segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Joacir Rufino de Aquino – A polêmica em torno da grafia do nome do município de Assú

22 de março de 2016 
Joacir Rufino de Aquino
(Economista, professor e pesquisador da UERN)

Há uma grande polêmica em torno da escrita correta do nome do município de Assú, situado geograficamente na porção oeste do semiárido potiguar. No papel timbrado da Prefeitura o nome da localidade aparece com “SS” e acento agudo no “Ú” (Assú). A maior parte das pessoas, porém, prefere escrever com “Ç” e sem acento na vogal em que termina a palavra (Açu). Já outros usam o caminho do meio, escrevendo com “SS” e sem acento no “U” (Assu), sendo esta a forma empregada costumeiramente no âmbito da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).

Em uma simples caminhada pelas ruas da cidade percebe-se que o nome do município é escrito em placas e nas faixadas comerciais das três maneiras simultaneamente. Da mesma forma, não é incomum encontrar algum documento público que apresente o mesmo problema, onde a confusão sobre a grafia do nome do município se manifesta no começo, no meio e no fim dos enunciados.
 Inquieto com a situação, em 2008, o professor Gilton Sampaio, do Campus de Pau dos Ferros/UERN, enviou uma mensagem ao colega Messias Dieb (na época docente do Campus de Assú/UERN e hoje na Universidade Federal do Ceará – UFC), com as seguintes perguntas: “Dieb, qual a grafia correta do nome do município em que você trabalha? Dizem que há flexibilidade entre Açu/Assu, mas também é permitido Açú/Assú?”.

Na tentativa de esclarecer a dúvida do amigo pauferrense, e de muita gente, o professor Dieb respondeu: “Gilton, a grafia do nome Assú/Assu/Açú/Açu tem sido motivo de polêmica. Em função disso, o Júlio César (que foi professor do Departamento de Letras do Campus de Assú/UERN e também está hoje na UFC) fez uma pesquisa diacrônica para descobrir como era a verdadeira grafia. Consultou documentos muito antigos, inclusive do comecinho do século XIX. Teve acesso ao documento oficial (registrado em cartório) que elevava a localidade ao status de município e, nesse documento, e em vários outros, ele encontrou a grafia ASSÚ (com SS e o acento transgressor da norma culta). Embora o registro oficial seja assim, muitas pessoas querem – cada uma – criar suas próprias normas de grafar o nome da cidade. O resultado é um pandemônio lexical desnecessário”.

O trecho transcrito do diálogo destacado, de modo bastante preciso, contribui para pôr ordem na casa. O nome “próprio” do município em foco, segundo o seu registro oficial em cartório, deve ser escrito ASSÚ! Qualquer outra grafia, mesmo que siga um critério semântico e seja amparada institucionalmente, não é correta. A palavra AÇU, originária do vocabulário indígena, por sua vez, deve ser utilizada tão somente para designar a microrregião banhada pelo Rio Piranhas, a qual é denominada de VALE DO AÇU. A distinção entre os termos é clara, conforme lembra o historiador assuense Ivan Pinheiro, mas, infelizmente, ela não tem recebido a devida atenção por parte das instituições de ensino e da maioria da sociedade local.

Portanto, seria de bom tom o poder público municipal trabalhar o tema e procurar esclarecer a população a respeito. Inclusive há indícios de uma ideia de modificar oficialmente o nome da cidade para sua variante indígena, Açu. A iniciativa é pertinente, uma vez que valorizaria a história cultural dos primeiros habitantes da área e também ajudaria a ajustar a sua grafia à norma culta da gramática vigente nos nossos dias. No entanto, a proposta não avançou e o nome do município continua igualzinho ao de sua emancipação política em 16 de outubro de 1845, ou seja, Assú com “SS” e acento no “Ú”. O que muda a cada instante é a forma incorreta de escrevê-lo, ora de um jeito, ora de outro, alimentando uma confusão inteiramente desnecessária dentro e fora de suas fronteiras territoriais.

Fonte: O Mossoroense
(Do face Casa de Cultura do Assu).



 

sábado, 24 de setembro de 2016

Tudo o que você deveria saber sobre a última vez que a Seleção Brasileira esteve em Natal

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Faz mais de 30 anos que o Brasil não joga em Natal e na última partida o calor foi tão grande que precisou até de carro de bombeiro pra refrescar quem foi ao estádio.

O jogo ocorreu em 26 de janeiro em 1982 (34 anos atrás)

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O time do Brasil em 1982: Waldir Peres; Júnior, Luisinho, Oscar e Leandro; Cerezo e Falcão; Éder, Zico e Sócrates; Serginho. Técnico: Telê Santana. Foto: Imortais do Futebol
Foi em partida amistosa contra a antiga Alemanha Oriental no antigo estádio “Castelão”, e a cidade estava em polvorosa pelo acontecimento.

O Brasil venceu por 3 a 1 de virada

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O segundo gol do Brasil no jogo marcado por Renato (Imagens: Globo Esporte RN)
Os gols foram marcados por Paulo Isidoro, Renato, Serginho e Hans-Jüergen Döerner:
Dorner fez 1 a 0 para a Alemanha aos 34 minutos do 1º tempo. Depois Paulo Isidoro empatou aos 39 minutos.
No 2º tempo Renato virou para 2 a 1 aos 07 minutos (veja o gol no gif acima), e Serginho fechou o placar aos 34′. Brasil 3×1 Alemanha Oriental!

Lá estiveram 48.638 torcedores

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O antigo estádio Castelão em Natal (local da partida) ficava no mesmo local onde hoje é o Arena das Dunas. Foto: http://cacellain.com.br/blog/?p=54289
O Castelão (na foto) ficou abarrotado. O público registrado para o jogo foi de 48.638 torcedores e a renda foi de Cr$ 24.218.400,00, o que em reais de hoje daria algo como R$ 880.668,89.

O calor estava tão grande que precisou de carro de bombeiro pra refrescar a galera

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Carros dos Bombeiros típico da época. Foto: Prefeitura Municipal do Rio Grande
Um caminhão dos bombeiros jogou água no público presente com uma mangueira, afinal o estádio não era coberto e não é a toa que Natal é chamada de Cidade do Sol.

