domingo, 28 de junho de 2020
sábado, 27 de junho de 2020
Fernando De Sá Leitão
A Igreja é um dedo que aponta para o Céu, mas que possui os pés no chão. Nas cidades tradicionais, como Assú, podemos encontrá-las no centro ou no alto como se fosse um farol para as almas sequiosas de luz. Como um sol, tudo gira ao redor dela: praça, comércio, um dedo de prosa, amizades e namoros.
São pontes entre a Terra e o Céu e estão além das religiões que representam.
A Igreja é um dedo que aponta para o Céu, mas que possui os pés no chão. Nas cidades tradicionais, como Assú, podemos encontrá-las no centro ou no alto como se fosse um farol para as almas sequiosas de luz. Como um sol, tudo gira ao redor dela: praça, comércio, um dedo de prosa, amizades e namoros.
São pontes entre a Terra e o Céu e estão além das religiões que representam.
São pontes entre a Terra e o Céu e estão além das religiões que representam.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
RENATO CALDAS, POETA PARA INGLÊS VER
De: Assu Antigo
Um fato importante que enriquece a biografia do poeta matuto Renato Caldas,veio acontecer em 1991. Aquele bardo potiguar do Assu virou poeta para inglês ver, por intermédio do professor americano aposentado da Universidade da Flórida chamado Gerald Standley que na época da Segunda Grande Guerra morou em Natal trabalhando no Campo de Parnamirim (Base Aérea).
Standley já estando no seu país de origem, resolveu depois de mais de quarenta anos de ter conhecido a poesia renatocaldiana traduzir alguns poemas de Renato, para a língua inglesa e remetê-los para a redação da revista cultural editada em Greensboro, Carolina do Norte, intitulada "Internacional Poetry review" (Poesia Internacional Revisitada, na tradução), que publicou as poesias intituladas "Arvorada Matuta" (Dawan in the backlands), "Juramento" e "Minha casinha", dentre outros, como o célebre poema sob o título "Fulô do mato," que abre as páginas do seu afamado livro intitulado 'Fulô do Mato'. Feito este que poucos poetas baileiros conseguiram alcançar. Vejamos o original poema:
Sá dona, vossa mecê,
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô.
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume
De tudo qui fô fulô
Qui nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É cheiro bom, deferente,
Qui a gente sintindo, sente
Das outa coisa o fedô.
É a fulô mais cheirosa,
A fulô mais prefumosa
Qui o meu sertão já botô.
Podem fazê um cardume,
De tudo qui fô prefume
De tudo qui fô fulô
Qui nem um, nem uma só,
Tem o cheiro do suó
Qui o seu corpinho suô.
Tem cheiro de madrugada,
Fartum de areia muiáda,
Qui o uruváio inxombriô.
É cheiro bom, deferente,
Qui a gente sintindo, sente
Das outa coisa o fedô.
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M'am milady,
You are de most fragrat flower -
The most perfumed flower
Ever to bloom in my becloed backlands.
Make a collection
Of everytring that flowers -
Not one, not a single one
Wil have the delicious odor
Wil have the delicious odor
Of your sueet, sueet-little body.
You are de most fragrat flower -
The most perfumed flower
Ever to bloom in my becloed backlands.
Make a collection
Of everytring that flowers -
Not one, not a single one
Wil have the delicious odor
Wil have the delicious odor
Of your sueet, sueet-little body.
(Postado por Fernando Caldas)
quarta-feira, 24 de junho de 2020
De: Fernando Caldas
Pena que a minha querida cidade do Assu não vive hoje, 24, como antes, a sua festa religiosa maior, festejando o seu padroeiro São João Batista nunca antes interrompida. Freguesia de 1726. Seria, portanto, 294 anos de veneração ao glorioso São João e muito forró. Uma verdadeira festa junina, uma das maiores e melhores do Brasil..Foto de Roberto Meira, data de junho de 2019. (Fernando Caldas).
.
O BECO DO INSTITUTO
Tu não és da
fama nem tão pouco da lama. Tu és o Beco mais famoso da cidade. E na fotografia
de nossa realidade. Tu és o Beco de todos nós: Da Várzea ao Mendubim. Não tem nada de Beco de Pedro
Amorim, pois tem seu destino traçado.
