segunda-feira, 14 de setembro de 2009
POESIA MATUTA
LUA CHEIA
Logo de noite,
Quando vórto do trabáio,
Pégo a vióla e me espáio.
Coméço logo a cantá.
Enquanto a lua
Tá no céo dipindurada
Ouvindo a minha toáda
Com vontade de chorá.
Oh! Lua cheia, oh! Lua cheia.
Não óie nas teia
da casa de meu amô.
Pruquê se oiá,
Se espiá,
Cabô-se lua cheia
O teu furgô.
Eu tenho raiva
quando vejo a lua cheia,
Espiando pelas teia
Da casinha de meu bem!
Eu penso inté
Qu'essa lua tão marvada,
Qué levá a minha amada
Pra uma casa que ela tem.
Mas, se eu pegasse
A lua pelas guéla,
Dava tanta tápa nela
Qui nem é bom se falá...
Que me importava
Que o mundão escurecesse,
Ou que ela se escondesse,
Só com mêdo de apanhá.
Se Deus deixasse,
Se Deus aconsentisse,
Que pro céo eu assubisse
E fosse lua tambem...
Passava a noite,
Lá no céo dipindurado,
Oiando pulo teiádo
Da casinha de meu bem.
Renato Caldas
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domingo, 13 de setembro de 2009
35 ANOS ATRÁS, A 1. ELEIÇÃO INDIRETA
AGORA, CORTEZ
Os anos passaram e 35 anos depois, no mesmo mês de outubro, o Poder Legislativo do RGN repete a história. O governador do Estado, em pleito indireto, depois de escolhido pelo presidente Médice. No ano de 1935, sua irmã, Maria do Céu Pereira Fernandes, única deputada com assento na Assembléia Legislativa, votou em Rafael Fernandes. Hoje, 35 anos depois, seu irmão, deputado Bevenuto Pereira, vai dizer SIM para eleição de seu irmão Cortez Pereira.
Naquele tempo, a eleição foi realizada em clima de suspense e apreensão. Hoje, constata-se um clima de harmonia e tranquilidade. Não existia ameaça de ninguém, e já se sabe antecipadamente o resultado da eleição. O voto será aberto: SIM. Cortez Pereira terá trinta votos dos trinta e sete parlamentares que compõem a Assembléia Legislativa. Haverá apenas sete abstenções do partido oposicionista. Não será preciso a presença da escolta federal para proteger os deputados. Apenas um policiamento normal para manter a ordem do povo nas galerias da Assembléia Legislativa em virtude do pequeno espaço destinado à assistência.
OS ELEITORES DE CORTEZ
Os eleitores de Cortez Pereira são trinta deputados estaduais da ARENA. Antes eles pertenceram aos mais diversos partidos políticos: UDN, PSD, PTB, PDC e outras siglas de partidos existentes antes do movimento revolucionário de 1964. Depois, todos eles foram obrigados num mesmo partido: Aliança Renovadora Nacional (ARENA). Embora existam divergências externas e internas entre eles, há bem pouco tempo se abrigavam sob bandeiras e cores diferentes. Contudo, um nome voltou a uní-los: Cortez Pereira. Todos são unânimes em afirmar: foi mesmo a melhor escolha para o Rio Grande do Norte.
Os eleitores são: Anderson Dutra, Antônio Melo, Benvenuto Pereira, Boanerges Barbalho, Dari Dantas, Edgard Montenegro, Ezequiel Ferreira, José FernandesS, José Josias, José Pinto, Leão Filho, Luiz Antônio, Manoel Avelino, Milton Marinho, Marcílio Furtado, Moacyr Duarte, Mônica Dantas, Olavo Montenegro, Onésimo Maia, Paulo Barbalho, Paulo Diógenes, Paulo Gonçalves, Radir Pereira, Rainél Pereira, Raimundo Abrantes, Ramiro Pereia, Tertius Rebelo, Ulisses Potiguar, Valmir Targino e Veras Saldanha.
