sábado, 4 de janeiro de 2014

20 livros fundamentais para conhecer o Brasil

Antonio Cândido, sociólogo, crítico literário e ensaísta indica 20 livros fundamentais para conhecer o Brasil

Por Antonio Cândido

Quando nos pedem para indicar um número muito limitado de livros importantes para conhecer o Brasil, oscilamos entre dois extremos possíveis: de um lado, tentar uma lista dos melhores, os que no consenso geral se situam acima dos demais; de outro lado, indicar os que nos agradam e, por isso, dependem sobretudo do nosso arbítrio e das nossas limitações. Ficarei mais perto da segunda hipótese.
Como sabemos, o efeito de um livro sobre nós, mesmo no que se refere à simples informação, depende de muita coisa além do valor que ele possa ter. Depende do momento da vida em que o lemos, do grau do nosso conhecimento, da finalidade que temos pela frente. Para quem pouco leu e pouco sabe, um compêndio de ginásio pode ser a fonte reveladora. Para quem sabe muito, um livro importante não passa de chuva no molhado. Além disso, há as afinidades profundas, que nos fazem afinar com certo autor (e portanto aproveitá-lo ao máximo) e não com outro, independente da valia de ambos.
Por isso, é sempre complicado propor listas reduzidas de leiturasfundamentais. Na elaboração da que vou sugerir (a pedido) adotei um critério simples: já que é impossível enumerar todos os livros importantes no caso, e já que as avaliações variam muito, indicarei alguns que abordam pontos a meu ver fundamentais, segundo o meu limitado ângulo de visão. Imagino que esses pontos fundamentais correspondem à curiosidade de um jovem que pretende adquirir boa informação a fim de poder fazer reflexões pertinentes, mas sabendo que se trata de amostra e que, portanto, muita coisa boa fica de fora.

O escritor Antônio Cândido (Foto: Divulgação)

São fundamentais tópicos como os seguintes: os europeus que fundaram o Brasil; os povos que encontraram aqui; os escravos importados sobre os quais recaiu o peso maior do trabalho; o tipo de sociedade que se organizou nos séculos de formação; a natureza da independência que nos separou da metrópole; o funcionamento do regime estabelecido pela independência; o isolamento de muitas populações, geralmente mestiças; o funcionamento da oligarquia republicana; a natureza da burguesia que domina o país. É claro que estes tópicos não esgotam a matéria, e basta enunciar um deles para ver surgirem ao seu lado muitos outros. Mas penso que, tomados no conjunto, servem para dar uma ideia básica.
Entre parênteses: desobedeço o limite de dez obras que me foi proposto para incluir de contrabando mais uma, porque acho indispensável uma introdução geral, que não se concentre em nenhum dos tópicos enumerados acima, mas abranja em síntese todos eles, ou quase. E como introdução geral não vejo nenhum melhor do que O povo brasileiro (1995), de Darcy Ribeiro, livro trepidante, cheio de ideias originais, que esclarece num estilo movimentado e atraente o objetivo expresso no subtítulo: “A formação e o sentido do Brasil”.
Quanto à caracterização do português, parece-me adequado o clássico Raízes do Brasil (1936), de Sérgio Buarque de Holanda, análise inspirada e profunda do que se poderia chamar a natureza do brasileiro e da sociedade brasileira a partir da herança portuguesa, indo desde o traçado das cidades e a atitude em face do trabalho até a organização política e o modo de ser. Nele, temos um estudo de transfusão social e cultural, mostrando como o colonizador esteve presente em nosso destino e não esquecendo a transformação que fez do Brasil contemporâneo uma realidade não mais luso-brasileira, mas, como diz ele, “americana”.
Em relação às populações autóctones, ponho de lado qualquer clássico para indicar uma obra recente que me parece exemplar como concepção e execução: História dos índios do Brasil (1992), organizada por Manuela Carneiro da Cunha e redigida por numerosos especialistas, que nos iniciam no passado remoto por meio da arqueologia, discriminam os grupos linguísticos, mostram o índio ao longo da sua história e em nossos dias, resultando uma introdução sólida e abrangente.
Seria bom se houvesse obra semelhante sobre o negro, e espero que ela apareça quanto antes. Os estudos específicos sobre ele começaram pela etnografia e o folclore, o que é importante, mas limitado. Surgiram depois estudos de valor sobre a escravidão e seus vários aspectos, e só mais recentemente se vem destacando algo essencial: o estudo do negro como agente ativo do processo histórico, inclusive do ângulo da resistência e da rebeldia, ignorado quase sempre pela historiografia tradicional. Nesse tópico resisto à tentação de indicar o clássico O abolicionismo (1883), de Joaquim Nabuco, e deixo de lado alguns estudos contemporâneos, para ficar com a síntese penetrante e clara de Kátia de Queirós Mattoso, Ser escravo no Brasil (1982), publicado originariamente em francês. Feito para público estrangeiro, é uma excelente visão geral desprovida de aparato erudito, que começa pela raiz africana, passa à escravização e ao tráfico para terminar pelas reações do escravo, desde as tentativas de alforria até a fuga e a rebelião. Naturalmente valeria a pena acrescentar estudos mais especializados, como A escravidão africana no Brasil (1949), de Maurício Goulart ou A integração do negro na sociedade de classes (1964), de Florestan Fernandes, que estuda em profundidade a exclusão social e econômica do antigo escravo depois da Abolição, o que constitui um dos maiores dramas da história brasileira e um fator permanente de desequilíbrio em nossa sociedade.

