para dançar durante a noite. Para música, tinha predileção por Nelson Gonçalves, com o clássico A Volta do Boêmio, e Orlando Silva, com a famosa do rádio Malandrinha. Na cidade, conta-se que, certa vez, houve a festa de 15 anos do filho de um agropecuarista, para a qual ele não fora convidado. Ainda assim, altas horas da noite, ele chegara por lá e, francamente, exclamou “eu não fui convidado, mas vim!”. O pai do aniversariante, muito espirituoso, respondeu-lhe “eu tinha certeza de que você viria; por isso, não lhe convidei”. Situação resolvida: não houve motivo para ressentimentos, principalmente porque ele era querido em todos os grupos.
 
Dedé era um leitor voraz, criterioso e cuidadoso com seus livros. Era um dos poucos fiéis assinantes da O Cruzeiro em Assú. Foi ele quem me apresentou os franceses Mauriac e Rosseau, além do russo Dostoiévski, acho que por volta dos meus 12 anos de idade. Lamentavelmente, no lançamento do meu primeiro livro, em 2017, ele não esteve presente porque estava se recuperando de uma cirurgia, mas foi muito bem representado por sua irmã Salete – por quem também nutro grande estima e carinho. 
 
Durante 39 anos de sua vida, enfrentou um impiedoso câncer de pele, o que lhe custou um dos olhos, parte da audição e perdas afins. Por vezes, sem que ninguém soubesse, temendo incomodar, ele foi sozinho para um centro cirúrgico lutar pela vida. Passou por maus bocados, mas nunca perdeu a fé em Deus. Sua fé e resignação eram inabaláveis; nunca ouvi uma reclamação de Dedé. Sempre pedia forças a Deus, pois “a melhor coisa do mundo é viver”, como ele me disse muitas vezes. Foi o homem da família mais longevo – seus tios e primos não chegaram aos 70 anos. 
 
Papachinha guardava interessantes histórias do Assú e de nossa família (descendemos do mesmo tronco Oliveira). Por vários anos, meu passeio da tarde era ir a sua casa e conversar horas esquecidas com ele. Nunca faltava sorvete de creme com passas. Falou-me de tia França e de seus costumes; das festas sociais e suas particularidades; da intervenção militar contra o comunismo que deixou dois mortos em Assú, em 1935, quando se falava em “perrepistas e liberais”; e também do acidente que sofreu ao lado da antiga Fundação SESP quando pilotava a motocicleta de modelo Vespa que pegara emprestada de Lair Fernandes. 
 
Construiu ao longo de sua trajetória, por onde passou, muitos amigos. Poucos foram longevos como ele, restando-lhe apenas uns dois ou três, com os quais conversava por telefone. Lamentava-se por não ter com quem dividir algumas lembranças ou esclarecer algumas dúvidas de seu tempo de juventude. Um grande amigo de sua vida fora meu tio-avô Zacharias H. Hebron de Oliveira, com quem dividira muitas aventuras de infância e muitos jogos de bola no campo de areia em que hoje está chantado o Campus Avançado Walter de Sá Leitão. Dedé alegava nossa afinidade à semente plantada nessa amizade de tantos anos, o que muito me alegrava. 
 
Em 2018, perdi para a morte três grandes amigos, com os quais muito aprendi por meio de suas trajetórias: Demócrito Amorim (em agosto), José Nazareno (em outubro) e Maria Olímpia (em dezembro). Felizmente, a chegada da maturidade me mostrou que pessoas especiais não morrem, mas ficam numa prateleira de memórias da qual podemos tirá-las no momento em que precisarmos de seus ensinamentos. Por fim, aprendi com Dedé que os momentos difíceis da vida servem para nos dar fortaleza e sabedoria para o porvir.
 