E este foi o ingresso da partida

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Moderno, ein?
O Brasil joga novamente em Natal dia 07 de Outubro contra a Bolívia pelas Eliminatórias da Copa do Mundo da Rússia.
E se você gostou vai gostar também de ver: 10 coisas sobre a primeira partida internacional de futebol da história do Rio Grande do Norte
Fonte: Globo Esporte RN e Blog do Trindade

Do portal: https://curiozzzo.com

Imagem abaixo, do blog.


 

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

CARNAUBEIRA, UMA ÁRVORE RICA E BELA


A imagem pode conter: céu, árvore, planta, atividades ao ar livre e natureza


A carnaubeira é uma árvore nativa, tipo palmeira, originária do semiárido do Nordeste brasileiro, muito comum em solos argilosos e de aluvião (beiras de rios e lagos). O município do Assu, no Rio Grande do Norte possuía 17 mil hectares daquela planta, pena que hoje está reduzido a 30 por cento, além do Ceará e Piauí, com maior intensidade. A carnaubeira existe ainda no Ceilão, África Equatorial, Uruguai, mas somente a palmeira. “Devido à irregularidade da estação chuvosa não desenvolve o seu mecanismo defensor do vegetal, não havendo assim o pó cerífero, servindo apenas para adorno.”.

Há informações que a carnaubeira foi vista primeiramente pelo naturalista alemão chamado Alexander Von Humboldt que deu a carnaubeira o apodo de Árvore da Vida, fato este contestado por Câmara Cascudo que “considera improvável que Humboldt tenha pelo menos visto uma carnaubeira para descrevê-la como a Árvore da Vida. A carnaubeira foi descrita pela primeira vez por Jorje Marcgrav, informa Cascudo. “O que Humboldt deve ter visto foi a palmeira carandá, muito semelhante, até na riqueza da cera natural, e não a nossa carnaubeira. Por isso desautoriza a afirmação antiga. Humboldt nunca viu a carnaubeira e sim a palmeira carandá, descrita por Klare S. Markley, um estudioso paraguaio, apesar do nome.” (Vicente Cerejo, O Poti).

Mas, a carnaubeira ficou mesmo chamada cientificamente de Copernícia Cerífera (Miller). Copernícia que quer dizer gênero de altas palmeiras-leques da América tropical, com flores caliciformes, seguidas de uma drupa monosperma. Inclui a carnaubeira. Palmeira desse gênero.
A carnaubeira, também chamada carnaúba que em tupi-guarani quer dizer “arvore que arranha,” é conhecida popularmente como ‘O boi vegetal’ porque, dizia os mais antigos que do boi tudo se aproveita, da carnaúba não se perde nada.

O seu descobrimento é data de 1790. Em 1857, o norte-rio-grandense chamado Manoel Antônio de Macedo foi quem descobriu o processo de extração do pó daquela árvore e, por ele, Macedo provavelmente feito às primeiras experiências de beneficiamento do pó encontrado nas palhas da carnaubeira.

A extração das suas palhas é feito por meio de grandes varas de aproximadamente dez metros de cumprimento, tamanho maior da carnaubeira, podendo excepcionalmente chegar a 15 metros, com tronco (esquife) perfeitamente reto e cilíndrico de 15-25 cm de diametro, com uma foice na extremidade, sem causar danos ao meio ambiente.

A colheita é feita entre os meses de agosto a dezembro e, após a extração da palha da carnaubeira, bota-se para secar em estaleiros, exposta ao sol, para depois proceder ao batimento e extrair o pó. Tempos atrás, extraia-se o pó, na calada da noite, hora em que o vento está brando. Nos anos sessenta, a extração do pó cerifico é extraído por meio de maquinas semelhante à forrageira, máquina de triturar ração animal.

Extraído o pó dar-se o seu cozimento em grandes tachos de ferro fundido, revestido de tijolo (alvenaria), em alta temperatura, com adicionamento de produtos químicos para dá melhor qualidade a cera (principal produto da carnaubeira).

Das suas palhas faz-se chapéu, bolsa, esteira, entre outras peças artesanais. A sua madeira (tronco), serve para cobertura de casas, galpões, currais (Celso da Silveira depõe que “o emprego na confecção de currais de gado teve influência decisiva não desenvolvimento do ciclo da pecuária determinante das primeiras charqueadas no Brasil”) linhas, ripas e serve também para confeccionar utensílios domésticos, bem como porteiras para fazendas e pontes, por acreditar que a sua durabilidade é eterna se utilizado de troco completamente maduro. As coberturas dos casarões seculares do Assu são feitas da madeira da carnaubeira. O escritor memorialista e poeta assuense Francisco Augusto Caldas de Amorim depõe que a semente da carnaúba serve para ração animal bovino e se triturada dá um pó semelhante ao café, servindo de alimento ao homem com inúmeras propriedades medicinais. Das suas raízes dá uma bebida muito usada na medicina depurativa que, quando queimada e pulverizadas substituem o sal de cozinha, sendo também indicado popularmente contra o reumatismo e artrite. O seu fruto é de cor preto e tem um gosto adocicado. A sua polpa quando processada produz farinha.

Era a principal economia o Vale do Açu. A Cooperativa Agropecuária dirigida por Edmilson Lins Caldas, além de Carvalho & Cia, Inácio Bezerra de Gouveia, Pimentel & Cia, Sebastião Alves Martins, Martins Irmãos (Sandoval Martins, Celso Martins) comprava toda a produção que, beneficiada ainda de forma artezanal (na década de setenta a firma Mercantil Martins Irmãos implantou uma usina moderna que transformava a cera tipo escama de peixe, por exigência do mercado importadosr) vendia a grandes exportadores de cera como Johson, Pontes, entre outros de Fortaleza/CE que exportava para Alemanha, Grã-Bretanha e Estados unidos.

Com a exploração da fruticultura irrigada mais de 70 por cento da carnaubeira fora erradicada.
Por fim, a carnaubeira além de ser uma planta nativa, também se planta e implanta. Se plantada leva aproximadamente dez anos para chegar ao ponto da colheita.

Fernando Caldas

Desconheço o autor da fotografia.