Esses três elementos formadores (português, índio, negro) aparecem inter-relacionados em obras que abordam o tópico seguinte, isto é, quais foram as características da sociedade que eles constituíram no Brasil, sob a liderança absoluta do português. A primeira que indicarei é Casa grande e senzala (1933), de Gilberto Freyre. O tempo passou (quase setenta anos), as críticas se acumularam, as pesquisas se renovaram e este livro continua vivíssimo, com os seus golpes de gênio e a sua escrita admirável – livre, sem vínculos acadêmicos, inspirada como a de um romance de alto voo. Verdadeiro acontecimento na história da cultura brasileira, ele veio revolucionar a visão predominante, completando a noção de raça (que vinha norteando até então os estudos sobre a nossa sociedade) pela de cultura; mostrando o papel do negro no tecido mais íntimo da vida familiar e do caráter do brasileiro; dissecando o relacionamento das três raças e dando ao fato da mestiçagem uma significação inédita. Cheio de pontos de vista originais, sugeriu entre outras coisas que o Brasil é uma espécie de prefiguração do mundo futuro, que será marcado pela fusão inevitável de raças e culturas.
Sobre o mesmo tópico (a sociedade colonial fundadora) é preciso ler também Formação do Brasil contemporâneo, Colônia (1942), de Caio Prado Júnior, que focaliza a realidade de um ângulo mais econômico do que cultural. É admirável, neste outro clássico, o estudo da expansão demográfica que foi configurando o perfil do território – estudo feito com percepção de geógrafo, que serve de base física para a análise das atividades econômicas (regidas pelo fornecimento de gêneros requeridos pela Europa), sobre as quais Caio Prado Júnior engasta a organização política e social, com articulação muito coerente, que privilegia a dimensão material.
Caracterizada a sociedade colonial, o tema imediato é a independência política, que leva a pensar em dois livros de Oliveira Lima: D. João VI no Brasil (1909) e O movimento da Independência (1922), sendo que o primeiro é das maiores obras da nossa historiografia. No entanto, prefiro indicar um outro, aparentemente fora do assunto: A América Latina, Males de origem (1905), de Manuel Bonfim. Nele a independência é de fato o eixo, porque, depois de analisar a brutalidade das classes dominantes, parasitas do trabalho escravo, mostra como elas promoveram a separação política para conservar as coisas como eram e prolongar o seu domínio. Daí (é a maior contribuição do livro) decorre o conservadorismo, marca da política e do pensamento brasileiro, que se multiplica insidiosamente de várias formas e impede a marcha da justiça social. Manuel Bonfim não tinha a envergadura de Oliveira Lima, monarquista e conservador, mas tinha pendores socialistas que lhe permitiram desmascarar o panorama da desigualdade e da opressão no Brasil (e em toda a América Latina).
Instalada a monarquia pelos conservadores, desdobra-se o período imperial, que faz pensar no grande clássico de Joaquim Nabuco: Um estadista do Império (1897). No entanto, este livro gira demais em torno de um só personagem, o pai do autor, de maneira que prefiro indicar outro que tem inclusive a vantagem de traçar o caminho que levou à mudança de regime: Do Império à República (1972), de Sérgio Buarque de Holanda, volume que faz parte da História geral da civilização brasileira, dirigida por ele. Abrangendo a fase 1868-1889, expõe o funcionamento da administração e da vida política, com os dilemas do poder e a natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro, regido pela figura-chave de Pedro II.
A seguir, abre-se ante o leitor o período republicano, que tem sido estudado sob diversos aspectos, tornando mais difícil a escolha restrita. Mas penso que três livros são importantes no caso, inclusive como ponto de partida para alargar as leituras.
