segunda-feira, 27 de junho de 2016

1876 – QUANDO UMA DESESPERADA MENSAGEM CHEGOU DENTRO DE UMA GARRAFA NA PRAIA DE MURIÚ


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Típica garrafa inglesa do final do século XIX com uma mensagem.

Autor – Rostand Medeiros
Em um tempo quando o mar não trazia tanto lixo para a terra e um vasilhame de vidro usado tinha certo valor comercial, a beira mar da bela praia potiguar de Muriú alguém encontrou uma garrafa que continha uma mensagem com um conteúdo diferente[1].
É quase certo que quem a encontrou, em fins de novembro de 1876, não tinha a menor ideia do que ali estava escrito, já que nessa época grande parte dos norte-rio-grandenses era analfabeta.
É provável, como seria normal deduzir, que a pessoa que realizou este achado fosse um pescador, mas talvez não! Apesar da comunidade de Muriú já existir[2], a beira mar era uma ótima alternativa como via de circulação de pessoas montadas em alimárias, em carroças, ou até mesmo a pé[3].

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Praia de Muriú na atualidade. Local aprazivel, ainda com uma comunidade de pescadores, visitado por milhares de turistas que circulam pelo local no passeio de buggys e ótima praia de veraneio – Fonte – http://www.praiasdenatal.com.br/praia-de-muriu/

Fosse uma pessoa livre, ou um escravo que sofria nos engenhos de cana de açúcar da região de Ceará Mirim, é provável que esta pessoa tenha levado aquela garrafa com sua mensagem para ser lida por alguém mais instruído. Naqueles tempos anteriores a criação de comunicação, a descoberta deste tipo de mensagem requeria atenção e normalmente era encaminhada a autoridades.
Sabemos que o objeto chegou lacrado no litoral, provavelmente com betume utilizado para calafetar embarcações[4], mas não sabemos se ela foi aberta antes de percorrer as cinco léguas de distância que separavam Muriú da pequena Natal, que neste tempo tinha superado pouco mais de 20.000 habitantes[5].
Letras Desesperadas
Acredito que na capital potiguar a mensagem e a garrafa foram encaminhadas as autoridades portuárias e alfandegárias, onde certamente haveria algum funcionário afeito ao idioma bretão, pois não era incomum a presença de barcos ingleses no porto da Cidade dos Reis.
Após aberto o recipiente surgiu uma mensagem que foi publicada na íntegra pelo pouco conhecido jornal natalense O Atalaia, na sua edição de 2 de dezembro de 1876, na página três, conforme reproduzimos na fotografia abaixo[6].
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Em 29 de setembro daquele ano um tripulante, ou passageiro, escreveu que estava a bordo de um barco inglês, que os jornalistas potiguares designaram como “galera”, e que se chamava Collingrone. Este barco aparentemente se encontrava na costa sudoeste da África (ou “suéste”, como está descrito no texto original)[7].
Quem escreveu narrou que um “Máo tempo” tinha destruído a vela bujarrona e outras velas do barco. Mais grave ainda era a informação que quatro pessoas a bordo já tinham perecido “pela febre”.
Em meio a este cenário um tanto caótico, em um texto onde a desesperança e o medo são claros, a mensagem encontrada em Muriú é bem direta ao apontar a objetiva finalidade do autor – Que alguém que por ventura encontrasse a missiva, a destinasse para a mãe de quem escreveu. A destinatária seria a esposa de Mr. John Bryce, que vivia na Fountain House, na pequena cidade de Loanhead, próximo a Edimburgo, a capital da Escócia[9].

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Dia festivo em Loanhead, Escócia, 1879 – Fonte –http://lothianlives.org.uk/category/photographs/

Pesquisando na internet descobri que Loanhead possui na sua área algumas localidades e casas históricas que utilizam a denominação “Fountain” (Fonte), mas não especificamente algum ponto conhecido como “Fountain House” (Casa da Fonte).
Ao pesquisar algo sobre um certo John Bryce, ou sua esposa, que viviam em Loanhead na metade da década de 1870, esbarrei em um verdadeiro paredão de nomes similares, que só me levavam a becos sem saída.
Como a edição do periódico O Atalaia, conforme podemos ver na foto aqui mostrada, nada mais trazia de informações sobre o tema eu fui procurar em outros jornais da época. Infelizmente nada encontrei no material arquivado na hemeroteca do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, ou nos jornais potiguares digitalizados e disponíveis a Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional.
A história toda era muito limitada e necessitava de novas pesquisas para responder a vários questionamentos. Tais como a natureza deste veleiro e quem escreveu a mensagem? Qual a nacionalidade do barco? Qual era sua rota marítima? O que aconteceu com esta nave e o autor da mensagem? 
Mastros que poderiam chegar a alturas de um prédio de vinte andares
Pessoalmente eu tenho uma grande admiração pela Grã-Bretanha, principalmente pelo prazer que os súditos da Rainha Elizabeth II têm pela sua história e pelo intenso esforço que instituições britânicas fazem para democratizar preciosas informações históricas guardadas em seus arquivos através da internet. Assim, sem maiores contratempos, é possível acessar os arquivos do Lloyd Register, uma organização de classificação marítima que remonta a 1760[10].

