sexta-feira, 23 de junho de 2017
quinta-feira, 22 de junho de 2017
DESCOBRINDO O RIO GRANDE DO NORTE PRÉ-HISTÓRICO
ROSTAND MEDEIROS DEIXE UM COMENTÁRIO
Autor – Tomislav R. FemenickFonte –http://potiguarte.blogspot.com.br/2014/08/descobrindo-o-rn-pre-historico_12.html
Pelo menos há dois milhões de anos já existia vida em Baraúnas, conforme pesquisas que o Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou em junho de 1968, na localidade de Olho D’Água da Escada, a 52 quilômetros de Mossoró – Município ao qual Baraúnas então pertencia –, onde foram achados fósseis de animais pré-históricos.
Fósseis são restos vegetais ou de animais que viveram em épocas pré-históricas e que foram conservados em sedimentos que, com o passar do tempo, se acumularam sobre eles. Esses vestígios, como outros, sinalizam a existência de vida em tempos remotos, como pegadas, conjunto de circunstâncias físicas e geográficas que oferece condições favoráveis à vida e restos de alimentos. A importância de descobertas dessa natureza está no fato de que os estudos da pré-história fundamentam-se quase exclusivamente nos conhecimentos obtidos pela análise de fósseis, a partir do que é possível obter conhecimentos sobre o meio-ambiente, o clima e as migrações da fauna (e da flora), anteriores à evolução do homem.
O trabalho do Instituto de Antropologia da UFRN foi uma verdadeira viagem à pré-história, ao período plistocênico (glacial) e evidenciou a existência de gliptodontes (mamíferos gigantescos e desdentados, fósseis no quaternário da América), megatérios (grande mamífero desdentado, fóssil nos terrenos terciários e quaternários da América) e mastodontes (mamíferos de focinho prolongado em forma de tromba, corpulento e de constituição análoga à do elefante, que surgiu no oligoceno e se extinguiu no plistoceno), ao lado de pequenos roedores e tigres de dente de sabre, que integravam a fauna potiguar em uma época que se conta por milhões de anos, em uma terra que, como de resto a Chapada do Apodi, surgiu do fundo do mar, também há milhões de anos. Os ossos de um cliptodonte (um tatu gigante) que foram localizados pelo pesquisador Manuel Dailou Teixeira formam uma peça de indicação quase perfeita.
ÁREA PESQUISADA
Olho D’Água da Escada apresenta um cenário bruto, inclemente, rude, áspero e agreste. A topologia é um desafio à presença do ser humano, que se sente repelido e quase agredido pelos cactos e outras vegetações características da caatinga nordestina. De espaço a espaço, o afloramento do calcário fere a vista, como em uma paisagem lunar. Completando a cena, cavernas abruptas aumentam o perigo para o passante desprevenido.
Na época das pesquisas a civilização ainda não havia chegado totalmente ao local. Apenas um ou outro tiro de espingarda, disparado por um caçador ocasional, marcava a presença do homem. Distantes alguns quilômetros uns dos outros, se encontram pequenos roçados de milhos, feijão e algodão. A água era trazida de outras localidades, pois não há registro de riachos ou mesmo um único olho d’água, como era de se esperar pelo nome do lugar.
EQUIPE
Os trabalhos de exploração foram realizados em Olho D’Água da Escada, distante oito quilômetros do povoado de Boa Sorte, onde ficaram acampados o professor José Nunes Cabral de Carvalho, diretor do Instituto de Antropologia da UFRN e chefe da equipe; o pesquisador Leon Diniz Dantas de Oliveira, do Departamento de Mastozoologia; os pesquisadores Manuel Daiton Teixeira de Vasconcelos, do setor de Geomorfologia; Marilda Fernandes de Carvalho, do setor de Paleontologia; José Crispin, do setor de Antropologia Física; Celma Bezerra, do departamento de Entomologia e o professor Antonio Campos e Silva, do Departamento de Geologia.
AS CONDIÇÕES
Trabalhando em condições precárias e em constante risco de vida, os pesquisadores faziam uma jornada de mais de dez horas de trabalho por dia. Andavam quilômetros a pé, em solo formado por pedras cortantes ou em veredas que correm dentro a caatinga, para atingirem as cavernas, onde estava localizado o material pesquisado. A descida às cavernas era feita por escadas de cardas, às vezes por aberturas estritas e abruptas, que mal oferecem condições de passagem para uma pessoa. As acomodações da equipe constavam de duas barracas de lona, sob as quais faziam suas refeições, dormiam, revelam filmes e se reuniam os membros do grupo.