Um tópico de grande relevo é o isolamento geográfico e cultural que segregava boa parte das populações sertanejas, separando-as da civilização urbana ao ponto de se poder falar em “dois Brasis”, quase alheios um ao outro. As consequências podiam ser dramáticas, traduzindo-se em exclusão econômico-social, com agravamento da miséria, podendo gerar a violência e o conflito. O estudo dessa situação lamentável foi feito a propósito do extermínio do arraial de Canudos por Euclides da Cunha n’Os sertões (1902), livro que se impôs desde a publicação e revelou ao homem das cidades um Brasil desconhecido, que Euclides tornou presente à consciência do leitor graças à ênfase do seu estilo e à imaginação ardente com que acentuou os traços da realidade, lendo-a, por assim dizer, na craveira da tragédia. Misturando observação e indignação social, ele deu um exemplo duradouro de estudo que não evita as avaliações morais e abre caminho para as reivindicações políticas.
Da Proclamação da República até 1930 nas zonas adiantadas, e praticamente até hoje em algumas mais distantes, reinou a oligarquia dos proprietários rurais, assentada sobre a manipulação da política municipal de acordo com as diretrizes de um governo feito para atender aos seus interesses. A velha hipertrofia da ordem privada, de origem colonial, pesava sobre a esfera do interesse coletivo, definindo uma sociedade de privilégio e favor que tinha expressão nítida na atuação dos chefes políticos locais, os “coronéis”. Um livro que se recomenda por estudar esse estado de coisas (inclusive analisando o lado positivo da atuação dos líderes municipais, à luz do que era possível no estado do país) é Coronelismo, enxada e voto (1949), de Vitor Nunes Leal, análise e interpretação muito segura dos mecanismos políticos da chamada República Velha (1889-1930).
O último tópico é decisivo para nós, hoje em dia, porque se refere à modernização do Brasil, mediante a transferência de liderança da oligarquia de base rural para a burguesia de base industrial, o que corresponde à industrialização e tem como eixo a Revolução de 1930. A partir desta viu-se o operariado assumir a iniciativa política em ritmo cada vez mais intenso (embora tutelado em grande parte pelo governo) e o empresário vir a primeiro plano, mas de modo especial, porque a sua ação se misturou à mentalidade e às práticas da oligarquia. A bibliografia a respeito é vasta e engloba o problema do populismo como mecanismo de ajustamento entre arcaísmo e modernidade. Mas já que é preciso fazer uma escolha, opto pelo livro fundamental de Florestan Fernandes, A revolução burguesa no Brasil(1974). É uma obra de escrita densa e raciocínio cerrado, construída sobre o cruzamento da dimensão histórica com os tipos sociais, para caracterizar uma nova modalidade de liderança econômica e política.
Chegando aqui, verifico que essas sugestões sofrem a limitação das minhas limitações. E verifico, sobretudo, a ausência grave de um tópico: o imigrante. De fato, dei atenção aos três elementos formadores (português, índio, negro), mas não mencionei esse grande elemento transformador, responsável em grande parte pela inflexão que Sérgio Buarque de Holanda denominou “americana” da nossa história contemporânea. Mas não conheço obra geral sobre o assunto, se é que existe, e não as há sobre todos os contingentes. Seria possível mencionar, quanto a dois deles, A aculturação dos alemães no Brasil (1946), de Emílio Willems; Italianos no Brasil (1959), de Franco Cenni, ou Do outro lado do Atlântico (1989), de Ângelo Trento – mas isso ultrapassaria o limite que me foi dado.
No fim de tudo, fica o remorso, não apenas por ter excluído entre os autores do passado Oliveira Viana, Alcântara Machado, Fernando de Azevedo, Nestor Duarte e outros, mas também por não ter podido mencionar gente mais nova, como Raimundo Faoro, Celso Furtado, Fernando Novais, José Murilo de Carvalho, Evaldo Cabral de Melo etc. etc. etc. etc.

