sábado, 13 de junho de 2020

CARTA DE RENATO CALDAS PARA ALUIZIO ALVES

                                   
Em maio de 1953 o poeta assuense Renato Caldas estava na cidade de São Paulo, aguardando o retorno de uma promessa de Aluísio Alves, então deputado federal no  sentido de conseguir publicar o seu livro em segunda edição intitulado Fulô do Mato, pelo jornal Tribuna da Impressa, do Rio de Janeiro, de propriedade de Carlos Lacerda que foi governador do estado da Guanabara (1960-65). Aluísio era o Redator Chefe daquele periódico carioca. Pois bem, no dia 11 de maio de 1953 já desiludido, Renato não suportando mais esperar por aquele político potiguar escreveu uma carta  em forma de versos, dizendo conforme adiante:



Aluísio meu amigo

Somente hoje consigo

Assunto pra lhe escrever

Sou um pobre flagelado

Vivo em São Paulo apertado

Trabalhando pra comer.



O meu viver é tirano

Não gosto de Italiano

E sou forçado a gostar

O regime é esquisito

De tanto comer cabrito

Já comecei a berrar.



Aqui o frio é malvado

Estou ficando congelado

E não tenho cobertor

Quero deixar esta peste

Regressar  para o nordeste

Prefiro sentir calor.



Para salvar-me quem há de?

Somente sua vontade

É quem pode me salvar

Tenha pena de Renato

Apresse “Fulô do Mato”

Não posso mais demorar.



Desde já muito obrigado

Disponha do seu criado

amigo, sincero, exato

se for possível eu lhe peço

abaixo tem o endereço

Responda para Renato.



(Não sabemos qual foi a resposta de Aluísio Alves, mas o certo é que em junho de 1953, mas precisamente na casa do jornalista Francisco Góis de Assis, da 'Tribuna da Imprensa, no Rio de Janeiro foi realizado o lançamento da 2ª edição do livro Fulô do Mato).

Fernando Caldas



Fonte: Tribuna do Norte, Natal, 6 junho de 1953. Coluna “Revista da Cidade”, p. 2.

__________________ Natal,  14 junho de 1953. Coluna “Revista da Cidade”, p. 2.



Francisco Martins  

Crédito da fotografia: Ivan Pinheiro e Gilvan Lopes.
Foto tirada na praça Pedro velho, de Assu, onde hoje está assentado o Banco do Nordeste e prédios comerciais.


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