AS DESCOBERTAS
Ali foi que o Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte realizou alguns dos mais importantes achados fósseis do território nacional, somente comparável aos feitos de Peter Lungan, em Lagoa Santa, no Estado de Minas Gerais. Seis cavernas foram trabalhadas, sendo que a mais importante é a que recebeu a classificação de “F-3”, a qual tem a profundidade de 30 metros, ao pé da escada. Sua largura e seu comprimento são de 20 metros. Do seu salão central surgem dois túneis, um dos quis leva a um sumidouro com 40 metros de profundidade. Na ocasião, mais de vinte e duas toneladas de detritos foram removidas desta caverna, composto principalmente de terra e pedras resultante de assoreamento provocado pelas águas de chuva.
PRECIPITAÇÃO
Os pesquisadores estimaram que na época em que aqueles animais – hoje extintos e cujos fósseis foram encontrados – viviam na região de Baraúnas já eram constantes os períodos de estiagem. Em busca da água, os animais caminhavam para os únicos reservatórios que existiam: as cavernas que armazenavam as águas das chuvas. Cavernas essas que tinham (e ainda hoje têm) pequenas entradas nas grandes cavidades internas. Os pesados animais nelas se precipitaram quando o teto de calcário se partia e trazia todos os elementos de superfície.
MATERIAL COLHIDO
Na ocasião o número de fósseis localizado representou um achado de grande valor. Foram encontrados restos de preguiças gigantes, um tatu de seis metros aproximadamente e um mamute primitivo. Por outro lado, milhares e milhares de pequenos ossos isolados ou componentes de conjuntos também foram encontrados e transportados para a sede do Instituto em Natal.
As pesquisas visam a uma análise do passado e sua correlação com o presente. Paralelamente aos achados paleontólogos, foram sendo efetuados estudos sobre a fauna e a flora atual. Vários animais foram capturados ou mesmo abatidos, para comparação entre as faunas presente e a passada. Com vista a realização de estudos sobre a evolução do relevo do terreno, técnicos do setor geomorfologia (ramo da geologia física que estuda as formas atuais do relevo terrestre e investiga a sua origem e evolução) realizaram coleta de elementos atuais e residuais do passado, característicos da região estudada. Os estudos se complementavam com análise e pesquisa de mastozoologia (ramo da zoologia que se ocupa do estudo dos mamíferos), geomorfologia, paleontologia, antropologia física, entomologia e geologia.
TAMBÉM EM SÃO RAFAEL
O Instituto de Antropologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte também realizou trabalhos de pesquisas no Município de São Rafael, situado na mesorregião Oeste Potiguar e na microrregião Vale do Açu, onde foram encontrados restos de material lítico (cerâmica). Na data das descobertas, esses objetos não tiveram idade catalogada, vez que não tinha sido encontrado um fóssil guia, nem se dispunha de métodos e equipamentos capazes de determinar a idade do material descoberto. A cerâmica encontrada em São Rafael, no nível dos fósseis, não permitiu aos pesquisadores afirmar se ela é contemporânea dos mastodontes, megatérios e outros animais pré-históricos. As pesquisas do Instituto de Antropologia foram realizadas, em grande parte, graças a ajuda recebida do Conselho Nacional de Pesquisas.
DO INSTITUTO AO MUSEU
O Instituto de Antropologia foi criado pela Lei estadual nº 2694, de 22.11.1960, com órgão da então Universidade do Rio Grande do Norte, dias antes desta ser federalizada e ser transformada na atual Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua primeira equipe técnica era composta por Luís da Câmara Cascudo, José Nunes Cabral de Carvalho, Veríssimo de Melo e D. Nivaldo Monte. O Instituto de Antropologia foi o primeiro órgão de pesquisa da instituição de ensino superior, tendo como objetivo “promover e divulgar estudos sobre o homem em seus diversos aspectos físicos e culturais, além de realizar pesquisas relativas às jazidas pré-históricas do território norte-rio-grandense”. Além das atividades de pesquisa direta, o Instituto oferecia cursos de extensão universitária nas áreas de antropologia, arqueologia, etnologia e paleontologia.
Em 1965 passou a ser denominado Instituto de Antropologia Câmara Cascudo, em homenagem ao seu primeiro diretor. Em outubro de 1973, por resolução do Conselho Universitário da UFRN, foi transformado em Museu Câmara Cascudo, tendo como compromisso “preservar os resultados das pesquisas e estruturar as atividades de proteção, utilização e exposição das peças do acervo”.
Tomislav R. Femenick é jornalista, historiador e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte-IHGRN.