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O clipper Collingrove – Fonte – collections.slsa.sa.gov.au

Mas ao pesquisar neste arquivo altamente acurado não encontrei nenhuma referência sobre algum veleiro denominado Collingrone, registrado na Inglaterra e que navegava na década de 1870. Mas sempre esbarrava na referência de um grande clipper denominadoCollingrove. E comecei a suspeitar que 140 anos atrás os membros da redação de O Atalaia haviam reproduzido equivocadamente o nome do barco.
Collingrove era uma embarcação do tipo clipper, foi construído em 1869 pelo estaleiro de Sir James Laing & Sons Ltd., em Deptford Yard, na cidade de Sunderland, Nordeste da Inglaterra. Tinha 861 toneladas brutas, 181,4 metros de comprimento, 33,5 de largura e foi registrado em Londres início dos anos 1870 para a empresa de navegação A. L. Elder & Co.
O barco estava envolvido no comércio de carga e transporte de imigrantes entre a Inglaterra e o sul da Austrália, se destinando principalmente para a cidade de Port Adelaide e retornando a Londres. Podia transportar 75 passageiros e carga geral.

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Outra imagem do Collingrove – Fonte – collections.slsa.sa.gov.au

O clipper Collingrove fazia parte de uma classe de barcos que marcou época, sendo os mais rápidos, elegantes e imponentes veleiros desenvolvidos no século XIX. Estas belas naves começaram a ser construídos a partir da década de 1830 e várias qualidades definiram a história deste tipo de veleiro. Um clipper era tecnicamente um navio com três mastros, que possuía uma grande extensão de velas quadradas, muito rentável em longas distâncias e que desenvolviam alta velocidade. Com mastros que poderiam chegar a serem tão altos quanto um prédio de vinte andares, linhas de casco longas, combinados ao enorme poder de condução das velas, fazia com que a maioria deles percorressem 250 milhas náuticas em um único dia. Os melhores atingiam velocidades que cobriam 400 milhas por dia.

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Um típico clipper, mostrando toda sua imponência e elegância – Fonte –http://www.oilpaintingsframes.com

Já o Collingrove era considerado um barco muito regular e seguro. Relatos apontam que seu tempo mais rápido entre Londres e Port Adelaide foi de 65 dias e os mais lentos 85, com uma média de 74 dias por viagem. Era comum nestas grandes viagens que os clippers seguissem com um médico a bordo para atender os passageiros e não era incomum haver em alguns destes barcos uma vaca para fornecer leite fresco. Como tempo de viagem era longo, sem escalas, era normal o incentivo para que os passageiros que tinham algum dom artístico, realizassem apresentações. 
Medo de Viajante
Descobri através dos arquivos do Collingrove que em 1876 o seu comandante, ou Mestre, como os ingleses designavam, era H. Angel, um veterano navegador, sem máculas em sua ficha e com extrema capacidade profissional.

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Nota de jornal mostrando uma das partidas do Collingrove em 1876.

Aparentemente o que a carta na garrafa significou foi apenas o medo de uma pessoa pouco experiente com viagens marítimas, em meio a uma tempestade que danificou, mas não afundou o Collingrove.Certamente esta pessoa também estava extremamente estressada diante das mortes em decorrência de uma febre em um ambiente limitado, em um tempo onde as pessoas pouco compreendiam a possibilidade de contrair esse tipo de doença.
Infelizmente nada encontrei que apontasse que no final de 1876 este barco tenha se envolvido em uma tempestade que o deixou com danos de tal ordem que significasse um perigo real de afundamento e nada sobre mortes provocadas por um surto de febre.

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O clipper Collingrove anhcorado na Austrália – Fonte – collections.slsa.sa.gov.au

Como notas finais desta história marítima posso comentar que oCollingrove  continuou navegando por mais 24 anos sem maiores alterações, até ser vendido no ano de 1900 em Xangai.
Já o experiente comandante H. Angel, em outro barco da empresa A. L. Elder & Co., comandou  o mais famoso dos tripulantes de barcos clipper. Este foi o imigrante polonês chamado Józef Teodor Konrad Korzeniowski, que na Inglaterra passou a ser conhecido como Joseph Conrad.

