TODOS OS ACONTECIMENTOS DO MUNDO SÃO SENSÍVEIS AOS
MEUS PENSAMENTOS.
O meu
pensamento, para os acontecimentos do mundo,
Em tudo que
dos meus sentidos, os meus sentidos para virem um a um, de todas as raízes do
mundo.
Eu sou o
meu sentido
A expressão
de todos os meus sentidos
A expressão
de todo o meu sentido todo o meu mundo.
Da treva
impenetrável â luz perfuradora de todas as trevas,
Dos campos
devastados ao mundo de cadáveres apodrecidos,
O atasca
pestilento, as feridas de todas as terras,
Os vermes,
como pequenos monstros sonolentos,
E os
grandes monstros, as garras afiadas, agitadas mandíbulas,
Tudo há que
se alastra para o mundo que a arder de que particular ao meu pensamento
As casas
demolidas,
Os corpos
mutilados
As árvores,
para o céu, os galhos ressequidos.
A multidão
a relutar de todos os apedrejados,
O mundo
todo de todos os gemidos,
A cósmica
amargura de todos os condenados,
A dor
profunda de todo os perseguidos,
Ah! que
assim são as chagas profundas de todos os meus sentidos....
Penso dos
meus pensamentos estrangulados,
Dos meus
sentidos devastados,
Das
sombras, para o chão, tudo meu cérebro para enterrado...
As misérias
do chão,
Tudo que
dos infernos na sua miséria,
- Eu
preciso morder, e rasgar, e triturar tudo D’aquele maldito coração...
A sombra
incolor da minha vida,
Tudo em que
fui transformado...
O mundo do
meu céu como um morto perdido...
- E ri dos
seus dentes, e ri dos seus olhos o riso maldito do condenado...
Senhor,
cegai-o; varrei-o, ventos, atirai-o para longe das fronteiras da terra.
E de tudo que
for céu, e tudo que for graça, e de tudo que for amor e que for sentimento.
Deus,
amaldiçoai-o; negai-o, todos vós energias da terra
E todos
para enterrá-lo, todos para sepultá-lo em todos e em tudo todas as forças do
raio...
João Lins Caldas. (Poema inédito).