O QUE PENSAM
Moacyr Duarte, constituinte de 1946, 45 anos, advogado. Foi líder da oposição e de governo na Assembléia Legislativa. Chefe da Casa Civil do governo Dinarte Mariz, possui o maior "curriculum vitae" do Poder Legislativo. Sobre o futuro governador afirmou: "não é a primeira vez em nossa história política que um colegio de representantes do povo elegerá seu governante e lhe transmitirá com os deveres e atribuições inerentes ao mandato executivo, os anseios mais justos da coletividade. Todavia, na sessão de hoje, a Assembléia Legislativa não cumprirá à apenas a letra de um dispositivo de nossa Carta Magna, pois na verdade homologará uma preferência já manifestada na vontade popular. Cortez Pereira vai alcançar os sufrágios da eleição indireta pela aclamação dos seus méritos, pela soma incontestável de bons serviços prestados à nossa terra".
Mais adiante, frisou: "Sabedor dos percalços e dificuldades que irá encontrar. Cortez Pereira tem o senso e a medida dos programas que se tornaram, desde longa data, a herança dos administradores nordestinos, a estrela, por vezes funesta, assinalando rochedos e turbilhões onde sobraram os melhores propósitos e os mais sinceros desígnios. Saúdo, por isso, no futuro governador, o coroamento e o prêmio do esforço revolucionário em prol de um Rio Grande do Norte voltado para o futuro e integrado nas mais nobres aspirações de sua gente".
PALAVRA DO VALE
O deputado Edgard Montenegro, agrônomo, 50 anos, representantes do Vale do Açu, diz que "Cortez Pereira é uma mensagem viva de desenvolvimento. É técnico de certa visão política, moço, capaz, empreendedor e representa, para o Rio Grande do Norte, a certeza da participação do nosso povo na caminhada firme que daremos todos na busca das soluções dos problemas do Estado". O deputado Olavo Montenegro, também representante do Vale, 50 anos, aduz: "Como deputado e como político, deposito em Cortez Pereira as melhores e maiores esperanças. Pois ele é um profundo conhecedor dos problemas do Estado. Confio plenamente no êxito do seu governo".
RAINEL, ALEGRIA
Rainel Pereira de Araújo, 57 anos, criador e agricultor, explica: Sempre lembrei o nome de Cortez Pereira
Finalmente, é lembrar a frase de um influente parlamentar arenista, referindo-se a eleição: "Acreditei no prognóstico. Cortez está eleito".
João Batista Machado
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COMPARAÇÕES MATUTAS
Magro como cavalo de aroeira.
Velho como o chão.
Valente que nem cobra de resguardo.
Sono leve como o do xexéu.
Liso que é direitinhop um brunidor de sapateiro.
Perverso que só jararaca de rabo fino.
Malcriado que só rapariga de soldado em portão de feira.
Furado que nem renda de papelão.
Desconfiado que nem cachorro no r5eilho.
Falar mais que pobre no sol, ou falar mais que preto do leite.
Velho e brabo como D. Pedro Segundo.
Seco que nem língua de papagaio.
Esfomeado como cachorro de comboeiro.
Apertado que só pinto no ovo.
"Infalive" como doce de mamão em festa de pobre.
Medroso como boi de cr... branco.
Seguri como boi de carreiro, ou como raiz de samambaia.
Mentiroso como cachorro de preá, ou como espinfarda picapau.
Pelado que só caçote ou garrafa.
Desinquieto como galinha quando quer pôr.
Chorão que nem bezerro desmamado.
Resistente que nem cascavel de quatro ventas.
Rente como boca de bode.
Medroso que nem sonhim (sagui).
Agoniado como cobra quando perde o veveno (peçonha).
Besta como aruá.
Depressa como quem furta.
Contente que nem barata em bico de galinha.
Zoada grande como de fogo em tabcal.
Rede alta que só rede de esperar veado.
Calça curta que nem calca de pegar marreca.
Viagem aperreada como bacurinho em caçuá.
Tem carne nos quartos como sabiá tem nas unhas.