SÃO JOÃO - ASSU
Origem:
O calendário das festas católicas é marcado por diversas comemorações de dias de santos. Na tradição brasileira uma das mais festivas são as comemorações de São João. Esse ciclo passou a ser conhecido como Festas Juninas, englobando as reverencias aos principais santos homenageados no mês de junho: dia 13 Santo Antonio, dia 24 São João e dia 29 São Pedro e São Paulo.
A origem destas festividades remonta um tempo muito antigo, anterior ao surgimento da era cristã e, portanto, do catolicismo.
De acordo com Sir James George Frazer, em seu livro O Ramo de Ouro, o mês de junho, tempo do solstício de verão na Europa, Oriente Médio e norte da África, ensejou inúmeras expressões rituais de invocação de fertilidade, para promover o crescimento da vegetação, fartura nas colheitas, trazer chuvas.
No Brasil:
Quando os portugueses iniciaram o empreendimento colonial no Brasil, a partir de 1.500, as festas de São João eram o centro das comemorações de junho. Alguns cronistas contam que os jesuítas acendiam as fogueiras e tochas em junho, provocando grande atração sobre os indígenas.
Pode-se observar, portanto, que ocorreu certa coincidência entre os propósitos católicos de atrair os índios ao convívio missionário catequético e as práticas rituais indígenas, simbolizadas pelas fogueiras de São João.
Essa época coincide com a realização dos rituais mais importantes para os povos que aqui cultivam as colheitas e preparação dos novos plantios. Os roçados velhos, ainda estão em pleno vigor, repletos de mandioca, inhame, batata doce, abóboras, abacaxis; a colheita de milho e feijões ainda se encontra em período de consumo.
Uma série ritual, no período, inclui um conjunto variado de festas que congregam as comunidades em danças, cantos, rezas e muita fartura de comida. Deve-se agradecer a abundância, reforçar os laços de parentesco, reverenciar as divindades aliadas e rezar forte para que os espíritos malignos não impeçam a fertilidade.
Tradições:
Nestas festas, até bem pouco tempo, antes da febre dos grandes grupos musicais, era comum a integração de grupos familiares. Essa confraternização familiar era alicerçada pela prática do compadrio, momento em que eram ampliados os laços entre vizinhos, patrões e empregados. Havia duas maneiras através das quais as pessoas adultas ou jovens tornavam-se compadres e comadres, padrinhos e madrinhas: uma era, e ainda é através do batismo; a outra, através da fogueira nas festas de São João. Até o século dezenove, até mesmo os escravos podiam ser apadrinhados pelos senhores de terra.
No nordeste brasileiro os festejos juninos ocorrem nas comunidades rurais, nas ruas, nos bairros, nas cidades, nas paróquias, transformando-se na festa mais importante do ano. Estas comemorações acabaram por atrair turistas prontos para participarem das efervescentes festas matutas.
Assu:
Assu é o município do Nordeste pioneiro no São João enquanto Padroeiro. Há 291 anos a Igreja realiza novenas e os paroquianos participam dos festejos sociais (cada época a seu modo) para comemorar o período junino.
Em 1720 com a chegada do Padre Manoel de Mesquita e Silva o Assu começou a realizar os primeiros trabalhos de evangelização, implantando o hábito religioso ligado à religião Católica Apostólica Romana. Os primeiros atos religiosos ocorreram sob as sombras de frondosas árvores.
Depois de seis anos foi construída uma Casa de Oração e criada, em 24 de junho de 1726, a Freguesia de São João Batista da Ribeira do Assu. A Freguesia foi a segunda da então Capitania do Rio Grande e a quinta do Brasil. O Precursor do Messias, João Batista, foi pela primeira vez, no Brasil, escolhido oficialmente como Padroeiro de uma freguesia (o equivalente a Paróquia, atualmente).
No decorrer destes 291 anos o povo assuense tem mantido esta tradição com muita religiosidade, cultuando neste período a fé, devoção e confraternização. O social acontece em reunião de vizinhos, amigos e familiares para agradecerem por mais um ano de graças e pedem proteção para o ano vindouro. A fogueira é o símbolo maior deste período, tendo sido sempre a maior simbologia dessas manifestações.
Baseando-se nesses costumes, por Assu não vivenciar somente os Festejos Juninos, e sim, ininterruptamente, a festa do seu Padroeiro, alicerçado nas manifestações folclóricas do nordeste brasileiro (estilo único no mundo) durante quase três séculos, podemos afirmar que a festa de São João, em Assu, quando se unifica as comemorações religiosas com as sociais (profanas) é o mais antigo do mundo.
Foto: Bruno Andrade
Fonte: Marcas que se foram - Ivan Pinheiro (livro inédito)
https://pt.wikipedia.org/wiki/São_João.