Tu és igual
a rizada de Dilina, uma alegria contagiante, onde Chico Dias marca presença
constante.
Tu, meu
Beco, nunca vai ser uma rua, nem tão pouco
uma avenida.
Você vai ser
eternizado e vou mostrar porque: você sempre vai se lembrar de LOU, Chico Traíra
e o poeta Mora, assim como o salgueiro eternizou a rua do Ouvidor. Pelo teu
chão, passou a Boemia Assuense: A Vara, Zé Pretinho, Gale-Gale, Augusto de
Lula, Mariano, Purueca, Zé de Deus, Detonho. Exolimar, Mundoca, Texeira,
Batista de Hermes, João Fonseca, Manuel Rodrigues, Walter, Capacidade, Xineiro,
Manguinha e muitos outros varzeanos. Beco do Xerife Nozinho e Lulu. Também sois
do Baralho e Calmaria sem Roberto de Carvalho. De Renato sentes saudaio.des,
menos das meninas bonitas que desfilam sem ordem do delegado.
Eu sei
Paulo, chega de elogio.
Eu sou um retângulo
parado, sem vertese e sem hipotenusa, onde Brancos e negros param sem distinção
pelo meu corredor escuro.
Fui feliz ao
som de Badaneco, Paraíba, Sassarimba, Fransisquinho.
Meu destino nunca será o fim.
Fui palco do
humor certeiro de Inácio de Joao Pio. Testemunha das glosas de Sesiom e da
presença de Anastácio, Doninha e Miguel da Lata quando eu era ainda Beco da
Caridade.
E se o Assu é
um pedaço do céu dentro do mundo, você é o vagabundo que dorme para acordar a
cidade. E se não bastasse ainda tu és o Beco do Instituto Padre
Ibiapina.
Paulo Montenegro
terça-feira, 23 de junho de 2020
E NATAL PERDEU OUTRO PATRIMÔNIO DA VELHA RIBEIRA E DA ÉPOCA DA SEGUNDA GUERRA – CAIU UMA PARTE DO ANTIGO ARPÈGE!
Hoje, 21 de junho de 2020, por volta de cinco horas da manhã, na Rua Chile, número 161, no bairro da Ribeira, caiu com certo estrondo uma grande parte do antigo prédio da Boate Arpége, um dos mais representativos locais do boêmio bairro da Ribeira e fortemente ligado ao período da Segunda Guerra Mundial e história da aviação histórica em Natal.
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As últimas chuvas que caíram em Natal ajudaram a destruição desse imóvel que se encontra abandonado já faz algum tempo. A área se encontra isolada e oferece risco de novos desabamentos e, como parece que ainda vai acontecer novas chuvas em ter os meses de junho e julho, é provável que o que sobrou venha abaixo.
Existe no local e a cena é triste para quem valoriza a história do lugar onde vive. Apesar de toda problemática com o COVID-19, tive a felicidade de encontrar o amigo German Zaunseder, com quem troquei algumas ideias sobre essa situação. Esse local histórico, tombado pelo poder público, em breve deixará de existir definitivamente.
Em agosto de 2019 do ano passado eu lancei o meu livro “Lugares de Memória”, que nos seus capítulos apresenta informações e imagens (atuais e antigas) de 27 locais de Natal que possuem ligação com a participação de Natal no conflito, incluindo quartéis, hospitais, sedes de companhias aéreas, bares, cabarés, hotéis, clubes militares, residências de oficiais e do cônsul norte-americano, entre tantos outros pontos que ainda mantêm as características de sete décadas atrás, ou cujos prédios originais deram lugar a novas edificações em Natal.
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Entre as edificações apresentadas no livro “Lugares de Memória” estava esse histórico edifício, que agora está quase totalmente destruído. Trago aos leitores do blog TOK DE HISTÓRIA o capítulo que trata do antigo Arpége.
