segunda-feira, 7 de outubro de 2013

PLENA MULHER

Plena mulher, maçã carnal, lua quente, 
 espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, 
 que obscura claridade se abre entre tuas colunas? 
 que antiga noite o homem toca com seus sentidos?
 Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, 
 com ar opresso e bruscas tempestades de farinha:
 amar é um combate de relâmpagos e dois corpos
 por um só mel derrotados.
 Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, 
 tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, 
 e o fogo genital transformado em delícia 
 corre pelos tênues caminhos do sangue 
 até precipitar-se como um cravo noturno, 
 até ser e não ser senão na sombra de um raio.

Pablo Neruda

















PLENA MULHER Plena mulher, maçã carnal, lua quente, espesso aroma de algas, lodo e luz pisados, que obscura claridade se abre entre tuas colunas? que antiga noite o homem toca com seus sentidos? Ai, amar é uma viagem com água e com estrelas, com ar opresso e bruscas tempestades de farinha: amar é um combate de relâmpagos e dois corpos por um só mel derrotados. Beijo a beijo percorro teu pequeno infinito, tuas margens, teus rios, teus povoados pequenos, e o fogo genital transformado em delícia corre pelos tênues caminhos do sangue até precipitar-se como um cravo noturno, até ser e não ser senão na sombra de um raio. Pablo Neruda
De: Pablo Neruda Poemas da Alma

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