Postado por Ivan Pinheiro Bezerra
quarta-feira, 21 de junho de 2017
UM POETA POTIGUAR EM "PARA TODOS", ANTIGA E IMPORTANTE REVISTA CARIOCA
A revista "Para Todos", do Rio de Janeiro, circulou na década de 20 e 30. Era dirigida pelo designer e caricaturista J. Carlos. Periódico que focava o cinema, noticiava as expressões artísticas e culturais. Na edição de 27 de outubro de 1923 podemos conferir um poema (página intitulada "Pequenos Poemas") de autoria do poeta Norte rio-grandense, do Assu, João Lins Caldas (um dos poetas ainda esquecido e injustiçado das letras brasileiras), intitulado "Árvore Irmã". Aquela revista, também, publicava composições dos grandes poetas nacionais daquela época como Álvaro Moreira e o próprio Caldas, que apresentava a sua grande poesia.
(Clique na segunda imagem abaixo, para uma melhor visualizar o referido poema).
Fonte: Biblioteca Nacional.
(Clique na segunda imagem abaixo, para uma melhor visualizar o referido poema).
Fonte: Biblioteca Nacional.
ÁRVORE IRMÃ
Aquela árvore despida,
Verde e irmã da minha vida,
Foi minha vida...
Deu-me seus frutos,
Deu-me seus galhos...
- Eu, entre os brutos,
Tive seus frutos...
Não para mim que a ingratidão brilhasse,
Não para mim que a ingratidão nascesse...
Eu falaria amor, si ela falasse,
Eu morreria amor, si ela morresse...
Árvore desajeitada,
Desconjuntada,
Irmã ou mãe como eu nasci no mundo...
Quando um dia tocarem-se afinados,
Sejamos igualados,
- Eu mergulhado no teu cerne fundo...
Sejamos como bons dois irmãos enterrados...
João Lins Caldas
segunda-feira, 19 de junho de 2017
SOBRE O COLÉGIO NOSSA SENHORA DAS VITÓRIAS
Sábado último (17), foi o lançamento do livro do mais novo escritor assuense Pedro Otávio Araújo de Oliveira (13 anos de idade) intitulado "Bodas de Álamo - 90 anos sob a Luz das Vitórias", (Colégio das Freiras, de Assu/RN), imagens abaixo. Para fazer parte daquele livro, a pedido do autor, escrevi as palavras adiante transcritas:
COLÉGIO DAS FREIRAS, UMA LEMBRANÇA
"Como uma estrela fulgente, que no azul do céu luziu, no nosso Assu florescente, este colégio surgiu."
Francisco Amorim
Começava o ano de 1962 eu já era menino peralta, travesso, praticava aventuras próprias da idade. Comecei então a estudar as primeiras letras no Colégio Nossa Senhora das Vitórias, onde permenecí até concluir (me arrastando) o curso primário.
Lembro-me que estudava em uma sala de aula esquina com a capela, de onde guardo boas recordações. Lembranças dos meus colegas que comigo estudavam o ensino básico, bem como das minhas primeiras professoras como Irmã Salvadora, dona Maria José de Medeiros que não era membro da Congregação das Filhas do Amor Divino, porém prestava serviços naquela Instituição Educacional Católica, bem como a simpática Irmã Flávia, dentre outras irmãs que fizeram parte da minha educação e da minha formação escolar.
Naquele tempo, o Colégio das Freiras não era uma escola para todos. Estudar naquele educandário de regime de internato, seme-internato (feminino) e externato, era privilégio de poucos.
No meu tempo de estudante (1962) aquele colégio tinha apenas 289 alunos do sexo feminino e 106 do sexo masculino, conforme registra Francisco Amorim em seu livro intitulado "Colégio Nossa Senhora Das Vitórias - 50 Anos, 1967, e o município do Assu, salvo engano, já tinha uma população de 25 mil habitantes e tinha ares de cidade grande.
Eu tive o privilégio de ter estudado naquela escola de excelência, onde também passei os melhores dias da minha infância prazenteira e feliz.
No Colégio das Freiras, como é habitualmente conhecido, além das letras, ensinava-se bordado, pintura, música. Por sinal, eu fazia parte de uma 'bandinha de música' que se apresentava nas festas beneficentes, folclóricas, realizadas no anfiteatro (palco) e no pátio daquele Colégio, bem como participava das quadrilhas dos festejos de São João Batista, Padroeiro do Assu, organizadas pelas Irmãs.
E quem não se lembra do hasteamento da bandeira? Para minha pessoa, um instante de emoção e patriotismo que eu vivenciava antes de entrar na sala de aula. Eu cantava com entusiasmo:
"Sobre a imensa Nação Brasileira, Nos momentos de festa ou de dor, Paira sempre, Sagrada bandeira, Pavilhão da Justiça e do do amor!"