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O escritor Joseph Conrad. Por conta de sua experiência de trabalho em clippers, muitas das suas obras centram-se em marinheiros e no mar.

Considerado um dos maiores romancistas a escrever no idioma inglês, foi um mestre da prosa que trouxe uma sensibilidade diferenciada para literatura inglesa. Nas suas obras Conrad escreveu contos e romances, muito destes baseados na sua larga experiência náutica, enquanto explorava profundamente a psicologia humana, retratando através de ensaios um universo impassível, inescrutável.
Um visitante regular para Port Adelaide a partir do momento que ela foi construída até o final de 1890.
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FONTES NA INTERNET 

NOTAS
[1] Enviar garrafas com mensagens pelo mar não é nada recente na história da humanidade. o primeiro registro de uma mensagem lançada ao mar foi realizado pelo filósofo grego Theophrastus que, por volta de 310 a.C. jogou garrafas ao Mar Mediterrâneo para tentar provar que as águas deste mar eram formadas por um fluxo que vinha do Mar Atlântico. Este pensador é considerado o sucessor imediato de Aristóteles, por quem foi nomeado como sucessor e guardião de toda a biblioteca de seu mentor! Sobre este tema ver –http://tcmuseum.org/collections/message-in-a-bottle/
[2] Nesta época Muriú já tinha um quadro populacional que necessitava de uma escola primária. Nas páginas 45 e 46 da Coleção de Leis Provinciais do Rio Grande do Norte para os anos de 1872 e 1873, encontramos a Lei nº 667, sancionada pelo então Presidente da Província João Bandeira de Mello Filho, em um exemplar existente na biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, se lê no seu Artigo 1º que “Ficam criadas cinco cadeiras de instrução primaria para o sexo masculino nossa lugares Muriú e Capela, do município de Ceara Mirim, Poço Limpo, do Natal, Laranjeiras, do de São José de Mipibu, e praia do Tibau, do de Goianinha”. Vale frisar que grande parte das comunidades de pescadores que conhecemos hoje entre a capital potiguar e a cidade litorânea de Touros também já existiam.
[3] Em 25 de maio de 2016, junto com o pesquisador argentino, radicado em Natal, German Zaunseder, ao realizar uma pesquisa sobre a chegada de um grupo de náufragos ingleses na cidade litorânea de Rio do Fogo em 1941, entrevistamos o Sr. Miguel Alves de Souza, nascido nesta comunidade em 18 de setembro de 1921. Sobre a carência de estradas e transportes para as comunidades do litoral potiguar, ele comentou que até sua juventude era normal as pessoas da localidade seguirem principalmente em barcos Natal. Mas não era incomum que muitos realizassem este trajeto pela beira mar em lombo de animais e até mesmo a pé. 
[4] Popularmente conhecido como piche, é uma mistura líquida de alta viscosidade, cor escura e inflamável. É formada por compostos químicos (hidrocarbonetos), e que pode tanto ocorrer na natureza como ser obtido artificialmente, em processo de destilação do petróleo. Produto conhecido desde a Antiguidade é considerado uma das melhores opções para acabamento e calafetagem para impedir vazamentos de cascos de barcos de madeira. Ver –http://lojadoimper.blogspot.com.br/2014/11/primeira-referencia-sobre.html
[5] A população de Natal em 1876 se equivaleria atualmente ao do município de Monte Alegre. Ver –https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_municípios_do_Rio_Grande_do_Norte_por_população . Sobre números da população de Natal ao longo de sua história ver – http://www.webcitation.org/6OL6BlLnX
[6] O jornal O Atalaia era um jornal de apenas quatro páginas, publicado duas vezes por mês, sendo apresentado como “Literário, crítico, noticioso e dedicado aos interesses da liberdade, igualdade e do progresso”. Tinha a sua sede era na Rua Correia Telles, número 29, Ribeira e era impresso na tipografia Independência, na Rua Santo Antônio. Só encontrei apenas um exemplar deste jornal, disponível nos jornais potiguares digitalizados e disponíveis a Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional.
[7] É possível que este barco não estivesse tão próximo da costa africana. Pois a garrafa teria sido lançada ao mar em 29 de setembro de 1876 e chegou à praia de Muriú cerca de um mês após.
[9] Na atualidade Loanhead é uma pequena comuna onde habitam pouco menos de 7.000 escoceses e fica localizada a cerca de dez quilômetros ao sul da dinâmica cidade de Edimburgo. Verhttps://en.wikipedia.org/wiki/Loanhead
[10] Para pesquisar sobre antigos barcos nos registros do Lloyds, acesse http://www.lrfoundation.org.uk/public_education/reference-library/register-of-ships-online/