 

terça-feira, 20 de setembro de 2016

"Nos caminhos da guerra".
André Madureira

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

 
Fernando Caldas, eu quero lhe dizer que Edmilson Lins Caldas é um cidadão com expressiva intervenção nos cenários econômico, financeiro e político no município do Assu. Sua ausência desta cidade deixa um vazio. Aqueles que ficaram ainda não acordaram para dar a sequência esperada aos projetos estruturantes por ele implantados. Os agropecuaristas sentem, particularmente os antigos produtores de algodão, da cera da carnaúba e do criador do gado de corte e leite. Suas decisões, simples e sensatas, invariavelmente traziam bons resultados aos sócios da cooperativa que dirigia. A comunidade toda teve a oportunidade de usufruir dos benefícios advindos, seja pela geração local de riqueza, seja pela circulação do capital financeiro, seja, ainda, pelas oportunidades de emprego que eram criadas
Do Assu, minha querida terra Natal, me chega via e-mail uns versinhos sobre a minha candidatura a vereador de Natal do amigo e conterrâneo, poeta chagas Matias que diz assim:

Um assuense de alma, vida e coração, para vereador em Natal

Seria uma grande satisfação
Para o seu primo, o poeta Renato,
Se a Colônia Assuense, elegesse de fato
Um assuense de alma, vida e coração.
Com força da coligação
Do doze com o vinte e cinco
Votando: vinte e cinco, cento e 125
Para o bem da nossa capital
Com Carlos Eduardo prefeito
E Fernando Caldas finalmente eleito
Para vereador em Natal.
(Chagas Matias)
Assu/RN.



domingo, 18 de setembro de 2016

SORRIR PARA NÃO CHORAR

Meu velho pai chamado Edmilson Lins Caldas já se aproxima dos seus 90 anos de idade. Figura que não aceitou (seria um caso inédito no Brasil) ser candidato único com apoio de duas lideranças que dominavam politicamente uma importante região chamada Vale do Açu, Edgard e Olavo Montenegro, ser candidato a prefeito pelos importantes municípios de Assu e Ipanguaçu/RN.

Hoje, meu pai está acometido por uma terrível doença incurável que se agrava ao longo do tempo, chamada cientificamente como Alzheimer. Pois bem, quero dizer que ele, meu pai, ao receber uma propaganda política (santinho) da minha campanha para vereador de Natal, saiu-se com essa - “Quem é esse?” – Minha irmã então, respondeu: - “Papai, é seu filho!” – A resposta veio na hora: – “Espere, ele é mais velho do que eu?"

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Globo cogita afastar Camila Pitanga de “Velho Chico”

Camila Pitanga


Em choque com a morte de Domingos Montagner, Camila Pitanga pode ser afastada de vez da novela “Velho Chico” da TV Globo. A direção da emissora considera que a atriz não tem condições de voltar a trabalhar no folhetim após presenciar o amigo ser arrastado pela correnteza do Rio São Francisco, na última quinta-feira (15), durante um mergulho.
Segundo informações divulgadas por Sônia Abrão no programa “A Tarde É Sua”, da RedeTV!, nesta sexta-feira (16), a decisão será tomada em uma reunião da alta cúpula do canal com a equipe da trama no próximo sábado (17).
 
Caso o afastamento da protagonista do projeto seja confirmado, uma das saídas já estudadas seria escalar os atores que interpretaram Santo e Tereza na primeira fase da trama – Júlia Dalavia e Renato Góes – para seguirem o roteiro previsto.
 
De acordo com Marcelo Serrado, o elenco da novela voltará ao local da tragédia para gravar as cenas finais da obra, após o velório de Domingos. “Estamos todos devastados, em cacos, tentando reunir o que temos para terminar este trabalho de forma digna, em homenagem ao Domingos”, contou ao jornal “O Globo”.


Blog do BG: http://blogdobg.com.br/#ixzz4KSu8YW8R



Índios que gravaram com Domingos Montagner prestam homenagem

A morte do intérprete de Santo na vida real comoveu os indígenas que gravaram com ele na ficção: "Virou um protetor do Rio São Francisco"

 
Os índios que gravaram com Domingos Montagner se emocionaram com a morte do ator. / Foto: TV Globo/Reprodução
Os índios que gravaram com Domingos Montagner se emocionaram com a morte do ator.
Foto: TV Globo/Reprodução

JC Online

                               
As homenagens a Domingos Montagner no Encontro com Fátima Bernardes, da Rede Globo, na manhã desta sexta-feira (16) veio de várias formas. Uma das mais tocantes foi um texto escrito pelos índios da tribo Kaftéia, que gravaram com o ator o processo de ressurreição do personagem Santo na novela Velho Chico.
Fátima Bernardes leu, então, o comunicado dos indígenas, que estavam de luto na aldeia e fizeram um ritual pela alma do Domingos assim que souberam da morte do ator.

"Ele agora é um protetor"

Durante esse ritual, um senhor disse: "Porque estão querendo trazer a alma dele de volta? Ele nasceu de novo hoje. Ele se tornou um novo protetor do Rio São Francisco, que estava tão esquecido. Porque esse rio não pode morrer. A novela contou todos os mistérios do rio, e esse, foi mais um deles. Mas ele se tornou um ser de luz, pois a água não tira a vida, a água dá a vida. Fiquem felizes pela alma dele, pois quando ele entrou no rio, ele se despediu do corpo e alma. Nasceu em um mundo melhor. Algum dia, os brancos irão entender isso. Então temos que fazer um ritual para que os brancos entendam e sejam fortes, pois ele está bem. Ele agora é um protetor do Rio São Francisco", encerrou, deixando os convidados do programa emocionados.
Palavras-chave

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Pesquisa BG/Consult aponta vitória de Carlos Eduardo no 1º turno com 52%

Se as eleições fossem hoje, o prefeito Carlos Eduardo Alves estaria reeleito no primeiro turno, segundo a pesquisa do Blog do BG em parceria com o instituto Consult, mas como ainda restam alguns dias de campanha, a corrida eleitoral rumo à Prefeitura do Natal segue indefinida.
De acordo com a pesquisa estimulada, que é aquela em que o entrevistador mostra os nomes dos candidatos aos entrevistados, Carlos... Eduardo aparece com 52% das intenções de voto. Em segundo a candidata Márcia Maia com 8%. Em terceiro o candidato Fernando Mineiro (7,5%). Seguido por Kelps Lima (6,5%) e pelo professor Robério Paulino (5,5%). Os demais candidatos não somaram um ponto percentual. O número de indecisos é de 8,2% e o total de votos brancos e nulos corresponde a 12,1%.
 