Entretanto, falar acerca daquele Educandário é relembrar a figura empreendedora, sobretudo humanitária da Irmã Josefina Gallas, então superiora (1954 - 1960 e 1964 - 1966), que tratava todos, especialmente os alunos, com carinho e zelo, com aquele seu coração recheado de amor e bondade. Foi ela, Josefina, que construiu com abnegado esforço, a nova Capela Nossa Senhora Das Vitórias", inaugurada no dia 23 de outubro de 1949.
Fica, portanto, este registro, estas breves e singelas palavras, sobre um pouco da minha passagem naquela Instituição Educacional que, por sinal, é uma escola privada das mais antigas do interior do Rio Grande do Norte e que, sem dúvida, dignifica o Assu e, porque não dizer a terra potiguar.
Retratos do Assú
São João do Assú aclamado como o melhor e maior do estado
Fotos: Endson Esron FanPage: Endson Esron
Na noite desta quinta-feira (18), a Praça de São João Batista, em Assú, ficou pequena para o público de mais de 50 mil pessoas que acompanhou as festividades em comemoração ao padroeiro do município.
Fotos: Endson Esron FanPage: Endson Esron
Na noite desta quinta-feira (18), a Praça de São João Batista, em Assú, ficou pequena para o público de mais de 50 mil pessoas que acompanhou as festividades em comemoração ao padroeiro do município.
sábado, 17 de junho de 2017
sexta-feira, 16 de junho de 2017
Doria diz que apoio a Temer é escolha entre ruim e péssimo, "velha política para evitar nova crise"
Da BBC Brasil
Felipe Souza, Adriano Brito e Daniel Gallas
Da BBC Brasil em São Paulo
Apontado por recentes
pesquisas como o nome mais forte do PSDB para a disputa presidencial em
2018, o prefeito de São Paulo, João Doria, minimiza interesse pela
disputa, e diz que isso é assunto para "janeiro do ano que vem".
Ao
mesmo tempo em que não nega que possa concorrer, responde com
desenvoltura quaisquer perguntas sobre o cenário eleitoral e ataca
alguns de seus possíveis concorrentes na corrida eleitoral.Em entrevista exclusiva à BBC Brasil, o prefeito de São Paulo, João Doria, afirma que o próximo presidente do país deveria ser um "gestor", adjetivo que constantemente usa para definir a si próprio. Ele ainda classifica os eleitores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas na corrida presidencial de 2018, como mal informados ou defensores "das mazelas e do mal feito" e minimiza o crescimento do atual segundo colocado, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ).
Questionado sobre seu apoio à permanência de seu partido no governo do presidente Michel Temer, prestes a ser denunciado ao STF (Supremo Tribunal Federal), ele admite se tratar da "velha política" que tanto critica. "Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo" - e o péssimo neste caso, garante, seria "colocar o Brasil numa crise profunda no plano econômico".
E embora defenda o direito de defesa do senador Aécio Neves, presidente tucano afastado, suspenso do Senado por denúncias de corrupção, Doria afirma que seria prudente que o Diretório Nacional da sigla se posicionasse sobre os pedidos de afastá-lo, "para preservar a imagem do PSDB".
Leia a seguir os principais trechos da entrevista, concedida em seu gabinete na Prefeitura de São Paulo no fim no início da noite de quarta-feira, poucas horas de o prefeito embarcar para Porto Rico, onde passaria o feriado com a família.
BBC Brasil - O sr. tem dito que não é um político, mas um gestor, um empresário. Na sua opinião, os países, Estados, cidades não precisam mais de políticos?
João Doria - Eu me considero um gestor, um administrador. Eu não sou um político. Eu estou na política, não sou da política. Isso não significa que eu desrespeite os políticos. Até sou filho de um. Meu pai foi deputado federal e foi cassado pelo golpe militar e exilado em 1964.
E com este discurso tenho feito a gestão nesses primeiros seis meses. E isso tem nos dado um índice de aprovação superior a 70% e assim vamos continuar.
BBC Brasil - No Brasil as pessoas estão muito preocupadas com as relações entre empresários e políticos. Recentemente, nós tivemos uma interceptação de conversas antiéticas entre um empresário e o presidente Temer. O sr. e o seu partido se posicionaram a favor do presidente. O sr. acha que aquela conversa foi ética, que essa é a forma como políticos deveriam se comportar?
Doria - Não foi uma conversa adequada para um presidente da República. Nem na forma, nem no conteúdo, nem no local, nem no horário.
