quinta-feira, 29 de agosto de 2013

ÂNGELO ROQUE – A REGENERAÇÃO DE UM CANGACEIRO



Manchete da reportagem da década de 1950, sobre a regeneração de Ângelo Roque
Manchete da reportagem da década de 1950, sobre a regeneração de Ângelo Roque
Autor – Rostand Medeiros
No Brasil a palavra “regeneração”, definitivamente é algo que o nosso povo não sabe trabalhar muito bem em suas mentes e seus corações, quando aplicada aqueles que erraram junto a sociedade, contra os que praticaram crimes diversos, contra os que sofreram as duras penas da lei e estiveram um período em alguma unidade prisional.
Dificilmente vemos o antigo presidiário como alguém que se regenerou. Olhamos para ele mais com medo do que com esperança de que ali está uma pessoa recuperada. Isso não é difícil diante verdadeiras masmorras medievais que existem nos nossos presídios.
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Por isso é que na história carcerária brasileira chama tanto atenção o fato dos homens que foram cangaceiros, pelo menos os que se entregaram e passaram um tempo presos, terem tido um índice de reincidência criminal baixíssimo.
Na verdade digo “terem tido um índice de reincidência criminal baixíssimo”, pois ouvi isso de outros pesquisadores do tema cangaço. Mas confesso que nunca li e não tenho dados que comprovem especificamente quantos antigos cangaceiros padeceram na prisão e quantos voltaram ao crime após a liberdade.
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Entretanto é vasto, inclusive amplamente divulgado na imprensa brasileira das décadas de 1950 e 1960, que vários homens que andaram nas caatingas debaixo do peso do chapéu de couro e do “pau de fogo”, ao deixarem a prisão se tornaram os ditos “cidadãos de bem”, totalmente regenerados. Muitos se tornaram pacatos funcionários públicos, pequenos comerciantes, caixeiros viajantes e outros exerceram simples e honestas atividades. Um dos casos mais emblemáticos na minha opinião é a recuperação do chefe cangaceiro Ângelo Roque.
Vida Bandida
Em uma entrevista a um periódico carioca, repleta de fotografias, temos a história de Ângelo Roque da Costa, o conhecido cangaceiro Anjo Roque, o conhecido Labareda. Teria nascido em 1910, no lugar Jatobá, depois pertencente ao município pernambucano de Tacaratu (e por isso conhecido como Jatobá de Tacaratu), era filho de família humilde, mas respeitada em seu lugar.
Lampião, o primeiro a esquerda, e seus cangaceiros
Lampião, o primeiro a esquerda, e seus cangaceiros
Na reportagem afirmou que entrou na vida do cangaço após matar um soldado de polícia que desvirginou a sua irmã de 14 anos de idade. Roque contou que o conquistador se chamava Horácio Cavalcanti, que havia casado quatro vezes e quatro vezes abandonou as esposas. Consta que sua família buscou a justiça de sua região, mas um juiz e outras autoridades pouco deram importância ao sentimento de raiva de seus familiares.
Logo houve um encontro dos dois homens em um trem, a faca vibrou e ambos ficaram feridos. Mas logo o jovem Roque, então com 16 ou 17 anos, matou o soldado com um tiro de rifle e caiu “em desgraça” perante a justiça.
Para sobreviver em uma situação como esta, naquele sertão atrasado, só entrando para o cangaço. Foi em uma propriedade denominada Jurema que Roque entrou no bando de Lampião, que lhe deu apoio e ambos se tornaram grandes amigos.
Um Cangaceiro
Na reportagem Ângelo Roque detalhou que esperou 13 dias por Lampião na propriedade Jurema. Logo Roque ficou alcunhado no bando como Labareda. Comentou que Lampião sempre foi um homem de pouca conversa, mas era extremamente hábil na luta das caatingas. Labareda informou que passou dois anos andando junto a Lampião no seu bando, onde teve um grande aprendizado na arte da guerrilha nordestina. Devido a sua capacidade de comando e de combate, logo Labareda passou a comandar um subgrupo de cangaceiros.
No seu processo de regeneração, o antigo cangaceiro aprendeu a ler e escrever
No seu processo de regeneração, o antigo cangaceiro aprendeu a ler e escrever
Para Roque era normal Lampião ter cerca de 60 homens em seu bando. Já o famigerado cangaceiro Corisco andava com um grupo que tinha em torno de 20 a 25 combatentes e Labareda seguia com uma média de 15 cangaceiros. Nesta vida Ângelo Roque da Costa permaneceu 16 anos em luta, onde afirmou a reportagem ter combatido “200 vezes contra a polícia”.