Padece que nem sovaco de aleijado em muleta.
Durou pouco que nem manteiga em venta de cachorro.
Acabou-se que nem sabão em mão de lavadeira.
Feio como necessidade ou justiça do diabo.
Andar ligeiro que nem peba em areia frouxa.
Andar depressa como quem vai tirar o pai da forca.
Aumentar como correia no fogo.
Ter o sossego das ondas do mar.
Crescer pra baixo como rabo de cavalo.
Andar devagar como quem procura pinico no escuro.
Sofrer que nem pé de cegpo em porta de igreja.
Limpo que nem pano do coar café ou poleiro de galinha.
Café fraco que nem lavagem de espingarda.
Zangado como caititu quando bate nos queixos.
Apanhar que nem couro de pisar fumo.
Pasto tão baixo que um piriquito come de cóca.
Tão perverso que tem coragem de matar padre celebrando missa.
Tão besta que que pá ser burro só falta cagar redondo.
Rio tão seco que não tem água pra dar nos peitos dum peba.
(Nordeste Ontem e Hoje, de Duarte da Costa e Juracy Pinheiro).
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terça-feira, 1 de setembro de 2009
O FOLCLÓRICO ABRAÃO
2 - Abraão era seme-analfabeto. Candidatou-se a vereador e, ao se aproximar as eleições resolveu investir um pouco mais no seu eleitorado. Se dirigiu ao Banco do Brasil, de Assu onde tinha uma reserva de dinheiro para sacar o valor naquela casa bancário, depositado. Ao chegar no caixa disse: "Eu quero retirar tudo que tem ai." O funcionário que lhe conhecia, indagou: "Quanto o senhor quer retirar?" "Eu quero tudo que tem aí." Pois não seu abraão", faça o cheque." Abraão não pensou duas vezes, escrevendo na folha de cheque: "Eu quero tudo que tem aí!"
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"40 ANOS DO JORNAL NACIONAL"
Moacyr era natural do Assu (RN), estudou no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, da sua terra natal, no Atheneu, de Natal, na Faculdade de Direito do Recife. Foi para o Rio de Janeiro na década de quarenta, onde se formou em direito e fundou uma das maiores agências publicitárias do país já referida acima. Fica o registro sobre este assuense que orgulha o Assu e engrandeceu a publicidade brasileira.
Em tempo: João Moacyr de Medeiros era da família Lins Caldas pelo lado materno, com raízes em Assu e Ipanguaçu (RN), uma das famílias mais antigas do Rio Grande do Norte.
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segunda-feira, 31 de agosto de 2009
LEMBRANDO CAROLINA WANDERLEY
Relembro as tuas cartas uma a uma
Minha mente, ao lembrá-las não se trunca
Uma frase não há, que não resuma
Tudo que ainda o nosso afeto junca.
Tu me escrevias sempre: vez nenhuma
Senti da indiferença a garra adunca
Morria o sol do estio... vinha a bruma
E as tuas cartas não faltavam nunca
Hoje os dias se passam lentamente
Que me escrevas, espero ansiosamente
Mas, com que mágoa, vejo que emudece!
Termina este silêncio que crucia
E que me vai trazendo dia a dia
A certeza mortal de que me esqueces.
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domingo, 30 de agosto de 2009
DONA MARTHA SALEM
Martha era filha do Major Minervino Wanderley e dona Carlota Wanderley. Seu pai Minervino foi auto comerciante e exportador de cera de carnaúba e algodão, procurador do Patrimônio de São João Batista, intendente do Assu (1917-19), presidente da Câmara Municipal e vice-prefeito entre 1947 a 1950, daquela terra assuense.
Dona Martha (era mãe de Emílio Salém já falecido que foi médico no hospital da Fundação SESP, de Assu na década de sessenta) teve uma existência longíqua, faleceu nesta última sexta feira aos 98 anos de idade, na cidade do Natal onde morou quase toda a sua vida.