Mas isto não implica definitivamente num equívoco fatal para o presidente. Significa um erro ético e moral, mas não é um fato determinante para o impeachment do presidente.
BBC Brasil - O sr. e seu partido ainda estão em uma coalizão com o partido do presidente. Não seria correto deixar o governo após uma situação como essa?
Doria - Nós estamos do lado do Brasil. Mais do que tudo, é a proteção ao Brasil, à governabilidade, o apoio às reformas no Congresso Nacional.
E tudo o que nós não precisamos é de mais uma crise econômica, porque isso vai atrasar a retomada do desenvolvimento, do crescimento, inibir a criação de novos empregos e mergulhar o país numa crise infindável, cujo resultado é mais desemprego e mais pobreza.
BBC Brasil - Mas não se trata da velha política que o sr. promete às pessoas mudar, ficar ao lado do governo com o argumento de defender as reformas, mesmo que o presidente esteja envolvido em conversas tão sérias sobre propinas e juízes?
Doria - É a velha política. E é ruim. Você tem razão. Mas há certos momentos na vida em que você tem que fazer a avaliação sobre o ruim e o péssimo. Entre o ruim e o péssimo, o ruim é melhor que o péssimo.
BBC Brasil - O sr. vai se candidatar à Presidência no próximo ano?
Doria - Eu estou correndo, estou agindo para ser um bom prefeito da cidade de São Paulo. Eu fui eleito para ser prefeito por quatro anos. Não é hora de se discutir uma eleição presidencial. É hora de ajudar a resolver a crise brasileira. E cada administrador cumprindo o seu papel. Eu como prefeito, outros como governadores e assim por diante.
Nós temos que pensar em eleição em janeiro do ano que vem. Aí, quem sabe...
BBC Brasil - Em relação ao seu partido. Há suspeitas de doações ilegais à campanha do último candidato à Presidência, ele foi afastado recentemente do Senado. Isso não mancha um pouco seu compromisso com mudança, já que o sr. ainda é parte desse partido? O sr. apoia Aécio e o partido?
Doria - Ele não foi julgado, ele foi indiciado. É preciso reconhecer a diferença entre indiciado e julgado. Enquanto indiciado, o PSDB defende que toda investigação seja feita em sua plenitude, sem esconder nada e sem inibir nenhuma investigação. Diferente do PT, que sempre fugiu e procurou evitar a investigação.
Aécio deve ter direito a plena defesa e se, eventualmente for culpado, pagar por isso. Se for inocentado, retomar seu mandato e seguir sua carreira política.
BBC Brasil - O sr. é bem ativo nas redes sociais. Nos comentários, vimos pessoas cobrando uma posição sua em relação ao Aécio. Há quem defenda que ele seja expulso do partido. Qual a sua opinião?
Doria - Essa é uma decisão que cabe ao diretório nacional do PSDB. Eu entendo que o diretório deve se posicionar a esse respeito, como também entendo que o senador deve ter direito à plena defesa. Até Lula, mesmo diante de situações tão claras de falta de ética, tem direito à plena defesa e deve cumprir o seu rito na conformidade da lei até ser julgado.
BBC Brasil - O sr. trabalha em São Paulo muito próximo do setor privado, recebendo doações e tentando fazer privatizações. O sr não acha que os brasileiros, após os escândalos da JBS e Odebrecht, têm desconfiança dessa relação entre o público e privado?
Doria - É diferente. Eu venho do setor privado, cultivei uma excelente relação com empresas privadas, brasileiras e internacionais, e tudo o que a gente faz por aqui tem o objetivo de atender a população. Não tem nenhuma negociação com objetivo partidário, político, de financiamento de campanha, de interesses espúrios. Os interesses são da cidade. E claramente colocados em transparência.
Nós já obtivemos em seis meses de gestão mais de US$ 220 milhões para a cidade. Dinheiro que foi investido pelas empresas doadoras em automóveis, motocicletas, uniformes para a Guarda Civil Metropolitana, material escolar, material de limpeza, construção de creches, de abrigos para pessoas em situação de rua, computadores, softwares e outros serviços para a cidade.
BBC Brasil - Mas as pessoas podem acreditar que essas empresas estão fazendo isso para o bem delas, sem pedir algo em troca?
Doria - Por que não? As empresas têm espírito de cidadania. Há muitas pessoas que, por confiar no gestor e reconhecer a dificuldade, oferecem produtos, serviços e contribuições dentro do seu campo de atuação para minimizar a aflição e a pobreza.
Isso já ocorria em várias empresas no plano de organizações não governamentais e iniciativas isoladas. O que eu fiz foi aglutinar, incorporar essas empresas dentro de um amplo programa de empresa cidadã, que nós iniciamos já na primeira semana como prefeito da cidade de São Paulo. E deu certo. Deu tão certo que muitas empresas nos procuram.