Lembrou aos repórteres que seu primeiro combate, sem especificar datas, foi em Sergipe, onde cerca de 40 cangaceiros brigaram diretamente com vários policiais, sem perdas para os “cabras” de Lampião, mas com a morte de vários homens da lei.
Ângelo durante a entrevista
Ângelo durante a entrevista
Para o cangaceiro Labareda os dias de cangaço eram “Dias miseráveis!”, onde os cangaceiros tinham um ódio extremo aos policiais e, assim que tinham alguma oportunidade, não perdiam a oportunidade de desfechar terríveis ações violentas contra os membros da “Força”.
Em seus relatos Labareda afirmou categoricamente que era “Um bandido”, que aquela vida lhe trazia muitas amarguras. Tanto que para conceder a entrevista ele perguntou primeiramente ao Professor Estácio de Lima se aquela exposição na imprensa seria positivo para ele. O Professor Estácio concordou.
Ângelo Roque e o Professor Estácio de Lima
Ângelo Roque e o Professor Estácio de Lima
Na época da entrevista Ângelo Roque era um pacato funcionário do Concelho Penitenciário da Bahia, morando em Salvador, onde trabalhava como auxiliar de confiança do Professor Estácio.
Na Prisão
Após a morte de Lampião em 28 de julho de 1938, o cangaceiro Labareda andou ainda quase dois anos pelas caatingas de armas na mão, tendo se entregado as autoridades no início de abril de 1940, em Paripiranga, Bahia. Logo ele e mais outros companheiros foram recambiados para Salvador.
Fim de Lampião e seu bando
Fim de Lampião e seu bando
Na capital baiana, nos primeiros contatos com a imprensa na Secretaria de Segurança, os cangaceiros já se encontravam de cabelos cortados e usando paletó e gravata, mas Labareda fazia questão de ser tratado pela patente de “capitão”. Na ocasião houve um encontro muito animado com o cangaceiro Juriti, que já se encontrava detido. Comentaram que do terraço da repartição chamou atenção dos agora ex-cangaceiros a chegada ao porto de Salvador do paquete “L’Argentine”.
Saracura, companheiro de cangaço e de prisão de Ângelo Roque
Saracura, companheiro de cangaço e de prisão de Ângelo Roque
Após a sua entrega justiça, Ângelo Roque da Costa foi julgado e condenado a 95 anos de prisão, depois reduzidas a 30 anos e comutadas a apenas 10 anos de cárcere. Mesmo com condenações tão elevadas no início do seu período de detenção, ele manteve a calma e se tornou um prisioneiro de comportamento exemplar.
O antigo cangaceiro Labareda entre as cabeças de Corisco e Lampião
O antigo cangaceiro Labareda entre as cabeças de Corisco e Lampião
Primeiramente foi enviado para o “Campo Experimental de Ondina”, em Salvador, onde passou a cumprir seu tempo de prisão junto com os companheiros de luta.
Lembrou que na época do início do cumprimento de sua pena, lhe chamou atenção o interesse e a curiosidade provocada em várias pessoas pelos ex-cangaceiros. Recordou que em uma ocasião receberam a visita de Renato Monteiro, documentarista da “Tupy Films”, que realizou um pequeno filme (provavelmente pago pelo Governo Federal), mostrando a regeneração dos anteriormente temidos “Guerreiros das Caatingas”. Foram realizadas filmagens daqueles homens em uma lavoura, tendo sido capturado as imagens do antigo Labareda, de Saracura, Juriti, Jitirana, Velocidade e cinco outros ex-cangaceiros.
Inclusive pelo bom trabalho realizado nesta lavoura, em 1944, durante o período da Segunda Guerra Mundial, ele e outros 20 condenados pela justiça receberam um prêmio da LBA-Legião Brasileira de Assistência. Este programa era denominado “Hortas para a vitória!” e havia sido implantado para incrementar e ampliar o que hoje denominamos de agricultura familiar, tudo em prol do esforço de guerra brasileiro.
Ângelo Roque e a cabeça de Lampião
Ângelo Roque e a cabeça de Lampião
Como comentei anteriormente, não sei estatisticamente quantos dos cangaceiros que se entregaram as autoridades reincidiram no crime. Mas não deixa de chamar atenção pelas fotos aqui publicadas, como as autoridades faziam questão de propagar a regeneração dos antigos cangaceiros a imprensa brasileira.
Não sei se é utopia da minha parte, sei que os tempos e os problemas são outros, mas bom seria se alguém da área de direito penal, ou de alguma área relativa aos estudos penitenciários, se dispusesse a pesquisar mais a fundo estes casos específicos dos ex-cangaceiros.
Talvez o resultado de um trabalho assim, poderia trazer lições do passado que possam ajudar os “homens das leis” dos nossos conturbados e violentos dias, a terem uma nova abordagem para a recuperação dos nossos apenados.