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sábado, 29 de agosto de 2009
QUANDO A POLÍTICA VALE A PENA
2 - Tipo popularíssimo, Zé Carlota foi barraqueiro na feira livre de Assu. Em 1982 candidatou-se a vereador pelo PDS, pelo grupo político do saudoso Zezinho André que foi vice-prefeito do Assu entre 1973 a 1976. Naquele tempo (1982) Zezinho era candidato a prefeito daquela terra assuense. Pois bem, aberto as urnas Zé Carlota não obteve nenhum voto na secção em que votaram ele e sua esposa. Indignado com o acontecido, foi até a casa de Zezinho com a seguinte reclamação: "Compadre Zezinho, que a minha mulher não tenha votado em mim eu acredito. Mas eu, duvido!" É que Carlota foi, certamente, mais uma vítima do mapismo eleitoral, prática muito uzada nas eleições do passado.
3 - Certo prefeito de uma certa cidade do litoral do interior potiguar, prestou contas em plena praça pública de sua terra com a frase adiante: "Meus amigos, dos prefeitos deste município o menos que roubou fui eu". Esta frase se tornou célebre, sendo publicada nos jornais do sul do país e até pela revista americana Time.
4 - Aquele mesmo prefeito teria convidado o governador do Rio Grande do Norte Dinarte de Medeiros Mariz ("o velho do coração do povo"), para inaugurar a Cadeia Pública do município que ele administrava. O prefeito emocionado, concluindo o seu discurso, deixou escapar a seguinte frase: "Governador, a cadeia está inaugurada. Sinta-se em casa." Sorte do velho Dinarte que o discurso era de improviso...
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sexta-feira, 28 de agosto de 2009
ESTÓRIAS DA POLÍTICA
2 - A política sempre esteve nos versos dos poetas e cantadores de viola do Nordeste. O poeta popular e também político do PT, chamado Crispiniano Neto, escreveu um dia:
Se você é sapateiro
Corta sola, lixa e senta,
Faz a peça e apalaza,
Prega tacão, polimenta;
Transforma o voto em sapatos
Prá descalçar os mandatos
Destes que calçam quarenta.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
DO VIOLEIRO CHICO TRAIRA
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
PADRE IBIAPINA
domingo, 23 de agosto de 2009
IMPRENSA NO ASSU I
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sábado, 22 de agosto de 2009
GERALDO DANTAS
Afinal, feliz daquele que chegou a conhecê-lo e com ele ter convivido. O poeta Geraldo numa feliz inspiração, em homenagem a terra que lhe acolheu, escreveu o soneto intitulado "Assu" (numa demonstração de que "o seu estro poético é dos melhores"), que diz assim:
Assu, gleba feliz de rútilos poetas
Que a musa, enternecida, inspira, ardentemente!
Predestinado povo, em tua rima quente
Tua própria grandeza em versos interpretas!
Longe, as carnaubeiras tremulam, mansamente!
O leque em riste aos céus, garbosamente eretas,
Sempre a cantar hosana à deusa dos estetas
Tal como um eterno hino ao Deus onipresente.
Oh! terra de grandeza... elcelsa maravilha!...
Como é bela e risonha a magestosa trilha
Que palmilhas, cantando, em fulvos estrebilhos...
Teu riso é um magistral poema alexandrino
Cinzelado ao calor de um sol alabrastino
pela fada do amor, na pena dos seus filhos.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009
"É O NÊGO"
Costa era vaidoso ao extremo, cheio do dinheiro, influente, com todos os requesitos para ter sucesso na vida pública, foi convidado pelo deputado Edgard Montenegro para ser o seu vice-prefeito na chapa que encabeçava nas eleições de 1958. Pois bem, dr. Pedro Amorim que já teria sido intendente, prefeito do Assu, deputado estadual Constituinte, já morando em Natal, mas ainda com muita influência nas decisões políticas do Assu, vetou o nome de Costa em solidariedade a um amigo que tinha perdido sua mulher que fugiu para Fortaleza com ele, para viver um caso de amor. Costa tratou logo de se aproximar do deputado Olavo Montenegro e saiu candidato a prefeito pelo PSD, ganhando a eleição para Edgard e Sondoval Martins, da UDN, tirando o sonho de Edgard de voltar pela segunda vez a governar a sua terra natal.
