Por: Renato Drummond Tapioca Neto
Entre os anos de 1843 e 1889, viveu entre nós uma italiana com coração brasileiro. Dona Teresa Cristina de Bourbon-Duas Sicílias ocupou um lugar de relevância na história do país, contribuindo para o desenvolvimento de nossa cultura e sociedade. Casada por procuração com seu primo, D. Pedro II, aos 21 anos trocou sua adorada Nápoles pela baía do Rio de Janeiro, onde foi aclamada como mãe do nascente império. Infelizmente, essa imagem convive lado a lado com estereótipos, como o da “imperatriz silenciosa”, endossado por alguns pesquisadores ao longo das décadas. A história de Dona Teresa Cristina parecia se resumir a uma série de anedotas, como a do falso retrato que teria convencido o imperador a tomá-la por esposa. Porém, em 45 anos de casamento, sua presença foi de suma importância para que D. Pedro criasse confiança em seu papel como monarca constitucional e consolidasse nos trópicos uma monarquia assentada em base mais sólidas, que colocava a família real na posição célula mater da nação; um modelo no qual seus habitantes poderiam se espelhar. Ao ser expulsa do Brasil em 1889 após a Proclamação da República, Teresa Cristina deixou atrás de si um valioso legado que, graças à ficção, está sendo redescoberto pelas pessoas.
Uma princesa napolitana
Nascida em 14 de março de 1822, a futura imperatriz do Brasil era filha do rei Francisco I das Duas Sicílias com sua prima, a princesa Maria Isabel de Espanha. O Reino das Duas Sicílias, localizado ao Sul da Península Itálica, se unificou em 1816 com o final das guerras napoleônicas. Os Bourbon, que governavam sobre aqueles territórios quando estes eram divididos em dois Reinos distintos (Nápoles e Sicília), foram então confirmados como dinastia reinante. A família real era um ramo dos Bourbon da Espanha, que, por sua vez, faziam parte da árvore genealógica da família real francesa. Não obstante, através da política dos casamentos dinásticos, eles também se ligaram aos Habsburgo-Lorena. Apesar de pertencer a uma família real nova, se comparada a outras dinastias do continente, podemos destacar entre os antepassados de Dona Teresa Cristina nomes de monarcas importantes como Luís XIV da França, a imperatriz Maria Teresa da Áustria (a Grande) e o rei Carlos III da Espanha. Com efeito, a corte estabelecida em Palermo era marcada por uma atmosfera cosmopolita. As pessoas se faziam facilmente entender em italiano (e suas variantes: o siciliano e o napolitano), o espanhol e o francês, considerada a língua diplomática do período.
Embora não dominasse o português com perfeição, Teresa Cristina cresceu em um ambiente marcado pelo uso de mais de um idioma. Em seus diários, por exemplo, ela costumava misturar com frequência o italiano com o português, na medida em que ia se aperfeiçoando na escrita da língua brasileira. Assim como suas irmãs, ela foi educada desde cedo para desempenhar um importante papel no jogo de alianças matrimoniais do período. Além do estudo de idiomas, ela aprendeu os rudimentos necessários para se tornar uma futura soberana consorte, o que incluía disciplinas como Literatura, Música, História e as chamadas “prendas do sexo feminino”, como os trabalhos de agulha. A partir dos 15 anos (idade que a princesa tinha quando a miniatura de Albanesi foi pintada), os artistas começaram a produzir retratos dela como noiva em potencial para que fossem apresentados a outras cortes. Foi assim que, em 1843, contratou-se um casamento para ela com seu primo brasileiro, D. Pedro II. O consórcio unia politicamente o Reino das Duas Sicílias ao Império do Brasil. União essa que foi cimentada com o nascimento do primeiro filho do casal em 1845, batizado de Afonso, confirmando assim o status da princesa napolitana como soberana consorte do Império do Brasil.
Um retrato controverso
Pintado em 1843 pelo artista brasileiro José Correia de Lima, a tela foi uma das imagens enviadas ao jovem imperador do Brasil, D. Pedro II, durante as negociações para o casamento deste com sua prima. A retratada aparece usando um vestido de veludo azul com delicadas rendas nas mangas. No busto, é possível observar um retrato em miniatura de D. Pedro, cravejado por uma moldura de brilhantes. O rosto, de feições agradáveis, possui uma expressão serena. Uma tiara de pedras preciosas dá o toque final ao penteado dividido em cachos, que a futura imperatriz usaria frequentemente em seus retratos pintados como soberana do Brasil. No plano de fundo, o vulcão Vesúvio expelindo fumaça aparece em destaque na tela. Muitos historiadores atribuem ao belo efeito produzido por essa obra a decisão de D. Pedro II em se casar com sua prima. Ao chegar aqui, constatou-se que a noiva pouco se parecia com seu retrato. Uma anedota, reproduzida por biógrafos como José Murilo de Carvalho, Heitor Lyra e Pedro Calmon e Mary Del Priore, diz que o imperador teria ficado profundamente frustrado com a aparência da esposa e ido se consolar nos braços de sua babá: “Me enganaram, Dadama”, ouviram o jovem imperador dizer em prantos à velha senhora.