http://tokdehistoria.wordpress.com
"Ilusão Perdida"

Pablo Neruda

Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013



Ilusão Perdida

Florida ilusão que em mim deixaste
a lentidão duma inquietude
vibrando em meu sentir tu juntaste
todos os sonhos da minha juventude.

Depois dum amargor tu afastaste-te,
e a princípio não percebi. Tu partiras
tal como chegaste uma tarde
para alentar meu coração mergulhado

na profundidade dum desencanto.
Depois perfumaste-te com meu pranto,
fiz-te doçura do meu coração,

agora tens aridez de nó,
um novo desencanto, árvore nua
que amanhã se tornará germinação.

Pablo Neruda


De: Pablo Neruda Poemas da Alma
"Modéstia...
Está aí uma palavra que admiro.
Poucos a tem, muitos a esnobam e outros a usam como se vestissem uma roupa menor que seu manequim!!!"

G.Fernandes

Abra Seu Coração!!! Voe Como As Borboletas.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

CONTO

PERNA DE PAU
- Eugênia!!!... Bote o comer filha de rapariga! – Esse tom ameaçador era o grito de guerra de Marcolino para sua esposa, quando se aproximava de casa embriagado. 

Marcolino era pescador. Um sujeito diferente. Moreno, alto, barrigudo, barba descuidada, cabelos compridos e encaracolados. Para terror da criançada tinha uma perna de pau. Tal qual a de alguns piratas das estórias infantis. Devido a sua experiência não tinha dificuldades para andar. Caminhava a passos longos. No entanto, quando estava bêbado andava desengonçado, aos tombos, muitas vezes caindo. Atolava em qualquer areal.

A comunidade de Juazeiro ficava pavorosa, quando tinha notícias de que Marcolino Perna de Pau estava bebendo. Era sinal de desgraças, arruaças, intranquilidade para todos.

Ele já havia brigado com quase todos os habitantes do lugarejo. Não tinha respeito e consideração a ninguém, nem homem nem tampouco mulher. Era tido por todos como um elemento revoltado, nocivo à sociedade. Alguns diziam que tinha sido trauma por ter perdido a perna com apenas treze anos de idade num acidente, quando tentava ancorar um barco no porto de Areia Branca. A barcaça bateu noutra, sem dar tempo de retirar a sua perna da rota de colisão.

Quando chegava a seu barraco, construído de taipa, se a mulher não tivesse “pronta” a peia comia o couro. Água fria, comer quentinho, rede armada no alpendre da cozinha, eram o tripé de conforto exigido pelo valentão.

Os mais velhos diziam que ele apareceu na comunidade de Juazeiro num final de semana para uma pescaria na lagoa. Daí em diante nunca mais saiu do lugar. Casou, teve cinco filhos. Apesar de aparentar um cinquentenário possuía apenas 42 anos de idade.

Num sábado foi para Assu vender o peixe pescado durante a semana. Entrou numa roda de pif-paf no ‘beco do mercado’ e enrolou a noite, bebendo e jogando. O jogo acabou, quando os parceiros desconfiaram de que ele estava roubando e reclamaram. Foi o suficiente para Marcolino dar de mão de uma faca de doze polegadas e de um revólver calibre 38 e apontar em tom ameaçador para os companheiros de jogo. Todos correram. 

O dono do ambiente mandou um menino avisar à polícia. Quando soube de quem se tratava, o soldado de plantão mandou avisar que estava ocupado cuidando dos presos e que o delegado tinha viajado.

No Cabaré de Rosemary as mulheres ainda estavam curtindo a ressaca, quando as portas dos quartos começaram a ser abertas a bofetes.

- Levanta raparigas, que Marcolino Perna de Pau chegou e quer fuder!

As mulheres saiam dos quartos correndo. Descabeladas, enroladas em lençóis, outras nuas. Buscavam um lugar seguro. Afinal o “elemento” já era conhecido no trecho. Foi um domingo de horror: as mulheres dançaram e desfilaram peladas; beberam a força copos cheios de cachaça; tomaram banho de cerveja; fizeram fila para praticarem sexo oral no delinquente... 

O sol já buscava repouso no horizonte, quando despontou na rodagem que dá a cesso a comunidade de Juazeiro um burro mulo conduzindo algo parecido com uma pessoa. Depois de algum tempo foi reconhecido.

- Valha-me Nossa Senhora, lá se vem Marcolino! Bêbado rodando! 

A velha Rita tinha reconhecido a silhueta devido à perna de pau esticada, ao lado direito do estribo da cela posta sobre o pobre animal.

À medida que Marcolino ia passando ao longo da estrada, as poucas famílias da comunidade iam fechando suas portas. Não sem antes dar uma olhadinha para ver o estado daquele temível e indesejável morador.

- Eita terrinha de corno! Terra de cabuetas manobrados por muiê! - Dizia Marcolino ao passar à frente de cada casa fechada. 

Quando foi se aproximando de sua casa, viu saindo em toda carreira o jovem Benedito, garoto que ele já tinha escutado falar de que enamorava Ritinha, sua filha mais velha, de 16 anos de idade.

- Epa negro bom de peia. Volta aqui! Seja homem! Se te pego namorando Ritinha... – Gritou Marcolino descendo do burro de ligeira em punho. Não perdendo tempo, as duas primeiras ligeiradas acertaram as costas da sua filha Ritinha. A mãe, Eugênia, tentou evitar e levou três lapadas que deixaram marcas no seu corpo. Por sorte os outros quatro filhos menores entraram na baderna e conseguiram, com muitos esforços, dominar o agressor.