Costa na década de trinta foi presidente do Fortaleza Futebol Clube. A sua fotografia está na galeria dos ex-presidentes daquele clube cearense. Ainda no Assu, Costa fundou o Centro Sportivo Assuense. Na iniciativa privada foi comerciante no ramo de confecções, loja estabelecido a rua São João, Centro do Assu.
Nas eleições de 1968, foi candidato novamente a prefeito pela ARENA, com Francisco Evarista de Oliveira Sales (dr. Sales) como seu vice, contra João Batista Lacerda Montenegro que ganhou a eleição por apenas 26 votos de maioria, que tirou também o sonho de Costa de governar o Assu pela segunda vez. A fotografia acima é a mesma da propaganda eleitoral (daquela sua campanha) explorando naquela propaganda, apenas a seguinte escrição: "É o Nêgo", como era chamado carinhosamente pelos seus correligionários.
Afinal, Costa inovou, modernizou a cidade de Assu, bem como movimentou promovendo bailes elitizados com apresentação de grandes orquestras nacionais e internacionais, no clube que ele denominou de Clube Municipal. Morreu pobre, no começo da década de setenta (naquela época dirigia o escritório local da COSERN), amargando um ostracismo imposto por uma sociedade que lhe jogava confetes quando no auge do poder, numa demonstração que a História sempre se repete!
Em tempo: Costa, penso eu, foi quem quem inventou showmício em campanhas políticas, pois já em 1958 contratou Luiz Gonzaga (O Rei do Baião) com quem tinha o prazer de gosar da sua amizade, para se apresentar na praça pública do Assu, numa certa concentração daquela sua campanha para prefeito da terra assuense. Fica o registro.
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OTHONIEL MENEZES
Vejamos transcrito abaixo, a primeira estrofe da referida canção que imortalizou esse bardo potiguar:
Praieira dos meus amores,
encanto do meu olhar!
Quero cantar-te os rigores
sofridos a pensar
em ti, sobre o alto mar...
Ai! Não sabes que saudade
padece o nauta a partir,
- sentindo, na imensidade,
o seu batel fugir,
incerto do porvir! (...)
E ainda escreveu aquele poeta parnasiano "que tinha o domínio ímpar da técnica e da forma poética", o poema adiante:
És linda. Iara Morena,
pulando, da água serena
do Potengi, a cantar,
nua, à sombra dos coqueiros,
perfumada de cajueiros,
- os seios furando o mar!
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quinta-feira, 20 de agosto de 2009
ENCHENTE DO RIO PIRANHAS, 1974
Clique na imagem para melhor visualizar.
As maiores cheias do Rio Piranhas/Assu, ocorreram nos anos de 1924 e 64. Em 24 as águas daquele Rio chegaram até a calçada, fundos da igreja matriz de São João Batista, de Assu. Na fotografia, data de 1974 podemos ver o deputado Edgard Montenegro (de óculos) e o governador Cortez Pereira (em pé na canoa). Edgard naquela época era auxiliar do governo Cortez, na qualidade de presidente da COFAN - Companhia de Fomento Agrícola Norte-Rio-Grandense.
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JOÃO LINS CALDAS NA EXPOTEC 2007
MOSSORÓ
PAU DE SEBO
O disputante ao prêmio tinha que fazer força para alcançar o ponto onde a cédula estava colocada. Daí a diversão. Cada tentativa era um fracasso recebido pela assintência com uma vaia entontencedora. Várias vezes era repetida a operação. Não sei se era por desgaste do sebo em virtude de constantes subidas da garotada ou se era por maior agilidade de algum deles, o certo é que um dos participantes do folguedo terminava conseguindo alcançar a cédula e retirá-la sob gritos festivos e aplausos dos presentes.