Alcymar Monteiro, Canta Colo e cafuné..wmv

sábado, 25 de junho de 2016

Parei, cansei de beber
- A minha idade requer...
Também cansei de viver,
Mas, a morte não me quer,

Renato Caldas

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Meu São João

Seis horas da tarde...
arde
em mim, a fogueira da ausência...
nostalgia!
A noite se debruça
nos escombros do dia.
- Evocação -
O sol vermelho cor de brasa,
desce, e a porta de sua casa,
acende uma fogueira a São João.

Renato Caldas, poeta potiguar

ASSUENSE ESTARÁ ENTRE OS 25 POETAS QUE PRESTARÃO HOMENAGENS AOS 70 ANOS DE MARIA BETHÂNIA

Compartilho com os leitores um "bilhetinho" enviado pelo meu amigo Edivan Bezerra informando de que um de seus trabalhos foi selecionado para homenagear a famosa cantora e compositora baianaMaria Bethânia Vianna Telles Velloso - conhecida por Maria Bethânia. Vejam:

Bom Dia Ivan. Como estás?

Bom, com alegria devido com vc a noticia de que no último dia 10 de junho tive a poesia DOM:VOZ selecionada para compor livro em homenagem aos 70 anos de Maria Bethânia. Para mim um grande feito diante a mais de 5000 inscritas de todo Pais para ficar entre apenas vinte e cinco.

Em breve teremos o lançamento do Livro intitulado: POESIAS PARA MARIA. Uma iniciativa do FAN PAGE OS QUINTAIS DE MARIA, contou com a participação de um júri de peso, entre eles estava a escritora e irmã de Bethânia Mabel Veloso.

Visite a página no face OS QUINTAIS DE MARIA e confira!

Assim que liberada para divulgação te envio a poesia. Estamos aguardando agenda da mesma que virá entregar premiação em grande evento.

Saudades,

Edivan Bezerra.

INFORMO-LHE, TAMBÉM, QUE NA LEGENDA ESTÁ EDIVAN BEZERRA DA SILVA - CATU, HAJA VISTO NO ATO DA INSCRIÇÃO TER SIDO SOLICITADO COMPROVANTE DE RESIDÊNCIA, PORÉM A BIOGRAFIA É GENUINAMENTE POTIGUAR.
*-*
Eita cabra bom. Esse é daqueles que levam e elevam o nome da nossa querida Assu além fronteiras. Sucesso amigo! Parabéns!!!!
George Soares expressa saudade do seu avô, Edgard Montenegro
O deputado estadual George Soares (PR) expressou, através de suas redes sociais, a saudade do seu avô, o ‘Comandante’ e grande liderança política do Assu, Edgard Borges Montenegro, que completaria 96 anos de idade neste dia 22 de junho, caso estivesse vivo.

O parlamentar escreveu: "Hoje seria aniversário do meu avô, padrinho e comandante Edgard Borges Montenegro. Grande liderança política do Assu e do Vale. Pai, amigo e líder. Uma grande saudade!"

quarta-feira, 22 de junho de 2016

humildade agora, deputado?


Bolsonaro: decisão do STF sobre incitação ao estupro fere imunidade parlamentar

Iolando Lourenço - Repórter da Agência Brasil


Deputado Jair Bolsonaro fala com a imprensa após ter virado réu no STF pela declaração de que "não estupraria Maria do Rosário porque ela não merece" Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) disse hoje (21) que a decisão do Supremo Tribunal Federal de aceitar denúncia contra ele por incitação ao crime de estupro por discurso proferido em 2014 fere a imunidade parlamentar.
No dia 9 de dezembro de 2014, em discurso no plenário da Câmara, Bolsonaro disse que só não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". No dia seguinte, o parlamentar repetiu a declaração em entrevista ao jornal Zero Hora.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e queixa-crime da deputada Maria do Rosário. Com a decisão, o deputado passou à condição de réu por incitação ao crime de estupro e por injúria.
Para Bolsonaro, a decisão do STF é uma sinalização de que a imunidade parlamentar por palavras, opinião e voto "não é mais absoluta". Segundo ele, o episódio que levou ao inquérito teve origem em 2003, em uma discussão em que Maria do Rosário o teria chamado de estuprador.
Na época, segundo Bolsonaro, ele não entrou com ação contra a deputada por acreditar "na imunidade [parlamentar] por palavra, opinião e voto".
Durante entrevista para comentar a decisão do Supremo, o deputado fez um apelo aos ministros da Corte. "Eu apelo humildemente aos ministros dos STF que votaram para abrir o processo para não me condenar, que reflitam sobre esse caso, não só a questão da imunidade aqui [no Congresso], bem como onde eu estou", disse. "A partir de agora, nossa imunidade material não seria mais absoluta. Foi uma briga que aconteceu em 2003 nesse Salão Verde e chegou a esse ponto."