Naquela noite ele não saiu mais de casa. Acordou pela manhã cedo, pegou a canoa e entrou na água da lagoa. Não chamou nenhum dos meninos, como de costume. Provavelmente estava curtindo uma ressaca moral. Afinal, havia muito tempo que os filhos de Marcolino não se envolviam numa briga em casa. De certo estavam ficando grandes. 

Três dias se passaram. Nenhuma notícia de Marcolino Perna de Pau. Um garoto entrou afrontado na casa gritando: 

- Dona Eugênia!... Dona Eugênia! Encontraram Perna de Pau... Tá morto na beira da lagoa.

A notícia se espalhou rapidamente. Todos os habitantes de Juazeiro foram para um matagal de junco existente à margem da lagoa. O corpo de Marcolino estava fétido. Podiam-se ver, por todo o corpo, diversos cortes de faca peixeira, mais de trinta facadas. 

Uma curiosidade: o criminoso e a perna de pau usada por Marcolino nunca foram localizados. Dizem que em noite de lua cheia, ouve-se o baralho da perna de pau perambulando por Juazeiro.
Do Livro Dez Contos & Cem Causos - Ivan Pinheiro 
No dia em que Deus me chamar...
Quando for minha hora de partir...
Quando eu já tiver vivido tudo que me foi permitido...
Quando eu já tiver cometido todas loucuras possíveis...
Quando eu já estiver bem velhinha...
E deste mundo eu não mais poder fazer parte...
Vou olhar em seus olhos...
Segurar suas mãos...
Arrumar forças...
E ante o meu último suspiro dizer...
VALEU A PENA!

(Paty Sanches)
Com um adesivo de parede é possível criar ideias incríveis. Uma árvore genealógica muito mais criativa.
 

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

O ESPETÁCULO NÃO PODE PARAR…

SCANER 3
O circo da vida nos impõe determinadas coisas que só um palhaço não consegue expressar  o quanto engraçada é a vida.

Tomei coragem hoje e fui ver a minha genitora prostrada, quase sem vida numa UTI.
Morri com ela!
Voltei também sem vida, mas, sem alento nem fé, quero ignorar todas as orações dos que acreditam na ressurreição.

O sofrimento porque passa a minha mãe, pela mulher que foi, donde do seu ventre foi gerada uma prole que dignifica a sua vida, considerada e  bem vivida por todos nós. Não merece essa crueldade de fim.
Perdoem-me pelo desabafo.É só um desabafo mesmo.

José Regis de Souza

REGIStrando

 De:Pablo Neruda Poemas da Alma

Grita

Amor, quando chegares à minha fonte distante,
cuida para que não me morda tua voz de ilusão:
que minha dor obscura não morra nas tuas asas,
nem se me afogue a voz em tua garganta de ouro.

Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
sê chuva que estola,
sê baixo que rompe.

Desfaz, Amor, o ritmo
destas águas tranquilas:
sabe ser a dor que estremece e que sofre,
sabe ser a angústia que se grita e retorce.

Não me dês o ouvido.
Não me dês a ilusão.
Porque todas as folhas que na terra caíram
me deixaram de ouro aceso o coração.

Quando chegares, Amor
à minha fonte distante,
desvia-me as vertentes,
aperta-me as entranhas.

E uma destas tardes - Amor de mãos cruéis -,
ajoelhado, eu te darei graças. 



Pablo Neruda

BIFOSFONATOS - MOTIVO DE ALERTA AO TRATAMENTO BUCAL.


Gostaria de agradecer o estimulo a esse texto para o Dr. Luiz Rodolfo M Santos, nosso grande amigo do blog "Dicas Odonto". 
 
Em recente postagem do seu blog, ele alertou para os riscos de algumas medicações atrapalharem a cicatrização após tratamentos bucais e representarem problemas para as pessoas que utilizam drogas e precisam de tratamentos mais complexos, como cirurgias, implantes e extrações. 
 
Todo dentista deve ler e conhecer mais sobre os efeitos das drogas que estão a alcance dos nossos pacientes. 
 
Da mesma forma, os pacientes não devem esquecer de relatar aos dentistas aquilo que estão usando como medicação para evitar riscos ao tratamento e a saúde.
 
Note na imagem acima uma cicatrização comprometida e a exposição de osso sem cobertura de gengiva (também chamada de necrose óssea), associada a tratamento dentário (extração de dente) em paciente sob efeito de bifosfonato.
 
Esse imagem apresentada na postagem, não mostra o efeito de uma extração de dentes desejada por qualquer um de nós e pode colocar em risco a qualidade de vida do paciente. 
 
Aproximadamente 190 milhões de pessoas no mundo usam o medicamento  Alendronato de Sódio - representante clássico do segmento dos Bifosfonatos. Pacientes com câncer ósseo ou extrema osteoporose podem usar esses remédios para tratamento ou outras alternativas como o Pamedronato e Zoledronato. 
 
