domingo, 27 de outubro de 2013

RELEMBRANDO COSTA LEITÃO


Arcelino Costa Leitão era natural de São Sebastião do Umbuzeiro, alto sertão da Paraíba. Ele chegou à cidade de Assu, nos anos trinta, procedente de Pernambuco, para gerenciar a Lojas Paulista, que depois passou a ser denominado de Casas Pernambucanas, do Grupo Ludgre. Anos depois, veio a ser gerente da firma algodoeira João Câmara & Irmãos, que antes era a SANBRA - Sociedade Algodoeira do Nordeste Brasileiro, então estabelecida onde hoje está assentado alguns prédios comerciais do pecuarista Sebastião Diógenes, da Avenida Senador João Câmara. Era um gigantesco empreendimento de beneficiamento de algodão.

Há informações que Seu Costa, teria morado em Fortaleza, chegando a ser presidente do Fortaleza Esporte Clube, importante time de futebol daquela capital cearense, cuja agremiação futebolística teria na década de cinquenta, jogado no Assu contra o Centro Sportivo Assuense, time de futebol que ele fundou e também presidiu. Aquela partida teria sido realizada no Estádio Senador João Câmara, que ele, Costa, construiu, onde hoje está assentado a CONAB e outras casas residências e comercias da cidade de Assu.

Seu Costa era poderoso, garboso, robusto, vozeirão, elitista, bom de copo. Fumava compulsivamente e esnobava pela cidade inteira dirigindo um Mercory (antigo veículo conversível fabricado pela Ford), invejando os rapazes do seu tempo, da Terra dos Verdes Carnaubais.

No Assu, Costa Leitão era admirado por todos. Ingressou na política a convite de Edgard Montenegro, para ser o seu companheiro de chapa (vice-prefeito), nas eleições de 1957, pela União Democrática Nacional – UDN, tendo sido vetado pelo ex-deputado Pedro Amorim (que ainda tinha influência nas decisões políticas do Assu), em solidariedade a um amigo que tinha perdido sua mulher que fugiu com ele, Costa, para viver um caso de amor. Costa teve de se aliar ao grupo político liderado pelo então deputado estadual Olavo Montenegro que lhe apoiou como candidato a prefeito. Foi uma campanha política que teve até a participação de Luiz Gonzaga, com quem ele tinha estreita amizade.

Costa já prefeito, criou-se o Clube Municipal (funcionava nos altos da prefeitura), logo após a sua posse, desalojando a ARCA - Associação Recreativa e Cultural do Assu, fundada pelos bancários do Banco do Brasil, em 18 de dezembro de 1953, que veio a funcionar temporariamente num antigo Sobrado da Praça Pedro Velho, esquina com a Rua São João, vizinho a casa do poeta Renato Caldas, que depois veio a ser instalada na sua sede própria, da Rua Bernardo Vieira.  

No Municipal, Costa organizou e realizou grandiosas festas e bailes elitizados para uma sociedade que se dividia em dois clubes sociais: PSD de Olavo e UDN de Edgard. E por aqueles clubes sociais se apresentaram diversas orquestras nacionais e internacionais como, por exemplo, Eder Mandarino, Marina Mexican, Alma Latina, Cassino de Sevilha, além de Violinos Italianos e Los Romanos el Caribe. Há informações que nos anos sessenta, Costa teria uma festa no Municipal com a presença das misses Rio Grande do Norte, Ceará, Paraíba e Pernambuco.

Nas eleições de 1962, Costa apoio sua mulher Maria Olímpia Neves de Oliveira (Maroquinha) como candidata a prefeita, que foi vitoriosa ao disputar a eleição com Walter de Sá Leitão (Golinha), obtendo 308 votos de maioria. Foi uma campanha das mais tensas e intensas da história política da terra assuense.

Tempos depois, Costa e Maroquinha romperam com Olavo e se aliaram a Edgard que teve de apoiá-lo como candidato a prefeito nas eleições de 1968, pelo partido da Aliança Renovadora Nacional (ARENA VERMELHA), contra João Batista Lacerda Montenegro (ARENA VERDE), como era denominado no Rio Grande do Norte o único partido existente no Brasil, perdendo para  Batista por apenas 26 votos de maioria, que  governou o Assu de 1969 a 1972, amargando uma intervenção durante três meses. Inocentado das acusações impostas pelos seus adversários, voltou ao puder para concluir o seu mandato. Foi nomeado interventor o Capitão Tavares da Policia Militar.

Durante a permanência de Costa na política local ficou apelidado pejorativamente de "Barrão", e seus admiradores lhe apelidaram carinhosamente de "Nêgo". E o Nêgo como cidadão comum e administrador público inovou, modernizou, coloriu as ruas, as avenidas e as praças. Afinal, ele revolucionou a Atenas Norte-Rio-Grandense e ficou na história daquele importante município como um dos seus melhores prefeitos.

Pena que ele veio a morrer no ostracismo imposto por uma sociedade que lhe jogava confete quando no auge do puder. Numa demonstração clara de que a história sempre se repete, só muda os personagens, mas o cenário é o mesmo.

Fernando Caldas

 

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