Espontânea
 

De forma espontânea, em que o entrevistado fala o primeiro nome que lhes vem à cabeça, sem acesso a qualquer lista com nomes, o prefeito Carlos Eduardo lidera com 38,3% das intenções de voto. Em segundo aparecem empatados Márcia Maia e Fernando Mineiro com 4,3% das intenções de voto. O candidato Kelps Lima vem logo em seguida com 3,3%, seguido pelo professor Robério Paulino com 2,6% das intenções de voto. O total de indecisos é de 31,5% e o de brancos e nulos é de 14,9%. A lista completa com todos os nomes que foram citados está logo mais abaixo.

 A pesquisa Blog do BG e Consult foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o número 08156/2016. Ela foi calculada com margem de erro de apenas 2,8%, uma das menores já registradas em Natal, e com grau de confiabilidade de 95%. A coleta dos dados aconteceu entre os dias 6 e 9 de setembro com 1200 entrevistas, a maior quantidade de entrevistas já realizada esse ano.
 

Postado por Robson Pires
(Do blog de Aluízio Lacerda)

 
A imagem pode conter: 4 pessoas , pessoas sorrindo


                                                          Imagem abaixo, deste blog.

DE ANTIGAS ELEIÇÕES

Tipo popularismo, Zé Carlota foi comerciante na cidade de Assu. Nas eleições de 1982 (antes da implantação da urna eletrônica, o eleitor votava numa cédula de papel, escrevia o número, o nome ou um X no quadrado onde constava o nome do candidato e depositava na urna de lona. Era um clima de guerra no ato da apuração dos votos que era feito pelos mesários e escrutinadores com a presença do Juiz, além dos fiscais de cada partido e até mesmo fiscalizado pelos... candidatos. Mesmo assim, corria o risco de fraude). Pois bem, terminado o pleito (a apuração começava no dia seguinte), Zé Carlota presente, atento, fiscalizando, observou que na secção que teria votado ele e sua mulher não obteve nenhum voto. Indignado esbravejou, para risos dos circundantes: - “Que minha mulher não votou comigo eu acredito. Mas eu, duvido!” - Carlota foi, certamente, mais uma vítima do mapismo eleitoral que então se praticava.

(Fernando Caldas – Vereador de Natal – 25125)

 
SINTA-SE EM CASA

Deste livrinho, data de 1996, charge de Edmar Viana (foto abaixo, capa já envelhecida pelo tempo), feito de estórias pitorescas, conto que certo prefeito do interior potiguar inaugurava obras de sua administração. Uma delas, a Cadeia Pública. O então governador Dinarte Mariz se encontrava presente. Pois bem, na hora da sua fala, o prefeito saiu-se com essa: - "Governador, a cadeia está inaugurada. sinta-se em sua casa." - Sorte do velho Dinarte que o discurso era de improviso...

(Fernando Caldas - Vereador de Natal - 25125)
 
Vagueio nas páginas rasgadas
de um velho livro,
perdidas, esquecidas....
Nas letras por mim escritas
na história de mim mesma.


Cristna Costa
 

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

POETISA ALDINETE SALES FAZ HOMENEGEM RIMADA COMO DESPEDIDA DO PROFESSOR GILMAR RODRIGUES




A poetisa carnaubaense Aldinete Sales,  produziu da fornalha da sua inteligência uma referência rimada para homenagear seu professor Gilmar Rodrigues, falecido hoje em Assú.

Hoje o céu se encheu de muitas cores.
Para abrir o portão celestial.
A caminho da rua de cristal.
Conhecendo de Deus seus esplendores.
Foi na terra o melhor dos professores.
Um poeta, advogado e locutor.
No esporte fez tudo com amor
Hoje Deus te escolheu para habitar
E no livro da vida tem Gilmar
Meu querido e eterno professor.
Aldinete Sales

quarta-feira, 7 de setembro de 2016

CORTEZ PEREIRA SOBRE A SECA NO NORDESTE BRASILEIRO

Título do blog.

José Cortez Pereira de Araújo, governador do Rio Grande do Norte (1970-1974)

-Nossa pobreza não decorre das secas, nem da escassez de terras férteis, muito menos do clima. Ela se origina nas múltiplas atividades econômicas que formam nossa agricultura, inadequada às condições e circunstâncias do Nordeste. Nossas atividades agrícolas são contrárias à natureza, são anti-ecológicas, as chuvas irregulares, a alta temperatura, o excesso de luz tudo aqui cultiva culturas arbóreas, perenes e nós fazemos, no Nordeste, exatamente o contrário.
 
-O Seridó é a maior demonstração do acerto contido na expressão que tenho repetido várias vezes: nós não temos fatores adversos e sim atividades adversárias dos fatores.
 
Não há, em todo o Nordeste, uma região mais árida do que o Seridó (vértice de aridez 3.3), nem mais quente (até 60°nos afloramentos da rocha), nem com maior luminosidade (quase 3.000 horas/sol/ano), cujos solos sejam tão rasos, secos e erodidos e, no entanto, o nível de vida povo é muito superior ao das populações do fértil e chuvoso Maranhão.
 
-Tudo começou, como começam sempre a história de todas as gentes, pelas atividades primárias, pelo que se faz o homem sobre a terra. Foi a atividade compatível com a natureza que ajudou o homem melhorar a sua vida.O Seridó começou com os currais, as fazendas de gado, as barragens submersas, as vazantes nos leitos dos rios, os açudes médios e pequenos. Guimarães Duque escreveu que era o seridoense quem sabia melhor aproveitar a pouca e irregular água que caía Nordeste. E foi assim que a pecuária se tornou suporte econômico e alimentar com carne, leite e queijo o homem do seridó.

-O clima tornou saudável a pecuária do Seridó e a imaginação do homem criou os meios para se conviver coma seca.
 