Caso tenham pacientes ou estejam se tratando com esses remédios e precisem de alguma intervenção que vá mexer com o osso da boca - como por exemplo a instalação de implantes dentários ou extração de dentes, deve-se conversar com o médico que prescreveu a droga sobre as alternativas, melhores momentos e a conveniência dessa intervenção. 
 
A boa higiene bucal e o uso mais completo dos recursos para a eliminação das bactérias dos dentes e da língua são indispensáveis para prevenir o surgimento de problemas que venham a complicar a vida desses pacientes. Boa Higiene Bucal e visitas regulares ao dentista ainda são o melhor remédio contra esse risco dos bifosfonatos.
 
A relação entre o uso desses medicamentos e as lesões de necrose óssea foi relatada desde 2003 e hoje dispõe de inúmeros outros estudos. Vale a pena conferir!

Fonte: Blog Adoro Sorrir
 http://www.tepe.com.br
COMPARTILHEM E DIVULGUEM! SAUDE E TUDO! E OS LABORATORIOS MUNDIAIS E A MIDIA NAO DIVULGA! EU MESMO JA VENHO FAZENDO O USO E ATESTO QUE FUNCIONA E O MEU MEDICO FICOU DE BOCA ABERTA COM OS EXAMES APOS O USO CONTINUO DESTA FRUTA! 
10.000 VEZES MAIS FORTE QUE A QUIMIOTERAPIA.
Assunto: LIMÃO CONGELADO Muitos profissionais em restaurantes, além de nutricionistas estão usando ou consumindo o limão inteiro , em que nada é desperdiçado. Como você pode usar o limão inteiro sem desperdício?
Simples... Lave bem e coloque o limão na seção do freezer de sua geladeira. Uma vez que o limão esteja congelado, use seu ralador e o limão inteiro (sem necessidade de descascá-lo) e polvilhe-o em cima de seus alimentos.
Polvilhe-o em suas bebidas , vinho , saladas, sorvete, sopa , macarrão, molho de macarrão, arroz, sushi. .. Todos os alimentos inesperadamente terão um gosto maravilhoso, algo que você talvez nunca tenha provado antes.
Provavelmente, você achava que só o suco de limão teria vitamina C. Bem, saiba que as cascas do limão contêm vitaminas 5 a 10 vezes mais do que o suco de limão propriamente dito. E, sim, isso é o que você vem desperdiçando . Mas de agora em diante, por seguir esse procedimento simples de congelar o limão inteiro e salpicá-lo em cima de seus pratos, você pode consumir todos os nutrientes e obter ainda mais saúde.
As cascas do limão são rejuvenescedoras da saúde na erradicação de elementos tóxicos do corpo. ótimo!!! Os benefícios surpreendentes do limão! Limão (Citrus) é um produto milagroso para matar células cancerosas.
É 10.000 vezes mais forte do que a quimioterapia. Por que não sabemos nada sobre isso? Porque existem laboratórios interessados em fazer uma versão sintética que lhes trará enormes lucros. Seu sabor é agradável e não produz os efeitos horríveis da quimioterapia. Quantas pessoas morrem enquanto esse segredo é mantido, para não pôr em perigo as grandes corporações multimilionárias? Como sabem, a árvore do limão é conhecida por suas variedades de limões e limas. Você pode comer as frutas de diferentes maneiras: a polpa, suco, preparando bebidas, sorvetes, bolos, etc... A ele é creditado muitas virtudes, mas o mais interessante é o efeito que produz sobre cistos e tumores. Essa planta é uma solução comprovada contra cancros de todos os tipos. Alguns dizem que é muito útil para todas as variantes do cancro . Ele é considerado também como um espectro antimicrobiano contra infecções por bactérias e fungos, eficaz contra parasitas internas e vermes, que regula a pressão de sangue, quando muito alto, e um antidepressivo , combatendo o estresse e distúrbios nervosos. A fonte desta informação é fascinante: ela vem de uma das maiores fabricantes de drogas no mundo, diz que, após mais de 20 testes desde 1970, os extratos revelaram que: destrói as células malignas em 12 tipos de cancro, incluindo cólon, mama, próstata, pulmão e pâncreas... Os compostos dessa árvore mostraram-se 10.000 vezes melhores do que o produto Adriamycin, uma droga normalmente utilizada como quimioterápico no mundo, retardando o crescimento das células cancerosas. E o que é ainda mais surpreendente: este tipo de terapia com extrato de limão apenas destrói células de câncer maligno e não afeta as células saudáveis. Antes tarde do que nunca! Repassem aos seus amigos e conhecidos...
 
"COMPARTILHEM E DIVULGUEM! SAÚDE E TUDO! E OS LABORATÓRIOS MUNDIAIS E A MÍDIA NÃO DIVULGA! EU MESMO JA VENHO FAZENDO O USO E ATESTO QUE FUNCIONA E O MEU MEDICO FICOU DE BOCA ABERTA COM OS EXAMES APÓS O USO CONTINUO DESTA FRUTA!
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Simples... Lave bem e coloque o limão na seção do freezer de sua geladeira. Uma vez que o limão esteja congelado, use seu ralador e o limão inteiro (sem necessidade de descascá-lo) e polvilhe-o em cima de seus alimentos.
 