Esse brinquedo, ao que parece, não está muito em voga atualmente.
Francisco Amorim
(Do seu livro "Assu de Minha Meninice", 1982)
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
PRIMEIRO AUTOMÓVEL A CHEGAR EM ASSU
O escritor Francisco Amorim Amorim no seu livro intitulado "Assu da Minha Meninice" , 1982, depõe que aquele automóvel "ao penetrar na cidade, agonizava uma pessoas conhecida por Mascarenhas. Os circunstantes ao ouvirem o ruído do motor abandonaram o velório deixando o pobre morrer sem vela acesa." Informa também o escritor Amorim que naquele mesma data "ao escurecer, outro veículo entrava na cidade. Tratava-se, ao que parece, de uma experiência com a estrada de rodagem que estava sendo construída ligando Assu a Mossoró."
NATAL
terça-feira, 18 de agosto de 2009
SEBASTIÃO ALVES
domingo, 16 de agosto de 2009
PADARIA SANTA CRUZ
Imagens do blog Página R.
A Padaria Santa Cruz era de propriedade dos irmãos Solon e Afonso Wanderley. Nos anos quarenta, cinquenta sessenta e até o começo de setenta, produzia o melhor pão e bolacha da cidade de Assu. Hoje aquela panificadora é de propriedade de João Gregório Junior? A bolacha e biscoito denominado Flor do Açu (em formato de uma flor,) é uma delícia, ainda hoje produzida por outra padaria de propriedade de Toinho Albano. Naquelas décadas era o ponto de encontro amistoso para uma uma boa prosa, dos barões da cera de carnaúba, influentes políticos da região, intelectuais, poetas da cidade. Eram seus assíduos frequentadores frequentadores as figuras como Zequinha Pinheiro, João Turco, Minervino Wanderley, Major Montenegro, Fernando Tavares (Vem-Vem), Luizinho Caldas, além dos irmãos Edgard e Nelson Montenegro, Walter Leitão, Edmílson Caldas, Renato Caldas, Francisco Amorim, dentre outros. Antes dos irmãos Solon e Afonso, aquela padaria pertencia ao Senhor Enéas Dantas, pai do poeta Renato Caldas.
Aquela panificadora fora palco de muitas estórias pitorescas, muitas delas construídas em formas de versos, de rimas. (Esta estória não tem o intuito de denegrir a imagem de politico, apenas tem o sentido humorístico). Pois bem. Certa vez (era época de eleições para governador), Renato Caldas que não perdia a oportunidade para glosar, ao chegar naquele estabelecimento comercial deparou-se com uma fotografia de Frei Damião ladeado por dois candidatos ao cargo de governador e vice governado, Não deixou para depois, escrevendo:
A culpa não compromete
Fernando Caldas
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
POESIA
JOÃO LINS CALDAS E AS INDAGAÇÕES DO ABSURDO
Que estória é essa de se dizer que Jorge Fernandes foi o primeiro no Rio Grande do Norte a cantar no verso livre, sem rima, sem métrica, desrespeitando as fórmulas tradicionais de se fazer poesia?
Quando a "Paulicéia desvairada" deu à luz? Quando?
Quando Mário de Andrade esteve em Natal não foi em 1927? E "Macunaíma" chegou Quando?
Antes, bem antes de todos eles, João Lins Caldas, em 1917, escrevia anonimamente:
... e ao comprido da rede que se balouça esticada
Uma cabeça, uma cabeleira preta,
Pés que se estiram, mãos alongadas...
Vamos irmãos, eu que estou reparando, de retrato,
esse quadro que se alonga ao longo da parede.