Artigo publicado originalmente na edição 41 da revista Teoria e Debate – com blog da boitempo




sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Quando eu vi este trabalho fiquei impressionado... O que é a criatividade, de um simples pregador de roupa fazer algo tão delicado!!!

www.artesanatonarede.com.br - Inspirações
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Apoio: www.pastafosqueante.com.br


Domingo tem Camaleão no Edgarzão


 
Artes: Florêncio Neto, o Senador do Forró
"Ei-lo - ... se é, se está, se mostra
ainda que em desfazimento
é preciso dar forma à vida
pondo movimento na forma
preencher o espaço
como a ave que plana
como o barco que singra
como o corpo que flana
como o soluço que migra

é, pois, necessário
pôr a calçada sob os pés
arredar o caminho com o percurso
e percorrê-lo paciente
restaurando os signos
apreendendo as imagens
redescobrindo a respiração
até refazer o perfil de homem
ter nas mãos sua mente
e sentir o seu coração...

José Regis Cortez de Lima*

*Régis (fotografia abaixo) era advogado, poeta, nascido no Assu/RN, radicado em Natal. Além de meu amigo, foi meu contemporâneo, estudamos juntos no Colégio das Vitórias, de Assu, no ano de 1965. Pena que ele tombou ferido de morte, assassinado misteriosamente numa noite do ano de 2009, na capital potiguar. Régis não chegou a publicar-se, pois certamente teria conseguido a consagração, pela qualidade do seu poetar!

Fernando Caldas

(Poema e imagem da linha do tempo/face de Venâncio Araújo).









Como uma criança antes de a ensinarem a ser grande, Fui verdadeiro e leal ao que vi e ouvi.

 Fernando Pessoa

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

PORQUE TEMOS DIFICULDADE EM LIDAR COM A DOR EMOCIONAL?


Quem não passou pela experiência de perguntar a alguém se estava bem, ou mesmo o inverso. Quantas vezes não lhe perguntaram já o que se passa com você. Os outros ou nós mesmos percebemos por determinadas pistas, que algo fora do comum está acontecendo, você repara nas expressões faciais, no tom de voz, no comportamento motor, etc. E inevitavelmente pergunta: “O que se passa, o que você tem?”Usualmente a resposta é estandardizada:“Nada, não se passa nada, eu estou bem.”Em tais casos, claramente não está bem, a pessoa refugia-se em si mesmo evitando um diálogo que teme poder vir a desencadear uma explosão emocional.

A tendência para a negação, a retirada, e autoisolamento são comuns em reação à profunda dor emocional. De fato, um indício de que uma pessoa se está sentindo angustiada e a entrar num estado de apatia e desesperança é quando fica demasiado quieta, desligada e cabisbaixa. Esse silêncio faz-se ouvir bem alto, e geralmente a mensagem é, por exemplo: “Eu não vou arriscar que você me machuque mais do que já estou, não quero falar mais no assunto”. Pelo contrário, é também possível que a pessoa possa tornar-se subitamente inquieta, agitada, ou hiperativa, tentando por meio de mais atividade distrair-se do sofrimento das suas palavras ou comportamento (ainda que inadvertidamente) isso lhe continue a causar sofrimento. Pode ainda inesperadamente perder o apetite, ou começar a comer vorazmente para mascarar os seus sentimentos negativos e dor emocional. E assim por diante. Afinal, temos à nossa disposição todo o tipo de defesas para nos proteger, mas algumas delas na verdade inflamam ainda mais essa dor.

AS MUITAS VARIEDADES DE DOR EMOCIONAL

Antes de prosseguir, vou resumir a grande maioria das diferentes experiências associados à experiência de dor emocional. Embora a lista abaixo não pretenda ser exaustiva, é provável que inclua a maioria dos pressupostos de autorreferência ou interpretações que levam à dor emocional e consequente abertura de feridas emocionais. Todos esses itens estão relacionados aos sentimentos, ou a sentimentos que o façam sentir:
§  Indigno ou inútil
§  Desaprovação, invalidado, ou rejeitado
§  Não ser ouvido ou compreendido
§  Como uma não entidade ou invisível
§  Preterido, não ser alvo de amor
§  Insultado, desprezado, desrespeitado, desvalorizado, não ser levado em consideração
§  Agredido, aproveitado, traído
§  Inadequado, defeituoso, incompetente, um passo atrás, inferior ou menosprezado, inaceitável
§  Lento, estúpido, tolo, desprezível
§  Desonroso ou covarde
§  Constrangido ou humilhado
§  Fraco, indefeso
§  Indigno de tempo, atenção ou reconhecimento
§  Como um fracasso, “perdedor”
§  Culpado, vergonhoso, ou uma má pessoa

PORQUE ESCONDEMOS OS SENTIMENTOS FERIDOS

Há muitas razões diferentes que podem justificar a atitude de esconder ou disfarçar a dor emocional. Esta atitude pode estar enraizada em crenças negativas sobre nós mesmos, evocada por uma determinada pessoa ou situação. Facilmente podemos entender que  mostrar o nosso estado emocional mais abatido a uma pessoa desconhecida ou que contatamos pouco, não seja benéfico nem adequado. Mas, na grande maioria das vezes a atitude de “esconder” os estados de humor incapacitantes e emissores de dor emocional tem a ver com o medo induzido, mesmo com pessoas dos nosso circulo afetivo.
Talvez o peso maior seja atribuído à tendência para esconder das pessoas a nossa fragilidade emocional, com medo que a exposição nos faça sentir fracos e impotentes. Assumimos que ao revelar a nossa dor emocional estaríamos a expor a nossa suscetibilidade aos sentimentos negativos e, portanto, definirmo-nos como tendo pouco controle sobre a situação e consequentemente sobre nós mesmos. É como se ao “expor” a nossa dor emocional estivéssemos também a perder o nosso poder pessoal, como se fossem olhar para nós com pena, depreciação e desdém.


