segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Assu, uma terra mais

Por Alderi Dantas - Jornalista e Pós-graduando em Assessoria de Comunicação

O Assu sempre me fascinou, e não é apenas porque foi aqui que nasci. Influente na Colônia e no Império, a cidade ainda guarda resquícios dessa época de prestígio social e econômico, representado por seu antigo casario. Município oriundo do chamado “ciclo do gado”, durante muitos anos foi o centro de um vasto e florescente comércio de carne bovina exportada, na época, para o resto do território brasileiro. Antes de ser batizado de Assu pela Lei 124, de 16 de outubro de 1845, foi o Arraial Nossa Senhora dos Prazeres e a Vila Nova da Princesa.

Muitos, no entanto, preferem “Atenas norte-riograndense” expressão nascida a partir de um bem sucedido marketing feito pelo seu filho Ezequiel Wanderley, retratando uma era de cultivo das boas maneiras, da elegância e das boas letras, tendo sido a primeira cidade potiguar a abrir e manter uma biblioteca, ainda no século XIX, e também a fundar um jornal, “O ASSUENSE”, em 1867. Outros preferem simplesmente “Terra dos Poetas” e, realmente, não são poucos os assuenses poetas. Ezequiel Fonseca que não me deixa mentir, com o livro “Poetas e Boêmios do Assu”.

E mais, é também terra de filhos notáveis, como Luís Carlos Lins Wanderley, primeiro médico norte-riograndense e autor do primeiro romance potiguar “Mistérios de um Homem Rico”, Elias Souto, fundador da imprensa diária no Estado e Irmã Lindalva Justo de Oliveira, beatificada pela Igreja Católica. Porém, o número de assuenses que chegaram ao alto posto da magistratura, ou se destacaram nas armas, no comércio e nas letras são incontáveis. Eis alguns porquês do meu fascínio pelo Assu.
 
Assu foi no início, terra da tribo indígena Janduís e palco de encenação da “Guerra dos Bárbaros”, onde foram caçados todos os índios. No tocante a natureza, o município é rico. Água em abundância, petróleo, sol o ano inteiro e uma das melhores terras do planeta, reconhecida nos laboratórios, nacionais e internacionais como matéria que serve de adubo. Aqui se produz com facilidade frutas e, quem, ainda não ouviu falar da manga, da banana e do melão do Assu. Temos peixes, legumes, carne, leite e um imenso e belo carnaubal – que emoldura a paisagem do município – e de onde se extrai a cera utilizada na indústria de revestimento, calçados, cosméticos, limpeza doméstica e, mais recentemente, na produção de papel e esteiras de palha para enrolar os dutos de petróleo espalhados por toda a região. Já a produção cerâmica do Assu é reconhecida nas regiões Norte e Nordeste e o seu artesanato em todo o Brasil.

Para completar esse cenário. Assu é banhado pelo rio Piranhas/Assu. Tem o açude Mendubim e a Flona – área de floresta nacional, com raridades da flora e da fauna nordestina.

Chegando ao Assu é impossível passar pelo Quadro da Matriz, Centro da cidade, e não observar a beleza arquitetônica dos casarões seculares. Entre outros, cito o Sobrado da Baronesa, hoje Casa da Cultura Popular do Assu. Local em que, no dia 24 e junho de 1885, três anos antes da Lei Áurea, Belisária Lins Wanderley, que veio a tornar-se Baronesa de Serra Branca, serviu um banquete aos seus escravos e proclamou-os livres.

O visitante pode dar uma volta para ir à barragem do Assu, ver os seus dois jatos de água. Se estiver sangrando, o espetáculo é mais bonito, lindo mesmo. Entre as comunidades do Porto Piató e Bela Vista, você vai encontrar a lagoa do Piató, maior reservatório natural de águas do Estado. São 18 quilômetros de extensão, 2,5 de largura, capacidade para armazenar 96 milhões de metros cúbicos de água. Uma das jóias da natureza. Nesse cenário, é onde temos o prazer de encontrar Chico Lucas, que nos conta muitas histórias da lagoa durante um passeio de barco de suspender a respiração.

O peixe é o prato local. Excelente frito ou cozido com pirão. Vale a pena um cafezinho acompanhado do célebre biscoito Flor do Assu, feito com manteiga do sertão e essência de cravo e erva doce.

Entre essas jóias, o Assu tem principalmente gente boa e acolhedora. Mas, fique certo, isso é só um pouquinho do que é o Assu. O Assu é Mais.

Postado em 16/10/2013 às 11:31

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