UM CABARÉ CHAMADO ARPÈGE – RUA CHILE, 161
Esse prédio, já quase completamente destruído, com dois pavimentos superiores derrubados por falta de reparos, ficou conhecido durante muitos anos por ser o local onde funcionou o prostíbulo denominado “Boate Arpège”.
Mas esse local, que em 2010 teria sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), possui na história de um antigo proprietário uma ligação muito forte com os períodos da aviação histórica e da Segunda Guerra Mundial na capital potiguar.
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O site de genealogia http://www.parentesco.com.br aponta que Enest Walter Lück, também conhecido como Ernest Luck, ou Ernesto Luck, nasceu no ano de 1883, na Alemanha. Segundo o falecido escrito e pesquisador Hypérides Lamartine, conhecido por todos em Natal como Pery Lamartine, em um trabalho que foi entregue em 2008 aos pesquisadores Rostand Medeiros e Frederico Nicolau, Enest Lück é oriundo da cidade de Gevelsberg, na antiga província alemã da Westphalian. Era de uma família de agricultores que trabalhavam também como ferreiros[1].
O trabalho de pesquisa de Pery Lamartine foi realizado por meio das informações do filho de Enest, o empresário do ramo do turismo Werner Ernest Ferdinand Lück, falecido em Recife no ano de 2002. Werner comentou que seu pai trabalhava na cidade belga de Ostende, em uma firma de importação e exportação. Quando um amigo de infância chamado Richard Robert Bürgers lhe escreve do Brasil informando que morava no estado do Rio Grande do Norte. Aqui, Bürgers fora contratado por uma firma inglesa para perfurar poços e que precisava de um auxiliar de confiança para participar dos trabalhos. Enest Lück tomou, então, o navio Karshel, que atracou no porto de Recife em 7 de outubro de 1911, seguindo para Natal em um navio costeiro. Na capital potiguar, o novo imigrante alemão soube que a firma inglesa tinha falido e começou a buscar um novo rumo para a sua vida. Lück, então com 28 anos, adquiriu uma fazenda no sertão do Rio Grande do Norte, com a intenção de criar gado, plantar algodão e mamona. Essa fazenda era localizada próxima ao Pico do Cabugi, na região central do estado. Em suas visitas a Natal, o Sr. Lück enamorou-se por uma senhorita chamada Henriqueta Green, de origem inglesa ou norte-americana, cujo romance acabou com a deflagração da Primeira Guerra Mundial (1914- 1918) e o envolvimento de seus países de origem em lados opostos.
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Esse conflito em muito retardou o desenvolvimento econômico do Rio Grande do Norte, mas, após o fim da Primeira Guerra, Enest Lück planejou uma mudança de vida. Assim, fundou com um amigo uma loja na Rua Chile, 161, onde se vendia muitos artigos e ficou conhecida como uma loja de “Secos e Molhados”. Além da loja eles criaram a firma de importação e comércio Gurgel, Luck & Cia., com o objetivo de importar produtos da Alemanha e exportar matérias primas produzidas no Rio Grande do Norte, como algodão, óleos, couros, etc.
Ainda segundo Pery Lamartine os sócios vão à Alemanha em 1922 em busca de contatos comerciais, no que são bem-sucedidos. Eles conseguem a representação potiguar da grande casa exportadora Theodor Wille, uma empresa criada por um alemão no Brasil em 1848, que se tornou uma verdadeira potência comercial na década de 1920, onde exportava para a Alemanha o nosso café e exportava tecidos, ferramentas, máquinas e até locomotivas.
Ainda na Alemanha os dois sócios igualmente conseguiram a representação da empresa de navegação Hamburg Sud, ou Hamburg Südamerikanische Dampfschifffahrts-Gesellschaft, também conhecida como Hamburg South America Line, até hoje uma grande empresa de navegação que faz parte da Maersk Line, a maior empresa de transporte de contêineres do mundo.
Ou seja, o alemão e seu sócio brasileiro, além de fecharem um interessante contrato de representação com uma empresa que trazia da Alemanha produtos de primeira qualidade e aceitava comprar as matérias primas produzidas em terras potiguares, também conseguiram a representação de uma grande empresa de navegação. Essa provavelmente transportava os produtos ligados a Gurgel, Luck & Cia., possivelmente com um valor diferenciado e vantajoso.