DIFERENÇAS DE GÉNERO

Há provavelmente algumas diferenças de género também. Os homens, por exemplo, são particularmente susceptíveis no evitamento e divulgação da dor emocional por medo de que isso possa comprometer a sua percepção de masculinidade. E, na verdade eles podem ter sido gozados quando eram crianças por choramingarem, chorarem, ou queixarem-se. Provavelmente alguns ouviram palavras do género:  “maricas”, “covarde”, “fracote”, por vezes este tipo de categorizações deixa marcas que são transportadas para a idade adulta, afetando a forma como gerem as emoções no seu dia a dia. Nesses casos, torna-se uma questão de orgulho pessoal de não deixar que os outros saibam o que carregam dentro de si, como se fosse um “ponto fraco” bastante suscetível às palavras e ações dos outros. Muitas destas pessoas esforçam-se por não mostrar as suas emoções, mantendo um lábio superior duro, e sob nenhuma circunstância expor o seu lado terno, “reforça a sua fortaleza”, mantém  resguardada a sua”espinha dorsal”, uma força masculina essencial.
As mulheres, por outro lado, são muito mais propensas a preocuparem-se com a expressão da sua angústia emocional, podendo levar a que sejam interpretadas como demasiado sensíveis (particularmente pelo seu parceiro). Para examinar um outro aspeto desta situação lamentável, os homens frequentemente reagem às lágrimas da sua parceira com desconforto considerável, e por vezes com alguma hostilidade. Ainda que inconscientemente, a explosão emocional do seu parceiro faça com que se sintam culpadas, ou pelo menos responsáveis.
Independente das nossas primeiras experiências, a maioria de nós preocupa-se com o fato de que revelar os sentimentos de mágoa ou dor emocional pode levar os outros a reagir negativamente. E, certamente não queremos correr o risco de mostrarmos algum tipo de vulnerabilidade ou sensibilidade mal interpretada. Nem queremos ser vistos como infantis, ou na pior das hipóteses, patéticos, porque pelo menos aparentemente iríamos demonstrar ter  perdido o controle sobre as nossas emoções. É, no entanto importante realçar que faz sentido, e às vezes pode ser imperativo para evitar a exposição de vulnerabilidade emocional em diversas situações profissionais.
Talvez a ironia final em tudo isso é que, culturalmente, é considerado positivo e de grande valor conseguir inibir as emoções mas ternas. Não mostrar vulnerabilidade é tipicamente visto como uma força, uma “demonstração” de caráter. Mas na realidade, os principais motivos para esconder as nossas emoções são (como já indicado) baseados no medo. Podemos ficar com medo de parecer fracos ou suscetíveis aos outros. Paradoxalmente, porém, sem vergonha, divulgar a nossa vulnerabilidade pode realmente ser uma declaração pessoal deliberada de sensibilidade e de coragem. Aprofundei este assunto no artigo: 007 Permissão para ser humano.

ENTÃO, O QUE PODE SER FEITO?