José Luiz Silva
(Jornal O Poti, de Natal, 1988)
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
OLAVO MONTENEGRO, UM DEPUTADO COMBATIVO
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terça-feira, 11 de agosto de 2009
ALUIZIO ALVES
Aluizio em 1960, candidato ao governo da terra potiguar pelo PSD, contra Djalma Marinho da UDN, derrotou fortes lideranças políticas como Dinarte Mariz, que tornou seu ferrenho inimigo político. Eu era menino de calças curtas e ainda me lembro da marchinha (hino da sua campanha), que diz assim:
Aluizio Alves veio do sertão lá do Cabugi
Pra sanar o sofrimento do seu povo
Sua plataforma eis aqui:
Assistência e cuidado ao agricultor,
Melhores salários pro trabalhador,
Com a energia de Paulo Afonso, industrialização
Para a mocidade potiguar saúde e educação.
O povo oprimido, do aperário ao doutor,
Escolheu seu candidato, Aluizio Alves pra governador.
Fica a homenagem deste blog ao incontestável líder político potiguar que foi Aluizio Alves.
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segunda-feira, 10 de agosto de 2009
PORTFÓLIO
ELIAS SOUTO, UM ASSUENSE ILUSTRE
Ezequiel Fonseca Filho no seu livro sob o título Poetas e Boêmios do Açu, 1984, depõe que Elias Souto "não fulgiu ao desejo de também fazer versos." E um dia escreveu:
Lá, no centro do mar, na imensidão
Pelo sopro dos ventos agitadas,
Vão as ondas, rolando em turbilhão
Desfazeer-se nas rochas escarpadas
Ou se o vento, de súbito, desmaia,
Elas vão o mar liso percorrer,
Em procura da terra, e sobre a praia
Lentamente, estender-se e, após, morrer.
Assim minh'alma. No mar das ilusões
Da vida, no correr da tempestade,
Vaga sempre no mundo aos trambulhões
E, da incerteza, em funda cavidade
Nos abrolhos da túrbidas paixões
Ela somente crê na - Eternidade.
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sábado, 8 de agosto de 2009
HISTÓRIA DOS CASARÕES DO ASSU I
Naquele sobrado também residiu o médico que foi intendente do Assu, deputado estadual, presidente da Assembléia Legislativa chamado Ezequiel Fonseca Filho, bem como funcionou ainda o escritório do seu então proprietário José Wanderley de Sá Leitão e a Cooperativa de Consumo do Assu (anos sessenta). Atualmente funciona a Casa de Cultura, do Governo do Estado.
POESIA
Se eu desprezar a terra, abandonando
O teu desdém-essa desgraça nova,
Os que na rua forem te encontrando
Hão de ver o teu riso palpitando
E terão flores para a minha cova.
Mas, se tudo acabares, te acabando
Antes que finde a dor que em mim renova,
Por todos lados onde eu for errando,
Há de se ver os meus olhos lacrimando
E eu terei flores para a tua cova.
João Lins Caldas - poeta potiguar do Assu.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
RIO PIRANHAS/ASSU
O rio Piranhas/Açu nasce na Serra do Bongá, município de Bonito de Santa Fé, estado da Paraíba, com a junção das águas do Rio do Peixe e Piancó, daquele estado paraibano. Seus afluente principais são: rio Espinhara, Picui e Seridó. É considerado como um dos maiores rios do Nordeste, "responsável pela maior bacia hidrográfica do Rio Grande do Norte, ocupando uma superfície de 17.500 Km2, correspondendo a 32,8% do território estadual, onde são encontrados 1.112 açudes. Desemboca no município de Macau, litoral do Rio Grande do Norte (conforme fotografia, o rio se encontrado com o mar). São seus afluente os rios Espinhara, Picui e Seridó. Entra no estado potiguar pelo município de Caicó, no Seridó, "desce em direção sul norte, para começar a banhar o município de Assu no lugar Saquinho, e marginando e confinando o território a leste, passa pelos seguintes lugares: Poço do Cavalo, Bonito, Mutamba, Caiçarinha, Floresta, Várzea da Luíza, Bugio, Marcação, Lagoa da Pedra, Riacho Fundo, Castelo, Quixeré, Cachorro, Itans, Mocó, Poassá, Juazeiro-fechado, Farol, Casa Forte, Baviera, Fura-boca, Santa Clara, Rio dos Cavalos, Poço da Ema, Santo Antônio, Parelhas, Martins, Forquilha do Rio, Estevão, Comboieiro, Carão, Jerimu, Poço Verde, Melancias, Tabatinga, Saco, Xambá, São João, Rosário, Córrego, Curralinho, Oficinas, Garcia, Cobé, Logradouro, Imburanas e Barra, onde entra no mar."