(Pedro Otávio Oliveira)
 
 
Pode ser uma imagem de 1 pessoa, em pé e texto que diz "ACERVO PEDRO OLIVEIRA"
 

28/04: DIA NACIONAL DA CAATINGA

Esse nome caatinga
Vegetação natural,
Vem do Tupi-guarani
'Mata branca' sem igual,
Tem o mimoso umbuzeiro
O sagrado juazeiro
Viva o meu torrão Natal.
Sou a velha macambira
Sou xique-xique e facheiro,
Sou palma e jurema preta
Sou raiz de marmeleiro,
Sou a bela catingueira
Sou a bonita aroeira
Sou meu sertão de cardeiro.
Observe a caatinga
Linda ação é preservar,
A biodiversidade
É preciso conservar,
Como é linda a natureza
É nossa grande riqueza
A consciência é educar.
 
Marcos Calaça é poeta e confrade da Academia Norte-rio-grandense de Literatura de Cordel (ANLIC RN).

terça-feira, 26 de abril de 2022

AO VER-TE
Ao ver-te
Fiz reverso o universo todo
Apenas para que não te assustasses
Ao contemplares,
No espelho do firmamento,
A imagem invertida de tua face.
Ao ver-te,
Fiz-me aurora eclipsada do agora.
Voz vibrante que silencia ofegante...
Fiz-me flor, dor,
Pequenino ardor de anelo.
Fiz-me aveludada ternura que pouco perdura,
Mas que renasce ao ver o inflar,
De par em par,
Dos teus pulmões de amar.
Ao ver-te,
Embora bem de longe veja,
Fiz-me espera,
Esperançosa era,
Espessa ousadia de sonhar sentir-te, tocar-te,
Içar-te de ti a fartar-te de mim.
Ao ver-te, enfim,
Fiz da vida o que pude:
Solidão, ilusão, vã latitude...
Mas fiz um peito cálido e amante
Deste meu peito de tristeza rude.
Nara Rúbia Ribeiro
 
 Pode ser uma imagem de 1 pessoa, flor, ao ar livre e árvore

domingo, 24 de abril de 2022

 Pode ser uma imagem de 2 pessoas, barba e texto que diz "ANTES DE MORRER Maomé disse: "Eu não sei o propósito da vida" Confúcio disse: "Eu não sou o caminho" Buda disse: "Procure pela verdade" 0 Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" João 14:6"

 Pode ser um desenho animado de uma ou mais pessoas e texto que diz "Teste de inteligência Encontre as três filhas deste homem que estão escondidas na imagem."

Cachaça paraibana é apontada como a melhor do mundo e uma das mais saudáveis comercializada no Brasil

Publicado em: 09/04/2022 

 