Polvilhe-o em suas bebidas , vinho , saladas, sorvete, sopa , macarrão, molho de macarrão, arroz, sushi. .. Todos os alimentos inesperadamente terão um gosto maravilhoso, algo que você talvez nunca tenha provado antes.
Provavelmente, você achava que só o suco de limão teria vitamina C. Bem, saiba que as cascas do limão contêm vitaminas 5 a 10 vezes mais do que o suco de limão propriamente dito. E, sim, isso é o que você vem desperdiçando . Mas de agora em diante, por seguir esse procedimento simples de congelar o limão inteiro e salpicá-lo em cima de seus pratos, você pode consumir todos os nutrientes e obter ainda mais saúde.
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É 10.000 vezes mais forte do que a quimioterapia. Por que não sabemos nada sobre isso? Porque existem laboratórios interessados em fazer uma versão sintética que lhes trará enormes lucros. Seu sabor é agradável e não produz os efeitos horríveis da quimioterapia. Quantas pessoas morrem enquanto esse segredo é mantido, para não pôr em perigo as grandes corporações multimilionárias? Como sabem, a árvore do limão é conhecida por suas variedades de limões e limas. Você pode comer as frutas de diferentes maneiras: a polpa, suco, preparando bebidas, sorvetes, bolos, etc... A ele é creditado muitas virtudes, mas o mais interessante é o efeito que produz sobre cistos e tumores. Essa planta é uma solução comprovada contra cancros de todos os tipos. Alguns dizem que é muito útil para todas as variantes do cancro . Ele é considerado também como um espectro antimicrobiano contra infecções por bactérias e fungos, eficaz contra parasitas internas e vermes, que regula a pressão de sangue, quando muito alto, e um antidepressivo , combatendo o estresse e distúrbios nervosos. A fonte desta informação é fascinante: ela vem de uma das maiores fabricantes de drogas no mundo, diz que, após mais de 20 testes desde 1970, os extratos revelaram que: destrói as células malignas em 12 tipos de cancro, incluindo cólon, mama, próstata, pulmão e pâncreas... Os compostos dessa árvore mostraram-se 10.000 vezes melhores do que o produto Adriamycin, uma droga normalmente utilizada como quimioterápico no mundo, retardando o crescimento das células cancerosas. E o que é ainda mais surpreendente: este tipo de terapia com extrato de limão apenas destrói células de câncer maligno e não afeta as células saudáveis. Antes tarde do que nunca! Repassem aos seus amigos e conhecidos..."

Da Web

HISTÓRIA

MAJOR MONTENEGRO
O ÚLTIMO CORONEL DA POLÍTICA POTIGUAR
Cópia da Carta Patente do Major Manoel de Melo Montenegro
Remexendo meus recortes de jornais e revistas encontrei a cópia da Carta Patente do Major Montenegro. Como não tenho certeza se já divulguei esta relíquia, transcrevo-a com a ortografia da época.

O Presidente da República dos Estados Unidos do Brasil. Faço saber, aos que esta Carta Patente virem, que por decreto de 17 de novembro de 1915, foi nomeado Manoel de Mello Montenegro Pessôa para o posto de Major Cirurgião da 21ª Brigada de Infantaria da Guarda Nacional da Comarca de Assú, no Estado do Rio Grande do Norte, e como tal gosará de todas as honras e direitos inherentes ao posto; pelo que mando à autoridade competente que lhe dê posse depois de prestada a solemne promessa de bem servir, aos officiaes superiores que o reconheçam e a todos os seus subalternos que lhe obedeçam e guardem suas ordens. Para servir de título, lhe mandei passar a presente Carta por mim assignada, e que se cumprirá depois de sellada com o sello das firmas da República. 

Palácio da Presidência no Rio de Janeiro, em dois de maio de mil novecentos e dezesseis, nonagésimo quinto da Independência e vigésimo oitavo da República. 

Assina: Wenceslau Brás, Presidente da República e Carlos Maximiliano Pereira dos Santos.

O Major Montenegro afirmava que: - "O coronel Pedro Soares de Araújo foi o concretizador. Convenceu-me de que o título de Major – patente da Guarda Nacional do meu pai, Major Ovídio de Melo Montenegro Pessoa, deveria vir para minhas mãos. E assim foi feito”. 

O Major Montenegro nasceu em 25 de setembro de 1894. desde menino acompanhou os passos da República. De Floriano Peixoto a Sarney. Falava da campanha civilista de Rui Barbosa, como se tudo tivesse acontecido ontem. Aos 96 anos sua lucidez impressionava. Sua simplicidade chegava a comover.