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Nesse retorno de Enest Lück ao seu país, ele reencontrou uma vizinha de infância chamada Elisabeth Luise Bamberger, com quem casou. Enquanto sua vida familiar progredia na caliente Natal, na sua loja da Rua Chile, 161, Enest Lück vendia muitas mercadorias e se tornou referência na cidade. Encontramos em jornais natalenses anúncios de venda de facas, ferramentas agrícolas, talheres, tesouras, etc. Esse edifício não era o único imóvel que o imigrante alemão possuía naquele setor da cidade. Ele era proprietário de um salão aberto na Travessa Venezuela e uma loja na Rua Dr. Barata, a de número 170, onde ali funcionou durante algum tempo a Confeitaria Savoia, de Giovani Fulco. Enest Lück cresceu como comerciante e na respeitabilidade junto ao povo de Natal, tornou-se o mais proeminente representante da pequena colônia alemã aqui radicada, representante diplomático de sua nação na cidade.
Apesar desses avanços, percebemos na leitura dos antigos jornais uma situação que, aparentemente, chamou negativamente a atenção do povo de Natal em relação às atitudes do alemão Enest Lück.
Segundo nos conta Pery Lamartine, nos primeiros anos da década de 1930, vivia-se, a nível mundial, uma acirrada disputa no que se refere ao transporte do correio aéreo e de passageiros, principalmente entre franceses e alemães. O falecido escritor e aviador potiguar informou que Enest Lück conseguiu então as representações das empresas Lufthansa e Sindicato Condor. Duas companhias de transporte aéreo que se completavam e, conforme podemos observar no capítulo dedicado a atuação do Sindicato Condor em Natal, ficava localizada na Rua Frei Miguelinho, 119, Ribeira. Foi quando a edição de domingo, 13 de setembro de 1931, do jornal A República, apresentou com grande destaque os fatos que envolveram a tragédia de um hidroavião Dornier Wall, do Sindicato Condor.
Registrado como P-BALA e batizado como “Olinda”, o jornal aponta que, no dia anterior, um sábado, ao buscar decolar no Rio Potengi o piloto Max Christian Sauer e o copiloto Rudolf Karwat não conseguiram força suficiente, aparentemente devido ao mau funcionamento em um dos motores e a aeronave não alcançou a ascensão desejada.
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Ao sobrevoar o Canto do Mangue, local de atracação de barcos de pescadores às margens do Rio Potengi, o piloto decidiu fazer uma curva à esquerda para levar o “Olinda” para o mesmo ponto de onde partiram e tentar uma nova arremetida.
Provavelmente devido à falha no motor, desconhecimento dos obstáculos que havia na área que sobrevoava, desorientação espacial, ou outras causas, o Dornier Wall chocou-se violentamente contra uma antiga barcaça utilizada para o transporte de areia e explodiu em chamas. O impacto ocorreu na outra margem do rio, defronte à administração do Porto de Natal. Os que foram entrevistados pelo jornal nada comentaram sobre o barulho de uma explosão, mas narraram quer viram uma bola de fogo que se criou após o choque.
Consta, nas páginas de A República, que entre os que testemunharam a tragédia e estavam no outro lado do Potengi estava Mestre Manoel Ciríaco, proprietário de um barco conhecido como Minerva, além dos seus tripulantes Luís Jacaré e Chico Velho. EsSas rapidamente embarcam no bote e foram os primeiros a chegar ao local da tragédia.
Na barcaça abandonada, que o jornal chama de “areieiro”, Ciríaco encontrou o mecânico Paul Hein, ferido e desacordado. Próximo à barcaça, ainda dentro do que restou da cabina do “Olinda”, os brasileiros viram os restos mortais do piloto, do copiloto e do radiotelegrafista Franz Noether. Nesse momento, encostou uma lancha com vários passageiros, entre eles o alemão Enest Walter Lück e funcionários do Sindicato Condor. Mestre Ciríaco e seus ajudantes transferiram então o mecânico ferido para a lancha e este foi transportado para o cais do porto. Para a surpresa do simples barqueiro e seus tripulantes, em vez de Lück e os membros do Sindicato Condor resgatarem os corpos dos seus companheiros, esses passam a recolher as encomendas, envelopes e malas postais que flutuavam no rio. Ciríaco e seus companheiros comentaram os fatos com detalhe no principal jornal de Natal, o que aparentemente chamou atenção na cidade.