 Foto

Considerada “a melhor cachaça do mundo”, título concedido no Concours Mondial de Bruxelles, na Bélgica, um dos mais rigorosos e reconhecidos internacionalmente órgão especializado por sua independência e rigor no processo de degustação, a cachaça paraibana Boa do Brejo – categoria cristal – também é apontada por possuir uma capacidade físico-química e microbiológica incomparável com as demais existentes no mercado brasileiro.
“Ela se destaca por ser limpa, saudável e sem concentração de metais pesados, a exemplo do cobre, do chumbo e do carbamato de etila, compostos cancerígenos”. Quem atesta é o laboratório paulista Biomade Soluções Biotecnológicas, conveniado com o Ministério da Agricultura.
Nas análises de cachaças, a acidez permitida pode chegar até 150 mg/100 ml em ácido acético. A Boa do Brejo surpreende e apresenta 20 mg/100 ml. O resultado da acidez volátil para a cachaça é um indicativo de possíveis problemas relativos à fabricação, a exemplo do controle do tempo e temperatura.
É por esse e outros motivos que o empresário Cícero Ricardo, idealizador da Boa do Brejo, faz questão de presar pela qualidade. “Sou rigoroso na colheita da matéria-prima, no tipo e no método de condução do processo fermentativo. Nas práticas tecnológicas, nas operações unitárias envolvidas no processamento, na destilação e no envelhecimento”, destaca o empresário, acrescentando que a Boa do Brejo é diferenciada e já caiu no gosto popular.
A bebida é produzida no Engenho São Pedro, antigo Mofo, em Areia, fundado em 1961 por Valdo Pompeu. Em 2018, Cícero Ricardo adquiriu o engenho, já sob a administração de Paulino Arantes, que vendia a produção a granel, e iniciou o processo de modernização dos equipamentos e instalações, seguindo todo protocolo legal e sanitário.
Paralelamente, foi escolhida a variedade ideal da cana de açúcar, e definida as áreas de plantio. Após a conclusão de toda a reforma, da colheita da cana-de-açúcar e o funcionamento autorizado pelo Ministério da Agricultura, pela Sudema e pelo Ibama, finalmente foi reinaugurado em 2020, com uma produção de 60 mil litros de cachaça de excelente qualidade, utilizando apenas o seu “coração”, e separando as frações da “cabeça” e da “cauda”, o que lhe confere qualidade inigualável e um sabor extremamente macio e suave.
Hoje a produção anual é limitada a 120 mil litros de cachaça e utilizada apenas a cana de açúcar do Engenho São Pedro, que possui várias nascentes de água, local para trilha a pé, através de floresta nativa e alguns pontos interessantes, a exemplo da Pedra do Grito (conta-se que no mês de maio escutam gritos nessa pedra), a Casa da Bruxa (uma casa de taipa no meio da floresta), a Trilha das Águas, passeio a cavalo, dentre outros.
O engenho está localizado na cidade de Areia, na Região do Brejo paraibano, numa tríplice fronteira, entre os municípios de Areia, Pilões e Alagoinha. É aberto à visitaçãocom a condição de se respeitar o meio ambiente e as normas internas de segurança.
Fonte: Espaço PB com Assessoria (José Valdez) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com


Fonte: Espaço PB com Assessoria (José Valdez) – Foto: Divulgação – Contato: jorgerezende.imprensa@gmail.com

sábado, 23 de abril de 2022

Natal de Antigamente

DIA DO ESCOTEIRO - Na foto, meu tio, professor Luiz Soares. Um dos fundadores do escotismo no RN. Recebeu o "Tapir de Prata", a mais elevada comenda do escotismo. Foi nomeado (pela Assembleia Legislativa) como "Patrono do Escotismo". Foi amigo de Robert Baden-Powell. Teve uma vida dedicada à educação - sobretudo à feminina - no escotismo teve uma atuação pioneira nesse sentido. Foi um grande entusiasta dos esportes. Fundou várias agremiações culturais. Em Natal a Policlínica tem seu nome.
 
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SAUDADES DE TI, é o titulo do soneto de autoria do poeta Francisco de Assis Medeiros, um dos poetas da boa safra da poética cidade de Assu, escreveu (em tempos que o Coronavírus devastava o mundo), ardente de paixão. Vejamos para o nosso deleite:
 
Eu te beijo... beijo e não me canso
Dos meus vorazes e gulosos beijos
Quanto mais beijo, mas tenho desejo
Parece até, os meus beijos ser encanto.
 
Mas tenho medo de beijar-te tanto
E deste vírus está contaminado
Mesmo distante temo meu pecado
E meu pecado se transforma em pranto.
 
Será que é pecado, meu amor! Beijar-te tanto assim?
Estais ausente, mas perto, juntinho a mim.
Nestes beijos que o ar leva e me respondes.
 
Tenho medo. Deixa eu sentir saudade
A saudade que não seja eternidade
Nesta vacância que me correspondes.

sexta-feira, 22 de abril de 2022

 