Por outro lado, D. Pedro II havia sido educado desde cedo a respeito da natureza dos casamentos dinásticos, que nada mais eram do que uma união política entre dois reinos, com o propósito de produzir descendência. Todavia, o episódio serve para refletirmos sobre a natureza desse tipo de arte. No regime monárquico, a imagem régia do monarca era coletivamente construída por alfaiates, joalheiros, poetas, escritores, músicos e, principalmente, pelos pintores. Os retratos oficiais dos soberanos são, por assim dizer, tanto um reflexo do retratado quanto uma imagem filtrada pelo olhar de seu criador. Nessas telas, o realismo dá lugar à idealização; a veracidade à verossimilhança. Conforme certa vez observou Gian Lorenzo Bernini: “o segredo nos retratos é aumentar a beleza e emprestar grandiosidade, diminuir o que é feio ou mesquinho, ou até suprimi-lo, quando é possível fazê-lo sem incorrer em servilismo” (apud BURKE, 2009, p. 36). Infelizmente, da forma como costuma ser narrada, a história de Dona Teresa Cristina parece se resumir a esse malfadado episódio, ligando sua imagem a uma série de estereótipos bastante reducionistas e depreciativos, que obscurecem a valiosa contribuição que ela deixou para a cultura do país.
A mãe dos brasileiros
Neste retrato da imperatriz Teresa Cristina aos 27 anos, ela aparece acompanhada de seus três filhos. À direta da soberana, vestida de rosa, pode-se ver a princesa Leopoldina, de apenas 2 aninhos; no colo da soberana, o herdeiro do trono, Pedro Afonso, nascido um ano antes da pintura do quadro. Em pé, postada de frente para o conjunto e com os braços agarrados ao irmão, a pequena princesa Isabel, então com 3 anos de idade, vestida de azul. A despeito do apelo romântico que a imagem passa ao observador, com uma imperatriz amorosa agarrada aos seus filhos, a tela também possuía um caráter político. Baseada em retratos da Sagrada Família, desde o período da Renascença era comum pintar as soberanas cercadas por sua prole. Esta, por sua vez, representava a nação, corporificada através dos príncipes e princesas, enquanto a monarca era enaltecida como a mãe do Reino. Não à toa, Teresa Cristina foi chamada em seu tempo de vida de “mãe dos brasileiros”, ou, nas palavras de Max Fleiuss, “um serafim de bondade e candura celeste”. O cenário tropical, marcado pela vegetação típica do país, sugere também um forte apelo nacionalista. Teresa Cristina apresenta ao observador o futuro da monarquia, na pessoa do príncipe Pedro Afonso, herdeiro direto de seu pai.
Infelizmente, a criança morreu de febre com 1 ano de idade, em 1850, passando a sucessão para sua irmã mais velha, Isabel. D. Pedro II e D. Teresa Cristina já haviam experimentado a dor da perda de um filho em 11 de junho de 1847, Afonso, primogênito do casal. A criança estava brincando na biblioteca quando foi acometida por uma série de convulsões, falecendo aos dois anos de idade. Após a morte do segundo filho, Pedro Afonso, a imperatriz não mais voltou a engravidar. A partir de então, as atenções do casal imperial se voltaram para as duas princesas, Isabel e Leopoldina. Na qualidade de herdeiras do trono, elas receberam uma educação primorosa, que as preparou para o exercício do poder. A despeito dos boatos espalhado por jornais da oposição, que taxavam Isabel de “carola”, ela recebia lições diretamente com seu pai e por tutores supervisionados pela condessa de Barral, contratada como preceptora das princesas. Nascida em Santo Amaro, na Bahia, Luísa Margarida de Barros Portugal, condessa de Barral, passou boa parte de sua vida na França, na corte do rei Luís Felipe de Orleans. Sua experiência, acompanhada de excelentes credenciais, conquistou para si um lugar importante no seio da família imperial do Brasil.