Parece existir um impulso natural para escondermos a nossa dor emocional das outras pessoas. E, ainda que isso possa ser benéfico em determinadas situações ou ambientes, generalizar para todas as áreas da vida pode ser prejudicial. Por exemplo, se não deixa que os outros saibam que o que eles disseram magoou-o, eles estão propensos a continuar a fazer exatamente o que fizeram, continuando a magoá-lo. Tipicamente, a principal causa dos outros infligirem dor emocional em nós, deve-se à baixa sensibilidade ou consciência para perceberem a nossa vulnerabilidade emocional. O mesmo pode acontecer de nós para os outros. Talvez, nem sempre, mas na maioria das vezes os nosso motivos ou os dos outros não são maus ou vingativos.
Consequentemente, se nós realmente queremos fazer os outros mais sintonizados com a nossa vulnerabilidade emocional, precisamos manifestar e expressar fisicamente e verbalmente os nossos sentimentos. Finalmente, não podemos mais culpar os outros pela sua insensibilidade em relação a nós. O seu nível de sensibilidade corresponde ao seu estado de desenvolvimento atual. E assim, em última análise, é nossa responsabilidade ajudá-los a tornarem-se mais conscientes e sensíveis aos nossos sentimentos. Se não estivermos dispostos a praticar a honestidade emocional e revelar a nossa vulnerabilidade, os outros nunca podem ser capazes de cultivar a empatia e apoio que desejamos deles. Sem dúvida, se nós queremos que os outros façam todos os esforços para compreender melhor o nosso estado emocional, eles precisam do nosso feedback e orientação, muito mais do que remetermo-nos ao silêncio ou chantagem emocional.
Ainda assim, a menos que sejamos capazes de desenvolver uma elevada consciência emocional e consequente força emocional, na ausência de garantia externa ou reconfortante sobre a expressão das nossas emoções a outras pessoas, provavelmente pode não ser sustentável para nós, voluntariamente divulgar os nossos sentimentos. Para expressarmos a nossa dor emocional, sem cairmos numa mentalidade de vítima, é absolutamente fundamental e determinante que estejamos cientes e firmes que temos dentro de nós tenacidade mental que nos permite expressar sentimentos dolorosos de forma segura.
Certifique-se que reteve a noção de que:
§  Os sentimentos e emoções dolorosas são uma parte essencial de quem somos.
§  Expressar a dor emocional e consequentes emoções não nos vitimiza, a não ser que nos deixemos afetar pela reação dos outros.
§  Estamos agora capazes de considerar os nossos sentimentos como válidos, independentemente de qualquer resposta de outra pessoa.
Abraço.

AUTOR MIGUEL LUCAS

Licenciado em Psicologia, exerce em clínica privada. É também preparador mental de atletas e equipas desportivas, treinador de atletismo e formador na área do rendimento desportivo.




Tenho um verso na mão direita
E na esquerda meu coração.

Newto Navarro, poeta potiguar
AUSÊNCIA

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda do que a tua.

Sophia de Mello Breyner Andresen.


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Rosalba terá em 2014 maior desafio da trajetória pública: superar “lanternas”

E reverter condição de pior governadora do Brasil em 2013, melhorar intenções de voto e sair da última posição entre governadoráveis

Por: Gutemberg Moura
A governadora Rosalba Ciarlini começa o ano de 2014 com a missão de superar o maior desafio político de sua vida pública, desde que se elegeu prefeita de Mossoró, pela primeira vez, em 1988: reverter o desgaste popular, melhorar a pífia intenção de voto e emplacar a reeleição para o segundo mandato.
Rosalba inicia 2014 como terminou 2013, segurando duas “lanternas”: pior governadora do Brasil na avaliação do Ibope e na última posição nas intenções de voto entre os governadoráveis".

Assim, o momento político-administrativo da "Rosa" é bem "negro".
De acordo com o Ibope, Rosalba é a pior governadora do Brasil, ocupando o último lugar entre os 27 gestores estaduais. A reprovação do governo dela chega a 74% dos potiguares (péssimo e ruim).  Agregados os 17% no quesito"regular", o cenário contrário à governadora torna-se ainda pior.
Apenas 7% “aprovam” a gestão dela.

Quando o assunto é intenção de voto, uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Consult mostra Rosalba na "rabeira" entre os governadoráveis, com até 4% na citação dos eleitores.
De acordo com a Consult, se as eleições fossem hoje, Rosalba Ciarlini perderia o pleito para qualquer os nomes incluídos na pesquisa...Wilma, Fernando Bezerra, Garibaldi, Mineiro, Henrique, Robinson...
Agora, se esse cenário desfavorável é o “fim” de linha para a governadora do RN, ainda é cedo para se afirmar, até porque a política brasileira é uma “caixa de surpresas”. Uma composição partidária favorável, um adversário franco, uma oposição dividida poderiam resgatar Rosalba das cinzas.
Difícil, é. Impossível, jamais. Penso EU!!!