terça-feira, 21 de junho de 2016

7 BRINQUEDOS INVENTADOS NO RIO GRANDE DO NORTE [ALGUNS VOCÊ NÃO CONHECIA]

Você já viu um soldadinho de castanha de caju? E uma boneca de sabugo de milho? Ou quem sabe um jogo de sinuca de bilocas (bola de gude para uns)?
Pois saiba que mais de 300 desses brinquedos estão em um incrível museu de brinquedos [e acessórios e jogos] feitos à mão de Natal chamado “Museu do Brinquedo Popular”, bem no centro da cidade. Tudo produto da criatividade impressionante dos moradores de 48 municípios espalhados nas zonas rurais e urbanas do Rio Grande do Norte.
Em reportagem de 2010 da Tribuna do Norte, o diretor do campus e coordenador do Núcleo de Estudos Culturais da Ludicidade infantil – NECLI, do qual faz parte o museu, Lerson Fernando, disse que o museu é o único com esta temática no Brasil, e que, apesar de existirem outros museus de brinquedos no país, nenhum dele possui artigos populares como este.
Lerson disse ainda que deseja um museu interativo, ou seja, garantir um espaço apropriado para que sejam manipulados. “O museu mantém viva uma cultura, que foi engolida pelas novas tecnologias”, completou. Dos 315 brinquedos da exposição, apenas 10% foram confeccionados a pedido dos idealizadores do projeto, os outros 90% foram doados pelos moradores dos municípios visitados.
Veja agora a lista que preparamos com os melhores brinquedos do Museu:

Carrinho de madeira

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Carrinhos de lata

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Futebol de prego

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Bonecos de sabugo de milho

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Sinuca de biloca (bola de gude)

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Peteca de couro de bode

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Tábua de morro

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Curral de ossos

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E este último aí, o “curral de ossos”, é uma brincadeira onde crianças de várias idades reproduzem um curral, utilizando gravetos para construir as cercas e utilizam capim e pedra para a decoração do espaço. Além de os animais serem representados com ossos de gado, também pode ser usado em seu lugar o mangará – fruto da bananeira.
A elaboração do livro “Brinquedos e brincadeiras populares: identidade e memória” foi o que incentivou a criação do museu. A partir da pesquisa realizada por Marcus Vinícius, Tânia Costa, Vivianne Limeira, Caroline Cristina, Priscília Janaina e Lerson Fernandes; os municípios foram visitados e os brinquedos e depoimentos foram coletados e sistematizados em forma de pesquisa.
O “Museu do Brinquedo Popular” fica no Campus Avançado do IFRN na avenida Rio Branco, 743, Cidade Alta, Natal-RN.
Incrível! Parecem muito mais divertidos que estes brinquedos aqui.
 https://curiozzzo.com

segunda-feira, 20 de junho de 2016

AS ROSAS FALAM Já disseram que as rosas não falam que só perfumes exalam desconhecem o poder que elas têm. As rosas dizem tanto que nos calam falam de amor como ninguém. Falam de paz e da natureza não falam pra quem não quer ouvir. falam de poesia de beleza e de um mundo a colorir. que digam às borboletas que com elas falam baixinho sejam brancas, vermelhas ou violetas falam com muito carinho. As rosas têm seus segredos e seus momentos de amor  que os contam sem medo no ouvido do beija-flor... As rosas vivem sempre enfeitando os caminhos e sorriem alegremente nos chamando baixinho. Só precisamos abrir os olhos pra ouvir as rosas... 
Autor: Wíliame Caldas...

Meu ex-cônjuge quer receber alimentos. Sou obrigado a pagar?

