Vasculhando a minha pobre biblioteca, deparo-me com mais outra raridade de livros sobre o Assu e seus poetas do escritor Rômulo Wandereley, sob o título "Canção da Terra dos Carnaubais", 1965, poesia e história da terra assuense. Rômulo era membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, bem como da Academia Norte-Rio-grandense de Letras. Por sinal, quem assumiu a cadeira deixada por ele, Wanderley, foi a escritora assuense de Lavras, Maria Eugênia Montenegro. No referenciado livro, aquele ilustre autor que era natural de Macau, porém de famíla assuense, enaltece o Assu, dizendo em versos, o seguinte:
Minha terra tem poetas
De inspirações magistrais,
Nascidos ao farfalhar
Dos verdes carnaubais.
Minha terra floresceu
Às margens do rio Assú,
E deu filhos que lutaram
Nos campos de Curuzu.
Minha gente provém
De indígenas e portugueses,
E traz, no sangue, também,
O sangue dos holandeses.
Se os seus filhos, quando nasceram,
Talento não denunciam,
Morrem na infância primeira,
Porque asnos lá não se criam.
Muitos deles, quando querem
Dar asas à inspiração,
Emigram para outras plagas,
Como aves de arribação.
E, mesmo sentindo nalma
Fundas saudades dalí,
Vêm cantar seus amores
Às margens do Potengí.
E OLHAR de perto a praieira
Da canção de Otoniel,
De olhos ternos, cismadores,
Lábios doces como mel,
Que ama escutar trovadores,
Que tenham vindo de lá,
Para dizer-lhe ao ouvido
Estrofes de Itajubá.
Minha terra tem história,
Poesia e tradição!
E em tempos idos, já foi
E em tempos idos, já foi
A Atenas do meu sertão.
Antigamente, a escola
lá era risonha e franca,
E o negro, banqueteado,
Nos salões do amplo sobrado
Do Barão de Serra Branca.
Teve seu berço no Assu,
Luiz Carlos Lins Wanderley,
Que, médicin, malgré tout,
Era poeta de lei.
E os Soares e Amorins,
Macedos, Caldas e Lins,
E outros mais, que ainda há,
- Os quais, logo que nasceram,
Inspiração receberam
Nas águas do Poassá.
Na poesia popular,
Houve Moisés Sesiom,
Que, semelhante a Bocage,
Glosava no melhor tom.
E não se deve esquecer
João Celso e Palmério Filho,
Que, na tribuna e na imprensa,
Pontificaram com brilho.
DEUS te salve, terra amada,
Berço dos meus ancestrais!
Eu morreria de mágua
Se não te revesse mais.
Se não pudesse beijar-te,
Nos meus dias outonais,
Escutando o farfalhar
Dos verdes carnaubais.
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