A outra grande atividade econômica da região não precisou, siquer, de ajuda, porque ela já era a própria natureza, no xerofilismo do algodão mocó. Cultura arbórea, perene, o nosso algodão casava com o clima seco para melhorara sua fibra longa. O solo semi-àrido era sua condição ótima para vegetar e produzir. Plantasse o algodão seridó nas terras férteis dos vales úmidos, que a rejeição o faria amarelar, amofinar, com saudade da terra seca, da quentura infernal do meio-dia e das noites sem orvalhos.
 
-Nos sertões do Nordeste, em nenhum outro lugar, elevou-se tanto o nível social dopovo, quando no Seridó. Um dos sintomas dessa realidade foi a liderança da Região em relação ao Estado, desde o primeiro Presidente da Província Tomás de Araújo Pereira. Para se sentir a força dessa influência, basta lembrar os nomes de Brito Guerra, José Bernardo, Juvenal Lamartine, Pe. João Maria, Dinarte Mariz e Monsenhor Walfredo Gurgel.
 
-O nível social alcançado explica a projeção dos seus homens e ambos os fenômenos são explicados pelo desenvolvimento econômico da Região. Esse desenvolvimento econômico só foi possível porque as duas históricas atividades primárias, harmonisavam-se com a natureza, apoiavam-se nela.
 
-Agora, outro aspecto interessante do assunto: o binômio algodão X boi se complementa, se integra e, assim, potencializam-se recíprocamente. Os campos de algodão, depois da colheita, viram cercados de solta e a praga remanescente é destruída pelo gado, que muito deixa  nos roçados. Tem mais, a cultura do algodão produziu, também, a torta, ou simplesmente o caroço que era o rico alimento proteico dos meses secos e dos anos mais secos.
 
O Seridó era uma harmonia de trabalho produtivo!
 
Um outro fato econômico que ocorreu no velho Seridó, eu acho sensacional. Em nenhum outro lugar do Brasil, com a mesma intensidade, aconteceu coisa parecida. Foi como que um planejamento “espontâneo”, nascudo da intuição, que  desenvolveu a atividade agrícola na complementação industrial, com a industria rudimentar situada na própria areada produção da matéria prima. Refiro-me aos descaroçadores de algodão, às tradicionais “bulandeiros” que se situavam nos sítios e nas fazendas, criando , naquele tempo, a agro-industria-rural, que os mais modernos planejadores do Terceiro Mundo apontam, hoje, como a grande solução de quase todos os nossos problemas.
 
-A agro-indústria –rural integra os dois grandes setores de produção e transformação econômicas, com a grande vantagem de, situando-se no campo, permitir o natural êxodo agrícola, evitando o êxodo rural. Só assim, supera-se o grande, o imenso problema do alto custo social das cidades “inchadas”. Pois bem, tudo isso já existiu no Seridó do passado. Certa vez,  em encontro de políticos importantes e até Ministros, eu destaquei esta originalidade genial, quando um deputado federal do Seridó, sem entender o sentido da coisa, condenou o fenômeno sob a crítica de que o meu pai teria sido – como foi – um desses agro-industriais...
 
- Este pedaço do Brasil chamado Seridó, precisa um estudo sociológico profundo para se tentar conhecer as raízes da sua vida, do seu comportamento e reações. Contam que o primeiro, ou um dos primeiros açudes do Nordeste teria sido  feito em Caicó. Um preto patriarca, responsável pelo grande feito, pedira ao missionário alemão que pregava missões na “Vila do Príncipe” para abençoar a novidade, o açude. Quando o frade viu que se tratava de contrariar a vontade de Deus que fizera os rios para devolver ao mar as águas que sobravam da terra, amaldiçoou o velho Terencio (que se suicidou) e sua família, até a 3ª geração. Agora, a grande lição: desde então Caicó não deixou mais de fazer açudes e nenhum outro município do Nordeste tem mais açudes do que lá.
-O Seridó tem projeção no Brasil, na época da guerra, pelo grande produção de tugstenio  e outros minérios. Do sub-solo da Região tiram-se muitas matérias primas com as quais é feito o desenvolvimento dos países avançados: capacitores eletrônicos, turbinas de aviões a jato, naves espaciais, reatores nucleares, etc.
 
-Agora mesmo é o ouro e o ferro que reaparecem na nossa pauta de produção, mostrando a riqueza diversificada do Seridó.
 
- Uma vez, pelo menos, eu não fui bem entendido, quando responsabilizo o governo como o grande “vilão” na história sem lógica da pobresa do Nordeste. Digo que seca não é a nossa terra, mas a inteligência dos que nos governam. Isto desde a era colonial, quando os portugueses nos ensinaram a cultivar o que faziam na Europa e que não podia dar certo aqui, no Nordeste, que não tem nada parecido com Europa. E o pior,  de lá para cá, os que nos governam não foram sensíveis a fazer uma reformulação de nossas atividades econômicas e, mais grave ainda, não souberam siquer conservar o que se fazia acertadamente, aqui. Exemplo: o algodão mocó. O “bicudo”, apenas deu o tiro de misericórdia. O velho algodão mocó começou a morrer quando o crédito oficial (o Governo) chegou por aqui, aplicando suas normas feitas para o algodão anual de S. Paulo e Paraná.

O financiamento teria de ser pago no mesmo ano e o seridoense, para escapar, plantava entre as fileiras do algodão arbóreo o outro algodão anual, o “rasga letra”, que daria condição de pagamento anual, mas que foi hibridando, misturando-se geneticamente, até fazer desaparecer o patrimônio fantástico do velho algodão mocó.
 
*José Cortez Pereira de Araújo foi político, professor e ex-governador do Rio Grande do Norte (1970-1974)
Para descontrair:

Conta-se que Júlio Caraolho como era mais conhecido, era um desses boêmios autênticos do Assu das antigas e fazedor de mandados, se não me falha a memória. Pois bem, teve o atrevimento de pegar nos peitos de uma mulher barraqueira da Andrade Gutierrez (construtora que construía a barragem Armando Ribeiro ou Barragem do Assu, em 1979), a mulher dava-lhe uma surra de mangueira mas ele, num misto de cinismo e otimismo, repelia a exaustão: Deixa de brincadeira, minha senhora!