Fonte: http://www.gutembergmoura.com.br/

Do blo de Juscelino França

Teodorico, Imperador do Sertão (Eduardo Coutinho - 1978)



Uma estória de Teodorico

Por Fernando Caldas

Teodorico Bezerra (1903-1994) foi um influente político brasileiro, natural de Santa Cruz/RN, proprietário rural no município de Tangará – Fazenda Uirapuru, localizada na microregião da Borborema Potiguar. Figura espirituosa. As suas citações sábias, os seus conceitos, as suas estórias pitorescas, os seus ensinamentos são incontáveis e estão catalogadas no dicionário folclórico potiguar. Por sinal, a TV Globo, em 1978, produziu um documentário sobre ele intitulado de Teodorico, o Imperador do sertão, que foi um sucesso no país inteiro. Teodorico foi deputado estadual por várias legislaturas pelo PSD e por outras agremiações partidárias, além de grande pecuarista e hoteleiro. Ele teve o privilégio de gozar intimamente da amizade de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, dentre outros da política brasileira. Ele chegou a se lançar, com o apoio de JK, candidato ao governo da terra potiguar (Teodorico 65, era a sua logomarca de campanha). Pois bem, em Natal, Teodorico era o locatário de um imóvel de propriedade do Governo do Estado, no bairro da Ribeira, onde atualmente funciona o Poder Judiciário de Pequenas Causas, onde ele explorava um hotel denominado de Grande Hotel que chegou a ser o melhor, nos anos quarenta (época da Segunda Grande Guerra) e cinquenta, de Natal. Ele era amado pelos seus correligionários e odiado pelos seus adversários políticos que propagavam que ele pagava a título de locação do referido imóvel, um valor irrisório. Certo dia, alguém lhe perguntou: Major Teodorico (título que ele tinha da Guarda Nacional e como era mais conhecido), quanto o senhor paga pelo aluguel do prédio onde funcional o Grande Hotel: Foi taxativo e matreiro: Eu pago o valor que o governo do estado me cobra. E papo encerrado. 

Fernando Caldas

Vejamos acima, o vídeo Teodorico, o imperador do sertão, onde também podemos conferir um pouco dos costumes e tradições do povo do sertão potiguar:

ALUGUEL IRRISÓRIO

Uma estória de Theodorico

Theodorico Bezerra (1903-1994) foi um influente político brasileiro, natural de Santa Cruz/RN, proprietário rural no município de Tangará – Fazenda Uirapuru. Figura espirituosa. As suas citações sábias, os seus conceitos, as suas estórias pitorescas, os seus ensinamentos são incontáveis e estão catalogadas no dicionário folclórico potiguar. Por sinal, a TV Globo, no início dos anos setenta, produziu um documentário sobre ele intitulado de Theodorico, o Imperador do sertão, que foi um sucesso no país inteiro. Theodorico foi deputado estadual por várias legislaturas pelo PSD e por outras agremiações partidárias, além de grande pecuarista e hoteleiro. Ele teve o privilégio de gozar intimamente da amizade de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, dentre outros da política brasileira. Ele chegou a lançar-se com o apoio de JK, candidato ao governo da terra potiguar (Theodorico 65, era a sua logomarca de campanha). Pois bem, em Natal, Theodorico era o locatário de um imóvel de propriedade do Governo do Estado, no bairro da Ribeira, onde atualmente funciona o Poder Judiciário de Pequenas Causas, onde ele explorava um hotel denominado de Grande Hotel que chegou a ser o melhor, nos anos quarenta (época da Segunda Grande Guerra) e cinquenta, de Natal. Ele era amado e odiado também pelos seus adversários políticos que propagavam que ele pagava a título de locação do referido imóvel, um valor irrisório. Certo dia, alguém lhe perguntou: Major Theodorico (título que ele tinha da Guarda Nacional e como era mais conhecido), quanto o senhor paga pelo aluguel do prédio onde funcional o Grande Hotel: Foi taxativo e matreiro: Eu pago o valor que o governo do estado me cobra. E papo encerrado. 

Em tempo: Certa vez, Theodorico mesmo com aquela toda sua sabedoria, fora infeliz quando o poeta matuto do Assu já consagrado nacionalmente chamado Renato Caldas ofereceu a ele, Theodorico, um livro de sua autoria intitulado de "Fulô do Mato". Como agradecimento, Theodorico chamou Renato de Vagabundo. Renato, calado ficou, não guardou mágoas, nem ressentimentos, porém não esqueceu. Dias depois daquele ocorrido, escreveu:

Eu conheci Theodorico,
Quando lavava penico
No hotel de dona Danona.
Hoje é rico, é potentado.
É major, é deputado.
Oh sorte velha sacana!

Fernando Caldas
"Você pode fechar os seus olhos para as coisas que não quer ver, mas não pode fechar o seu coração para as coisas que não quer sentir."

William Shakespeare —

De: Permita-se
Você já traçou suas metas para o próximo ano? O PSC já! E semana que vem dividiremos algumas com vocês. Aguardem!