Doria - Um inovador, um gestor. Eu acho que o Brasil também precisa ter um bom administrador. Evidentemente, tem um sentimento político e uma capacidade também de aglutinação. Primeiro do voto. Para você se eleger, você precisa do voto, convencer a população que você é o melhor para o país.
Depois, precisa ser alguém com um bom diálogo com o Congresso Nacional e também com as demais forças do país. Você precisa dialogar bem e respeitar bem o poder Judiciário, as atividades produtivas, o mercado. É preciso ter uma compreensão ampla do país e ter como prioridade a gestão da pobreza.
O Brasil não pode continuar com 14 milhões de desempregados, 7 milhões de subempregados, uma população expressivamente sob sofrimento, abaixo da linha da miséria, com dificuldades para saúde, para sua própria alimentação.
O futuro presidente do Brasil deverá ter uma plataforma muito clara de soluções para esses problemas e uma boa conduta na gestão econômica do país. Isso é fundamental. E ter credibilidade.
BBC Brasil - O senhor é atualmente um dos principais críticos do PT, disse recentemente que o partido é ainda o grande inimigo. Mesmo assim, o Lula é líder nas pesquisas. Como o senhor avalia essa aceitação dele mesmo nesse cenário de denúncias?
Doria - O PT é inimigo do Brasil porque produziu a maior recessão econômica da história brasileira. O maior assalto aos cofres públicos que se teve notícia no mundo.
Quem durante 13 anos teve o poder e a possibilidade de encontrar soluções para o país, veio com esse discurso de proteger, amparar, integrar, colocar o país dentro de um processo ético, ver seus principais dirigentes indiciados, presos ou com tornozeleira não é exatamente um partido que pode falar de ética, tamanho o volume de pessoas implicadas.
Inclusive o ex-presidente Lula, que tem cinco indiciamentos, responde a cinco processos neste momento. Então, ele também é um inimigo do Brasil, embora tenha eleitores e uma base do eleitorado. Ou porque reconhece nele, mesmo diante das falcatruas, dos erros, das mazelas e das mentiras, um líder, o que é muito triste.
E há também um número expressivo de brasileiros que não têm acesso à informação, não têm acesso aos jornais, não assistem aos telejornais e não são influenciáveis por notícias a respeito do que fez o PT, do que fez o ex-presidente Lula. E são pessoas dependentes de programas sociais que foram iniciados na gestão Lula e continuam neste governo.
BBC Brasil - Só vota no PT quem é mal informado, prefeito?
Doria - Ou quem tem a intenção de defender as mazelas e defender o mal feito. Eu não vejo nenhuma razão para alguém votar no PT.
Qual é a prioridade, qual é a história louvável do PT que você ensinaria ao seu filho? Provavelmente, nenhuma.
BBC Brasil - Há quem aponte um contrassenso entre ser inimigo do PT e fazer alianças com o PMDB, que esteve com o PT durante todos esses anos e tem Michel Temer à beira de ser denunciado no STF.
Doria - A aliança não é com o governo Temer. É com o Brasil. Eu fiz essa defesa e fiz exatamente esse discurso. Duas vezes, aliás. Aqui em São Paulo, na reunião com o diretório do PSDB, que era uma reunião claramente favorável ao desembarque, eu defendia a permanência com esse mesmo discurso.
Nós temos que proteger o Brasil e os brasileiros. Não se trata de fazer a defesa do governo Temer ou do presidente Temer, mas sim da estabilidade política para permitir alguma estabilidade econômica para a retomada do crescimento e também para proteger as reformas que estão em discussão no Congresso Nacional neste momento.
É preciso, neste caso, ter pragmatismo. Não é a defesa incondicional do presidente Temer nem a defesa incondicional do seu governo. É a defesa do país, do Brasil e da sua governabilidade. E ter a certeza e a convicção de que teremos as eleições realizadas no seu prazo determinado constitucionalmente, que é em outubro de 2018.
Até lá, não havendo nenhum fato novo e grave diante das circunstâncias políticas, ao meu ver, cabe ao PSDB sim, como aliás já foi decidido, garantir essa governabilidade. Mas isso não é um cheque assinado, avalizado, até dezembro de 2018. Essa situação pode ser revista, se houver algum fato grave pela frente.
BBC Brasil - Como o senhor vê a ascensão do deputado Jair Bolsonaro?
Doria - Com normalidade. Ele tem um discurso mais à direita, que contagia um universo de eleitores, faz parte do processo democrático. É um candidato assumido, faz campanha há um ano pelo Brasil e isso vai sensibilizando uma parcela dos leitores. Mas não creio que seja uma sensibilização definitiva.