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Natal,
do forte dos reis magos
à força das marés
em Ponta Negra
...
Natal,
capital potiguar
ponto geográfico
que mais nos aproxima
da África
Da grande duna
feito outeiro,
do morro do Careca
diviso o nascer do sol.
Forte, intenso,
sol equatorial
brilha cedo na matina
dorme antes dos passarinhos.
Após uma rodada
da mais pura macaxeira,
acompanhada de camarão e jirimum
ao som das fortes ondas na orla,
Em longa caminhada
fui sentindo nos olhares,
no chão, na palmeira gemendo ao vento,
nas telas de mestre Leão, as raízes
Espalhadas na terra de meus ancestrais
no gosto amargo e corte forte do cajá,
ao sabor agreste do sorvete de cajú,
coisas típicas potiguares.
Apreciando as aquarelas de acrílico
viajei ao tempo de Tarsila do Amaral,
revivida nas obras de mestre Leão,
artista plástico boliviano aqui radicado.
Nos grandes pés e mãos,
na boca honesta e generosa,
da flor de cactus ao menino vaqueiro
eita terra que não nega suas origens.
À noite, ante o agito das marés,
nada como um rodízio de camarão,
e dos mais puros frutos do mar
na barraca Rei do Caranguejo.
Surpresa maior, inusitada
tão deliciosa quanto os pratos típicos,
foi a música regional, alías diversos ritmos
cantados e dançados com arte e alma.
E os dançarinos do carimbó, forró, do coco
nada mais eram que os garçons e garçonetes
aliando ao trabalho de servir, a arte
de cantar, distrair e também se divertirem.
Fiquei deveras encantado
quando sr Manoel do coco, repentista
e cordelista de fama,
se pôs a circular de mesa em mesa,
Cada cidade ou país
de origem do turista
era em versos homenageada
com ironia fina, delicadeza e conhecimento.
Ao final, uma grande embolada
com as pessoas invadindo o salão
ao som da zabumba, do triângulo e da sanfona
na dança que tanto apaixona, o forró.
Vendo, ouvindo e percebendo
os diversos olhares das pessoas,
me senti como árvore fincada,
nos troncos que firmavam a barraca
Encontrando outras raízes,
de lugares tão distantes,
mas, irmanados na doce sensação
de ser um pouco parte desta sinfonia,
Deste jeito de viver
que celebra a vida,
que sorri ao servir,
que se emociona a um agradecimento.
Por isso, digo
se você não foi ao Nordeste,
então vá, Carmen Miranda
já dizia da Bahia, mas vale para Natal,
Para Recife, Fortaleza,
Maceio, Aracajú
São Luiz e Teresina,
João Pessoa e Caruaru...
Ah, que bom curtir
este sol tropical
esta gente bronzeada
que sempre mostra seu valor...

AjAraújo, o poeta humanista, uma noite em Natal, escrito em 16 de julho de 2010
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VOZES DO PASSADO: A CONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA CIDADE DE NATAL ATRAVÉS DE SEUS FOTÓGRAFOS E CRONISTAS

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Foto da antiga igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação, na Praça André de Albuquerque, centro de Natal. No início do século XX era normal que escoteiros ficassem no alto da torre e desfraldassem bandeiras quando um barco era visto se dirigindo para o porto da cidade. Estas bandeiras possuíam cores distintas para diferenciar se os barcos vinham do norte, ou do sul. Durante anos este foi o local mais elevado da cidade, de onde fotógrafos registraram a evolução da cidade.
Luciano  Capistrano
luciano.capistrano@natal.rn.gov.br
Fonte – http://jornalzonasulnatal.blogspot.com.br/2016/06/vozes-do-passado-construcao-historica.html?spref=fb 

O historiador Câmara Cascudo em sua História da cidade do Natal, relata a saga de um alvissareiro, que do alto da torre da matriz, era testemunha ocular das transformações ocorridas na cidade. Nesta pesquisa apresentamos o “alvissareiro” da história, materializado em Manoel Dantas, Luís da Câmara Cascudo, Eloy de Souza, Jorge Wilheim, Henrique Castriciano, Alberto Maranhão, Januário Cicco (memorialistas, poestas, romancistas, entre outros artesãos da palavra) e Bruno Bougard, João Galvão, Manoel Dantas (fotógrafos). A imagem e a literatura, como fonte de pesquisa da história. A imagem sempre esteve presente como fonte importante para entender o passado. Ao longo dos séculos XIX e XX, a fotografia se consolidou como invento, essencial no registro de paisagens naturais e culturais. O documento histórico, não é mais restrito a documentos escritos, cada vez mais, a imagem ganha campo entre historiadores. A utilização desta nova fonte histórica faz parte da nova historiografia.

A literatura em todas as suas vertentes, compõem hoje, com a fotografia uma fonte repleta de possibilidades para a pesquisa histórica. O historiador, por seu oficio, dialoga permanentemente com o passado. Este fazer histórico o leva a andar entre arquivos públicos e privados, buscar construir os caminhos e descaminhos das gerações passadas é a tarefa primeira. Um labutar, por entre, poeiras, revirando velhos manuscritos, documentos, hoje, fontes que dizem mais do que uma carta de amor ou um balancete comercial. O objeto pesquisado não exerce a mesma função de outrora.
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Outra visão da matriz.
No tempo presente o olhar do historiador, dá “voz” ao passado através de sua interpretação do documento selecionado. Construir os caminhos do passado, através da palavra e da imagem, este é o desafio da historiografia atual. Esta pesquisa histórica objetiva a construção da história da cidade de Natal através da utilização do acervo fotográfico do IHGRN (Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte) e do jornal A República, e da produção literária do Rio Grande do Norte, tendo como recorte temporal 1901 e 1920. Neste sentido, selecionamos algumas “vozes do passado”, poetas, ficcionistas, memorialistas, enfim narradores de uma época passada, o que possibilita conhecer a transformação do espaço urbano a partir do “olhar” do cronista, materializado no fotografo, muitas vezes não identificado, e dos escritores que testemunharam a ocupação da capital Potiguar.