A imperatriz arqueóloga
Entre os muitos epítetos pelos quais Dona Teresa Cristina ficou conhecida, encontra-se o de “imperatriz arqueóloga”, dado ao seu amor pelas antigas civilizações e pela cultura material referente a elas. Tendo nascido em Nápoles, a princesa que se tornou soberana consorte do Brasil viveu sua juventude numa região que na antiguidade era conhecida como Magna Grécia. Seus avós, Fernando I das Duas Sicílias e a arquiduquesa Maria Carolina de Habsburgo-Lorena, comissionaram as escavações de Pompéia e Herculano. Desse modo, Dona Teresa tinha praticamente um sítio arqueológico no quintal de casa. Inebriada por essa atmosfera cultural, a esposa de D. Pedro II deu continuidade em terras brasileiras ao trabalho desenvolvido por seus antepassados na Itália. Durante os 45 anos em que ela viveu entre nós, a monarca acumulou uma vasta coleção de peças e artefatos da América Pré-Colombiana e da Pré-História do Brasil, tais como urnas de argila, pontas de flechas e lanças. Alguns desses itens eram enviados para a Itália e, em troca, a imperatriz recebia de seu irmão, o rei Fernando II das Duas Sicílias, objetos que remontavam ao período clássico greco-romano. Além disso, seu amor pelas artes ficou marcado em pedra através dos bancos que ela mesma decorou no Jardim das Princesas.
Utilizando-se de materiais tais como conchas e cacos de louça, Dona revestiu os bancos, fontes e paredes do Jardim das Princesas no Paço de São Cristóvão (atual Museu Nacional) com interessantíssimas colunas de mosaicos, combinando cores e formas, por meio de uma técnica conhecida como “embrechamento”. A criatividade e a harmonia do conjunto resultante não deixam dúvidas quanto ao espírito delicado e artístico da esposa de D. Pedro II. Quando a família imperial brasileira foi exilada do Brasil em 1889, os objetos da imperatriz foram doados pelo imperador exilado ao novo governo, formando assim o acervo da coleção Teresa Cristina Maria do Museu Nacional, com cerca de 700 peças. Até o incêndio da instituição em 2 de setembro de 2018, era possível ver os bancos e as fontes decoradas no Jardim das Princesas e o acervo arqueológico da soberana. Infelizmente, a maior parte desses objetos foi destruída ou danificada. Alguns, porém, conseguiram ser recuperados dos escombros, tais como amuletos, panelas, pulseiras, anéis, estatuetas e jarros, incluindo afrescos extraídos diretamente das habitações da antiga Pompéia. A reinauguração do Museu, com parte da coleção resgatada da imperatriz, está prevista para o ano de 2022, no bicentenário da Independência.
Amante das artes e da fotografia
Dona Teresa compartilhava com D. Pedro II muito de seus interesses científicos e tecnológicos. A fotografia era um dos principais deles. Com sua difusão em meados do século XIX, essa forma de arte dinamizou a produção de retratos, que podiam ser replicados em várias cópias e distribuídas entre amigos e/ou conhecidos. Ao longo de sua vida, a imperatriz posou para as câmeras de muitos fotógrafos, tanto sozinha quanto ao lado de seu marido e filhas e deu várias dessas fotos para suas damas de companhia e parceiras em trabalhos de filantropia. O chamado Carte-de-visite (uma foto colada em papel rígido), patenteado em 1854 pelo fotógrafo francês André Adolphe Eugène Disdéri, por exemplo, se tornou bastante popular na época. Ele era trocado entre amigos, familiares e colecionadores. Assim, imagens em preto e branco do imperador, da imperatriz e das princesas podiam ser adquiridas e colocadas em álbuns montados especialmente para essa finalidade. Desse jeito, as famílias prestavam uma espécie de testemunho de lealdade à Coroa, semelhante ao período em que esses retratos eram pintados e não fotografados. Porém, antes as telas eram de difícil aquisição por parte dos extratos mais baixos da sociedade, devido aos altos custos das obras.