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Estaríamos, então, diante da fria lógica germânica que, frente à morte de três tripulantes e da prestação inicial de assistência ao ferido, o mais importante era o recolhimento do material ao resgate dos cadáveres dos seus companheiros? Vale ressaltar que o piloto Max Christian Sauer era o diretor técnico do Sindicato Condor.
E o que haveria de tão importante nesse material que flutuava no Potengi?
Ao observamos os jornais da época, um fato chama a atenção. No dia 27 de agosto de 1931, dezesseis dias antes do acidente do “Olinda”, procedente das Antilhas chegou ao porto de Natal o cruzador ligeiro Inglês H. M. S. Dauntless. Esse era um fato não muito comum na capital potiguar, sendo noticiado pelos jornais da época como “uma tranquila visita de cortesia de 400 oficiais e marinheiros da marinha de Sua Majestade”. Não faltaram inúmeras recepções que movimentaram a urbe, com um baile a bordo do cruzador e outras festividades. Ocorreu até mesmo um movimentado jogo de futebol entre a equipe do navio e o time do América Futebol Clube, que venceu os marinheiros ingleses pelo placar de 4×2. O certo é que o cruzador inglês H. M. S. Dauntless não era nenhum navio desprezível, ou que não chamasse atenção. Era uma moderna nave de combate da classe “D” de cruzadores ligeiros ingleses, estava em serviço ativo desde 1918, possuía o código D-45 e pertencia, na época, à Divisão Sul Americana da frota inglesa. Desenvolvia quase 30 nós de velocidade, com um armamento que incluía torpedos de 533 m.m., seis canhões de 152 m.m. e canhões antiaéreos. Seu peso era de 5.000 toneladas e tinha quase 150 metros de comprimento[2]. Em 1931, apesar de a Alemanha ainda não viver sob o domínio do Terceiro Reich, haviam se passado apenas treze anos do fim da Primeira Guerra Mundial, onde a Inglaterra era vista pelos alemães como um potencial inimigo. Era normal aos agentes e representantes alemães pelo mundo afora, como era o caso de Enest Walter Lück, informar as movimentações e os detalhes sobre as belonaves de guerra dos países considerados inimigos em suas viagens. Haveria então nas malas postais transportadas pelo “Olinda” alguma informação interessante sobre o cruzador H. M. S. Dauntless que teria sido enviada para a Embaixada Alemã no Rio de Janeiro?
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Seria essa a razão do Sr. Enest Walter Lück ter deixado de lado o resgate dos corpos dos tripulantes do “Olinda”?
Ou seria apenas uma coincidência?
Não sabemos, mas vale ressaltar que, devido à falta de atenção do Sr. Enest Walter Lück em não ordenar o resgate dos corpos dos tripulantes do hidroavião, esses são deslocados pela maré e se perdem na noite. Só vão ser encontrados, segundo o jornal A República, a partir das dez da manhã de domingo, 13 de setembro. Eles estavam espalhados em vários pontos do rio e já em adiantado estado de putrefação. Ainda no domingo, com grande acompanhamento por parte da população local, autoridades e membros da colônia alemã, os três alemães mortos foram rapidamente enterrados no cemitério do Alecrim.
Conforme apresentamos no texto dedicado ao comerciante italiano Guglielmo Lettieri, durante a Segunda Guerra Mundial, o alemão Enest Lück e dois compatriotas foram acusados e condenados como espiões da Alemanha Nazista atuando em Natal. Clyde Smith deixa a entender em seu livro que a loja que Lück possuía na Rua Chile era uma espécie de fachada para outras atividades, pois ali “aparentemente, ninguém entrava”[3]. Mas logo após o fim do conflito todos foram soltos e, de uma forma que merece estudo complementar, foram perdoados pela sociedade natalense e continuaram a tocar suas vidas.