Foi três vezes deputado estadual (por Santana do Matos) de onde foi ao mesmo tempo prefeito, porque naquele tempo a Assembléia Legislativa só se reunia em outubro. 

Foi o Major Montenegro o criador do município de Ipanguaçu, antigo Sacramento, em dezembro de 1948. Nunca quis ser prefeito do município. Seu filho Nelson Montenegro e sua esposa Maria Eugênia foram prefeitos com o apoio do Major. Preferia acompanhar, influenciar. Com Pedro Amorim fez um pacto: Jamais interferia na política do Assú. E assim ele fazia em relação a Ipanguaçu. Estiveram sempre unidos, mas cada um respeitando sua área de influência.

O Major Montenegro foi o último dos coronéis da política no Rio Grande do Norte. Boa parte de seus filhos e netos seguiram o ramo da política. Parece até que o sangue da política circula com mais vigor nas veias da família Montenegro.

Major Manoel de Melo  Montenegro faleceu em 1991 na capital pernambucana aos 97 anos de idade, lúcido e ativo. Profetizou sua própria morte ao declarar. - “Vou morrer no dia do meu aniversario”.


Do blog Assú na ponta da língua, de Ivan Pinheiro

domingo, 25 de agosto de 2013

"Assim caminha a Humanidade". Por Dorrit Harazim

Ao longo dos últimos dias a imagem de centenas de crianças sem vida, alinhadas num chão de cimento, assombra a comunidade internacional. Algumas estão enfileiradas ao lado dos pais, também envoltos em lençóis brancos, deixando à vista apenas seus rostos.

Todos têm fisionomia serena — perderam a agonia crispada que marcou as últimas horas de suas vidas. Chama a atenção, na improvisada alameda de cadáveres, a ausência de qualquer gota de sangue. Aquelas vidas atingidas por algum agente químico numa madrugada em Damasco parecem ter se apagado sozinhas.

Na guerra civil que há três anos estraçalha a Síria e já fez mais de 100 mil mortos, a ONU, os Estados Unidos e potências mundiais se deparam com indícios cada vez mais consistentes, embora conflitantes quanto à autoria, de que mais ataques químicos estejam nos planos de quem controla este arsenal no país.

“Precisamos nos certificar de que não haverá uma proliferação de armas de destruição em massa”, advertiu pela primeira vez o presidente americano Barack Obama.

Por feliz coincidência, o Centro Belfer para Assuntos Internacionais e Científicos, da Universidade de Harvard, acaba de tornar público um relatório que serve de reflexão também para o atual imbróglio sírio. O estudo tem 40 páginas.

E apesar do título árido — Plutonium Mountain: Inside the 17-Year Mission to Secure a Legacy of Soviet Nuclear Testing (A montanha de plutônio — por dentro da missão de 17 anos para isolar um legado de testes nucleares soviéticos), o caso narrado nada tem de tedioso.

Ele reconstitui a determinação de um grupo de cientistas de três países que levaram 17 anos para nos presentear com algo que somente agora sabemos existir. Trata-se de um modesto monumento de três faces, em pedra escura, fincado no pé de uma remota colina rochosa do Cazaquistão, com uma inscrição trilíngue, em inglês, russo e cazaque: “1996-2012. O mundo se tornou mais seguro.”

A inscrição resume o êxito da maior e mais complexa operação de desativação de material nuclear desde a Guerra Fria.

Sabia-se que a União Soviética realizara quase todos os seus testes nucleares numa área despovoada do Cazaquistão oriental.

Equivalente, em tamanho, ao estado de Alagoas, o Centro de Semipalatinsk fora palco de 456 explosões, 116 das quais na atmosfera e 340 subterrâneas no interior da Montanha Degelen.

Algumas eram explosões atômicas; outras, experiências para estudar o impacto de explosivos convencionais sobre o plutônio e o urânio enriquecido, ou para testar a segurança de armas nucleares durante acidentes simulados.

Com o colapso da União Soviética, em 1991, e sua retirada do Cazaquistão, tudo foi abandonado à própria sorte — o centro de testes, equipamentos, um emaranhado de 180 túneis não lacrados, silos repletos de resíduos de plutônio.


Leia a íntegra no blog: http://goo.gl/rJq9FJ

Foto: AP

MESTRE VALDEMAR DOS PASSOS

João Celso Neto




João Celso Neto é poeta da velha guarda do Assu. Nasceu no dia 18 de janeiro de 1945. Logo cedo começou a versejar (ele é neto de João Celso Filho e sobrinho do igualmente poeta Celso da Silveira). Conheceu e chegou ainda a conviver na terra assuense com o grande bardo potiguar chamado João Lins Caldas. Ele está incluído na antologia de Rômulo Wanderley denominada Panorama da Poesia Norte-Rio-Grandense (1965). O escritor Wanderley depõe que a poesia de João Celso “é profunda em que há o pessimismo de Augusto dos Anjos e, às vezes, o lirismo lúbrico de Bilac...”.

