(As estórias adiante, escritas pelo autor deste blog, foram
publicadas no jornal Tribuna do Norte (coluna Artigo) de Natal, edição de
30.12.1997, através do escritor potiguar Valério Mesquita). Vamos conferir para
o nosso deleite:
"Neste final de ano desejo homenagear a cidade de Assu, através do Fernando Caldas, autor de "Tiradas e Boutades", do povo assuense.
João Chau era um famoso músico que animou muitos bailes memoráveis para a sociedade assuense, dos anos quarenta e cinquenta. Era um exímio tocador de clarinete saxofone. Conversando entre amigos na calçada da prefeitura, cada um dos presentes querendo ser honesto mais do que o outro, João saiu-se com essa: "Eu não devo a filho da p... nenhum!" Naquela hora se aproximava daquela roda amistosa Francisco Assis da Cunha – Chico Pacaré, veterano agiota, para lhe fazer uma cobrança. João, ao vê-lo se aproximar, remendou a conversa, dizendo: "Eu só devo a compadre Chico Pacaré, mas o dinheiro tá escutando a conversa!"
(Esses causos adiante, também estão publicados no jornal Tribuna do Norte, edição de 9.9.1997, por intermédio de Valério Mesquita, na coluna Artigo daquele conceituado jornal). Vejamos:
"De Fernando Caldas, assuense da gema, recebi o seu livro "Tiradas e Boutades", do povo assuense. Extraí três "causos" entre tantos do folclore e do humor da terra de Ronaldo Soares. Parabéns Fernando".
Cícero de Padre" é agricultor e criador. Sua idade se aproxima uns setenta anos bem vividos. Cícero é daquele tipo durão, homem rude do sertão. Pois bem, certo dia, de manhã cedinho, final de uma longa farra, Cícero fora ao Mercado Público da cidade. Um amigo lhe perguntou curiosamente: "Cícero de Padre de onde você vem a essa hora?" "Do cabaré!" Respondeu Cicero curto e grosso. "Mas, rapaz você tá ficando doido, cuidado com a AIDS! Advertiu o amigo. "Besteira "home", eu tomo uma bezetacil e pronto!"
Oscar Fernandes ou "Oscarzinho" como é conhecido na cidade de Assu, hospedou-se no (anos sessenta) no Palace Hotel, de Mossoró. Ao se aproximar da recepção daquela luxuosa hospedaria perguntou a recepcionista: "Moça, aqui tem muriçoca?" - "Tem umas três ou quatro" Respondeu aquela atendente. De manhã cedo Oscarzinho se dirigiu a recepção daquele hotel para pagar a conta. A moça perguntou-lhe: "Seu Oscar. Como passou a noite? E as muriçocas?" Oscarzinho respondeu: "As três ou quatro que você me falou eu matei! Só não contei as que vinham pro enterro!"
O ex-vereador Carlos Barromeu da Silva (Carmelito) gosta de jogar cartas (baralho). Tenho por ele uma grande admiração pelo seu espírito fraterno. Ele foi vereador no meu tempo. Presidindo aquela câmara dos vereadores, lembrei-me de fazer com ele uma presepada no momento em que dormia na sua cadeira em dia de sessão legislativa. "Carmelito ás de copa!" O vereador assustado e ainda sonolento, gritou: "bati, presidente!
Estão ainda publicadas - através daquele mesmo escritor potiguar de Macaíba - na tribuna do Norte, de Natal, edição de 17.11.1998, as seguintes estórias:
Fernando Caldas narra mais três tiradas assuenses. A primeira etapa conta que a então deputada Ivete Vargas, filha do ex-presidente da República Getúlio Vargas visitou o município de Mossoró, quando no exercício daquele mandato. Pois bem, Epifânio Barbosa era uma figura espirituosa, criador de gado, influente fazendeiro na região do Assu, proprietário da Fazenda Cruzeiro naquele município - ele é também o protagonista do livro (romance) intitulado "Lourenço, O Sertanejo", de autoria de Maria Eugênia. Pois bem, Epifânio organizou uma comitiva para ir até aquela cidade do oeste potiguar, conhecer Ivete. Chegando ao aeroporto uma multidão incalculável esperava aquela deputada. Epifânio com aquela sua habilidade que lhe era peculiar, logo conseguiu se aproximar daquela parlamentar, batendo forte com a mão em seu "bumbum", se auto-apresentando: "Deputada muito prazer. Epifânio Barbosa do Assu. Nunca bati na bunda de uma mulher pra não olhar pra trás".
A segunda se deu com Renato Caldas um dos maiores poetas populares do Rio Grande do Norte. Repentista dos melhores, a sua obra literária enriquece o folclore nordestino. Para fazer graça Renato não perdia as oportunidades que surgiam. Era ele, Renato, um boêmio autêntico. Estando em Natal, gostava de frequentar a Confeitaria Delícia, na Ribeira, tradicional bairro daquela capital e ponto de encontro de intelectuais, poetas, escritores, políticos e de figuras espirituosas como ele próprio. Certo dia, Renato encontrou-se naquela confeitaria com João Meira Lima que foi juiz de Assu, na década de sessenta. Meira perguntou ao vate assuense: "Como vai esse grande poeta e prosador?" Renato respondeu: "Da cintura pra cima, poesia! E da cintura pra baixo, prosa!"
O saudoso Ronaldo Ferreira Dias era importante funcionário do Senado Federal. Ele era norte-rio-grandense de Lages e tinha muita ligação no Assu, onde morou na sua adolescência. Nas eleições de 1982, candidatou-se a deputado federal a convite do presidente da República João Batista de Figuerêdo de quem era amigo. Ronaldo durante o período eleitoral foi a Assu e procurou o seu primo Chico Dias, figurar muita popular e querida naquela cidade. Naquele tempo Chico era candidato a vereador e Ronaldo conseguiu para que ele, Chico, fizesse a sua campanha naquele município e região. De Brasília (Ronaldo uma figura da boa convivência, porém muito sisudo, cara fechada) telefonou para o primo perguntando: "Chico como vai a aceitação do meu nome por aí?" E Chico respondeu: "Ronaldo, eu sai pelos bairros da cidade com mil fotografias suas (santinhos) e voltei com duas mil". E Ronaldo com uma votação de pouco mais de 1.500 votos, foi o segundo suplente, chegando a assumir a Câmara Federal em razão do falecimento do deputado Djalma Marinho. São coisas da política.
Fernando Caldas
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