quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

CARNAUBEIRA, A "ÁRVORE DA VIDA"




A carnaubeira é uma palmeira originária do semi-árido nordestino, muito comum em solos argilosos e de aluvião (beira de rios), bastante resistente às secas e com grande longevidade (ciclo de aproximadamente 200 anos). Há quem diga que a carnaubeira é eterna. Ela é chamada cientificamente de Copernícia Cerífera (Miller), em homenagem ao naturalista alemão Humbadt, quando este visitou o Brasil no século XII e conheceu a carnaubeira e suas numerosas finalidades, passando a chamá-la com o apodo de "árvore da vida." Ela também é conhecida popularmente como "O Boi Vegetal". é como se dizia antigamente: "Do boi tudo se aproveita, da carnaúba não se perde nada." O seu descobrimento é data de 1790. Em 1857, o norte-rio-grandense chamado Manoel Antônio de Macedo foi quem descobriu o processo de extração da cera da planta e por ele provavelmente feito as primeiras experiências de beneficiamento, "muito antes do petróleo e da luz elétrica". Celso da Silveira depõe que "o emprego na confecções de currais de gado teve influência decisiva no desenvolvimento do ciclo da pecuária determinante das primeiras charqueadas no Brasil."

No Vale do Açu/RN, a carnaubeira cobria uma área de aproximadamente 17 mil hectares. Até pouco tempo atrás (antes da fruticultura irrigada naquela região, explorada principalmente pelas empresas agrícolas de porte) era a principal economia do Vale do Açu. Praticamente toda produção de cera era exportada para os estados Unidos, Alemanha, Grã-Bretanha e França.

A carnaubeira é uma árvore nativa muito comum em solo argiloso e de aluvião (margem de rios) natural da região nordeste do Brasil como Rio Grande do Norte, Ceará e Piaui. Estes dois últimos Estados com maior frequência, informa Celso Martins. "Em outros países da América do sul existe a carnaubeira, mas somente a palmeira. Devido à irregularidade da extração chuvosa não desenvolve o mecanismo defensor do vegetal, não havendo assim o pó cerífero servindo somente para adorno." Existe ainda a carnaubeira no Ceilão, Africa Equatorial.informa Celso Martins.

A carnaubeira além de ser uma planta nativa, também se planta. Se plantada leva aproximadamente 10 anos para chegar ao ponto da colheita. No Brasil os maiores produtores são os Estados nordestinos como Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí, com 87 por cento da produção nacional. No Rio Grande do Norte são produtores, os municípios de Assu, Ipanguaçu, Carnaubais, Auto do Rodrigues, Pendências, Upanema, além dos município da região oeste do estado potiguar como Mossoró, Pau dos Ferros, Felipe Guerra, Apodi e Governador Dix-sept Rosado. Ainda se produz o pó cerífero nos município de Campo Grande, Santana de Matos, Ceará Mirim, Macau, Touros, Martins, entre outros municípios com pequena produção.

A extração da palha da carnaubeira - corte de suas palhas, é feito através de grandes varas de aproximadamente dez metros de comprimento, tamanho maior da carnaubeira, podendo excepcionalmente chegar a 15 metros, com tronco (esquife) perfeitamente reto e cilíndrico de 15-25 cm de diâmetro, com uma foice na extremidade, sem causar danos ao meio ambiente. A colheita é feita entre entre os meses de agosto e dezembro e, após a extração da palha bota-se para secar em estaleiros, exposta ao sol para depois proceder ao seu batimento e posteriormente extrair o pó. (Tempos atrás, se procedia o seu batimento na calada da noite, hora em que o vento está brando, depois, veio a ser batida mecanicamente através de uma máquina (chamada "Maquina de Cortar Palha"), salvo engano, inventado no Estado do Piaui, coisa semelhante a uma forrageira de triturar ração animal, acoplada a um caminhão que depois de extraído o pó dar-se-á o seu cozimento em grandes tachos de ferro fundido revestido de tijolo (alvenaria), em alta temperatura, com adicionalmente de um produto de nome Sal Azedo e outros produtos químicos, para dar melhor qualidade ao produto.