O educador Henrique Castriciano, Potiguar de Macaíba, amante dos velhos e empoeirados papéis, em uma de suas crônicas publicadas em A República, de 18 de março de 1908, afirmou: sinto um intenso prazer quando me cahe sob a vista, bordado pelos arabescos que as traças costumam por nas laudas antigas, um documento qualquer, onde ventou algum traço de vida dos nossos antepassados (CASTRICIANO in ALBUQUERQUE, 1994, p. 129). É muito prazeroso encontrar testemunhos de nossos antepassados, entre os caminhos das traças.

Os historiadores, até por força do seu oficio, em muitos momentos, já vivenciaram a mesma sensação relatada pelo idealizador da Escola Doméstica. Sobre o trabalho em arquivos, recorremos ao historiador Bacellar(2006,p24):

O trabalho com fontes manuscritas é, de fato, interessante, e todo historiador que entra por essa seara não se cansa de repetir como os momentos passados em arquivos são agradáveis. Grandes obras historiográficas tiveram sua origem nas salas de arquivo, onde muito suor e trabalho foram gastos, após semanas ou meses de paciente e dedicada fase de pesquisa.
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Na foto de Bruno Bougard, do alto da torre, vista parcial do rio Potengi e a direita da antiga Casa de Câmara e Cadeia, atualmente demolida. Natal, 1908.
Revisando baús antigos, encontramos os testemunhos das gerações de outrora, fontes materializadas em correspondências, relatórios de governos, inventários, testamentos, periódicos, enfim, em uma profusão de fontes impressas das mais variadas matrizes. Em visitas a arquivos públicos ou particulares, também encontramos fotografias, outra fonte importante na compreensão da sociedade do passado, seus costumes, seus dilemas.

Esta construção histórica, caminha de mãos dadas com a memória. A memória constitui-se no elemento essencial na construção da identidade. Deste modo, pode-se apreender que as identidades, coletiva ou individual, formam-se a partir dos elementos da memória. Vejamos o que diz a professora Ferreira(2004, p.98):

A iniciativa de diferentes setores da sociedade para recuperar e divulgar suas memórias, através de livros, exposições, inauguração de monumentos e criação de centros de memória, tem como objetivo reelaborar identidades, difundir uma determinada visão sobre o passado  (é bom lembrar que a memória, como a história, é sempre produto de seleção feita no vasto campo do passado), e reforçar a imagem pública de grupos ou personagens. São projetos em geral concebidos para valorizar o registro de trajetórias institucionais ou pessoais, para confirmar, a importância de eventos considerados fundadores, bem como para instituir ou atualizar determinadas celebrações.
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Do alto da torre a visão da Praça Padre João Maria e a área do atual Parque das Dunas ao fundo.
A memória é, então, resultado dos vestígios das gerações passadas, ainda preservados, sejam eles na forma material ou imaterial. Reveste-se no elo atemporal, fator de pertença das gerações. A memória social, é assim, o reconhecimento do cidadão do hoje, enquanto construção dos seus antecessores. Como afirmou o professor Mesentier(2005, p.168):

Diferente da memória individual, a memória social se constrói ao longo de muitas gerações de indivíduos mergulhados em relações determinadas por estruturas sociais. A construção da memória social implica na referência ao que não foi presenciado. Trata-se de uma memória que representa processos e estruturas sociais que já se transformam. A memória social é transgeracional e os suportes da memória contribuem para o transporte da memória social de uma geração a outra.

Construir uma “cidade memória” é fazer uma viagem no tempo através de livros, fotografias e periódicos. Fontes encontradas em arquivos particulares e públicos. E como Henrique Castriciano, poder sentir imensa alegria ao encontrar, por exemplo, em um número de “A República”, notícia referente aos espetáculos ocorridos no saudoso Polytheama, brindar nossos olhos com as imagens de Natal, captadas pelo fotografo suíço Bruno Bougard e nos deliciarmos com prazerosas leituras de poetas, ficcionistas, memorialistas e pesquisadores da história urbana de Natal.

Ao olhar o passado através do cronista da palavra ou da imagem, o historiador esta utilizando uma fonte documental importante na construção de um tempo determinado, é o caso de Natal dos primeiros anos de 1910. Exemplo são as crônicas de Henrique Castriciano, publicadas na A República,  e as fotos de Bougard, tiradas no alto da torre da igreja matriz de Nossa Senhora da Apresentação. Vejamos:

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“Sempre surgem idéias neste sentido apparecem os inveterados pessimistas: ‘Natal não é terra para isto’; cream-se dentes quando tal reconhecer; ora carrapato com tosse; taes são as phrases que somos obrigados a escutar, não raro com impectos de concentrada revolta.
No entanto vamos caminhando, vagarosamente embora, porque os nossos recursos são insufficientes.

De alguns annos a esta parte, construímos o theatro, o jardim, nivelamos e calçamos diversas ruas, entre as quaes a Avenida Rio Branco, cujo aformoseamento era um dos impossíveis desta terra, concertamos o Baldo e o Mercado, a cidade substituiu os seus velhos lampeões de gaz commum pelos de acetyleno”. (CASTRICIANO, 1994, p.15-17).

Este fragmento do texto de Castriciano é bem ilustrativo quando nos referimos a construção histórica, tendo como fonte crônicas, pois, demonstra a utilização de pressupostos históricos na pesquisa do passado urbano. Um viés presente nas abordagens da história das cidades, espaço privilegiado quando se pensa na produção de periódicos locais.

A imagem também tem na construção histórica do espaço da urbe uma importância fundamental, ver a evolução através de fotos captadas no inicio do século XX, é um instrumento metodológico de grande valia para o historiador da cidade. Neste sentido as fotos de Bruno Bougard, fotógrafo suíço que visitou Natal na primeira década do século passado, tem uma relevância muito grande para o oficio do historiador.

A Natal  de 1908, encontrada pelo fotografo suíço, tinha pouco mais de 20.000 habitantes, era uma cidade ainda com características coloniais, com ruas estreitas, casas conjugadas e erguidas em um enorme areal. Sua situação geográfica dificultava a locomoção de pessoas, o “caminho” do rio e do mar, eram talvez as melhores opções para os viajantes que aqui aportavam.
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Praça André de Albuquerque e a foz do rio Potengi.
Do alto, então, nasceu a cidade sob a vigilância do “alvissareiro”, testemunha ocular da abertura de ruas, do nascimento de bairros e da construção de pontes, Natal de mar, rios e dunas, esta era a cidade vista do alto da torre da matriz, local onde o observador do tempo, pode presenciar as intervenções urbanas ocorridas na urbe. Como fez Bougard em 1908.