O Piranhas/Açu é decantado em prosa e verso por dezenas de poetas do Assu. A poetisa Maria Carolina Caldas Wanderley (Sinhazinha Wanderley), escreveu:
Vem de longe, potente, majestoso,
Inunda o branco leito das areias;
Seus possantes canais - as suas veias,
Serpejam num marulho rumoroso.
Suas margens de um todo grandioso,
De arvoredos robustos todas cheias,
Parasitas formando lindas teias,
No tronco da oiticica, alto, rugoso.
Os cavaletes, balsas e canoas
Velejando, defendem-se das croas,
Indo aportar à entrada do "Cipó"
Carnaúbas na várzea, enfileiradas,
Parecem contemplar, extasiadas,
O rio, a despejar no "Piató"
João Lins Caldas não deixou por menos:
Alvo e largo, profundo entre os cabeços brancos
É o rio a se estirar vendo os bambus copados
E lhe vão a correr pelo seios nevados
As torrentes de encher os lagos e os barrancos
Das águas que carrega, os largos veios francos,
Descidos de alta serra e na várzea alongados,
Caminho do oceano, olhando os descampados,
Lá se vão a tremer pelos rasgados flancos.
Onde vai leva a andar os balseiros folhudos
Os escombros de palha, os canaçus caídos
Os restos de fogueira e os ramos velhos mudos
E carrega, a rolar, aos pedaços e aos galhos,
Os altos mulungus, os gravatás fendidos,
As lavouras de abril e a lama dos atalhos...
(Postado por Fernando Caldas)
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009
LEMBRANDO NAVARRO
Adão foi feito de barro...
Mas, você Newton Navarro,
foi feito da inspiração,
do Céu, dos ninhos, das flores,
de todos os esplendores
do luar do meu sertão.
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POESIA MATUTA
Home qui larga a muié,
Pra vivê c´uma sugeita;
Ou esse cabra num presta,
Ou antonse é coisa feita.
Home qui vévi sirrindo,
E diz qui nunca chorô;
Ou esse cão tá mintindo,
Ou pur outra nunca amô.
Home, qui deixa a muié,
In casa, e vai passiá...
O fim dele tem qui sê:
No sumitéro, ou hospitá.
Home qui anda inlordado,
Sem tê uma ocupação.
No mundo so pode sê:
Ou jogadô, ou ladrão.
O freguez da fala fina,
Qui num gosta de muié!
Vamo atraz qui essa péste!
Tem um defeito quarqué.
Renato Caldas
domingo, 2 de agosto de 2009
LOGOMARCA
NOTA
"Meu José Virou Poesia", é mais um livro que enriquece as letras assuenses. A autora daquele volume é a poetisa Ester Morais (a sua direita), que pousa na fotografia ao lado da sua irmã Secretária de Estado Fátima Morais. Conheci e convivi com o personagem deste livro chamado José Martins de Morais. Ele foi enfermeiro no Assu, proprietária de farmácia em Carnaubais. Zé enfermeiro como era mais conhecido foi candidato a verador de Assu, salvo engano, nas eleições de 1976 ou 1982. Era frequentador na década de oitenta do chamdao 'Senado' (batentes da prefeitura do Assu), quando era bem frequentado pelos formadores de opiniões da política assuense, que se reuniam todas as noites naquele local para uma boa prosa, cada um defedendo o seu chefe político que eram muitas vezes satirizados por cada um dos dos seus adversáros. Afinal, fica o registro e os parabéns deste blog (que tem o sentido de divulgar o passado e o presente da história literária, econômica, social e política - sem politicagem- da terra assuense) a mais nova escritora do Assu.
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