Não conseguimos uma informação mais abrangente sobre o que aconteceu com a loja de Lück na Rua Chile, 161. Mas, segundo a dissertação de mestrado do arquiteto e urbanista Gilmar de Siqueira Costa, pouco antes da chegada dos militares norte-americanos a Natal, o dia a dia naquela edificação ficou bem movimentada.
Intitulada Reutilização de imóveis de interesse patrimonial, voltados para a habitação: Um estudo de caso na ribeira – Natal/RN e publicada em 2006, essa dissertação, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo, da UFRN, aponta, nas páginas 147 a 149, que o pavimento do edifício da Rua Chile, 161, foi construído em 1904. Já em 1941, o Senhor Nestor Galhardo adquiriu parte da edificação, tendo o intuito de instalar sua própria gráfica, ocupando apenas o pavimento térreo. Porém, com o advento da Segunda Grande Guerra, muitas prostitutas e seus clientes vieram para a Ribeira. Pensando em atender ao grande número de militares e marinheiros, o Sr. Galhardo, que era amante de uma meretriz chamada Rosita, decidiu abrir um cabaré no pavimento superior, que seria administrado pela sua concubina e cuja entrada era feita pela Travessa Venezuela. Aparentemente foi nessa época que a edificação ficou conhecida popularmente como “Edifício Galhardo”.
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Segundo Gilmar de Siqueira Costa, um dos aspectos mais curiosos relacionados ao Edifício Galhardo é o fato de ter sediado durante muito tempo uma das mais famosas casas de meretrício do Nordeste – o Cabaré Arpège. O autor aponta como sendo uma “casa de recursos vinculada à cultura da boemia e dos cabarés, geradora de toda uma série de mitologias e anedotas referentes a personagens destacados na vida social, no decorrer do seu tempo de atuação”. Sobre esse lugar paira a lenda que durante a visita dos Presidentes Roosevelt e Getúlio Vargas à Natal, em janeiro de 1943, esses teriam visitado discretamente as instalações do elegante lupanar.
Após a morte do seu proprietário, o seu parente Nestor Galhardo Neto assumiu a administração dos negócios contidos no imóvel. Gilmar de Siqueira Costa aponta como fato curioso que durante as gravações da película “For All”, que buscava retratar a cidade de Natal no período da Segunda Guerra, algumas cenas foram tomadas nos espaços do prédio.
NOTAS
[1]http://www.parentesco.com.br/index.php?apg=pessoa&idp=32290&c_palavra=L%C3%BCck&ori=nomes&ver=por, acessado em 17/05/2019.
[2] O H. M. S. Dauntless chegou a participar de toda a Segunda Guerra Mundial, combatendo os japoneses na região da Batavia e Singapura, além de participar dos combates a submarinos alemães no Atlântico.
[3]SMITH JUNIOR, Clyde – Trampolim Para a Vitória. 1. Ed. – Natal-RN: Ed. Universitária, 1993, página 22.
ARTIGO - DIDI - O AUTOR DO PRIMEIRO GOL NO MARACANÃ.
Waldir Pereira, mais conhecido como Didi, nasceu em Campos dos Goytacazes/RJ, em 08/10/28, foi um futebolista brasileiro que atuava como meia.
Defendeu a Seleção Brasileira em três copas do mundo, sendo campeão das duas últimas, era especializado em bolas paradas, sendo a ele creditado a invenção do chute folha seca que dá um efeito repentino e inesperado na bola.
Foi um dos melhores jogadores brasileiros de todos os tempos, conquistando as copas do mundo de 58 e 62, dividiu holofotes com Pelé e Garrincha. Didi foi um exemplo de craque, diferente do europeu, pela malícia, pelo gingado de improvisação.
Mas era também um atleta perfeccionista, que tentava, tentava e tentava, que tinha uma qualidade de passe invejável.
Didi era a magia da arte, e a execução perfeita.
Morreu aos 71 anos de idade no Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Izabel a centenas de metros do Maracanã.
CHICO TORQUATO
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