Nuno Damas 
 
Isto é Paraty
 
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Por Nara Rúbia Ribeiro

ESTRELA
Quisera ser tua estrela
A iluminar-te graciosamente
Nas noites mais enegrecidas.
Uma estrela sem nome,
Sem renome algum.
Um astro cadente
Decadente
Carente
A cair em teus braços.
Na incoerência desse encanto,
Ao ver o desenhar de luzes no amanhecer dos teus olhos,
Desdenhar de todos os demais mortais.
Do orvalhar do teu corpo,
Reinventar mil modos de saciar-me a sede da tua essência.
Aprender os segredos do teu sorriso,
Destilar em teus lábios o quanto deles preciso
E precipitar-me na ilusão de amar-te, indefinidamente.
Quisera ser tua estrela,
Em uma noite densa e fria,
Quando ainda mais se evidenciasse o calor das almas.
E estas nossas almas, há tanto conhecidas,
Ensinariam nossos desconhecidos corpos
A trilharem os mil sonhos a que me proponho.
Depois disso eu perguntaria o teu nome,
Antes que a tua aurora me embargasse a luz.
Nara Rúbia Ribeiro
No livro "Não Borboletarás", Editora Kelps.
 
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quarta-feira, 20 de abril de 2022

Jericoacoara/CE
Jeri como passou a ser carinhosamente chamada pelos turistas e locais é um local único no Brasil. Mesmo com todo crescimento a Vila conseguiu conservar o verdadeiro espírito pé na areia e todo charme e simplicidade da região.
 
Nas ruas de areia fofa (abasteça sua mala – de preferência, sem rodinhas – apenas com pares de chinelo e sandália), a contemplação e o sossego são os exercícios principais.
 
Mas isso não quer dizer que o tempo ali é igual para todo mundo, no ritmo dormir cedo para aproveitar a praia assim que o sol nascer.
 
Para alguns, o amanhecer marca a hora de ir para a cama, depois do forró, passando antes na Padaria Santo Antônio, que abre na madrugada com pães de queijo quentinhos. Ou seja, os boêmios também têm vez nesse pedaço do litoral cearense que há duas décadas não tinha nem luz elétrica.
 
Foto: @enjoyjeri
 
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terça-feira, 19 de abril de 2022

ANTHONY STEFFEN – Em minha postagem anterior, falei acerca de sua tia-avó. Não o conheci pessoalmente; mas, conheci várias pessoas em comum. Uma delas, meu saudoso MESTRE Chico Moreira, me contava histórias hilárias de Teffé (como muitos o chamavam). Muitos dizem ele que adorava, contar acerca de suas aventuras sexuais na Itália, durante seus filmes – algumas delas, inacreditáveis. Declinarei aqui de citar nomes. Deixou uma robusta filmografia “ítalo-brasileira”, que conheço bem e pela qual tenho pouco apreço.
 
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segunda-feira, 18 de abril de 2022

EM DELÍRIO
 
Por que é que nós vivemos tão distantes,
Si estamos neste sonho todo incerto:
- Eu ao teu lado em pulsações vibrantes,
E tu, longe de mim, sempre tão perto?
 
E é isso como um lúgubre deserto
onde andem as chamas palpitantes
Deste amor, deste amor que vive aberto
para os teus cem mil beijos escaldantes!
 
Amo-te! E fui-te sempre à eterna esquiva...
Mata-me agora esta aflição tão viva
Que explode em mim, que no meu seio estua...
 
Que tu não sejas meu, pouco me importa...
Mas tira-me esta dor que me transporta
A este desejo eterno de ser tua!
 
_________Carolina Bertho. Em, revista Fon-Fon, Rio de Janeiro, 1924.

 

Gruta da Sacristia, Maricá/RJ

Um dos belos recantos de Maricá fica entre Ponta Negra e Jaconé e é uma pequena extensão de areia e conchas, com piscinas naturais entre as rochas. Deserto e com paisagem deslumbrante, também é muito procurada para pesca.

Foto de @jeaanfs_
 
 Pode ser uma imagem de 1 pessoa e natureza
 
 
 

Casa Rosa

"Tudo na vida passa. As alegrias e as dores também, a chuva forte e a noite, os problemas e conflitos. O verão e a primavera. Tudo na vida volta: As alegrias, chuva branda, noite clara, soluções. Doces estações. Tudo que permanece, a fé, esperança e o amor."
 
- Lu Andrade
 
Pode ser uma imagem de lago, céu, natureza e oceano

PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...