Uma cidade em transformação, que conhece o Bond, a energia elétrica, as ruas planejadas de Cidade Nova, bairro criado pela elite republicana, havida em fazer esquecer o passado monárquico, com as vielas do período colonial, com suas habitações insalubres. Essa cidade, então, caminhando para a modernidade tem na escrita poética de Jorge Fernandes o registro do novo tempo construído no período, aqui um pouco tardio, da Belle Époque.

O BONDE NOVO

O bonde que inauguraram
É amarelo e muito claro…
Sua campa bate alegre e diferente das outras…
E seus olhos vermelhos indicam Petrópolis…
Anda sempre cheio por que é novo…
Chega na balaustrada espia o mar…
E os passageiros todos nem olham pro mar…
Só vêem o bonde novo…
Aquele bonde só devia sair aos domingos
Pois ele é a roupa domingueira
Da Repartição dos Serviços Urbanos…

(FERNANDES, 1970, p. 83).
A poesia de Jorge Fernandes, apresenta a cidade moderna, com seus novos meios de transporte, sua nova forma de sentir e ver a paisagem. Uma cidade se modernizando e deixando no baú da memória relatos como o de Eloy de Souza, sobre a dificuldade dos antigos moradores da urbe em acompanhar os cortejos fúnebres. Como sair da Ribeira, bairro baixo da cidade, ir segui até o alto, do hoje Alecrim, onde se encontra o primeiro cemitério da cidade.
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Quase o mesmo foco da foto anterior, mas realizado anos depois.
“Já perdemos o hábito de fazer quarto aos moribundos e breve chegaremos à perfeição de deixar os defuntos entre a Bica e o Alecrim, por falta de convidados que cheguem ao cemitério.
Pobres mortos! Também é tão difícil ir à vossa morada! O caminho é tão áspero e a areia tão mortificante! […]

Natal, minhas senhoras e meus senhores, se transforma e sente-se que aos poucos irá deixando essa amarga tristeza que ainda lhe dá um aspecto soturno e mau.
Há jardins desgradados e felizmente livres da retouça dos herbívoros e da maldade destruidora de que nos vamos libertando. As árvores já podem crescer na santa paz do Senhor, e a Natureza completará certamente o esforço do homem.

A cidade desperta de seu sonho três vezes secular e eu sinto bem a alegria de ver que a estão vestindo de novo, para alegria de uma vida nova. […]
O mesmo esforço que tem rasgado avenidas empedra o areal, ameniza as ladeiras, saneia as terras alagadas. Começou a viação urbana e o bonde cimentará de vez a obra de pacificação entre os dois bairros”. (SOUZA, 1999, P.44-45)

Na história da cidade encontramos nos cronistas fonte ricas em informações referentes ao processo de urbanização, como essa supracitada de Eloy de Souza, em Costumes Locais.  A cidade de Natal em seu processo de urbanização avança em direção as dunas, vencendo as diversidades de sua geografia, chega ao alto, desce o canal do Baldo e aporta no hoje Alecrim. Parte distante da urbe, constrói dois equipamentos urbanos, que os cidadãos de outrora queriam longe do perímetro urbano: O Cemitério e o Lazareto da Piedade, símbolos da intervenção do poder público na zona até então tida como rural. O medico Januário Cicco, descreve o Alecrim dos primeiros anos da década de 1920:
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O bairro do Alecrim se desdobra em Bôa Vista, Baixa da Belleza e Refoles. Em plenas ruas do Alecrim, cercado pelas habitações, está o Cemitério de Natal, de edade secular e impróprio, pela saturação, de exercer a sua funcção bíblica de reverter em pó o envolucro da alma do peccador. A uns 200 metros da Cidade dos Mortos ficam fontes de abastecimento d’agua á população de toda a Natal. (CICCO, 1920, p.7-8)

Enfim, como propomos neste artigo, a construção histórica da cidade de Natal através de seus fotógrafos e cronistas, busca encontrar novos caminhos metodológicos da pesquisa histórica, tendo como referencial a produção de imagens e de escritos produzidos entre 1901 e 1920, na cidade de Natal. Ao concluir, lembro Câmara Cascudo e seu Alvissareiro, personagem que nesta pesquisa não encontra-se no alto da torre e sim na produção literária e fotográfica da capital Potiguar.

REFERÊNCIAS

CASTRICIANO, Henrique. A esmo. In: ALBUQUERQUE, José Geraldo de (Org.). Seleta: textos e poesias. Natal: RN Econômico, 1994, p. 15-17.

FERNANDES, Jorge. Livro de poemas. Natal: Fundação José Augusto, 1970.

FERREIRA, Marieta de Morais. Nossa história. Rio de Janeiro, v. I, n. 8, p. 98, jun. 2004.

MESENTIER, Leonardo Marques de. Patrimônio urbano, construção da memória social e da cidadania. Vivência. Natal, n. 8, p. 167-177, 2005.

SOUZA, Eloy Castriciano de. Costumes locais. Natal: Sebo Vermelho; Verbo, 1999.

Do blog: Tok de História

Postado por Fernando Caldas


 

É COM MUITA DOR QUE NOTICIO O FALECIMENTO DO AMIGO WELLINGTON

domingo, 4 de setembro de 2016

Assu Antigo
 
Francisco Assis da Cunha. Foi em Assu comerciante bem sucedido, agropecuarista. Nas eleições de 1962 foi o candidato a vice-prefeito na chapa encabeçado por Walter de Sá Leitão, pela União Democrática Nacional - UDN, não obtendo sucesso, perdendo para Maria Olímpia Neves de Oliveira. Pacaré era pai do poeta Bonifácio Cunha que foi tabelião na Comarca do Assu e de Natal. Chico Pacaré era um homem observador, cheio de sabedoria ou melhor dizendo: de citações sábias. (Crédito das fotos: Sérvulo da Cunha).

Fernando Caldas
Francisco Assis da Cunha em três fazes da sua vida.
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PELO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA Se Guilherme de Almeida escreveu 'Raça', em 1925, uma obra literária “que tem como tema a gênese da na...