FRASES FAMOSAS DE POLÍTICOS: SÓ PRA COMEÇAR O ANO ELEITORAL

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“Político honesto é aquele que, depois de comprado, permanece comprado.” (Simon Cameron)
“Devia existir uma lei que obrigasse político e família de político a só estudar em escola pública e só se tratar em hospital público. Eu não dava um ano para estar tudo uma maravilha.” (Lauro Padilha)
“Políticos e fraldas têm uma coisa em comum. Precisam ser trocados regularmente e pela mesma razão.” (Paulo Langrov)
“Amar o povo é fácil. O difícil é amar o próximo.” (Henry Ford)
“Se me virem dançando com uma mulher feia é porque a campanha já começou.” (Juscelino Kubitschek)
“Neste ano vamos votar nas prostitutas, porque votar nos filhos não resolveu.” (Carlos E.Medeiros)
“As pessoas nunca mentem tanto quanto depois de uma caçada, durante uma guerra ou antes de uma eleição.” (Otto von Bismark)
“O contribuinte é o único cidadão que trabalha pro governo sem ter de prestar concurso.” (Ronald Reagan)
“Em política é preciso curar os males e nunca vingá-los.” (Napoleão Bonaparte)
“Em política os remédios brandos agravam freqüentes vezes os males e os tornam incuráveis.” (Marquês de Maricá)
“Em política, as experiências significam revolução.” (Benjamim Disraeli)
“Em política, nada é desprezível.” (Benjamim Disraeli)”
Em política, o importante não é ter razão, mas que a dêem a alguém.” (Konrad Adenauer)
“Em política, o que começa com o medo acaba, geralmente, com a loucura.” (Samuel Taylor Coleridge)
“Em política, o que não é possível é falso.” (Antonio Cánovas del Castillo)
“Em política, sempre é preciso deixar um osso para a oposição roer.” (Joseph Joubert)
“Encontrou-se, em boa política, o segredo de fazer morrer de fome aqueles que, cultivando a terra, fazem viver os outros.” (Voltaire)
“Errar é humano. Culpar outra pessoa é política.” (Hubert H. Humpherey)
“Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive para a política ou se vive da política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática.” (Max Weber)
“Na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem.” (Victor Lasky)
“Na política, a verdade deve esperar o momento em que todos precisem dela.” (Bjornstjerne Bjornson)
“Na política, os ódios comuns são a base das alianças. ” (Alexis de Tocqueville)
“Nada é tão admirável em política quanto uma memória curta.” (John Kenneth Galbraith)
“Os homens hão de aprender que a política não é a moral e que se ocupa apenas do que é oportuno.” (Henry David Thoreau)
“Política é como nuvem. Você olha e ela esta de um jeito. Olha de novo e ela já mudou.” (Magalhães Pinto)
“Política é como o show business: você tem uma estréia fantástica, desliza por algum tempo e acaba num inferno.” (Ronald Reagan)
“Política é quase tão excitante quanto a guerra, e quase tão perigosa. Na guerra, você só pode ser morto uma vez, mas, em política, muitas vezes. ” (Sir Winston Churchill)
“Quem não se ocupa de política já tomou a decisão política de que gostaria de se ter poupado: serve o partido dominante.” (Max Frisch)
“São poucos os políticos que sabem fazer política. Mas, quando um intelectual tenta entrar nesse meio, então é o fim do mundo.” (Jorge Luis Borges)
“Talvez, para purificar a política, bastasse admitir à Câmara apenas gagos.” (Louis Latzarus)
“Toda a política do governo é cercar-se de garantias para se manter no poder.” (Adão Myszak)
“Todos os segredos da política consistem em mentir a propósito.” (Jeanne Pompadour)
“Um jovem promissor deveria ingressar na política para assim poder continuar prometendo por toda a vida! (Robert Byrne)
“Uma guerra política é aquela em que todos atiram pelos lábios.” (Raymond Moley)
“Vencer na política não é tudo: é a única coisa.” (Richard Nixon)
Como se pode governar um país que tem 246 espécies de queijo? (Charles de Gaulle)
Se governar fosse fácil, não seriam necessários espíritos iluminados. (Bertold Brecht)
Toda força será fraca, se não estiver unida.(La Fontaine)
Fi-lo porque qui-lo. (E ele já havia sido professor de português…) (Jânio da Silva Quadros)
Só confio nas estatísticas que manipulei. (Winston Churchill)
Raramente começa a corrupção pelo povo. (Montesquieu)
Unidos ficamos de pé. Divididos, caímos. (J. Dickinson.
Todas as frases citadas acima foram pesquisadas e conferidas.
REGIStrando

De:  Assu Antigo E QUEM SE LEMBRA DA FORMAÇÃO DO GRUPO DOS 11, DO ASSU Era 1963, tempo efervescebte no Brasil, o presidente João Goulart (Ja...