Publicado por Erick Jonas Advocacia & Consultoria Jurídica - 1 semana atrás

A prestação de alimentos aos cônjuges e companheiros decorre da assistência imposta nos artigos 1566III, e artigo1694, ambos do Código Civil.
Após o fim do casamento (ou da união estável), a prestação de alimentos depende de duas hipóteses:
·        Acordo no divórcio consensual
·        Necessidade do cônjuge, quando provado em divórcio litigioso.
Na primeira situação é livre a convenção dos alimentos entre os cônjuges. Contudo, quando se trata de divórcio litigioso, não há liberalidade, uma vez que provada a situação em que um dos cônjuges se mostra desprovido de recursos, o outro lhe prestará a pensão alimentícia que o juiz fixar.
É importante lembrar que quando o credor (quem está recebendo a pensão alimentícia) se casar, constituir união estável ou concubinato, cessará o dever de prestar alimentos.
Concluindo...
·        No divórcio consensual é livre a convenção dos alimentos entre os cônjuges.
·        No divórcio litigioso, por determinação do juiz, é obrigatório o pagamento de pensão alimentícia quando resta provado que um dos cônjuges é desprovido de recursos.


Atuamos nas diversas áreas do Direito: Administrativo, Tributário, Responsabilidade Civil, Família, Consumidor, Trabalho, Médico e Hospitalar, Penal e Previdenciário. Representamos nossos clientes em vários tipos de demandas judiciais e extrajudiciais. Respondemos em todos os casos de forma oportuna...

Assuense conta episódio da guerrilha em 1935

Como matéria especial, a edição dominical da TRIBUNA DO NORTE, edição de

07 de maio de 2000, publicou reportagem de minha autoria, como colaborador.
“Reside em Natal uma das testemunhas das ações de um movimento guerrilheiro
de caráter comunista que ocorreu no Vale do Assú, no RN, entre os anos de
1935/36. A dona-de-casa Áurea Cortez de Lima, 82, tinha 16 anos quando viu o
líder camponês Manoel Torquato de Araújo e dois companheiros, entrarem na
casa grande da propriedade do seu pai, Manoel Cortez, conhecida por “Ingá”, na
várzea do Assú.

A “guerrilha” foi resultado da luta reivindicatória dos trabalhadores das salinas e
fazendas de Mossoró, Assú, Areia Branca e Macau. Os estudiosos apontam o
então governador Rafael Fernandes, que reprimia violentamente os sindicatos e
mandava surrar os líderes dos trabalhadores, como o causador da revolta armada.
O pai de dona Áurea tinha terras em Assú, Macau e Pendências (1), mas não era
latifundiário. A razoável condição de vida do agricultor Manoel Cortez pode ter
aguçado a cobiça do grupo que chegou armado à casa da fazenda do povoado
Santa Luzia. Os camponeses queriam tomar as terras de Manoel Cortez,
obrigando-o a devolover uma gleba de sua propriedade que esteve arrendada
durante certo tempo a um dos aliados de Manoel Torquato, o chefe do bando
criado pelo provisionado Miguel Moreira. (2)Torquato era protestante.

“Esse pessoal era conhecido como o “Sindicato de Mossoró” e veio para tomar as
terras de papai. Lembro-me que chegaram lá em casa, pouco depois do meio-dia,
Manoel Torquato, José Domingos e Joel Paulista armados de revólveres e
peixeiras, todos à cavalo. Papai conhecia todos eles e disse que nós não
ficássemos amedrontadas, pois já sabia do que queriam. Manoel Torquato era de
Canto Grande, um lugarejo entre Assú e Macau, mas papai dizia que ele não era
bandido. José Domingos, natural de Alto do Rodrigues, era um detento, Joel
Paulista era o chefe do sindicato de Areia Branca. O José Domingos chegou lá
dizendo que não mexessem com a gente porque devia favores à família dos
“Targino” , como era conhecida a família de papai. Eles queriam tomar o sítio
“Cobé”, em Assú, e Manoel Torquato, com aquela pose toda, disse para papai: “o
senhor vai mandar o menino ficar na terra”.

Papai nem pestanejou, rebateu na hora que “eu já entreguei o caso ao juiz de
Assú” e explicou que o ex-meeiro Raimundo Nonato, vulgo “Raimundo Fumeiro”,
tinha passado vários anos explorando a terra sem pagar a renda. Diante da atitude
de papai, eles foram embora e nunca mais voltaram, disse dona Áurea, residente
na avenida Hermes da Fonseca, no bairro do Tirol, em Natal.

Apesar de não terem retornado para atanazar a família de dona Áurea, o grupo de
rebeldes comunistas distribuiu panfletos, impressos com tinta vermelha, com
pesadas críticas ao seu pai. Os boletins eram intitulados “O burguês Manoel
Cortez” e foram distribuídos em todas as casas entre Canto Grande e Comboeiro,
perto da cidade do Assú. (4)

“O povo dizia que eles eram comunistas, fizeram muita bagunça e quiseram tomar
terras pela pressão. Papai não deu muita atenção a eles, apesar de saber que
tinha cabras ruins no meio deles, como José Domingos, um verdadeiro cangaceiro
que acabou morto em Caraúbas”, relembra dona Áurea.