João Celso publicou: Glosas de Hélio Neves de Oliveira (1980), Glosar glosei (1981), Minhas glosas na Embratel (1983) e uma "apostila" de versos - lançada também em Açu, em noite de autógrafos no Clube Municipal - Versos Íntimos (1966).


E numa feliz inspiração, escreveu:

Um beijo teu apenas bastaria
Para me fazer feliz,
A fúria do meu amor aplacaria,
Acalmando também meu coração.

Queres a distância, eu me afasto,
Tudo me falta e nada te comoves
A solidão do mundo me acompanha,
E tua alma não me dá carinho.

Vivo sem ti, e te amando sempre,
Vives sem mim, me espezinhando muito.
Mais eu insisto: negociemos:

Dá-me um abraço, toma este beijo,
E nestas trocas intermináveis
Vivamos sempre enamorados.



Por Madson Moraes, Tempo de Mulher

Não beijei ainda minha infância

MADSON MORAES: "Volta e meia recuo ao passado de minha infância, este exercício saboroso com gosto de bolacha recheada, e pergunto-me: será que já beijei minha infância o suficiente?".
Não beijei ainda minha infância / Foto: Thinkstock
Não beijei ainda minha infância / Foto: Thinkstock
Por MADSON MORAES

Volta e meia recuo ao passado da infância vivida no Maranhão, infância, este colégio saboroso com gosto de bolacha recheada. Lembro-me das fantasias combinadas durante o futebol, dos beijos beijados nas bocas completamente imaturas, das apostas apaixonadas de amor feitas durante a criancice, os inúmeros briga-faz-as-pazes, briga-faz-as-pazes, e pergunto-me, apaixonado pela recordação da meninice, como estão os amigos? O que todos fizeram de suas infâncias ou o que ela fez com eles?

A rua da infância é nossa Constituição. Não há artigos proibitivos. Bastava a liberdade da porta e lá estávamos soltos, naquela aposta de descobrir o mundo além de qualquer quarteirão. Mesmo a Comissão de Preocupação e Proibição de Peraltices da Infância, a que chamamos de mães, tinham pouco apelo quando só queríamos desvendar os segredos do céu. Qualquer invenção com papelão colocavam Hans Donner no chinelo. Chinelo, aliás, que servia de traves para a bola de todo fim de tarde. A bola, esse brinquedo essencial do homem como definiu Paulo Mendes Campos em "Adoradores da bola".

O quero contar é que tenho inveja boa, boa mesmo, dos amigos que até hoje convivem com os mesmos camaradas da infância. Não pude torturá-los por não presenciar suas arquiteturas interrompidas de amores não realizados. Nem fiz ressalvas a eles pela infância invadida severamente pelos hormônios da adolescência, esta fase em que se alfabetiza o sofrimento. E tampouco pude dar conselhos disfarçados assim que surgiram, neles, o elemento homem. Não me tornei até hoje um "caçador de achadouros da infância", para roubar a expressão do poeta Manoel de Barros.

Passei recibo de saudade a todos os amigos de infância que deixei. Emiti provisórias de "Um dia nos veremos" que até hoje não consegui executar. O fato mesmo é que ainda não beijei o bastante minha infância. Não beijei a garota da cantina da escola aos 12 anos porque cheguei atrasado duas eternidades. Não beijei minha meninice e o que ela faz da vítima que tento não ser hoje. Não beijei nem mesmo a crise da adolescência, este desabrochar espontâneo e indeciso. Não beijei a necessidade do desengano como sempre beijei a  previsibilidade do acerto na infância. Não beijei a lembrança com o esquecimento necessário que consolide a resiliência essencial para qualquer tipo de esquecimento.

Não beijei ainda o impossível, esta célula de esperança que teima em coagular algumas vezes quando se é adulto e que jorra sem equívocos na infância. Não beijei sequer minhas experiências infantis, e nem beijei secamente meus fracassos. Não beijei minhas mãos estendidas no adeus dos amigos, e nem beijei as mãos que um dia me deram um Deus cheio de raiva. Não beijei o que era inesperado e nem esperei beijos que eram para acontecer em esperas. Não beijei os caminhos puros que inventei na infância, e nem beijei os caminhos que, por força maior, surgiram alheios a qualquer vontade depois de grande. Não beijei as propriedades avariadas dos sonhos realizados, nem beijei os desejos prematuros, nus.

Não beijei meu oceano cósmico de perdas e nem beijei meus mares cheios de barcos e trevas. Não beijei ainda o bastante minha infância mesmo. Cada homem ou mulher, uma hora, apela para a memória da meninice num resgate, ora bem sucedido, ora não, de reatualizar a memória infantil que oriente o tempo presente. Como não sei o que fizeram os amigos de infância, fico com a imaginação, este recurso que nos salva de qualquer loucura. Você beijou a sua infância hoje?

* Madson Moraes é colunista e repórter do Tempo de Mulher. Escreve no blog madsonmoraes.tumblr.com

E a experiência?  A experiência se consegue a proporção que os dias se passam! (Fernando Caldas).