Da (suas palhas) faz-se chapéus, bolças, esteiras, bem como a sua madeira serve para cobertura de casas, galpões, ou qualquer outro tipo de cobertura que o homem possa idealizar. A sua madeira (tronco) é de grande durabilidade, faz-se linhas, ripas e serve também para confeccionar utensílios domésticos. Do tronco faz-se também porteiras para fazendas e pontes, por acreditar que a sua durabilidade é eterna se utilizada de tronco completamente maduro. A semente da carnaubeira serve para ração animal bovina e se triturada da um pó semelhante ao café, servindo de alimento ao homem com inúmeras propriedades medicinais, Dá suas raízes, o escritor Amorim, dá uma bebida muito usada na medicina depurativa que, quando queimadas e pulverizadas substituem o sal de cozinha, sendo também indicado popularmente contra o reumatismo e artrite. O seu fruto é de cor preta e têm um gosto adocicado. A sua polpa quando processada produz farinha.

"A PETROBRAS - através da Unidade de Negócios, Exploração e produção do Rio Grande do Norte e Ceará (UNRNCE) - adotou uma tecnologia autenticamente norte-rio-grandense para revestir os dutos por onde passa vapor a ser injetado nos poços terrestres de extração de petróleo. A palha da carnaubeira serve a fabricação de esteiras e reduz em até 40 por cento os custos da companhia somente com esse tipo de aplicação . Tecnologia em forma de esteiras com palha de carnaúba trancada, que sai das mãos hábeis de pelo menos 50 mulheres do assentamento Palheiros III (município de Upanema).

O uso das esteiras de palhas de carnaúba pela companhia trará uma economia de ate 3 milhões e 700 mil reais, somente considerando a demanda inicial de cem quilômetros de dutos. Onde a PETROBRAS aplicará o revestimento que dará proteção mecânica a estrutura metálica por onde passa o vapor a 280 graus".

A carnaúba é classificada de quatro tipos: Tipo 1 (cera olho de cor amarela, de melhor qualidade e maior valor comercial, tipo 2 (cera gorda de cor verde), tipo 3 e 4.

A cêra começou a perder espaço em solo nordestino logo apos a explosão do consumo dos anos cinquenta. Por esse tempo, o Brasil produziu 100 mil toneladas. Foi o auge de sua produção. A cêra foi muito usada na confecção de disco de venil pelas gravadores e ainda é muito usada pelas industrias de graxa de sapato.

No Rio Grande do Norte, era o município do Assu, onde se concentravam seus maiores produtores, beneficiadores e comerciantes. Lembrar Zequinha Pinheiro (produtor de cêra que chegou até a ter uma casa bancária no Rio de Janeiro com os recursos da cêra de carnaúba), Francisco Martins Fernandes, Minervino Wanderley, Fernando Tavares (Vem-Vem), Mercantil Martins Irmãos (dirigida por Sandoval Martins), Carvalho & Cia que depois veio a ser Pimentel e Cia, Cooperativa Agro Pecuária do Vale do Açu Ltda (presidida por Francisco Amorim e gerenciada por Edmilson Caldas, chegando aquela cooperativa em virtude da comercialização daquele produto, a ser na década de setenta, o maior cliente do banco do Brasil, de Assu, além de um grande fornecedor a industria Johnson, de Fortaleza-CE), Sebastião Alves, Nilo Gouveia (Seu Nilo), Luiz Tavares, Seu Ananias, entre outros da várzea do Assu.

A Mercantil Martins Irmãos foi quem primeiro inovou para o beneficiamento da Cera de Carnaúba, no Estado potiguar, implantando na década de setenta (onde hoje está assentado o Centro Administrativo da Prefeitura Municipal do Assu), uma usina com tecnologia moderna, deixando de comercializar a cêra em forma de tablete para ser beneficiada tipo escama de peixe, conforme exigência do mercado importador.

Pena que a carnaubeira no Vale do Assu está ainda sendo destruída para dar lugar o cultivo da banana entre outras frutas.

Fernando Caldas

Um comentário:

Unknown disse...

É MUITO RIDÍCULO TER A CARNAÚBA COMO UM DOS SÍMBOLOS DE NOSSA REGIÃO, E EM LUGAR ALGUM PARECE HAVER SEU NOME CITADO...SERÁ QUE NAO FOI BATIZADO POR NOBRE CIENTISTAS....?

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