Ela diz que os episódios ocorridos no Vale do Assú, entre 1934/36, provocaram
mortes, mas não recorda os nomes das vítimas, além de Artur Felipe Montenegro,
um filho de fazendeiro rico que foi abatido na embocadura do açude Canto
Comprido, em Assú, em 2 de janeiro de 1936. Segundo Amaro Sena, em
depoimento prestado de 2 de março de 1999, quem atirou em Artur Felipe foi
Manoel Domingos, de Cobé, com um único tiro de rifle ou fuzil. “Foi um disparo
certeiro...”. (3)

Em represália, a família de Artur Felipe matou o pai de Manoel Torquato, que não
tinha nada a ver com a guerrilha. “O bando era comunista mesmo, não me lembro
de suas reivindicações, não. Não havia latifúndio no vale. Por exemplo, a terra que
o meeiro Raimundo queria era de 50 braças. Os homens de Manoel Torquato não
tomaram terras, só dinheiro, porque a lei não estava do lado deles; naquele
tempo, a lei, o juiz, era do lado do proprietário. Eu tinha um panfleto desses, mas
emprestei a uma pesquisadora e não me foi devolvido”.

Depois da morte de Artur Felipe, a polícia investiu contra eles, forçando-os a
recuar para perto de Mossoró. Manoel Torquato foi executado por um liderado,
Manoel Feliciano.

Rebeldes foram condenados
Derrotada a guerrilha, quase todos foram presos pela Polícia Militar do RN.
Processados, todos foram condenados. Mas pelo decreto-lei 474, de 8 de junho
de 1938, foram absolvidos Amâncio Leite, Raimundo Jovino de Oliveira, Manoel
Veras Leite, Tertuliano Alves Primo, Vicente Florêncio da Mota, Francisco
Agostinho Bezerra, Mestre Chaves ou Francisco Chaves dos Anjos e José Nicácio
Sobrinho das acusações de envolvimento na guerrilha de Manoel Torquato e
Miguel Moreira.

Em 29.06.1938, o juiz Raul Campelo Machado, por deficiência de prova, absolveu
Benedito Saldanha, Cirelino Bezerra da Costa, José Lopes Bastos, Homero
Agostinho, José Lins, José Perico, Belarmino Abel Ferreira, Pedro Mendonça,
Francisco Bernadino, Francisco Chaves, João Reginaldo, Antonio Reginaldo,
Francisco Paulino, Manoel Ferreira do Nascimento, Francisco Ferreira, Homero
Couto, Antonio Falcão, Francisco Agostinho, José Cassiano, Gonçalo Izidro,
Francisco Machado, Sandoval Oliveira Sales Lira, Ricardo Torquato, Antonio
Pereira, Feliciano Alexandre, Marcelino Alexandre, Manoel Nunes da Silva,
Honório Máximo, João Abre, Vicente Ferreira Gomes, Francisco Dobrinha, Chico
João e Cassiano Preto.

O magistrado declarou extinta a ação penal contra Sebastião Caldeira, “por ter
sido o mesmo, segundo se vê dos autos, morto em combate com elementos da
força pública estadual do RGN”. Os denunciados foram defendidos pelos
advogados Cícero Aranha e Maria da Glória Pinheiro Moss, que defenderam a
tese de perseguições políticas.

O jornal católico “A Ordem” (Natal/RN, p.4, edição de 02.07.1938) ao publicar
trecho do processo criminal diz que o bando era oriundo de Mossoró e
responsável por “propaganda subversiva eficiente, que resultou na formação de
um grupo de bandoleiros, chamados “os bandidos vermelhos” que, por motivos
políticos, e incitados por Miguel Moreira, praticaram no Estado do RN, em 1935,
assaltos, roubos, depredações, ferimentos”.
O ex-tenente Moisés Costa Pereira e o sargento Amaro Potengi da Silva foram
condenados a 3 anos.

Luta armada tinha caráter comunista
Não somente os documentos e cartas apreendidos nas casas dos dirigentes do
Partido Comunista do Brasil-PCB, no Rio de Janeiro, em 1936 (Movimento
Comunista de 1935 – Excertos da publicação “Arquivos da Delegacia Especial de
Segurança Política e Social – Volume III – Polícia Civil do Distrito Federal – Rio” –
1938 – Natal – Imp. Oficial – 1938) atestam que a guerrilha do Vale do Assú era
mesmo de caráter comunista.