Eu já vi várias vezes histórias de candidatos, e com isso não estou desrespeitando a história, nem a trajetória e nem o valor do deputado. Eu já vi outros candidatos saírem à frente em campanhas e nem sequer irem para o segundo turno. E em São Paulo.
Aqui mesmo temos um exemplo disso. Um candidato que começou a campanha com 38%, era tido como vitorioso ou, na pior das hipóteses, como já no segundo. Estavam discutindo a segunda vaga para o segundo turno, se é que poderia haver um segundo turno.
E esse candidato (o deputado Celso Russomanno, do PRB) não foi nem para o segundo turno e nem ganhou a eleição. Eu tinha 2% e venci a eleição no primeiro turno.
BBC Brasil - Muita gente aponta a ação na cracolândia como o ponto baixo de sua gestão até agora. Como avalia?
Doria - Muito pelo contrário. Eu entendo que é um ponto corajoso da minha gestão. O fácil era não fazer nada, isso era o mais fácil.
Já sabia que o tema era polêmico. Quatro ex-prefeitos tentaram e não conseguiram e desistiram de fazer o enfrentamento tamanhas objeções que receberam. Eu já sabia disso. E nem por isso eu deixei de fazer o enfrentamento. Eu considero o contrário. Eu considero um ponto de coragem e de determinação. Continuamos a fazer o necessário e vamos prosseguir. Não há recuo.
E ali nós tínhamos vários bunkers de uma facção criminosa de São Paulo, o PCC (Primeiro Comando da Capital), que hoje se espalha infelizmente por todo o Brasil, e ali tinha depósito de armas, refinamento de cocaína, cofres com entorpecentes de toda a espécie. Além da própria cocaína, ecstasy, heroína, maconha, além do próprio crack. E isso acabou.
Não há mais a ocupação ali. Você não tem mais aquele shopping center de drogas ao ar livre, que era uma vergonha cada vez que se via a imagem daquilo, com a comercialização aberta para quem desejasse comprar e abastecendo a cidade inteira de drogas. Isso acabou.
BBC Brasil - Mas e a cracolândia que se formou na praça Princesa Isabel, prefeito?
Doria - Uma coisa é acabar fisicamente com o espaço da cracolândia. Outra coisa é o enfrentamento de uma questão longa e difícil que são os usuários. Infelizmente, nós temos mais de 4 mil usuários do crack residindo nas ruas, dependendo desse consumo, e lamentavelmente manuseados por esses traficantes pertencentes a essa facção criminosa.
Isso foi exigido e nós estamos fazendo. Todo dia há abordagens. Já fizemos mais de 130 internações de pessoas que aceitaram ser internadas e, na minha visão, aceitaram ser salvas porque o crack mata.
Nós vamos continuar esse programa. Não é um programa com base ideológica nem partidária. Por isso mesmo, nós estamos convencidos de que ele vai produzir ao longo do tempo o resultado necessário.
BBC Brasil - A prefeitura entrou com uma ação para poder internar compulsoriamente os usuários da região em casos extremos. O secretário estadual da Saúde, David Uip, questionou a decisão.
Doria - A prefeitura não propõe a internação em conjunto. A prefeitura propõe que haja a possibilidade da internação compulsória individual. Ela não propõe aglutinar pessoas, colocar dentro de um ônibus ou caminhão, ou confinar dentro de um prédio, uma casa, uma sala, amarrar essas pessoas com camisa de força e obrigá-las a ter tratamento. É a abordagem individual. Isso muda muito.
Houve aí, não é o caso da BBC, mas um mal tratamento da notícia por parte dos jornalistas que, desinformados ou deliberados, colocaram a notícia como se fosse o objetivo coletivo. Não era coletivo e não é. E, portanto, não há nenhuma dicotomia entre a ação do governo do Estado e da prefeitura.
BBC Brasil - A ex-secretária de Direitos Humanos Patrícia Bezerra, ao pedir demissão, deu uma entrevista à Folha de S.Paulo tecendo vários elogios, mas dizendo que o senhor tem um senso de urgência que é equivocado, como não entender que o trabalho na cracolândia exige um certo tempo. Como avalia essa crítica?
Doria - Gosto da Patrícia e a considero uma boa pessoa e uma boa vereadora. Foi uma boa secretária enquanto esteve aqui conosco.
Mas tenho um pensamento distinto em relação à velocidade e ao senso de urgência. É o que me difere dos políticos. Os políticos gostam muito de dar tempo ao tempo. Eu, como gestor e administrador, prefiro administrar o tempo. É diferente.
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