A fotografia, por outro lado, facilitou o acesso das imagens pela maior parte da população. Até mesmo a arte dos retratos pintados se beneficiou com tal invento embora ainda permanecesse um gênero artístico mais ligado às classes aristocráticas. Nesse caso, a/o modelo não precisava ficar horas na mesma pose até que o artista lhe capturasse o perfil. Bastava uma fotografia e a tela podia ser pintada nas proporções solicitadas por quem a encomendou. Muitos ensaios fotográficos eram feitos na busca da imagem ideal para ser reproduzida em um quadro. Numa tela pintada pelo artista francês Édouard Viénot, possivelmente com base numa fotografia da soberana tirada por Lucien Waléry, Teresa Cristina apresenta a mesma pose em 3/4, com uma expressão austera e olhar focado num ponto fora do alcance da mira do observador. O mesmo vestido, penteado e adornos também podem ser contemplados nos dois registros. Tratando-se do retrato de um chefe de Estado ou de algum membro de sua família, como é o caso da tela de Viénot para Dona Teresa Cristina, a obra também possuía uma mensagem política. Ela deveria traduzir a importância da família imperial e ao mesmo tempo servir de modelo para outras famílias elitizadas do Império
Uma soberana erudita
Nesta fotografia da imperatriz Dona Teresa Cristina, tirada por Atelier Nadar em Paris, no ano de 1888, por ocasião da estadia do casal imperial na Europa, a soberana, já com 66 anos, segura um livro, que simboliza o seu apreço pela cultura impressa. Ao contrário do que já se disse, Dona Teresa Cristina se interessava por literatura, especialmente a italiana. Seu amor pelas letras ultrapassava o texto escrito e se materializava nos palcos dos Teatros da Corte, graças ao seu incentivo às companhias de artistas, como a Ópera Italiana. No Lírico, por exemplo, se fazia apresentar “Ana Bolena”, de Gaetano Donizetti, além de outras obras de compositores italianos. Com efeito, o interesse da imperatriz pela dramaturgia era reconhecido até mesmo pelos autores da terra, como José de Alencar, que lhe dedicou uma de suas peças mais famosas, “O Demônio Familiar”. Tanto Dona Teresa Cristina quanto D. Pedro II estavam presentes na noite do dia 5 de setembro de 1857 no Teatro do Ginásio Dramático, para a estreia da obra em 4 atos. No domingo de 18 de março de 1855, o célebre autor de “O Guarani” escreveu na sua coluna “Ao Correr da Pena”, publicada no jornal “Correio Mercantil”, sobre a passagem dos 33 anos da imperatriz (ocorrido quatro dias antes):
Quarta-feira teve lugar a solenidade do aniversário da nossa Imperatriz, que deixou as lindas ribeiras de Nápoles pela majestosa baía do Rio de Janeiro. Assim, logo após da saudade, veio uma lembrança prazenteira. Se perdemos por algum tempo uma flor graciosa de nossa coroa imperial[1], ganhamos para sempre um anjo de bondade, um exemplo das belas virtudes. E isto me faz lembrar do quanto somos devedores àquela boa terra de Itália, que nos confiou com tanto prazer a filha de seus reis, e acolheu com tanto amor a irmã do nosso monarca” (ALENCAR, 1977, p. 143).
Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, a família imperial foi expulsa do país, carregando consigo apenas seus bens de uso pessoal. O legado de Dona Teresa Cristina, porém, sobreviveu. Seu incentivo às artes dramáticas, à imigração italiana, às pesquisas arqueológicas e aos trabalhos de filantropia ajudaram a difundir uma imagem da nação que seria aprimorada com o passar dos anos. Ela faleceu na cidade do Porto, em Portugal, em 28 de dezembro de 1889, aos 67 anos. Seu corpo, originalmente sepultado no Panteão dos Bragança no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa, foi transladado para o Brasil em 1921, juntamente com o de D. Pedro II, por ocasião das comemorações do centenário da independência. Hoje, o casal imperial compartilha um túmulo imponente na Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis. Recentemente, a figura de Dona Teresa Cristina de Bourbon vem recebendo grande número de admiradores, graças à produção da rede Globo, “Nos Tempos do Imperador” (novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson). Interpretada pela atriz Letícia Sabatella, o público de telespectadores está (re)conhecendo as múltiplas faces de uma soberana que passou para a posteridade como a “mãe dos brasileiros”.
Nota:
[1] José de Alencar também se refere a Dona Januária, irmã de D. Pedro II, que em 1843 se casou com o irmão de Dona Teresa Cristina, Luís, e partiu para a Itália, tornando-se condessa d’Áquila.
Referências Bibliográficas:
ALENCAR, José. Ao Correr da Pena. Rio de Janeiro: Serviço Nacional de Teatro, 1977.
AVELLA, Aniello Angelo. Teresa Cristina de Bourbon: uma imperatriz napolitana nos trópicos 1843-1889. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2014.
BARMAN, Roderick J. Imperador cidadão. São Paulo: Editora UNESP, 2012.
BURKE, Peter. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Tradução de Maria Luiza X. de A. Borges. 2ª ed. Rio de Janeiro: Zahar.
CALMON, Pedro. História de D. Pedro II. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975, 5vols.
CARVALHO, José Murilo de. D. Pedro II. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
DEL PRIORE, Mary. Condessa de Barral: a paixão do imperador. Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
TJÄDER, Rogerio da Silva. Sua Majestade Imperial D. Thereza Christina Maria de Bourbon e Bragança. Editora Capivara, 2015.
Fonte: https://rainhastragicas.com
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