A entrevista do ex-militante do PC mossoroense Francisco Guilherme (PCB na
mira da história – Camaradas rebatem duras críticas do livro W. Waack,
reportagem de Carlos Peixoto e Nilo Santos, TN, 28.11.1993, páginas 12 e 13) é
elucidativa. Referindo-se à insurreição de novembro de 1935, disse Chico
Guilherme: “Mossoró estava preparada para também instalar o Governo
Revolucionário Popular a partir de apoios na Polícia Militar e no Exército (Tiro de
Guerra), além da logística da guerrilha – cerca de 45 homens – do grupo
conhecido como “Sindicato do Garrancho”, todos na clandestinidade, porque a
polícia vivia prendendo e espancando e a única salvação deles era o partido
chegar ao poder”.

A primeira referência em livros sobre a guerrilha comunista do Assú é de autoria
de Edgard Barbosa, em “História de uma campanha”, Imprensa Oficial, Natal,
1936. Edgard Barbosa, que foi jornalista a serviço das forças conservadoras do
Partido Popular, de José Augusto Bezerra de Medeiros, diz que o movimento era
de caráter comunista, com ramificações em municípios vizinhos e que o
“numeroso bando armado surgia mais do ambiente político e da confusão reinante
do que do entusiasmo pelas doutrinas vermelhas, pois se constituía de homens
rudes, analfabetos e dispostos a todas as modalidades do crime. Era o
cangaceirismo acoitado à sombra de uma bandeira que encarnava um credo
exótico. Em nome do tal credo, os malfeitores que puseram em cheque as forças
policiais de Assú, Angicos, Santana do Matos e Macau”. Barbosa informa que os
comunistas fizeram “uma verdadeira rebelião, que aliás constou do relatório de um
representante brasileiro em uma das sessões da III Internacional, reunida em
Moscou”.

Segundo Barbosa, o movimento foi debelado na interinidade do interventor José
Lagreca, que enviou uma tropa de 60 homens sob o comando de Severino
Campelo, que libertou o fazendeiro Jorge Barreto, seqüestrado pelos guerrilheiros.
Segundo Manoel Rodrigues de Melo, os guerrilheiros contavam com forte adesão
dos protestantes.

O historiador Raimundo Nonato da Silva, como os demais estudiosos do assunto,
aponta influência comunista na rebelião desordenada no baixo Assú, “dirigido por
enviados do sul do país que, militarmente, organizavam a resistência pósnovembro
de 1935. Houve uma morte no campo de batalha de um engenheiro,
que tirou o ânimo dos revoltosos”.

O jornal “A República”, de 18.07.1936, p.2, informa que Sebastião Caldeira,
armado e com um cinturão de dinamites, morreu após a explosão dos explosivos
devido a um tiro recebido durante um tiroteio.

Notas

1 - O município de Pendências, em 1935, ainda não tinha sido criado.
2 - Miguel Moreira era membro do Partido Comunista.
3 - Segundo Amaro Sena, já falecido, Artur Felipe saiu de uma festa, embriagado
e, juntamente com o cabo Bondade, foi provocar os insurretos que estavam
acantonados perto do açude.
4 – A professora Brasília Ferreira confirmou, na época da publicação da
reportagem, que o boletim que dona Áurea lhe emprestou foi extraviado.
5 – Mais detalhes ver: Pequena História do Integralismo no RN – Fundação José
Augusto, Natal/RN, de Cortez, Luiz Gonzaga ; Trabalhadores, Sindicatos,
Cidadania – Nordeste em tempos de Vargas, de Ferreira, Brasília Carlos,
Cooperativa Cultura da UFRN; Várzea do Assú, de Melo, Manoel Rodrigues,
Edição Cadernos, São Paulo-SP e Gilberto de Melo Freire.
www.dhnet.org.br
NO DESENLACE GALOPANTE
O FRUTO É DE XIQUE-XIQUE
É lindo o alvorecer no meu torrão
As 'oiças' atentas ao canto da nambu
A água é de cacimba
E tem até sapo cururu
O cheiro é forte de carcaça
Aparece até urubu,
De cima da serra
Avisto meu torrão, minha cidade
Ainda tem sertanejo humilde
Cheio de felicidade
Lembro das brincadeiras e das festas
No tempo da minha mocidade.
Choveu na cabeceira do rio
Ouvi o ronco do trovão
Tem 'relampo' e tem chuva
O fruto é de sodoro com emoção
Asa branca cantou na catingueira
Tem fartura e viva Gonzagão.
Bebi na fonte da poesia
Na literatura do meu torrão
Para contar tudo que aprendi
Numa casa de taipa ou num casarão
Um dia eu quero voltar
Para o meu tórrido sertão.

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